segunda-feira, 7 de julho de 2025

NÃO FALEM MAL DA MAÇONARIA PERTO DE MIM

 

O imortal compositor brasileiro Herivelto Martins, numa das suas mais belas criações musicais (Cabelos brancos), ao usar a frase “… Não falem dessa mulher perto de mim!”, certamente queria dizer que se sentiria indignado se alguém se arvorasse ao direito de falar mal de certa mulher pela qual era apaixonado.

Parafraseando o grande compositor brasileiro, quero dizer com a mesma indignação: Não falem mal da Maçonaria perto de mim…

Muitos oradores e escribas são contumazes em falar e escrever as mais variadas queixas contra a instituição maçônica. Estas atitudes nada constroem e exercem um efeito negativo devastador, principalmente sobre os Irmãos Aprendizes, ainda na tenra idade de formação maçônica.

As críticas são as mais variadas:

  • “… Ela está inerte”;
  • “… Não é mais como antigamente”;
  • “… Não tem mais discurso”;
  • “… Não tem mais representação política”;
  • etc…

Ouvi, ainda como Aprendiz, do grande mestre Ambrósio Peters, que a instituição maçônica sempre permaneceu fiel aos seus princípios. Os maçons é que, provavelmente, não cumprem os seus desígnios.

A Maçonaria tem sido coerente com as necessidades dos povos na busca das suas realizações. Além disto, os seus feitos são silenciosos e duradouros. Muitas das suas ações, nos níveis comunitário, regional, nacional ou mundial, apresentam resultados de longo prazo.

Podemos fazer muitas autocríticas quanto a diversos procedimentos das nossas Instituições, mas nunca olvidar que a Maçonaria somos nós mesmos e que a sua grandeza dependerá única e exclusivamente das nossas ações.

Hoje, não temos mais Independência nacional por fazer nem República a proclamar. Os problemas da pátria, no entanto, são outros e muito graves, dentre eles, a luta pela cidadania plena do nosso povo, se é que queremos falar de participação social e política.

A prática maçônica no Brasil abrange, pelo menos, três grandes áreas. A primeira é a prática da fraternidade e da benemerência; a segunda é o estudo e a prática do esoterismo e a terceira é a participação social e política nos processos de transformação do mundo profano.

Dificilmente encontraremos estes três perfis reunidos em cada Maçom. A maioria deles se dedica prioritariamente às práticas inerentes à fraternidade, à benemerência e ao aperfeiçoamento individual sempre de forma discreta, como convém.

Dado o exposto e abstraindo as incorreções e/ou equívocos, proclamamos a todos os Irmãos a assumirem a postura de indignação contra os discursos meramente reclamatórios sobre a nossa sagrada Instituição. Deixemos para os nossos tradicionais e desinformados detratores o papel de críticos da nossa existência.

Ao invés de críticas, vamos sugerir projetos de atuação.

A compreensão da verdadeira Filosofia Maçônica, por exemplo, exige previamente um ferramental esotérico capaz de abrir as nossas mentes à compreensão. Por que não lutar por isto?

A organização e a disciplina da Ordem Maçônica, com núcleos espalhados por todo o território nacional, são qualificações inéditas entre as organizações não governamentais do nosso país. É evidente que a Maçonaria poderia fazer um trabalho bem maior em prol do crescimento da qualidade de vida do nosso povo e da modernização do país.

Irmãos de diversas lojas e potências têm encontros marcados nas inúmeras instituições públicas, governamentais ou não, para influir com espírito maçônico no processo da verdadeira evolução do nosso povo, em direção à liberdade, fraternidade e igualdade.

Nas democracias modernas, faz-se necessário que a nossa instituição adopte um padrão ideológico para situar as propostas de ação da Maçonaria. Não é necessário receber um rótulo como os aplicados aos partidos políticos. O inadmissível é que ela seja ideologicamente conservadora.

Nos momentos históricos em que a Ordem foi mais visível, no auge do iluminismo, os maçons assumiram a ideologia liberal. Guardadas as diferenças históricas, aquela insurgência foi mais radical do que uma opção ao Marxismo no tempo atual.

Sem tecer julgamento de valor e sem apresentar qualquer crítica, é bom lembrar que a Maçonaria brasileira sempre foi frequentada maioritariamente pelas elites da pequena burguesia, com perfil político conservador, com nuances de liberalismo.

Alguém poderá dizer que a Maçonaria não precisa de ideologia, que ela admite a liberdade de todos os credos religiosos, políticos e muito mais.

Como já dissemos, não estamos falando de ideologia política stricto sensu, mas de uma linha de pensamento político-filosófico que abrigue o nosso discurso que é essencialmente de mudanças e progressista.

Concluindo, poderíamos dizer que a Maçonaria brasileira atual vai bem, obrigado, na sua tradicional prática da fraternidade e da benemerência. Como não há mais Independência nem República para proclamar, aqueles irmãos com ânsias de participação sociopolítica devem olhar para frente. O momento brasileiro é fertilíssimo e carente de grandes brasileiros que desejem, efetivamente, salvar o nosso país do desmando, da corrupção e do atraso a que nós temos submetido.

Alguém me disse que esse sonho começa com uma revolução na educação, para proporcionar condição de igualdade na busca da plena cidadania. Educação com igualdade, somente será possível por meio do ensino público, laico e de qualidade – há bem pouco tempo atrás, esta era uma bandeira de luta dogmática da Maçonaria. Esta bandeira de lutas continua atual. Vamos retomá-la?

Santo Zacarias Gomes, ARLS Acácia da Ilha nº 31- Florianópolis – SC – Grande Oriente de Santa Catarina (GOSC)

 


sexta-feira, 4 de julho de 2025

ESPELHO E REFLEXO – DO SÍMBOLO AO SIGNIFICADO

Os Símbolos e Ritos só fazem sentido se forem vividos e percebidos duma forma interiorizada, portanto contida e Reflexiva:

 Os Símbolos, indiciam significados, agitam e aguçam a mente, prometem metáforas e revelações;

 Os Ritos, servem e canonizam os símbolos, fazem perceber uma Ordem e nessa ordem adivinham-se princípios e virtudes, disciplinas e etapas e, mais importante, uma via, quase um trilho, para o conhecimento, sabedoria e, em alguns casos, para a sacralização do homem.

