A LENDA DE HIRAM


Antes de adentrarmos os fatos relativos à Lenda de Hiram, convém alertar que uma lenda é uma narração transmitida pela tradição, de eventos considerados históricos, mas cuja autenticidade não se pode comprovar somente que não temos provas sobre ela.

Quanto à existência de Hiram, seu nome é referido nas seguintes passagens bíblicas:
Em Reis 7:13 e 14: "O rei Salomão mandou buscar um homem chamado Hurã, um artífice que morava na cidade de Tiro e que era especialista em trabalhos de bronze(...)".  "...Ele aceitou o convite de Salomão e se encarregou de todo o trabalho em bronze."

Em Crônicas 2: 13 e 14: “... Um homem dotado de habilidade e compreensão."
"...filho de uma mulher das filhas de Dã, e seu pai era um homem de Tiro, hábil para trabalhar em ouro e prata, em latão, ferro, pedra, madeira, em púrpura, em azul, em fino linho, e em carmesim. Também em esculpir qualquer forma de escultura e manejar todo engenho que lhe for apresentado “.

A Lenda de Hiram constitui a essência e a identidade da Maçonaria, eis que constitui o terceiro Landmark da Maçonaria Universal, sendo carregada de dramaticidade e simbolismo, e comporta, essencialmente, uma alegoria moral que espelha toda a filosofia da nossa Ordem.

A Lenda de Hiram, ou a Lenda do Terceiro Grau, é revelada somente aos Mestres maçons porque, sem ter os conhecimentos completos dos Primeiro e Segundo Graus, não podem ser compreendidos ainda os mistérios da vida, da morte e da ressurreição.

O novo Mestre irá estudar e compreender que a morte vence porque, por deficiência nossa não entendemos o segredo da vida, que é a Verdade. Com um estudo aprofundado, percebemos que a morte é negação, a vida é afirmação; a morte é como o erro: o erro existe por causa da ignorância e a nossa missão é descobrir o segredo da vida que vence a morte.

A lenda inicia afirmando que David, rei de Israel, acumulou tesouros para fazer um templo ao GADU, mas coube ao seu filho Salomão construí-lo, pois ele, David, desviou-se do caminho da Virtude, pela vaidade e pelo orgulho. Isso o afastou de tal missão. Salomão então resolveu pedir auxílio ao seu vizinho Hiram, rei de Tiro, que lhe enviou Hiram Abif, um dos melhores artífices já conhecido.

Então Hiram, símbolo do mestre e do conhecimento real, da verdadeira sabedoria, dividiu os obreiros em três categorias: Aprendizes, Companheiros e Mestres.

Para que ninguém violasse ou profanasse a ordem hierárquica, confiou a todos, conforme sua categoria, as palavras sagrada e de passe, chave do conhecimento e do trabalho de cada um, de modo que os respectivos poderes e obras correspondentes somente fossem confiados àqueles que estivessem realmente capacitados para exercê-los e executa-los. A isso chamamos, “aumento de salário”.
Tudo ia muito bem até que, quando a construção achava-se bastante adiantada, alguns companheiros, por vaidade ou ambição e achando-se mestres mesmo sem terem cumprido o tempo necessário, começaram a desunião.

Foram em número de quinze os companheiros que planejaram obter do Mestre Hiram os segredos da iniciação pela violência, a tentação do orgulho que ameaça qualquer iniciado, por mais elevado que seja. Destes, somente três levaram a cabo seu intento.

Para atacar Hiram, aguardam a hora em que o mestre orava no templo, quando os trabalhadores comiam e descansavam.

Jubelas colocou-se na porta Meridional, Sul ou meio-dia; Jubelos, na Ocidental, Oeste, ou Ocidente e Jubelum, na Oriental, Leste ou Oriente.

Jubelas acompanhou os passos do Mestre e tentou convencê-lo a lhe dar os meios de sua elevação ao Mestrado, este, argumentou que não poderia satisfazer seu desejo porque não havia ainda cumprido o seu tempo e depois porque só poderia dar-lhes os sinais, toques e palavras de passe na presença dos reis de Tiro e Salomão.

Jubelas, irritado, descontente, munido da régua de 24 polegadas, que de antemão se apossara, deu uma violenta pancada na garganta do Mestre e afastou-se para evitar reação por parte de Hiram. Este, receoso quanto à presença de mais algum Companheiro, mudou de direção e procurou sair pela porta ocidental, sendo lá surpreendido por Jubelos, que procedeu da mesma forma que Jubelas e recebeu de Hiram as mesmas ponderações e resposta, embora mais enérgicas. Hiram Abif, temendo ser agredido, gritou por socorro, porém Jubelos, desesperado, temendo ser preso, aplicou no Mestre um golpe com o Esquadro que segurava atingindo-o violentamente no peito, na altura do coração.

Hiram Abif, já sem forças para gritar, retrocedeu e dirigiu-se à porta Oriental, na esperança de se salvar e encontrou Jubelum. Este, notando o estado do Mestre, tentou auxiliá-lo e maneirosamente obter o que desejava.

Hiram Abif, notando que Jubelum manejava um Maço, cujo uso era vedado dentro do Templo, porque era instrumento ruidoso, percebeu que encontrara outro agressor.  Impedido de fugir tentou afastar o Companheiro, mas em vão, porque Jubelum, nada obtendo, aplicou-lhe um golpe na testa, prostando-o morto a seus pés.

Os três agressores logo constataram o seu fracasso e o mau resultado da trama. Então, à noite, carregaram o corpo de Hiram Abif para fora de Jerusalém, enterrando-o no Monte Moriáh. Para marcar o local, plantaram aos pés do improvisado túmulo um grosso ramo de Acácia.

