MAÇONARIA E O TRABALHO DE CONSTRUÇÃO DA GRANDE OBRA



A Gnose, como dito por Albert Pike, é a essência e o miolo da Maçonaria. Por Gnose, devemos entender aqui o Conhecimento tradicional que constitui o fundo comum de todas as iniciações, cujas doutrinas e símbolos se têm transmitido, desde a mais remota Antiguidade até os nossos dias, através de todas as Fraternidades secretas, cuja extensa cadeia, jamais, foi interrompida.

Toda doutrina esotérica pode unicamente transmitir-se por meio de uma iniciação e cada iniciação inclui, necessariamente, várias fases sucessivas, às quais correspondem outros tantos graus diferentes.

Tais graus e fases podem ser reduzidos, em última instância, sempre a três; podemos considerar que marcam as três idades do iniciado, ou as três épocas de sua educação e caracterizá-las respectivamente com estas três palavras: nascer, crescer e produzir.

A este respeito, Oswald Wirth escreveu: “A iniciação maçônica tem como objetivo iluminar os homens, a fim de ensinar-lhes a trabalhar utilmente, em plena conformidade com as finalidades mesmas de sua existência.Ora, para iluminar os homens, em primeiro lugar se faz necessário liberá-los de tudo o que pode impedi-los de ver à Luz. Isto se consegue submetendo-os a certas purificações, destinadas a eliminar as escórias heterogêneas, causas da opacidade das estruturas protetoras do núcleo espiritual humano. Quando as mesmas se tornam cristalinas, sua perfeita transparência deixa penetrar os raios da Luz exterior, até ao centro consciente do iniciado. Todo o seu ser, então, se satura progressivamente, até chegar a converter-se num Iluminado, no sentido mais elevado da palavra, vale dizer de um Adepto, transformado já num foco irradiante de Luz”.

Consequentemente, a iniciação maçônica contempla três fases distintas, consagradas sucessivamente ao descobrimento, à assimilação e à propagação da Luz.

Estas fases estão representadas pelos graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre, que correspondem a tripla missão dos maçons, que consiste em buscar primeiro, para possuir depois e, finalmente, poder difundir a Luz.

O número destes graus é fixo: não poderia haver nem mais nem menos que três. A invenção de diversos sistemas chamados de altos graus levou a confundir os graus iniciáticos, estritamente limitados a três.

Os graus iniciáticos correspondem ao triplo programa perseguido pela iniciação maçônica. Esotericamente, levam à solução das três questões do enigma da Esfinge: De onde viemos? Quem somos? Para onde vamos? E com isto respondem a tudo quanto pode interessar ao homem.

São imutáveis em seus caracteres fundamentais e, formam, em sua trindade um todo acabado, ao qual nada se pode subtrair nem agregar: os graus de Aprendiz e de Companheiro são os dois pilares que sustentam o Mestrado.

Os estados transitórios da iniciação permitem ao iniciado penetrar com mais ou menos profundidade no esoterismo de cada grau; dai resulta um número indefinido de maneiras distintas de se apreender os graus de Aprendiz, de Companheiro e de Mestre.

Pode-se apreendê-los em seu significado exterior, isto é, pode-se entender a letra e não a compreensão; na Maçonaria, como em todas as partes, há, sob este aspecto, muitos que foram chamados e poucos eleitos, já que somente aos verdadeiros iniciados lhes é dado a conhecer o espírito íntimo dos graus iniciáticos.

Nem todos chegam, por outra parte, com igual êxito; pouquíssimos, apenas, logram superar a ignorância esotérica, sem marchar de maneira decidida até o Conhecimento integral, até a Gnose perfeita.

Esta última, representada na Maçonaria pela letra G, da Estrela Flamígera, aplica-se simultaneamente ao programa de busca intelectual e do treinamento moral dos três graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre.

Com a Aprendizagem, buscasse penetrar no mistério da origem das coisas; com o Companheirismo, descobre o segredo da natureza do homem, e revela, com a Maestria, os arcanos do destino futuro dos seres.