É pela Iniciação que se divisa e compreende a premência deste Universo, que se preconizam alguns significados, que se antegozam revelações e sentimos uma Obediência.

É no silêncio do Aprendiz que os Ritos lhe zelam pela observância dos sentidos, explanam virtudes e prefiguram Símbolos.

Refletindo, isto, foi o que me foi dado ver.

No ritual da minha Iniciação, depois de me ter sida concedida a Luz, fui confrontado com o meu pior inimigo, eu, obviamente, ali denunciado, pelo reflexo da minha imagem no espelho.

Por detrás dele, para minha alegria e contentamento, estava um Amigo, oferecido Padrinho, hoje um Irmão.

É sobre este reflexo que quero refletir e concentrar a minha atenção

O conceito de espelho aplica-se, genericamente, a qualquer superfície ou objeto polido, reconhecidamente capaz de reproduzir e, ou, refletir a Imagem de objetos visíveis e confrontáveis que se lhes apresentem.

Assim, quando comummente falamos de espelhos, ou de um frontispício (espelho) de um templo, falamos de matérias com propriedades refletoras e reflexivas, respectivamente.

De ambos se imaterializa a centelha, a luz e a sombra,

O Reflexo, o único que parece ainda emprestar e revelar ao espelho o agente do seu significado; já não existem espelhos, morreram pela essência do reflexo, que agora liberto, entrecruza-se e confronta-se com o real.

Este real já não cabe no profano, mudou-se, está em evolução, segue uma senda, tenta projetar-se nas virtudes e na fraternidade humana.

É então, agora, urgente, melhorar o Reflexo, o meu profano inimigo, aprender a refrear a sua soberba, domá-lo, vencê-lo, virtualizá-lo, atento aos caminhos do EU Real.

Intuitivamente, este EU Real, será o Espírito, uma partícula da Chama Sagrada, A Alma da Alma, a forma suprema porque Deus se revela ao Homem.

Dizem que a Alma é o Reflexo do Espírito.

Seria possível engrandecer este Reflexo, esta Alma, se não fosse Mente Espiritual?  

Desta forma, sei que as minhas reflexões de hoje, irão certamente sucumbir a uma sabedoria, que nos tempos, se perpetuará a Oriente.

José Sousa M.'.M.'.

 

 

 

domingo, 29 de junho de 2025

OS DECRETOS PAPAIS E A MAÇONARIA: UM OLHAR HISTÓRICO E TEOLÓGICO


 

À Glória do G:.A:.D:.U:.,

Meus II, em todos os Vossos GG:. e Qualidades,

Ao longo dos séculos XVIII e XIX, a Igreja Católica emitiu uma série de decretos e encíclicas que abordavam, de forma direta ou indireta, os perigos que atribuía à Maçonaria. Estas declarações papais, em contextos de intensas transformações sociais e políticas, pretendiam salvaguardar a doutrina e a ordem eclesiástica, condenando os valores de secretismo, relativismo moral e o individualismo que, segundo os pontífices, se associavam aos ideais maçónicos. A seguir, analisamos cada um destes decretos e o seu posicionamento face à Maçonaria.

1. INÍCIOS DO DEBATE: AS PRIMEIROS ADVERTÊNCIAS

Providas Romanorum (Bento XIV, 1751) Este decreto é um dos primeiros sinais de alerta da Igreja contra as sociedades secretas. Em Providas Romanorum, Bento XIV já manifestava a preocupação de que os preceitos de organizações como a Maçonaria pudessem subverter a disciplina e a ordem interna da Igreja. A ênfase recai na necessidade de manter a integridade dos ensinamentos apostólicos, evitando influências que pudessem minar a autoridade papal.

Inscrutabili Divinae (Pio VI, 1775)

Com o avanço do Iluminismo e o crescimento das sociedades esotéricas, Inscrutabili Divinae surge como uma resposta do pontificado de Pio VI. Este decreto ressalta o mistério da revelação divina em contraste com os segredos humanos, denunciando a natureza oculta e potencialmente perniciosa de instituições que promovem o relativismo moral e a dúvida sobre a fé tradicional.

2. CONSOLIDAÇÃO DA POSIÇÃO DA IGREJA NO INÍCIO DO SÉCULO XIX

Ecclesiam a Jesu Christo (Pio VII, 1821)

Em Ecclesiam a Jesu Christo, Pio VII reafirma a centralidade de Cristo na identidade da Igreja e, ao fazê-lo, contrapõe os princípios maçónicos que tendem a desvalorizar a hierarquia e a autoridade eclesiástica. Este decreto deixa claro que a verdadeira comunhão dos fiéis passa pela adesão à mensagem de Cristo e não por práticas secretas ou iniciáticas.

Quo Graviora Mala (Leão XII, 1825)

Quo Graviora Mala é uma manifestação clara da preocupação com os males que ameaçam a ordem moral e espiritual da sociedade. Leão XII utiliza este documento para denunciar os perigos de ideologias que, ao se oporem à fé cristã, colocam em risco a coesão e a estabilidade da comunidade de fiéis. Entre essas ameaças, os ensinamentos maçônicos são vistos como um elemento desestabilizador.

3. O PERÍODO DE PIO VIII E A REAFIRMAÇÃO DA TRADIÇÃO

Traditi Humilitati (1829) e Litteris Altero (1830)

Durante o pontificado de Pio VIII, estes decretos enfatizam a importância da humildade e da fidelidade à tradição. Tanto Traditi Humilitati como Litteris Altero abordam, ainda que de forma indireta, a necessidade de rejeitar qualquer sistema de pensamento que se afaste dos preceitos revelados. A Maçonaria, com os seus rituais e juramentos secretos, é considerada incompatível com a transparência e a simplicidade que devem marcar a vida cristã.