Salomão, imagem da sabedoria e da santidade, preocupa-se pela ausência de Hiram, chefe espiritual de todos. Envia, então, quatro grupos de três Companheiros à sua procura, um grupo em direção a cada ponto cardeal.

Em meio à busca, um dos grupos encontrou os assassinos numa caverna e lá ouviram as suas lamentações e seus remorsos pedindo castigo.

Os Companheiros os levaram à presença de Salomão, o Rei da Justiça, que fez aplicar a cada assassino a própria pena que cada um pedira de acordo com a sua consciência: a garganta cortada, o coração arrancado e o corpo dividido ao meio
.
As buscas pelo corpo do Mestre prosseguem e Salomão designa agora nove Mestres divididos em três grupos, para cumprirem a missão.

Um dos grupos, ao subir o Monte Moriah, deparou com um ramo de acácia plantado num monte de terra recentemente revolvida. Ali estava enterrado o corpo do amado Mestre.

Profundo é o significado moral dessa alegoria, cujo ponto principal é o tríplice flagelo da ignorância, do fanatismo e da ambição desmedida.

O assassinato do Mestre Hiram simboliza a morte do homem pela violência e a ignorância dos tiranos. Com efeito, implantada a tirania, a primeira violência que se pratica contra o amante da liberdade é calar a sua voz, impedindo que ele se expresse. Depois, violenta-se-lhe o coração, ferindo-se-lhe os sentimentos, procurando destruir sua honra, seu nome, sua família, sua autoestima, ao mesmo tempo em que se lhe retira todo tipo de liberdade; por fim silenciam-no totalmente, ou pela ameaça da eliminação física, ou pelo próprio cumprimento da ameaça. Esse é o golpe fatal, na cabeça, que tira para sempre a razão, embora, como o Hiran da lenda, o homem assim violentado sempre ressurja muito mais forte na razão que defendeu e no exemplo que deixou.

 Albert MacKey esclarece sobre o significado da Lenda de Hiram Abif:
“... ensinar a imortalidade da alma. Esse ainda é o principal propósito do Terceiro Grau da Maçonaria. Esse é o escopo e objetivo do seu ritual. O Mestre maçom representa o homem quando jovem, quando adulto, quando velho, e a vida que passa como sombras efêmeras, porém ressuscitado do túmulo da iniquidade, e despertado para outra e melhor existência. 

Por sua lenda e por todo seu ritual, é implícito que fomos redimidos da morte do pecado (...) o Mestre Maçom representa um homem salvo do túmulo da iniquidade, e ressuscitado para a fé da salvação."

Paulo Roberto F. Paulino – M.’. M.’.
Bibliografia:
Bíblia Sagrada - Sociedade Bíblica do Brasil
Catecismo Maçônico - Rizzardo da Camino
Portal da Maçonaria-Internet
Wikipédia - Lenda de Hiram Abiff

SEJA BEM-VINDO À MAÇONARIA - UMA ADAPTAÇÃO AO RITO MODERNO



Estava relendo alguns trabalhos de Grau 1 apresentados em nossa Loja quando tive a ideia de elaborar esta Peça de Arquitetura. Ao longo das primeiras semanas na Ordem o Aprendiz é bombardeado com símbolos, alegorias, abreviações e significados que causam uma grande confusão, e isso é totalmente natural.

 Mas não é nossa intenção com esta Peça relacionar estes símbolos e alegorias com seus significados. Mesmo que seu domínio seja de fundamental importância para a formação maçônica do recém-iniciado, este conhecimento será adquirido naturalmente mediante dedicação, estudo e principalmente frequência aos nossos trabalhos.

 O estudo da Maçonaria não se limita ao que está contido nos Rituais. Então, resolvemos compilar alguns ensinamentos que estão nas entrelinhas do universo maçônico.

 O recém-iniciado não deve se esquivar do aprendizado, ter vergonha de questionar ou permitir-se estacionar na estrada do conhecimento.

 Avental branco não é sinal de ignorância, de falta de cultura. Tampouco o Avental com adornos azuis é sinal de sapiência, pois ninguém sabe o bastante a ponto de não ter nada a aprender. Por mais que sejamos dedicados aos estudos, percebemos uma grande necessidade de aprimoramento acontecendo em todos os campos, tanto profissional como social, para que se possa acompanhar o progresso da humanidade, evitando ficar para trás, ultrapassado, pois tudo progride em uma velocidade vertiginosa.

 Observem caríssimos Irmãos, que quem se atreve a transferir conhecimentos maçônicos deve proporcionar aos ansiosos por aprender os meios mais simples e mais efetivos.  Portanto, enquanto estivermos aqui, troquemos experiências, pois há sempre algo para aprendermos juntos e muito possivelmente, alguém para aprender conosco também.

 A primeira recomendação a todos os “recém-nascidos” na nossa Ordem é a seguinte: Ao elaborar suas Peças de Arquitetura, muito cuidado com os textos Maçônicos que circulam na Internet. O Rito que praticamos em nossa Loja é chamado de Moderno ou Francês. Sob forte influência do Iluminismo, o Rito Moderno tem como um de seus pilares a busca incessante pela verdade, ainda que transitória, em todos os campos. Isto faz do Rito Moderno, em minha opinião, o mais científico dos Ritos. 

Portanto, interpretações esotéricas, místicas, metafísicas ou mesmo de cunho religioso a cerca do simbolismo maçônico não fazem muito sentido no Rito Moderno, agnóstico por sua natureza. Mas esta é apenas a conduta do Rito. Nenhum Irmão deverá abdicar de suas crenças pessoais por força do Rito.