Ensina, ademais, ao Aprendiz a potenciar ao máximo suas próprias forças; mostra ao Companheiro como captar as forças do meio ambiente e ensina ao Mestre a reger soberanamente sobre a natureza obediente ao centro de sua inteligência.

Não há que olvidar, de fato, que a iniciação maçônica se remonta a Grande Arte, a Arte Sacerdotal e Real dos antigos iniciados. Sem querer entrar na complexa questão das origens históricas da Maçonaria, recordaremos tão somente que a Maçonaria moderna, tal como a conhecemos atualmente, deriva de uma fusão parcial dos Rosa-cruzes, que haviam conservado a doutrina gnóstica desde a idade média, com as antigas corporações de Maçons Construtores, cujas ferramentas, por demais, foram empregados como símbolos pelos filósofos herméticos, tal como pode se ver, em particular, numa figura de Basílio Valentin.

Mas, deixando por um momento de lado o ponto de vista restrito do Gnosticismo, por nossa parte faremos repetir no feito de que a iniciação maçônica, como toda iniciação, tem como fim a conquista do Conhecimento integral, que é a Gnose no verdadeiro sentido da palavra.

Podemos dizer que este Conhecimento mesmo o que, falando com propriedade, constitui realmente o segredo maçônico e por esta razão o dito segredo resulta ser essencialmente incomunicável.

Para concluir e a fim de evitar qualquer mal entendido, agregaremos que, para nós, a Maçonaria não pode nem deve sujeitar-se a nenhuma opinião filosófica particular, que ela não é mais espiritualista que materialista, nem tampouco mais deísta que ateia ou panteísta, no sentido que habitualmente se atribuiu estas diversas denominações, posto que ela deve ser pura e simplesmente a Maçonaria.

Cada um de seus membros, ao entrar no Templo, deve despojar-se de sua personalidade profana e fazer uma abstração de quanto seja dos princípios fundamentais da Maçonaria, princípios cujo redor de todos deveriam unir-se para trabalhar em comum na Grande Obra da Construção universal...

Rene Guenon

O VITRIOL E A BUSCA CONSTANTE PELO AUTOCONHECIMENTO



“Conheça-te a ti mesmo!” Esse aforismo grego que muitos atribuem ao filósofo Sócrates, outros a Tales de Mileto, Heráclito e até mesmo a Pitágoras vem nos revelar, enquanto seres pensantes e em constante estado de evolução, a importância que há para o homem em conhecer a si mesmo a fim de que dessa forma busque o seu autoconhecimento descobrindo e aprimorando suas potencialidades interiores ocultas no mais íntimo do seu eu interior.

A maçonaria simbólica moderna, chamada de especulativa, buscando fazer com que os maçons iniciados em seus augustos mistérios se empenhem ao máximo na busca do conhecimento através do desenvolvimento do autoconhecimento, adotou a sigla do V.I.T.R.I.O.L., termo atribuído ao monge beneditino e alquimista alemão Basile Valentin que significa "Visita Interiorem Terrae, Rectificando, Invenies Occultum Lapidem", ou seja, visita o centro da terra, retificando-te, encontrarás a pedra oculta.

Esta frase em latim, adotada pelos maçons do mundo inteiro, serve como elemento de provocação para que o homem renascido busque nos recônditos do seu ser a essência de sua alma humana para que através dessa busca ele possa desenvolver capacidades e habilidades que somente os iniciados terão acesso.
                                                                                 
O maçom, por ser um construtor social e a pedra bruta ser o objeto de seu contínuo e laborioso trabalho, tomou como representatividade de sua essência a pedra bruta que recebe o nome de pedra do sábio.

À medida que o maçom descobre a localização de sua pedra oculta, ele passa a trabalhar dedicadamente buscando o seu aprimoramento, aparando-lhe as arestas, burilando suas imperfeições de modo a lhe dar forma e contornos geométricos utilizando para isso as ferramentas indispensáveis ao labor do pedreiro livre.   
            