Mirari Vos (Gregório XVI, 1832)

Um dos decretos mais emblemáticos, Mirari Vos, de Gregório XVI, critica de forma veemente a liberdade de pensamento desenfreada e o relativismo moral. Embora não se limite exclusivamente à Maçonaria, este documento condena ideias que promovem a tolerância de múltiplas verdades e a fragmentação da fé. A Maçonaria, com a sua ênfase na liberdade individual e na igualdade entre os seus membros, é vista como um agente corrosivo da autoridade tradicional da Igreja.

4. EXPANSÃO DO DISCURSO CONSTRANGEDOR: MEADOS DO SÉCULO XIX

Qui Pluribus (1846) e Quibus Quantisque Malis (1849)

Estes decretos, emitidos em um período de intensificação das tensões ideológicas, aprofundam a crítica aos erros que ameaçam a unidade da fé. Ao expor “malos” que se espalham pela sociedade, os papas situam a Maçonaria como um dos fatores que incentivam a disseminação de doutrinas contrárias à verdade revelada e à ordem eclesiástica.

Quanta Cura (1864), Multiplices Inter (1865) e Apostolicae Sedis Moderatoni (1869)

No contexto do pontificado de Pio IX, estes documentos ampliam a discussão sobre os riscos que organizações secretas representam para a moral e para a própria estrutura da Igreja. Quanta Cura e Multiplices Inter alertam para os perigos da influência maçônica em ambientes políticos e sociais, enquanto Apostolicae Sedis Moderatoni busca moderar os excessos, reafirmando o compromisso com a tradição sem ceder a pressões modernas.

Etsi Multa (1873) e Etsi Nos (1882) Continuando a linha de defesa contra as ameaças internas, estes decretos enfatizam como os ensinamentos e práticas das sociedades secretas, como a Maçonaria, podem semear discórdia e desunião entre os fiéis. A ênfase é na preservação de uma fé única, que não possa ser diluída por práticas iniciáticas e relativistas.

5. A CONDENAÇÃO MAIS ENFÁTICA: A ERA DE PIO IX E LEÃO XIII

Humanum Genus (1884)

Considerado um dos decretos mais contundentes, Humanum Genus, de Leão XIII, dedica-se inteiramente à condenação da Maçonaria. O documento denuncia os efeitos corrosivos dos ideais maçónicos sobre a sociedade e a Igreja, apontando para a sua propensão a promover uma ruptura com a tradição, a moralidade e a ordem divinamente instituídas. O tom do decreto é marcadamente enérgico, classificando os ensinamentos maçônicos como incompatíveis com a fé católica.

Officio Sanctissimo (1887), Dall'Alto Dell'Apostolico Seggio (1890), Inimica Vis (1892), Custodi di quella fede (1892) e Praeclara (1894)

Estes decretos complementam e reforçam a condenação já expressa em Humanum Genus. Cada um, com as suas nuances, aborda diferentes aspectos da influência maçónica:

● Officio Sanctissimo e Dall'Alto Dell'Apostolico Seggio reiteram a necessidade de se preservar a santidade e a unidade da Igreja contra os ataques das doutrinas iniciáticas.

● Inimica Vis e Custodi di quella fede alertam para a agressividade das ideias maçónicas, que, segundo os papas, colocam em risco a coesão dos fiéis.

● Praeclara sublinha a importância de uma fé inabalável, livre das seduções do pensamento relativista que a Maçonaria representava.

Annum Ingressi (1902) – Leão XIII Encerrando esta sequência de declarações, Annum Ingressi reafirma a continuidade do posicionamento crítico da Igreja em relação à Maçonaria. Leão XIII, ao analisar o contexto moderno, ressalta que os perigos apontados nos decretos anteriores permanecem relevantes e que o compromisso com a verdade e a tradição cristã deve ser preservado frente a quaisquer ideologias que visem subverter a ordem divina.

CONCLUSÃO

Os decretos papais analisados ao longo deste artigo demonstram uma linha contínua e evolutiva de defesa da fé contra os perigos que os papas associavam à Maçonaria. Desde os alertas iniciais de Bento XIV, passando pelas críticas vigorosas de Gregório XVI e culminando na condenação enfática de Leão XIII, cada documento reflete o empenho da Igreja em manter a unidade doutrinária e moral dos seus fiéis. Estes escritos não só denunciaram o secretismo e o relativismo inerentes aos ensinamentos maçônicos, mas também ofereceram uma defesa robusta dos valores da tradição cristã, que continua a influenciar o debate religioso e social até os dias atuais.

Disse, V:. M:.

Michel Melo 23-04-6025

sábado, 28 de junho de 2025

UM MOTIVO PARA SER MAÇOM

Único - Desejo de aperfeiçoamento

Só existe uma motivação válida para se pretender ser admitido maçom: o desejo de se aperfeiçoar pessoal, ética e espiritualmente.

Quem, sendo homem crente, livre e de bons costumes, tiver este desígnio e estiver disposto a utilizar o método maçônico na busca do transcendente, é bem-vindo!

Esse pode estar ciente de que nada lhe é ensinado, mas tudo pode aprender.

Esse pode confiar que nada lhe é imposto, mas que de bom grado aceitará as regras de conduta que encontrará.

Esse pode e deve estar preparado para um longo, e difícil, e trabalhoso, percurso, mas verificará que nunca fará sua jornada só, antes e sempre acompanhado por seus Irmãos.

Esse pode ficar certo de que começou o seu trabalho no momento em que foi iniciado e que só o terminará no momento da sua passagem ao Oriente Eterno.

Esse, se fizer bem e persistentemente o seu trabalho, tornar-se-á melhor, portar-se-á melhor, atuará melhor, em todos os aspectos da sua vida e será assim e só assim, por virtude, da sua melhoria, que será respeitado e poderá aspirar a influenciar os demais, quiçá na Política, porventura nos negócios, seguramente nas relações sociais, mas sobretudo nos corações de quem com ele privar.