Um bom exemplo disso é que no Rito Moderno falamos em “Princípio Criador”, o qual se espera que todo maçom acredite. Porém em muitos textos maçônicos utiliza-se “Ser Supremo”. Há uma sutil diferença entre os dois termos. Quando usamos “Ser Supremo” estamos personificando esta força em um sujeito. Já “Princípio Criador” pode ser Deus, Buda, Alá e até mesmo o “Big Bang”, a grande explosão que segundo alguns cientistas deu origem ao universo. Assim estamos realmente respeitando a crença de todos, com absoluta neutralidade, pois em nossos trabalhos não discutimos religião. Simplesmente aceitamos que todo Irmão é absolutamente livre para crer no seu Princípio Criador, seja ele qual for.

Portanto é preciso ter atenção para não se confundir com interpretações que só fazem sentido em outros Ritos Maçônicos, que por força da tradição, herdaram práticas que para olhos destreinados podem ser confundidas com liturgias religiosas, e, sobretudo, não ignorar que existem fantasias, invencionices, distorções, modismos, tantos “chutes” que são dados a esmo e incorporados no dia a dia e tidos como autênticos. O fato de todos estarem de acordo a respeito de alguma coisa não transforma o falso em verdadeiro. Já comentei em outras oportunidades que lamento o fato de que alguns Irmãos fazem do estudo da Maçonaria algo muito mais complexo do que jamais foi criado para ser.

 A verdade só pode florescer através da pesquisa e do estudo, que é obrigação de todo Maçom interessado com a Ordem e com a humanidade.

 Já que estávamos falando em rituais, vamos dedicar algumas linhas a outro assunto que gera grande confusão. Maçonaria e religião. Que fique bem claro aqui desde o princípio: Maçonaria não é religião. Como já abordado em outra Peça de Arquitetura apresentada nesta Oficina, a própria antropologia nos ensina que para se classificar algo como religião é preciso haver o caráter sacrifical, dogmático, revelado e salvífico. 

E a maçonaria não reúne nenhum desses aspectos.

 Não obstante a isso a relação entre ritual e religião é muito frequente, mas se analisarmos o assunto vamos notar que os rituais são parte de nossas vidas. Ritual é simplesmente a maneira como algumas coisas são feitas, uma espécie de procedimento padrão para conseguir ordem e disciplina aos trabalhos. Uma reunião de condôminos obedece a uma ordem determinada, da mesma forma como uma reunião de pais e mestres num colégio e até mesmo um julgamento. Sem essa sequência de atos a serem vencidos temos a baderna e a perda de tempo. O resultado será sempre questionável.

 A Maçonaria usa um ritual porque é um modo efetivo para ensinar ideias importantes. Além disso, o ritual Maçônico é muito rico e muito antigo, remontando aos primórdios de sua criação.

 A confusão aumenta ainda mais por conta do local onde trabalhamos o Templo Maçônico. Templo é o local onde se realizam as reuniões regulares das Lojas Maçônicas. Isto pode ser verificado em qualquer dicionário. Templo pode ser um edifício de tamanho imponente que serve o público ou uma organização de algum modo especial, não tendo, necessariamente, caráter religioso.

 É aceitável que todo neófito interprete sua iniciação como uma passagem “das trevas para a luz”. Isto o é de fato. Mas não no sentido do eterno conflito entre o bem e o mal. Não significa que o mundo profano (fora do templo) é dominado pelas trevas (mal) e que a verdadeira luz (bem) será revelada pela Maçonaria.

 Aquilo que marcha em direção à luz não é o indivíduo iniciado, mas aquilo que nele é inédito e que por ser desconhecido, é ainda obscuro. Não somos nós que como pessoas seremos iluminadas. São nossas potencialidades e latências que vão para a luz. É o Maçom dentro de nós quem se dirige para o seu “renascimento” por assim dizer. É isto que muitos Irmãos querem dizer quando afirmam que a Maçonaria transforma homens bons em homens ainda melhores.

 Disto se deduz que será inútil e até contraproducente aquele que não for Maçom em potencial bater à nossa porta. É por isso que somos convidados. A natureza não pode dar aquilo que já não tenhamos em potencial.

 A Maçonaria é uma atividade prática e suas verdades são conquistas que não são aprendidas nem explicadas por ninguém, mas frutos de introspecção. Quando o maçom alcança este estágio fica claro o significado do chamado Espírito Maçônico. 

Mas quando o Aprendiz ouvir falar do tal “Espírito Maçônico” não deve esperar que uma entidade de avental passasse a frequentar nossas sessões. O Espírito Maçônico é uma mudança de foro íntimo decorrente da evolução do Maçom como homem e de seus compromissos com as causas humanas.

 Quanto ao simbolismo não há absolutamente nada de obscuro em suas interpretações, tampouco mensagens subliminares. Pelo contrário, são associações diretas entre os instrumentos de trabalho dos pedreiros medievais e as divisas que todo Maçom deve levar consigo: Retidão Moral, justiça, igualdade, entre tantas outras.
 Na realidade todo símbolo é apenas um estímulo. A questão está em empregá-lo como fermento do ato iniciático.

 Bem, ficaram muitas coisas por dizer. Mas não poderia encerrar esta Peça de Arquitetura sem revelar o grande “Segredo Maçônico” capaz de “mudar o curso da humanidade”. O grande segredo é que não existe segredo. A única coisa que mantemos em sigilo são nossas formas de reconhecimento mútuo.

 Já me utilizei dos dizeres de nosso Irmão Giacomo Casanova para concluir outro trabalho apresentado nesta Loja. Mas como disse no princípio, foi à releitura que me trouxe até aqui. Portanto, não irei me furtar em repetir que se podemos chamar de segredo o conhecimento íntimo que todos adquirimos com o decorrer dos anos através dos trabalhos Maçônicos, então este segredo é “inviolável por natureza, pois o Maçom não o aprendeu com ninguém. Ele o descobriu de tanto ir à sua Loja, de tanto observar, raciocinar e deduzir.”.