Ao se visitar e se deparar com o seu próprio eu interior, o maçom encontrará suas imperfeições e terá que vencer suas paixões ignóbeis que atuam como obstáculos e percalços no curso do seu processo evolutivo.

A partir do momento que essas imperfeições forem sendo identificadas, o maçom deverá retificá-las de forma a transformar sua pedra bruta em pedra polida, ou pedra filosofal. Este trabalho na pedra bruta é árduo, continuo e deve ser motivado através de sua própria vontade em se tornar um ser humano melhor em todos os aspectos possíveis.

O trabalho na pedra bruta encontra momentos difíceis no burilar os quais requerem maior atenção, força de vontade e zelo no emprego das técnicas que vão sendo aprendidas, desenvolvidas e aprimoradas ao longo do tempo na prática perene do ofício.

Embora não seja obrigatório este uso, é comum encontrar a inscrição do “VITRIOL” nas paredes das câmaras de reflexões, local onde um maçom está sendo gestado e se encontra compenetrado em seus próprios pensamentos aguardando o momento de receber a luz para uma nova vida onde buscará incessantemente se livrar dos vícios da vida profana que fora deixada para trás.   
     
O maçom operativo utilizava o maço e o cinzel como ferramentas para trabalhar a pedra bruta; com o advento da maçonaria moderna dos aceitos, essas ferramentas ganharam conotações simbólicas que, ao invés da utilização no lapidar da pedra bruta, o maçom moderno/especulativo passou a utilizar esses objetos com o fim de esculpir o seu caráter e erigir o seu edifício moral.      
     
Portanto, a busca do maçom pelo conhecimento deve partir, primeiramente, da busca do conhecimento de si próprio para depois buscar o conhecimento externo.

A pedra do sábio deve ser trabalhada até que se torne pedra filosofal; dessa forma, todo o conhecimento passará por um filtro que permitirá ao obreiro da arte real perceber aquilo que melhor lhe será útil.

Como na alquimia que se acreditava poder converter metais comuns em ouro e prata, o conhecimento e o saber também têm essa capacidade de transformar o mundo a nossa volta por meio de boas ações e pelo comedimentos dos nossos atos que sempre devem ter por objetivo maior tornar feliz a humanidade através do aperfeiçoamento dos costumes ea busca constante pela verdade para a honra e glória do GADU.

Trabalho maçônico concluído em 01/04/2019 pelo Ir.. Murilo Américo da Silva, membro da A.’. R.’. L.’. S.. Onofre de Castro Neves nº 2.555, Or.. Carangola/MG.

A MAÇONARIA E A RECONSTRUÇÃO DE COLUNAS



Peço-lhes que, ao lerem este artigo, não me interpretem como adepto das “teorias da conspiração” nem como o resultado de devaneios esotéricos. Imagino, de boa-fé, que escrevo para uma classe de pessoas acostumadas à REFLEXÃO através de símbolos e questionamentos da razão. 

O arcano XVI do Tarô boêmio, colocado na ilustração deste texto, é apenas uma provocação.(1) Repetiu-se ontem, 15 de abril de 2019, na cidade de Paris, uma catástrofe análoga àquela ocorrida em 11 de setembro de 2001 contra o World Trade Center, na cidade de Nova York.

As circunstâncias podem não ser as mesmas. Nem pretendo questionar se o incêndio na Catedral de Notre-Dame foi acidental, provocado ou causado por algum tipo de negligência. O tempo dirá.

Por infeliz semelhança, entre o 11 de setembro e o 15 de abril deste ano, o Brasil, sem glória nenhuma, alinhou-se com grandes potências perdendo, na noite de 2 de setembro de 2018, o Museu Nacional.

Estamos nos acostumando a perder, inclusive no futebol, no carnaval e no samba. Onde mais? Prejuízos de alta conta não são de hoje. Nós maçons sabemos (ou deveríamos saber) que pedreiros de toda a Inglaterra, sob as ordens do arquiteto da Loja central de Londres, Christopher Wren, foram convocados para a reconstrução da cidade após o incêndio ocorrido entre os dias 2 e 5 de setembro de 1666.