Esse será solidário e benemerente, porque assim a sua condição de maçom, de homem justo e íntegro e interessado o levará a ser, com a naturalidade de quem respira e a discrição de quem dorme.

Esse, se fizer bem e persistentemente o seu trabalho, poderá aspirar a Conhecer, a conhecer o que ninguém lhe pode transmitir, a conhecer o que só ele pode intuir, a entrever o Divino, a espreitar o Sentido da Vida e da Criação.

E, se o conseguir, vai entender que não conseguirá por palavras transmitir esse conhecimento a mais ninguém, apenas ajudar seus Irmãos a fazerem seus percursos para poderem aspirar a intuir, a entrever, a espreitar. E então perceberá que esse é o célebre segredo e o é devido à incapacidade humana de conseguir que deixe de o ser.

Esse, se fizer bem e persistentemente o seu trabalho, terá um lampejo de compreensão do significado da Vida e da Morte e não temerá esta e assim verdadeiramente cumprirá o que Camões cantou e será um d' "aqueles que por obras valorosas /se vão da lei da Morte libertando".

Esse, se fizer bem e persistentemente o seu trabalho, será, ainda que nunca nada mais sendo do que simples obreiro numa simples Loja, um verdadeiro Grão-Mestre, de si próprio, da sua consciência, de seu percurso iniciático.

Esse, ainda que nunca o tenha visto nem sentido, já usa o avental; os maçons limitar-se-ão a ajustar à sua cintura a peça visível.

Esse será o Aprendiz que eu, Mestre eternamente Aprendiz, jubilosamente ajudarei a evoluir e a tornar-se Mestre, certo de que ele próprio também me ajudará a mim, Aprendiz em veste de Mestre, a dar mais um pequeno passo no meu sempre inacabado percurso.

Esse não terá a honra de ser admitido maçom; esse honrará os maçons ao consentir em se juntar a eles.

Texto de Rui Bandeira

 

terça-feira, 24 de junho de 2025

O MESTRE DE HARMONIA E SUA IMPORTÂNCIA PARA OS TRABALHOS

Harmonia: substantivo feminino, sinônimo de entendimento, consonância, congraçamento, concórdia, conciliação, simetria, conformidade, acordo, concordância e reconciliação.

Na música, é classificada como a Ciência que se dedica ao estudo dos acordes e de suas relações, a reunião dos sons que são agradáveis aos ouvidos, ou ainda o grupo composto por pessoas que tocam instrumentos de sopro, numa orquestra.

Os significados de Harmonia já mostram claramente a complexidade deste tema. É sabido que a música é uma das sete artes liberais, além da lógica, da gramática, da retórica, da aritmética, da astronomia e da geometria, que foram muito estudados na idade média.

A música tem o poder de preparar ambientes, acalmá-los ou agitá-los. O mesmo poder tem com o nosso espírito. O ritmo, a melodia e a mensagem são capazes de aflorar os sentimentos, sejam eles nobres ou não. Pode facilitar o processo de meditação ou trazer desestabilidade emocional. Dado este poder que a música tem, me questiono: o quão dedicado e estudioso deve ser um Mestre de Harmonia?

Minhas pesquisas indicaram que, no passado, a coluna da Harmonia era composta por músicos, que tocavam seus instrumentos. Com o tempo, foram sendo substituídos pela tecnologia, operada direta e unicamente pelo Mestre de Harmonia.

Com isso, a responsabilidade antes compartilhada entre diferentes irmãos, acabou concentrada nas mãos de um só. Cabe então ao Mestre de Harmonia escolher e tocar as músicas que incitem o sentimento adequado a cada momento do nosso importante ritual.

O Mestre de Harmonia também deve ser pessoa sensível, capaz de perceber o momento e o tipo de ritual e então traduzir o seu sentimento na música mais adequada a este momento. Durante nossos rituais, a partir da ação do mestre de harmonia, eu sou remetido à alguns dos momentos do meu ritual de iniciação. Lembro-me claramente de ser totalmente envolvido pelo ambiente.

Talvez por estar completamente vendado, os demais sentidos se aguçaram, destacando-se entre eles a audição. A perfeita combinação de cada um dos sons em cada uma das etapas pelas quais passei foi essencial para que minha experiência fosse de completa imersão. Um simples erro de ritmo ou uma escolha incorreta com certeza quebraria meu espírito naqueles momentos.

A música é também uma das formas mais usadas para criação de âncoras nas pessoas. Âncora é uma das técnicas utilizadas na PNL (Programação Neurolinguística) para criar ou modificar respostas associadas à um estímulo. Inconscientemente os humanos estão expostos à ancoragem, por exemplo, quando sentimos um cheiro de comida e lembramos de alguém que fazia aquela comida no passado, ou ouvimos uma música e nos emocionamos, porque ela nos faz lembrar de alguém ou de uma situação importante.

Com isso, fica claro que o correto uso das músicas e sons como âncoras em um processo de iniciação e ao longo dos rituais nas lojas, fará com que a aprendizagem contínua dos maçons seja mais bem absorvida por cada um de nós.

O Mestre de Harmonia possui um dos cargos mais ativos da loja, pois além de participar em cada momento do ritual é ele que tem o dever de criar os ambientes e estados de alma. Este é um trabalho demorado e nada fácil, que certamente ocupa tempo considerável do Mestre da Harmonia em sua vida pessoal. No mínimo, ele precisará ouvir diversas músicas para poder selecionar aquelas que considere como as mais apropriadas para serem utilizadas no decorrer de uma sessão maçônica. Ou então, deverá ser profundo conhecedor e apaixonado pela música, tendo ao longo da sua vida desenvolvido muito conhecimento e repertório musical.

Ainda não lembro perfeitamente da sequência completa de momentos e músicas envolvidas em uma sessão ordinária. Mas recordo claramente que, logo que entramos no templo, somos recebidos por uma música que nos incita a deixar do lado de fora todos os problemas e pensamentos do mundo profano, de forma que possamos nos entregar de corpo e alma aos trabalhos.