 Bibliografia:
- Web Site http://www.comunidademaconica.com.br. Inspirado nas brilhantes peças de arquitetura elaboradas pelos Irmãos Carlos A. Proença Jaques, Valdemar Sansão, Anatoli Oliynik e, claro, nossas considerações pessoais que não visam distorcer as ideias originais, apenas adequá-las ao Rito Moderno.

- MUNIZ, André Otávio Assis. Novo Manual do Rito Moderno – Grau de Aprendiz (Completo). A Gazeta Maçônica, 1a Edição, 2007.
Rogério Alegrucci - M.´.M.´. Trabalho apresentado na ARLS Manoel Tavares de Oliveira, 2396 R.´.M.´. em  01/03/2011 E,´,V.´..  GOB-GOSP

   Rogerio Alegrucci

AS TRÊS GRANDES COLUNAS DA LOJA



Sustentam nossa Loj.'. três CCol.'., denominadas Col.’. Jônica, Col.’. Dórica e Col.’. Coríntia, representando respectivamente a tríade SABEDORIA, FORÇA e BELEZA.

Baseadas nas edificações do Templ.'. do Rei Salomão, um dos primeiros locais de Culto Divino que se tem conhecimento, erguido sob os auspícios do próprio Rei Salomão ou V.’.M.’. , cuja Sabedoria a todos os seus súditos encantava, Hiram Rei de Tiro espelhando o 1º Vig.’., cujo Poder e Força possibilitaram a Salomão a construção do Templo. E HIRAM-ABIF representado pelo 2º Vig.’., cuja habilidade em transformar o bruto em belo a todos maravilhava. Exímios escultores e hábeis arquitetos.

Templ.'. fundado com base no Tabernáculo, erguido por Moisés, para receber a Arca da Aliança e as Tábuas da Lei.

ORIGEM DO SIMBOLISMO: Simbolistas afirmam que, nos tempos da Maçonaria Operativa, antes dos trabalhos maçônicos, geralmente em locais improvisados, os símbolos necessários à sessão eram desenhados precariamente no piso do local e, ao término da mesma, eram então, apagados. O painel da Loja teria surgido para evitar essa operação.

Era comum o uso de velas acesas sobre candelabros nos locais que representavam as três janelas, ou seja: uma a leste (Oriente), outra a oeste (Ocidente) e a terceira ao sul (Meio-dia).

Em diversos trabalhos afirmam que "elas representavam as três portas do Templo de Salomão...” Pequenos pilares situados ao lado dos altares dos três principais oficiais, com o tempo os oficiais passaram a substituir esses candelabros.

Segundo os principais simbolistas, coube à Maçonaria miniaturizar os pilares laterais e posicioná-los sobre os altares do Venerável Mestre e dos Vigilantes. Destaquemos o significado de coluna: uma coluna é dividida em três partes principais, a base parte de contato com o solo, o fuste, parte que compõe o corpo do pilar, e o capitel, parte de sustentação da trave.

A Sabedoria “Jônica”: Associada ao V.’. M.’.. Deve nos orientar no caminho da vida, estamos sempre em busca de mais conhecimentos, através de livros e ensinamentos, e aberto para indicar e passar aos irmãos o que sabemos, embora sejamos eternos aprendizes.

Esta coluna é igual a nove vezes ao seu diâmetro. O fuste é assentado sobre o pedestal, contornando ele possui vinte e quatro estrias, separadas por filetes. Em seu capitel apresentam-se duas volutas, dando ao pilar a elegância e a esbelteza de uma bela mulher.

A lenda fala que Íon, chefe grego, foi mandado à Ásia, onde construiu templos em Éfeso, dedicados a deuses gregos. Íon observou que as folhas de cortiça, colocadas sobre os pilares para evitar infiltração de água e amortecer o peso das traves, com o tempo, cedendo à pressão, contorciam-se em forma de volutas, imitando madeixas de mulher, peculiaridade essa que é a principal característica da Ordem Jônica.

A Força “Dórica”: Associada ao 1º Vig.’.. Animar-nos e sustenta em todas as dificuldades, lembrando sempre que não estamos sozinhos, temos em mãos nossas ferramentas, maço cinzel e alavanca.

A altura do pilar dórico corresponde a oito vezes ao seu diâmetro. Ele não tem base e o seu fuste é assentado diretamente ao solo sem pedestal. Seu contorno é circundado por 2O canelura, e seu capitel é formado de molduras, imitando uma taça.

A lenda conta que Doros, filho de Heleno, mediu o pé de um homem de estatura mediana, na época, e constatou ser essa medida correspondente a oito vezes a sua altura. Guiando-se por essa relação, ideou o pilar, dórico, robusto, forte e nobre.

A Beleza “Coríntia”: Associada ao 2º Vig.’.. Adorna todas as nossas ações, nosso caráter e nosso espírito, dentro da loja, ela se faz presente nos paramentos, joias, mimos e chaveiros.

Abriga formas belas, elegantes e proporções delicadas, lembrando uma bela donzela. A altura do Pilar Coríntio é igual a 10 vezes o seu diâmetro. O fuste pode ser liso ou estriado. Quando é esculpido em granito ou em pórfiro, tem o fuste liso. Quando talhado em mármore é, estriado, podendo ter de 24 a 32 caneluras, desde que esse número de estrias seja passível de divisão por quatro.

A lenda fala que a ama levou uma cesta, contendo brinquedos à sepultura da criança e cobriu-a com uma velha telha, por causa das chuvas. Ao chegar a primavera, um pé de acanto germinou e cresceu, transformando-se em formosa árvore. Folhas de acanto, cesta e telha teriam produzido um belíssimo efeito ao crescer a planta. Essa cena teria sido magistralmente capitada pelo poeta e escultor Calímaco, que talhou um pilar de rara beleza, com o capitel copiado daquela cena.

