Uma Ordem construída para elevar
consciências e formar homens livres está se deixando arrastar para o pântano da
politicagem, das manobras de bastidor e dos arranjos profanos que nada têm de
iniciáticos.
O Templo que deveria ecoar
sabedoria e silêncio hoje se contamina com disputas mesquinhas por cargos,
vaidades infladas e projetos pessoais travestidos de “interesse da Ordem”.
Há irmãos que esqueceram
completamente que a Maçonaria não é carreira.
Não é trampolim.
Não é máquina eleitoral.
É caminho filosófico.
É ética.
É trabalho interior.
Mas alguns transformaram a
instituição em praça pública de barganhas, como se nossos rituais fossem meras
formalidades e nossas leis internas fossem peças maleáveis ao sabor de
conveniências momentâneas.
O mais grave é ver que essa
prática não apenas desvirtua a essência da Ordem — ela a profana.
Profana quando ignora a
Constituição Maçônica.
Profana quando atropela
regimentos.
Profana quando usa o avental para
proteger interesses particulares.
Profana quando irmãos são
tratados como peças descartáveis em jogos de poder.
E enquanto isso cresce, cresce
também a sensação de que estamos nos afastando do verdadeiro propósito:
"Lapidar nossa pedra bruta,
não disputar território político".
A Maçonaria não nasceu para ser
um teatro de vaidades.
Não nasceu para ser um comitê de
eleição permanente.
Nasceu para ser um farol moral.
Uma escola de virtudes.
Um espaço onde o homem comum se
torna melhor do que era ontem.
Por isso, é preciso levantar a
voz.
É preciso confrontar os vícios internos com
firmeza.
Não há como combater a corrupção
profana quando toleramos pequenas corrupções dentro de casa.
Não há como falar de fraternidade
quando há perseguição, favoritismo e coronelismo administrativo.
Não há como falar de liberdade
quando o pensamento crítico é abafado pelos donos do poder.
Se a Ordem quiser sobreviver com
dignidade, precisa retomar sua essência.
Precisa expulsar a mentalidade
politiqueira que se infiltra sorrateira.
Precisa lembrar que um irmão sem
valores nunca poderá ocupar um cargo com legitimidade.
E que nenhum avental — por mais
adornado — tem valor quando quem lhe veste esquece que a Maçonaria é escola da
alma, não palanque.
A reconstrução começa com
coragem.
Com posicionamento.
Com a recusa em aceitar a
decadência como normal.
A Maçonaria não é lugar para
ambições profanas — e quem as cultiva deve ser chamado pelo nome:
"desviou-se do caminho".
É hora de recuperar a Ordem — ou
ela afundará sob o peso dos próprios vícios.
Ir Ricardo Martinez
.jpg)