Em seguida, sons de natureza ou outros, que buscam nos acalmar, ajudam no processo de interiorização e meditação, como um complemento à entrada. Com as luzes apagadas e os olhos cerrados, nos é propiciado um momento de completo silencio interior, apesar dos sons que nos envolvem exteriormente.

Na sequência, é transmitida a palavra sagrada, onde normalmente uma música com teor mais religioso nos é oferecida para nos ajudar a receber as palavras do salmo 133. Recordo-me de ouvir novas músicas somente no momento do Tronco de Beneficência, onde o Mestre de Harmonia tem a importante missão de tocar os irmãos a serem os mais caridosos possíveis, de forma que as benemerências geradas a partir do total arrecadado sejam as mais volumosas ou de maior qualidade possível. Ao final, lembro-me de ser escolhida uma música mais alegre ou que gere o sentimento de união ou amizade, onde os irmãos se cumprimentam com T’.’F’.’A’.’ e vão para o copo d’água.

Concluo que a missão do Mestre de Harmonia é atuar como facilitador para que o conteúdo seja mais bem absorvido e as atividades sejam melhor executadas pelos irmãos em loja. É uma responsabilidade imensa e requer pleno conhecimento e experiência sobre os tipos de sessão existentes, sua sequência e, além de tudo, sensibilidade para interpretar o momento em que os irmãos se encontram e seus estados de espírito, entregando as músicas ou sons que melhor se adequem a estes momentos e sentimentos.

Eu não sou estudioso de música e costumo ser consumidor dela apenas em momentos muito específicos, como por exemplo quando estou dirigindo meu carro (e eu não faço isso todo dia). Tenho dificuldades em escutar música enquanto faço outras atividades que exigem atenção, ou que não sejam automáticas, como por exemplo dirigir um carro. Quando me concentro em algo, perco o foco em todo o restante.

É como se uma bolha fosse construída ao meu redor. Talvez seja este o motivo de eu não escutar música enquanto trabalho, ou enquanto estudo. Este talvez seja um dos pontos onde eu possa evoluir, onde eu deva experimentar algo novo. E para me inspirar e iniciar este movimento, enquanto redigia esta conclusão, escutei música clássica, mais especificamente Chopin.

Confesso que foi um desafio concluir meu texto, enquanto tentava racionalizar a música, ao invés de apenas deixar ela tomar conta do ambiente e senti-la, sem maiores preocupações, sem estar no controle. Após aceitá-la, a sensação foi boa, de paz. Gratidão pela maçonaria me proporcionar evolução constante.

Referências:

Site: http://www.revistauniversomaconico.com.br/ritualistica/a-importancia-do-Mestre-de-Harmonia-em-sessoes-maconicas/
Site: http://a-partir-pedra.blogspot.com.br/2014/10/o-trabalho-da-coluna-da-Harmonia.html
Site: http://www.luzdebrodowski.com.br/Harmonia.htm
Site: https://www.dicio.com.br/Harmonia/
Livro: Maçonaria 100 Instruções de Aprendiz – Raymundo D’ella Júnior – Editora Madras
Spotify: Músicas Clássicas – Artista Frédéric Chopin

Autor: David de Freitas Neto

 


sábado, 21 de junho de 2025

O SIMBOLISMO DOS SOLSTÍCIOS E DE SÃO JOÃO NA MAÇONARIA


 INTRODUÇÃO

Qual é a relação entre os solstícios, os santos de nome João e a Maçonaria?

A Maçonaria utiliza símbolos e alegorias como método de ensino. Neste artigo, exploraremos o simbolismo dos solstícios e sua ligação com as figuras de São João Batista e São João Evangelista, especialmente no contexto da tradição maçônica.

Vamos abordar a origem do Dia de São João, investigando suas possíveis raízes em rituais pagãos de culto ao Sol e à natureza, práticas que foram posteriormente adaptadas pelo cristianismo. Analisaremos os solstícios como fenômenos astronômicos, sua influência sobre a Terra e como, nas antigas civilizações, o Sol era reverenciado como divindade em diversas mitologias.

Também examinaremos como esses elementos foram integrados à simbologia maçônica, compreendendo por que São João é considerado padroeiro da Maçonaria. Por fim, interpretaremos o símbolo do ponto dentro do círculo, sua relação com as figuras joaninas, os solstícios e o possível sincretismo que teria servido para proteger a Maçonaria e evitar perseguições.

OS SANTOS DE NOME JOÃO

São vários os santos de nome João na tradição cristã, sendo os mais conhecidos São João Batista e São João Evangelista.

São João Evangelista foi um dos doze apóstolos de Jesus. Possivelmente, o título “evangelista” lhe foi atribuído por ter pregado o evangelho. Também lhe é creditada a autoria das três epístolas de João (1, 2 e 3) e do livro do Apocalipse.

São João Batista era profeta, pregava a virtude, a retidão e a justiça. Utilizava o batismo como símbolo de purificação da alma. Foi mártir e precursor de Jesus Cristo.

O rei Herodes Antipas temia que João Batista pudesse liderar uma rebelião e ordenou sua prisão.

Herodíades, por intermédio de sua filha Salomé, coagiu o rei a mandar matá-lo e a entregar sua cabeça em uma bandeja de prata.

São João Batista é um dos poucos, senão o único santo, cujo dia é comemorado em seu nascimento (24 de junho), enquanto a maioria dos santos é celebrada na data de falecimento.

ORIGEM DO DIA DE SÃO JOÃO

O Dia de São João, incorporado ao calendário cristão, possivelmente tem raízes ligadas a rituais pagãos e cultos a deuses da natureza, como Adônis.

Adônis, na mitologia greco-romana, era um deus da vegetação e da fertilidade, simbolizando o ciclo da natureza. Os festivais em sua homenagem ocorriam no mês de junho, solstício de verão na Europa, com lamentações por sua morte e celebrações por seu retorno simbólico à vida.