CONCLUSÃO
O edifício espiritual da Maçonaria descansa sobre estas colunas simbólicas. A Sabedoria concebe a construção, ordena o caos, cria e determina a realização. A Força executa o projeto, segundo instruções da Sabedoria.

Contudo, não basta ser a edificação bem projetada e bem executada. É preciso ser bem adornada pela Beleza.

Sendo assim, todo Maç.'. deve ter essas qualidades Sabedoria, que orienta, Força, que executa e Beleza, que embeleza as ações, para que possa realizar com exatidão os seus trabalhos de fraternidade, caridade para com a sociedade.

 
Guilherme A. Tavares, A.’.M.’.
A.’.R.’.L.’.S.’. Fraternidade e Evolução nº 3198, Or.’. de São Paulo – SP / Brasil
 

UMA VEZ APRENDIZ, ETERNO APRENDIZ SEREI...




AMADOS  IRMÃOS!

Todos nós buscamos a VERDADE oculta e essencial, ainda inerente ao golpe do MAÇO impulsionando o CINZEL, visando, diuturnamente, trabalhar a PEDRA BRUTA, que é o nosso SER material, mensurado pela Régua de 24 polegadas, numa constante transformação... Agindo assim, nós estaremos ligados intimamente, talvez por um fio de seda muito resistente, que une invisivelmente os APRENDIZES aos COMPANHEIROS, e ambos aos MESTRES e ANCIÕES; bem como a todos (as) aqueles (as), que, mesmo não sendo iniciados (as), zelam pelos Sagrados Mistérios da nossa “Venerável Ordem Maçônica”. Estou me referindo agora aos Sobrinhos e Sobrinhas; às Cunhadas e... às protegidas VIÚVAS.

Assim, em qualquer área deste mundo profano, poderemos ver com o olho da mente, que reflete ou projeta os arquétipos mentais em nosso coração, aquela fulgurante imagem do G.A.D.U  se manifestando em cada trabalho e/ou reuniões, nas tantas OFICINAS reconhecidas e regulares, evolutiva e cósmicamente operando.

O APRENDIZ, para receber o seu aumento de salários, precisa ser elevado ao Grau de COMPANHEIRO; para, mais tarde, segundo seus esforços e empenho, alcançar a MAESTRIA. Enquanto, talvez, num sentido inverso, os MESTRES permanecem APRENDIZES, originariamente. Logo, ouso comparar este ciclo natural à SEMENTE daquela FRUTA, que antes de ser FLOR, era outra SEMENTE, que lançada em solo fértil, como um GERME LATENTE, meia noite em ponto, conseguiu brotar; e rasgando a face da MÃE TERRA... pode nascer; e mais tarde, já enquanto PLANTA, evoluiu e multiplicou-se diante dos olhos de todos; numa atividade silenciosa mas persistente.

Pelos diversos CAMINHOS mundanos, em sua lida diária, cada MAÇOM portador de qualquer Grau Evolutivo ou conferido em LOJA, continuará disposto a abrir sua mente e seu coração, para assim conhecer e bem avaliar os eventos diários, face ao FOGO que mantém a esclarecedora Filosofia Maçônica, ali no aconchego do seu LAR, durante o seu “Quarto de hora de estudos” onde amplia naturalmente o seu cabedal de conhecimentos; reconhecendo que o preço da evolução individual será sempre o TRABALHO digno em prol de seu Auto aperfeiçoamento; tendo cada MAÇOM aquela Coragem mesclada pela Humildade de reconhecer esta verdade: “enquanto seres humanos...   somos e seremos ETERNOS APRENDIZES”.

Partindo, pois, agora e sempre desta singela premissa, veremos com certa tranquilidade que a VIDA nos ensina, por diferentes modos, como podemos aplicar, nos TEMPLOS e na vida profana, os conhecimentos e/ou experimentos ensinados e compreendidos em nossos estudos individuais ou em grupo, durante a nossa vida maçônica.

E isso, naturalmente, nos torna mais capazes de continuar buscando a VERDADE ABSOLUTA; a CHAVE que, de alguma forma, já vibra no seio e no íntimo de cada Verdadeiro MAÇOM. E somente DEUS ( G.A.D.U ) pode avaliar e atestar a nossa condição de Obreiros do Templo Maior.

Somos Fraternos IIr.’.! Que sempre guiados pela RAZÃO e iluminados pela LUZ da Consciência Cósmica, orientando a   nossa Conduta Humana, intuindo as nossas boas ações em prol do Equilíbrio e da Ordem, sempre nos empenharemos por alcançar a Real Maestria Maçônica.

Portanto, será bom não nos esquecermos deste inegável fato: “Perante o ALTÍSSIMO e as CRIANÇAS”, nós seremos ETERNOS APRENDIZES da arte de todas as artes: a “Sublime ARTE REAL”.

Que a SAÚDE, a FORÇA e a UNIÃO estejam em cada um!

T .’. F .’. A .’.. E que agora e sempre... Assim seja!


Ildeu Ferreira ( Ydu )  #  Aprendiz Maçom
Or.'. de Belo Horizonte - MG - Brasil


DE PROFANO A MAÇOM



INTRODUÇÃO

O Profano: É definido segundo o dicionário de Maçonaria como; termo usado pelos Antigos- Mistérios para designar os estranhos e que na Maçonaria se qualificam o não iniciados em seus mistérios.

Este mundo está dominado por aqueles que, de entre nós, são mais atuantes: não necessariamente mais consequentes não necessariamente mais honestos nos seus desígnios.

