ALÉM DO AVENTAL


O que te faz maçom além do avental que usas?

Discussões dantescas a respeito de quando nos tornamos especulativos e deixamos de ser operativos são travadas por celebrados escritores. Nas origens e etimologia da palavra “pedreiro”, em grego “tekton”, é aquele profissional que se empenhava na transformação de materiais em construções diversas com variados materiais, veja bem, não se limitando a pedra.

Chamo a atenção pelo motivo de que às vezes nos achamos pensadores especulativos e na verdade deveríamos estar trabalhando em algo. Em quê?

A filosofia já cuida da mente. A ordem criada por Baden-Powell, das medalhas que usa sobre vosso peito que me lembram mais escoteiros que qualquer outra coisa. Os Clubes de serviço, da caridade. A política dos cursos das nações. O que resta a você como maçom?

O quê foi construído desde que iniciaste, além da evolução oriunda de qualquer ser humano que tem consciência cívica de melhorar a cada dia?

Os ritos e rituais em seu cerne almejavam ser o método do obreiro. E hoje se resume a ser discutido em termos e posições geográficas ou disposição de artefatos, perdendo-se a essência e finalidade de sua existência. Ou você acredita que foram criados para serem manuais de procedimentos simplistas?

O ritual é uma parte do laço místico. Como ou por que o homem deve fazer rituais e aprendê-los, amá-los, preservá-los, é tão misterioso quanto qualquer coisa na vida – mas sempre foi assim. Há algo profundo dentro de nós que exige uma forma definida de expressão: podemos dizer o pensamento de mil maneiras, mas nós o dizemos em uníssono e de uma maneira especial. E isto é verdade seja a Maçonaria, a Igreja ou a vida cotidiana que é preenchida com um ritual.

A pedra somos nós mesmos. Mas tendemos a cinzelar a pedra alheia. Isso é demagogia se você não trabalha em sua própria pedra. Mudar de grau não é evoluir, não passando de procedimento administrativo se não foi trabalhada a lição que o traz, por mais pomposo e ornado que sejas o avental quer agora usas.

Recentemente, em um grupo de comunicação Maçônica e De Molay, soltei um texto que tirava da zona de conforto e indagava a todos sobre seus deveres, resultado? Silêncio por horas. Quando o assunto é o dever, o trabalho, todos tendem a fingir que não é consigo mesmo, quando pensamos assim, de fato é conosco mesmo o problema.

O filósofo Marcuse em seu Livro “Eros e civilização” retrata essa gana da atual sociedade em satisfazer seus desejos às vezes maquiados em boas intenções.

O que você faz quando ninguém te vê fazendo ou o que faria se ninguém pudesse te ver” diz uma música. Maquiavel é ridiculamente estudado e utilizado como manual por jovens que creem aprender política com práticas traiçoeiras e vis.

O que a mão esquerda faz a direita não fique sabendo é ignorado por publicidade desmedida. O que te faz Maçom além do avental são os “nãos” que você tem firmeza pra dizer aos seus próprios impulsos e não o avental ou joia que usa.

Uma vez me foi dito, rasgue a “procuração” de quem faz mal. Indaguei sobre a indisposição criada. E me foi dito, se não tem vergonha de fazer o mal será você a ter por dizer?

Infelizmente constatamos que, atualmente, adaptada aos novos tempos, a Ordem é uma sociedade iniciática, mas social/recreativo-religiosa congregando seres humanos comuns que se ajudam mutuamente. Concluindo, esta reflexão, inquirimos se, modernamente, em nossas Lojas: Realmente erguemos templos as virtudes?!

Uma máxima em engenharia diz que não controlamos o quê não medimos. Além de suposições, qual o método que usas para te nortear na mudança de si mesmo? Ter consciência dos defeitos e falhas não passa mera reflexão feita por qualquer profano. Renascer para uma nova realidade por si só já é conceito do batismo de varias religiões em variadas culturas.

Um método interessante de trabalharmos em nossa própria pedra, a cada semana escrevemos uma virtude em nossas anotações, que queremos melhorar e intensificar, e ao findar o dia relatamos como nos saímos, e opõe dificultou de praticarmos a tal virtude. Isso é um exercício fantástico, e nos estimula a ficarmos vigilantes como prega nossos rituais. Alguns vão dizer, já faço isso de cabeça. Será?

E você meu irmão qual método utiliza?

A corrupção não esta em Brasília no planalto, mas nos nossos espíritos corrompidos que se calam…, o cantor Renato Russo disse, “vivemos entre monstros de nossa própria criação”, mas não temos medo da escuridão, o maçom hoje, teme a própria luz, por conta da aceitação social. 

Discutir maçonaria é falar sobre as dificuldades da prática de alguma virtude e por ai se aprofundar, e não erros de gráficas datas de fundação ou algum fator que qualquer historiador não iniciado poderia fazer e já fazem. Não que não seja importante, mas isso é demasiadamente simplório se comparado ao que realmente é a Arte Real.

Aos outros, a tolerância de serem como quiserem. A nós, a obrigação de sermos cada dia melhores.

 Irmão Bruno Oliveira – ARLS Amizade, Trabalho e Justiça nº 36


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