Com a expansão do cristianismo, muitas festas pagãs foram adaptadas e incorporadas ao calendário cristão para facilitar a aceitação da nova fé. Assim, as antigas festividades do solstício de verão foram ressignificadas como festas cristãs, como o Dia de São João, mantendo elementos simbólicos e práticas populares.

Com o tempo, a festa ganhou elementos populares como fogueiras, danças e comidas típicas, especialmente fortes nas tradições do Nordeste brasileiro.

CULTOS SOLARES

O Sol exerceu — e ainda exerce — importante influência sobre a Terra. Para os povos antigos, essa influência era considerada divina, e o astro-rei era cultuado como uma deidade.

Basicamente, o homem primitivo distinguia duas épocas do ano, uma de frio e outra de calor, o que serviu de base para o desenvolvimento da agricultura. Era como se fossem duas portas por onde o Sol entrava e saía, ao fim de seu curso em cada período.

Tendo o Sol como fonte de luz e calor, surgiram os cultos solares, que proclamavam o astro como rei dos céus e soberano do mundo, influenciando diversas religiões e crenças na história da humanidade.

O SOL COMO DIVINDADE

As mitologias persa e hindu reverenciavam Mitra como um símbolo do “Sol Vencedor”, comemorado no solstício de inverno. A cultura do Império Romano incorporou essa comemoração através do culto ao Sol Invictus.

Jano, deus romano

No panteão romano existia o deus Jano (Janus, em latim), representado como uma divindade bicéfala, ou seja, com duas cabeças, uma voltada para o passado e outra para o futuro.

A palavra João seria uma versão de janua, que em latim significa porta. Outra versão é Johannes, uma forma latina medieval que também remete a Jano.

As festas solsticiais, inicialmente consideradas pagãs, foram sincretizadas pelo cristianismo. Como há dois santos de nome João, Batista e Evangelista, os solstícios foram representados simbolicamente como duas portas.

O QUE É O SOLSTÍCIO?

Solstício é um fenômeno astronômico relacionado à posição do Sol em relação à Terra. É o momento em que, no “movimento aparente” no céu, o Sol está mais afastado do Equador, fazendo com que a luz solar incida com maior intensidade em um dos hemisférios.

COMO O SOLSTÍCIO ACONTECE?

De acordo com o Observatório Nacional[1], antigos astrônomos observaram que, ao acompanhar o movimento do Sol no céu ao longo dos dias, sua posição ao meio-dia se deslocava gradualmente até alcançar um ponto extremo, onde parecia não mudar por um tempo, como se estivesse “parado”.

 OS DOIS SOLSTÍCIOS

Os solstícios ocorrem duas vezes por ano e inversamente nos hemisférios. Enquanto no hemisfério sul, onde está localizado o Brasil, ocorre o solstício de inverno (em junho), no hemisfério norte ocorre o solstício de verão e quando no hemisfério sul ocorre o solstício de verão (em dezembro), no hemisfério norte, ocorre o solstício de inverno.

 ALTERAÇÃO NA DURAÇÃO DOS DIAS E NOITES

Os solstícios afetam diretamente a duração dos dias e das noites. No inverno a duração da noite é a mais longa do ano e o dia mais curto. No verão acontece o contrário, a duração do dia é mais longa do ano e a noite mais curta. Segundo o Observatório Nacional[2]:

Nos equinócios, o tempo de luz do dia e o de escuridão são praticamente iguais. A partir do equinócio de outono, os dias passam a encurtar gradualmente, culminando no solstício de inverno, momento em que ocorre a noite mais longa do ano. Depois disso, os dias começam a se alongar novamente, aproximando-se de um novo equilíbrio no equinócio de primavera e continuando a crescer até alcançar a noite mais curta do ano no solstício de verão (OBSERVATÓRIO NACIONAL, 2025).

 AS ESTAÇÕES DO ANO

São quatro as estações: primavera, verão, outono e inverno. A Dra. Josina Nascimento, astrônoma do Observatório Nacional[3], explica que:

As estações do ano acontecem devido à inclinação do eixo de rotação da Terra em relação ao seu plano de órbita e devido à sua translação em torno do Sol. O início das estações do ano está associado aos solstícios (inverno e verão) e aos equinócios (outono e primavera).

 VARIAÇÃO NAS DATAS DOS SOLSTÍCIOS

O dia e a hora exatos dos solstícios variam anualmente. De acordo com o Observatório Nacional, entre 1950 e 2000, o solstício de inverno no hemisfério sul ocorria em 21 ou 22 de junho. Atualmente, ocorre em 20 ou 21 de junho.

Ainda segundo o Observatório Nacional[4], a variação entre os dias, está ligada à diferença entre o ano civil e o ano trópico:

Enquanto o ano civil tem 365 dias ou 366 dias (ano bissexto), o ano trópico (tempo entre dois solstícios ou dois equinócios consecutivos) tem 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46 segundos. Essa discrepância é ajustada pelo ano bissexto, corrigindo a defasagem de cerca de 6 horas que ocorre a cada ano.

 OS SOLSTÍCIOS E A MAÇONARIA

A relação dos solstícios com a Maçonaria pode ter se originado nos antigos colégios e corporações de artífices romanas, passando pelas guildas medievais até a moderna Maçonaria.

AS GUILDAS

Eram associações equivalentes aos sindicatos modernos, congregavam pessoas do mesmo ofício, operários artesãos e até comerciantes. Tinham funções sociais, políticas e econômicas bem definidas para seus membros. Seus objetivos principais eram: proteção mútua, assistência, manutenção de direitos, estabelecer a qualidade dos serviços ou produtos comercializados, e ainda a regulação e formação profissional.

Cada corporação de ofício tinha uma espécie de santo protetor. Além das atividades profissionais, as guildas desenvolviam atividades culturais e religiosas, como representação dramatizada de eventos bíblicos.