Este mundo que nós conhecemos ou pensamos conhecer, no âmago da nossa pueril inteligência, tem muito pouco a ver com a nossa qualidade de Maçom. Existe-se para consumir e não para consumar. É triste, mas é verdade, aquilo que nos liga, na inércia do sistema de estarmos vivos, é a ânsia daquilo que nos separa. Juntamo-nos, corporativamente, para encontrar abrigos para o que nos separa. Afirmamos a diferença mais do que a semelhança, iniciação Maçônica é um ato libertador, pois que graças ao trabalho em Loja nos leva aos confins do Universo


ANTES

Não se conhece uma pessoa completamente, mesmo que com ela tenhamos uma convivência plena. Cada ser humano tem seus valores próprios, seus sentimentos, ideais que fazem parte de sua personalidade, a vida é um eterno relacionamento entre pessoas, podendo ocorrer desordem e desavenças desequilibrando a balança da igualdade.

Está ai um dos grandes problemas da Maçonaria, a escolha do profano para ser iniciado na Ordem Maçônica, talvez este seja o diferencial para se ter uma Loja composta por Irmãos dignos de pertencerem a ela.

Terá o padrinho muito cuidado na escolha do profano evitando a escolha de pessoas que queiram se aproveitar da Maçonaria em beneficio próprio, ambiciosos de poder, lembremos que a Maçonaria serve ao Maçom apenas pelo fato de permitir que o Irmão entre na sua Ordem.

Cabe ao padrinho do candidato, antes de formalizar o convite ao profano, obter informações com outros Irmãos sobre a vida social, afetiva e familiar do mesmo, com isso se tenha plena convicção da índole do profano e certificar-se que o mesmo receberá a filosofia Maçônica e permitirá que a Maçonaria entre dentro de si.

Devemos acreditar que é melhor para a Maçonaria, melhor ainda para a humanidade que tenhamos poucos Maçons com muitas qualidades e condutas dignas, do que muitos Maçons que não contribuem em nada para o aperfeiçoamento da humanidade.

Em nosso universo existem profanos que por sua conduta são verdadeiros Maçons só não conhecem a filosofia Maçônica, outros não tão qualificados, mas com sede de conhecimento bastando para isso que sejam lhes dado a oportunidade e os ensinamentos do caminho do bem.

DEPOIS

A Maçonaria, por sua definição é uma associação de homens livres e de bons costumes, que em Loja devem dedicar-se ao aperfeiçoamento moral e social através de estudos filosóficos. Assim, os que dela participam nunca deveriam esquecer os juramentos feitos durante a iniciação. Irmãos, aqui entramos como P.’.B.’. na esperança que nossas arestas sejam aparadas para que um dia possamos chegar ao estado de P.’. P.’. aspiração maior de todo homem que deseja sair do estado de ignorância e ver a Luz.

O Maçom é livre, de bons costumes e sensível ao bem e que, pelos ensinamentos da Maçonaria busca seu engrandecimento como ser humano atuante e culto, combatendo a ignorância. A ignorância é o vício que mais aproxima o homem do irracional.

Assim sendo e por ser Maçom, deve ele conduzir-se com absoluta isenção e a máxima honestidade de propósitos, coerente com os princípios maçônicos, para ser um obreiro útil a serviço de nossa ordem e da humanidade.

Não se aprende tudo de uma só vez. O saber é o acúmulo da experiência e dos conhecimentos que se tem acesso, mas, a ação construtiva da Maçonaria deve ser exercida de forma permanente em todas as suas celebrações, trabalhos em Loja e no convívio social, através da difusão de conhecimentos que podem conduzir o homem há uma existência melhor pelos caminhos da Justiça e da Tolerância.

O Maçom deve ter e manter elevada Moral, tanto na vida privada como na social, impondo-se pelo respeito, procedimento impecável e realizando sempre o Bem. É pelo valor moral que podemos cumprir sempre nossos deveres como elementos da Sociedade Humana e, particularmente, como membros da Sociedade Maçônica.

O Maçom busca o Bem pelo cultivo das virtudes e pelo abandono dos vícios. Tenta polir constantemente a sua pedra bruta reforçando a sua virtuosidade e reprimindo conscientemente os seus defeitos. Pela autodisciplina livremente imposta a si mesmo, torna-se também exemplo para seus pares, colaborando para o progresso moral daqueles que com ele interagem.

Cabe ao padrinho a tarefa de estimular e promover ao novo integrante da Ordem Maçônica, os meios necessários que capacitem o mesmo a sentir- se plenamente à vontade, de tal forma que seus valores e talentos se aflorem para contribuir cada vez
mais para o auxilio a humanidade.


Conclusão:

Temos consciência que a verdadeira Iniciação não é um processo fácil nem igual para todos qualitativamente, pode durar uma vida inteira, para se ascender ao mesmo que outros apenas necessitam de um pequeno instante! Pode mesmo nunca chegar a manifestar-se. Meus Irmãos, de fato não somos todos iguais! Somo-lo apenas na condição de seres humanos que ao baterem à porta do Templo, trouxeram dentro do seu coração a pretensão de ascender a algo superior, à realidade da qual vivemos apenas na sombra. 

O desenvolvimento espiritual que se traduz na capacidade de sentirmos a voz interior, com uma intensidade e frequência cada vez maior… é e sempre foi o que diferenciou os homens! Já alguém disse: “não há boas nem más pessoas, o que existe são pessoas mais ou menos conscientes, mais ou menos elevadas espiritualmente”.

A verdadeira humildade mostra-se sim no respeito que todos devemos demonstrar por alguém que não se encontra na nossa linha de pensamento e põe em causa as verdades transmitidas – as nossas verdades. É esta a grande lição do Aprendiz: saber ouvir os outros como a si mesmo, quer a razão lhe assista ou não. Devemos agradecer sempre o tempo que os outros nos dispensam, independentemente se é para nos dirigir um elogio ou uma reprimenda.