Na Idade Média, os maçons operativos eram obrigados a seguir a religião do país onde trabalhavam. Como o principal contratante era a igreja, por dever de ofício ou por razões óbvias, eles adotavam o cristianismo, elegendo São João como padroeiro.

SÃO JOÃO, PADROEIRO DA MAÇONARIA?

Diversos ritos maçônicos, como o Escocês Antigo e Aceito, abrem os trabalhos em Loja “pela glória do Grande Arquiteto do Universo e em honra a São João”, considerando-o padroeiro.

As datas dos solstícios são muito próximas das comemorações de São João Batista e São João Evangelista, a coincidência seria uma das teorias, para a moderna Maçonaria adotar São João como “padroeiro”. Segundo o Irmão Kennyo Ismail (2011):

Há fortes indícios de que a Maçonaria Especulativa, formada por europeus de predominância cristã e preocupados com a imagem da Maçonaria perante a “Santa Inquisição”, aproveitou a feliz coincidência das datas comemorativas de São João Batista (24/06) e São João Evangelista (27/12) serem muito próximas dos Solstícios, para relacionarem a observância dos Solstícios com os Santos de nome João, e assim protegerem a instituição e sua observação dos Solstícios da ignorância, tirania e fanatismo.

 Como é sabido a Maçonaria não é religião, ao manter a tradição da observância dos solstícios, pode ter feito o mesmo que as religiões de matriz africana, que relacionavam os orixás com os santos católicos para fugir das perseguições.

 Os solstícios têm uma relação direta com os trópicos de Câncer e de Capricórnio, pois são os momentos em que os raios solares incidem perpendicularmente sobre esses paralelos, provocando maior ou menor incidência de luz solar nos hemisférios. Costuma-se chamar o solstício de junho de “Solstício de Câncer” e o de dezembro de “Solstício de Capricórnio”, em referência aos trópicos.

O antigo símbolo do ponto dentro do círculo, formado por duas linhas paralelas, uma representando o Trópico de Câncer e a outra, o Trópico de Capricórnio, possui ligação direta com os solstícios. Estes, por sua vez, foram personificados nos santos João Batista e João Evangelista, o que pode ser mais uma possível razão para a adoção desses santos como padroeiros da Maçonaria.

CONCLUSÃO

Neste artigo, exploramos o simbolismo dos solstícios e sua ligação com as figuras de São João Batista e São João Evangelista, especialmente no contexto da tradição maçônica.

Abordamos a origem do Dia de São João e suas possíveis raízes em rituais pagãos de culto ao Sol e à natureza, que foram posteriormente adaptados pelo cristianismo. Analisamos os solstícios como fenômenos astronômicos, sua influência sobre a Terra e como, nas antigas civilizações, o Sol era reverenciado como divindade em diversas mitologias.

Examinamos também como esses elementos foram integrados à simbologia maçônica, compreendendo por que São João é considerado padroeiro da Maçonaria. Por fim, interpretamos o símbolo do ponto dentro do círculo, sua relação com as figuras joaninas, os solstícios e o possível sincretismo que teria servido para proteger a Maçonaria e evitar perseguições.

Como vimos, o Sol exerceu — e ainda exerce — importante influência sobre a Terra. Fonte de luz, calor e renovação, era considerado, pelos antigos, uma divindade: símbolo do sagrado e centro de diversos cultos solares, que o proclamavam rei dos céus e soberano do mundo.

Mas à medida que a consciência humana evoluiu, compreendeu que acima do Sol existe algo ainda mais elevado: o Criador de todas as coisas, inclusive do próprio Sol, Deus, o Grande Arquiteto do Universo.

Notas de rodapé

[1] Observatório Nacional. Inverno 2025 começa em 20 de junho às 23h42. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

[2] Idem

[3] Idem

[4] Idem

 Fontes pesquisadas:

BRASIL ESCOLA. 24 de junho - Dia de São João. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/detalhes-festa-junina/origem-festa-sao-joao.htm. Acesso em: 18 jun. 2025.

COELHO, Vanderlei. Os solstícios e a relação com a Maçonaria. Disponível em: https://www.maconariacomexcelencia.com/post/os-solsticios-e-a-relacao-com-a-maconaria. Acesso em: 18 jun. 2025.

MAÇONARIA.NET. São João, padroeiro da Maçonaria. Disponível em: https://www.maconaria.net/sao-joao-padroeiro-da-maconaria/. Acesso em: 18 jun. 2025.

NOESQUADRO. Os solstícios & a Maçonaria: os Santos de nome João. Disponível em: https://www.noesquadro.com.br/simbologia/os-solsticios-maconaria/. Acesso em: 12 fev. 2024.

OBSERVATÓRIO NACIONAL. Inverno 2025 começa em 20 de junho às 23h42. Disponível em: https://www.gov.br/observatorio/pt-br/assuntos/noticias/inverno-2025-comeca-em-20-de-junho-as-23h42. Acesso em: 18 jun. 2025.

WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. João, o Evangelista.

Vanderlei Coelho

segunda-feira, 16 de junho de 2025

GOB - HÁ 203 ANOS CONTRIBUINDO PARA O BEM-ESTAR E PROGRESSO DA SOCIEDADE


 

Ao longo da história da humanidade, poucas são as instituições públicas e privadas que ultrapassaram os séculos desenvolvendo suas atividades ininterruptamente com os mesmos princípios, valores e práticas desde a sua fundação.

Nós, Maçons do Grande Oriente do Brasil, sentimo-nos honrados e orgulhosos pela trajetória dos nossos antepassados, nestes 203 anos de fundação, dedicados ao trabalho em prol da sociedade brasileira e mundial.

Em nossa rica trajetória, passamos por grandes marcos na história como a Independência do Brasil, a Proclamação da República, as revoluções internas, as guerras nacionais e mundiais, a Abolição da Escravatura, os Movimentos Sociais e Democráticos das Diretas e tantos outros, assim como pelas grandes crises econômicas, político-sociais e sanitárias, como a pandemia do Covid-19.