Bibliografia:
- 44° E.·.R.·.A.·.C.·.
- 38° E.·.R.·.A.·.C.·.
- Castellani, José – Cartilha do Aprendiz – Editora Maçônica “ A Trolha “ Edição – 1992
- Site: www.maconaria.net
- Eurico - M.·.M.·., RL Nova Avalon Nr 59, GLLP/GLRP – Prancha Iniciação
- Sonvezzo ,Milton Antonio, M.·.M.·. da Loja Graal do Ocidente – Prancha Comportamento Maçônico
 
Ir.·. Antonio Geraldo Stéfano- Ap.·.M.·.
A.·.R.·.L.·.S.·.Águia de Haia N. 2518

ERROS RITUALÍSTICOS


Aquele dentre vós que nunca tenha errado que atire a primeira pedra” (Jesus, o Cristo).

Quem está habituado a frequentar teatro, ou espetáculos de dança, certamente já presenciou atores cometendo “gafes”, atrizes perdendo adereços ou bailarinas tropeçando nas próprias sapatilhas e… surpreendentemente… ninguém zomba, vaia ou critica. O autor corrige a própria “gafe” com uma “tirada” espirituosa, a atriz continua o seu desempenho sem o adereço e a bailarina levanta-se e continua sua apresentação com dignidade e esmero. Após o término do espetáculo talvez leve uma “bronca” do diretor, mas certamente receberá o abraço e o apoio fraternal de seus colegas e companheiros. E é só.

Essa tolerância do público, dos colegas e dos companheiros, que também se revela nos desfiles, shows e espetáculos circenses, muitas vezes inexiste no cerimonial maçônico. Já presenciei – e não poucas vezes – um Mestre de Cerimônias cometer erros (e quem não os comete?) que passariam despercebidos ou que em nada alterariam a essência do Ritual e da Liturgia.

Se não fosse a intervenção desastrosa de um irmão que, corrigindo-o acintosamente, causa um enorme mal-estar naqueles que, compenetrados na essência da sessão, sentem nessa atitude uma quebra de harmonia e de fraternidade. Ponho-me então a imaginar se ele, o intolerante, age assim por perfeccionismo ou por uma necessidade egoísta de demonstrar aos demais o seu conhecimento, o seu domínio do cerimonial, a sua sabedoria; creiam-me: a resposta é quase sempre a segunda… infelizmente!

Pregamos a tolerância e a fraternidade, e é nesses momentos cruciais que teríamos a oportunidade de exercê-la efetivamente na prática. A “bronca”, ou a observação, podem ficar para o final da sessão quando, então, no copo d´água, nos aproximaríamos do Irmão que errou e, delicadamente, lhe diríamos:

- Parabéns pela sua atuação, Irmão Mestre de Cerimônias. “Seu desempenho foi muito bom, quase perfeito, exceto por aquele momento em que o irmão cometeu tal falta…”.

Agir assim, não é muito mais bonito?

Ir.’.Carlos Brasílio Conte
Autor do livro “A Doutrina Maçônica”. Editora Madras

O MAIOR DESAFIO PARA UM MAÇOM



“O maior desafio para um maçom” tenho repetido isto, é honrar e representar a instituição no desempenho de suas atividades como homem, profissional, cidadão e chefe de família, pois deve ser exemplo de postura ética e moral numa sociedade excessivamente individualista, consumerista, voraz, onde o TER, a todo o momento, procura absorver o SER numa luta desigual e numa competição desenfreada, incompreensível e desumana.

 Uma sociedade em que valores familiares são desconsiderados, onde a honestidade, a honradez e a correção de conduta são tidas como sinônimo de atraso, de práticas ultrapassadas.

Mas sempre haverá um maçom nesse meio, o chamado “iniciado nos augustos mistérios da Sublime Ordem”, envolvido nesse turbilhão, atônito, muitas vezes impotente para reagir porque se apega exclusivamente às coisas do “mundo exterior” e não aplica o que aprendeu no “mundo interior do templo maçônico”, o que faz nascer o conflito, a quebra da ética e do decoro pessoais, numa cadeia de afetamento de condutas reprováveis como nunca se presenciou antes, contaminando a convivência dentro de nossas Lojas.

“Fora é uma pessoa, dentro aparenta ser outra, mas sempre conflitante na prática dos princípios éticos e morais maçônicos, o que traz como consequência a quebra da harmonia e da confiança no seio de uma Loja, e consequentemente espraia por toda a Ordem”.

Fonte: Ir.´.Daniel Reis

PENSAMENTOS, SENSAÇÕES E EMOÇÕES DE UM APRENDIZ



 V:. M:., meus queridos IIr:. em todos os vossos Graus e Qualidades,
Passados mais de dois anos em que, regular e interessadamente fui participando nos nossos trabalhos, aprendendo escutando, interpretando, lendo nas linhas e nas entrelinhas e sentindo todo o espírito fraternal que nos une, após ter sido por Vós acolhido no seio desta nossa irmandade, reconhecido como um Homem livre e de bons costumes por quem me propôs fato já certamente validado por todos vós ao longo deste tempo, eis que surge hoje a oportunidade para, de forma previamente organizada, partilhar com todos vós alguns dos pensamentos, sensações e emoções experienciadas enquanto profano aspirante à luz, neófito e aprendiz.
Efetivamente, desde os meus primeiros passos com três anos de idade, não sabendo ler nem escrever, apenas conseguindo soletrar, mas pensando e sentindo profundamente, que este foi o tema por mim idealizado para a minha primeira prancha.
E por que, poderá perguntar-se.
A resposta é simples: mais do que a reprodução por palavras próprias de conceitos apreendidos, no decurso de um catecismo ou recolhidos em leitura efetuada, sempre acreditei que deveria, na primeira oportunidade que tivesse para "oficialmente" me expressar em loja, apresentar algo inegavelmente original, transmitir uma verdade inequívoca e uma interpretação pessoal.
Tal conseguirei, certamente, falando dos meus pensamentos, das minhas sensações e das minhas emoções: são próprias, verdadeiras e por mim já analisadas. Complementarmente, não procurando abordar o conhecimento que possuo da simbologia própria do meu atual grau, mas continuando na senda do meu aperfeiçoamento como Homem, decidi fazer refletir tal verdade numa tela por mim pintada, cujo resultado também convosco partilho.
Reportando-me há algum tempo atrás, quando da minha permanência na Câmara de Reflexão no dia da minha Cerimônia de Iniciação, lembro-me de ter procurado na minha memória alguma informação sobre o processo de integração nesta ordem discreta iniciática, a qual eu tinha conscientemente decidido integrar. Recordava, então, o que havia aprendido cerca de 10 anos antes sobre a Iniciação Maçônica, num livro de Jorge Ramos, nomeadamente sobre a câmara escura que pretende simbolizar o estudo do aspirante ou candidato, que da sua vida passada até àquele momento na escuridão, transitará para um novo estádio - ingressará numa nova luz, na luz e na verdadeira vida da maçonaria.
Naquele momento, fechado num pequeno espaço todo pintado de preto e com apenas uma muito tênue luz, procurava decifrar o significado de alguns dos sinais deixados à minha criatividade: a imagem de um galo, as expressões "Vigilância" e "Perseverança", uma caveira, um espelho, uma ampulheta, etc. E aquela sigla ou acrônimo que eu não conhecia? "V.I.T.R.I.O.L.".?
Confesso que não me preocupei muito com grandes pensamentos sobre tais símbolos. O que vier virá, pensei. A minha decisão estava tomada e depois de mais de dez anos com uma enorme vontade de integrar esta discreta ordem, na perspectiva de vir a adquirir mais conhecimentos e de evoluir como ser humano, ai estava eu preparado para todas as provas que me seriam exigidas, fossem elas "duras" física, emocional ou intelectualmente.
Deixei o meu imaginário fluir, tentando adivinhar o tipo de provas a que, outrora, poderiam ter sido submetidos todos quantos sentiram o mesmo "chamamento" que eu (se é que lhe poderemos chamar assim). Sem querer, muitas imagens e cenários me passaram pela mente, alguns dos quais encaixariam na perfeição num dos locais mais fantásticos que até hoje visitei e que, "pela mão" do nosso Ir:. José Manuel Anes, só mais tarde vim a descobrir: os Jardins Iniciáticos da Quinta da Regaleira.
As minhas expectativas eram de tal forma elevadas que, confesso, naquele dia acabei por não me aperceber da importância que para mim teve verdadeiramente a Cerimônia de Iniciação. Só mais tarde, depois de ter lido todo o Ritual do 1º. Grau do Rito Escocês Antigo e Aceito, de ter participado em várias sessões de L:. e de ter assistido a outras iniciações, tomei consciência de todo o significado da simbologia associada a este marco que, hoje, reconheço como fundamental na vida de qualquer Maçom.
Hoje, nesta minha partilha de sentimentos e emoções, gostaria de salientar três aspectos como positivamente marcantes na minha Cerimônia de Iniciação e que hoje os sinto como âncoras de estabilidade e vivência profícua e saudável.
Em primeiro lugar, a ajuda prestada por um Ir:. M:. Quando da minha saída das trevas, nas três viagens que simbolizam o caminho da morte para a grande luz, para a nova vida. Ultrapassando o simbologismo inerente à própria cerimônia, hoje me sinto integrado numa ordem em que os valores da solidariedade, fraternidade e inter-ajuda, que desde sempre defendi, são uma realidade.
Seguidamente, a cadeia de união formada por todos os Ir:. M:., na qual cada Ir:., numa atitude introspectiva, procura elevar-se espiritualmente e potenciar, em mais do que simplesmente a soma das partes, a energia necessária à concretização de um objetivo comum. Um verdadeiro momento em que os nossos sentidos são secundarizados face às nossas emoções, uma vez mais numa atitude de união fraternal.
Por último, o ágape - a continuidade no mundo profano de todo o trabalho desenvolvido em L:. no sentido do aperfeiçoamento, da busca da luz.
Sem a veleidade de querer fazer uma obra de arte, procurei representar simbolicamente na tela que vos mostro estes três aspectos, tendo por base uma imagem da Quinta da Regaleira na qual imaginemos decorre uma Cerimônia de Iniciação.
O primeiro aspecto que referi poderá verificar-se no acompanhamento e ajuda prestada por um Ir:. M:. ao candidato, no sentido de que este possa encontrar a pedra oculta (simbolicamente o caminho das pedras quase submersas), no início da sua primeira viagem em busca da luz, após ter, simbolicamente, "descido ao interior da terra e, perseverado na retido..." (refiro-me, naturalmente, ao significado da forma hermética V.I.T.R.I.O.L.), à saída da gruta contígua ao poço iniciático.
Os segundo e terceiros aspectos, sem que temporalmente os pudesse representar neste quadro em simultâneo com a cena que decorre, represento-os na faixa inserida no canto inferior direito do quadro: a cadeia de união, pelo símbolo que identifica a nossa L:., e o ágape por um símbolo criado a partir de um Delta Radiante cujo vértice superior é substituído por duas mãos que brindam segurando dois copos com vinho.
Que me perdoem os verdadeiros pintores por esta ousadia!
J:. L:. Figueiredo - A:. M:. - R:.L:.M:.A:.D:.

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