O ideal de desenvolvimento humano pelas melhores práticas, ligado aos nossos princípios, filosofia e ensinamentos ritualísticos e culturais, por meio das ferramentas simbólicas, desde costumes antigos dos nossos ancestrais fundadores, no desbastar do nosso ser, vem contribuindo para a criação de grandes expoentes e líderes Maçons por todo o Brasil, desde 17 de junho de 1822, com a criação do Grande Oriente do Brasil, por José Bonifácio de Andrada e Silva e Joaquim Gonçalves Ledo, dois dos nossos maiores representantes.

Iniciamos nossa história buscando a liberdade de um povo e de uma nação, contribuímos para a formação de uma nação, traçamos metas e objetivos para uma sociedade mais justa e organizada, libertamos e lutamos contra a tirania da escravidão e democratizamos a nação através da República, dentre outros grandes feitos. Somos, na atualidade, a maior entidade social filantrópica do Brasil, quando reunimos todos os nossos esforços das Lojas Federadas e das entidades ligadas a estas e ao Grande Oriente do Brasil, sem contar nas atividades filantrópicas e beneficentes das Fraternidades Femininas e demais Entidades Paramaçônicas.

Do nosso seio, temos orgulho de dizer que saíram outras valorosas potências reconhecidas que, assim como o Grande Oriente do Brasil, contribuem grandemente para o desenvolvimento do Brasil, como as Lojas confederadas à CMSB e à COMAB.

Temos muito ainda a contribuir para a sociedade e hoje nossas lutas e conquistas são outras. Estamos vivendo momentos únicos na sociedade e como tal, juntos trabalhemos para construir uma sociedade justa e igualitária, de acordo com as necessidades atuais e os enfrentamentos da sociedade moderna.

Por tudo isso, o Grande Oriente do Brasil, com suas milhares de Lojas por todo o território nacional, estará sempre alerta e com propósito progressista, preparado para construir novas possibilidades, a fim de manter vivos nossos princípios e valores na sociedade, nas famílias brasileiras e junto às pessoas da nossa Pátria.

Viva o Grande Oriente do Brasil e seus 203 anos de Fundação!

Fraternalmente,

Ademir Cândido da Silva

Grão-Mestre Geral

Grande Oriente do Brasil

 

sábado, 14 de junho de 2025

O LÍDER MAÇÔNICO

TREINAMENTO PARA LIDERANÇA
A qualificação mais importante que um homem pode ter como líder maçônico e estar trabalhando bem com os outros. Não existe um caminho mais seguro para ter um tempo miserável como Venerável Mestre que você, e os irmãos que você deveria estar liderando, simplesmente não se estão dando bem juntos. Não há maneira rápida de aprender a trabalhar bem com o resto de sua loja ... é a parte mais difícil do trabalho (mas pode ser o mais divertido).

No entanto, existem passos que você deve tomar para ajudar a tornar o seu mandato como Venerável Mestre mais agradável.

A REGRA DE OURO...
A primeira regra é simples: tratar os outros como você gostaria de ser tratado. Chame-a Regra de Ouro. Chame-lhe o senso comum. Chame-lhe o que quiser, mas pelo amor de Deus, faze-o.

É um fato triste, que muitas vezes esta regra básica de conviver com os outros é observada na teoria, e não na prática.

É mais fácil falar sobre um irmão do que para falar com ele. É mais fácil pedir algo para ser feito do que fazer. E é apenas a natureza humana não nos preocupar com o que os outros estão precisando ... e se preocupar mais com o que queremos.

É preciso uma grande dose de trabalho, a cada passo do caminho. É a chave para ter outros ajudando-o, e não lutando contra você. Mesmo quando você tem um desentendimento com os outros, lembre-se as opiniões deles são importantes.

Seu ponto de vista não deve ser necessariamente o vencedor, pois eles merecem o mesmo tipo de respeito e tratamento que dão a você.

ETIQUETA OU EDUCAÇÃO COM O QUADRO DA LOJA...
O Loja ajuda você a viver com esta regra... ele fornece uma forma básica de etiqueta ou educação que ajuda a suavizar as manchas ásperas.
É a etiqueta do chão quadriculado, onde todos se reunirão em nível de igualdade, e no prumo de retidão e lealdade negocial, e na praça das ações morais entre nós e com o mundo exterior da loja.

As ferramentas de trabalho são mais do que meros pedaços de metal brilhante. Eles são as regras pelas quais viver, e pelos quais vai operar a sua Loja.

Esta etiqueta dita que, embora o Venerável Mestre possa ter a responsabilidade de ver a Loja funcionar bem, ele está trabalhando para os irmãos. Deram-lhe o cargo e esperam que ele se lembre deles quando ele toma as decisões.

O segredo é este: o Venerável Mestre só pode fazer o que, no final, o resto dos membros quer que ele faça, nada mais e nada menos.

Esta etiqueta dita que cada pessoa deve ser chamada de "Irmão". Use isso com frequência. . . ele tem um propósito e não usar este título torna a nossa fraternidade algo menos do que aquilo que é.

Etiqueta exige que cada irmão seja tratado com cordialidade e respeito, embora às vezes isso seja difícil.

A etiqueta é uma outra palavra para educação. Não falar durante as sessões de trabalho. Não fumar (e essa é a lei) durante a parte de grau da reunião. E com títulos próprios, (irmão, Venerável Irmão etc.)

Isso significa começar a reunião no horário, e como Venerável Mestre, mantendo se atento. . . e isso às vezes significa "desligar" a distração.

A etiqueta da Loja deve dar a cada Irmão seu devido respeito, automaticamente. Parece fundamental, mas poucas Lojas conseguem realmente seguir os ditames de etiqueta e até mesmo alguns Mestre tem dificuldade nisso.

Trabalhando bem com os outros significa que, como Venerável Mestre, você deve ser capaz de motivar os outros. . . se não a seus desejos pessoais, pelo menos sobre o que é melhor para a Loja.

Autor/Postado por: Fonte: Educação Maçônica para o Século 21. Texto original em inglês: The Masonic Leader

 

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