Naquele incêndio ficaram destruídas dezenas de igrejas e milhares de casa em Londres. Repercussões houve também na cultura maçônica, pois James Anderson cita esse fato nas “Constitutions of the Free-Masons” de 1723:
 “Após as guerras, tendo sido recuperado o domínio da Família Real, a maçonaria também foi restaurada, particularmente após o infeliz incêndio de Londres, Ano 1666.”

Mas... me perdoem; citar James Anderson entre modernosos maçons brasileiros ficou “démodé” ˗ palavra francesa para “fora de moda”, antiquado.

Mas eu sou. A fala de James Anderson vem em bom momento, especialmente para os citados “moderninhos” da maçonaria que, antes de saberem o que significam sues aventais, querem abolir os antigos costumes, a tradição, os Landmarks, os preceitos de Anderson e o caráter simbólico das Lojas, acrescentar e tirar partes do Ritual. E para isso, não precisam de nenhum incêndio real com fogo de verdade: basta a bem conhecida “fogueira das vaidades”.

Após essa digressão ˗ certamente uma inútil tergiversação de minha (me desculpem, sou um velho) ˗ voltemos à significação, significância e trágica importância de se abaterem colunas (ou torres) nesses últimos dezoito anos: o World Trade Center e a Catedral de Notre-Dame.

O Século XXI é, sem dúvida, a culminância da “revolução” iniciada em 1968 quando o líder estudantil Daniel Cohn-Bendit inflamou as ruas de Paris e o mundo, desencadeando, entre outras coisas, a cultura pop, a contracultura a pós-cultura, o pósmodernismo e as violentas reações perpetradas pelo terror das ditaduras. (2) Paralelamente a isso, o Papa eleito em 1963, Giovanni Battista Montini (vulgo Paulo VI) nunca recebeu bons créditos por ter concluído o Concílio Vaticano II iniciado por seu antecessor.

Ele simplesmente “manteve todos a bordo nos tempos tumultuados que se seguiram” (palavras de Michael Sean Winters, colunista do National Catholic Reporter). Paulo VI manteve-se ambivalente diante dos muitos problemas que a Igreja enfrentava.

O compromisso dele com o diálogo e a aceitação das complexidades não foram os melhores elementos, diz Sean Winters (artigo publicado em 13/12/2016). As esquerdas ˗ alinhadas com o finado Papa João XXIII ˗ desistiram de Paulo VI depois da encíclica de 1968, Humanae Vitae (“sobre a vida humana”).

Diante das pressões, Paulo VI voltou-se para os corredores do Vaticano e reformou as estruturas da Igreja para alinhá-las com os Concílios Vaticanos, mas nem sempre obteve sucesso. E alterou os rituais e liturgia da Igreja, abrindo as portas para uma miríade de novas interpretações, teologias e dissidências (a mais significativa foi a do arcebispo francês Dom Marcel Lefebvre que resistiu às reformas e criou um movimento tradicionalista católico).

Essas foram nossas heranças da década de 60: uma avalanche de desafios nunca superados. E as quedas de torres são os preços que estamos pagando no Século XXI. Oscilamos perigosamente entre o abatimento de colunas ˗ em Nova York e agora em Paris ˗ símbolos ocidentais do World Trade (o comércio mundial) e Notre-Dame (a "nossa senhora" do ideal cavalheiresco Templário e a Virgem das tradições cristãs).

Edifícios podem ser reconstruídos; mas as cultura, não. “Flores para los muertos”, diriam os mexicanos. “Dia de ira!” ˗ rugia o Requiem da Igreja Católica ˗ “quando o mundo será reduzido a cinzas. Quanto temor haverá então quando vier o Juiz para julgar com rigor todas as coisas. Um livro será trazido no qual tudo está contido e pelo qual o mundo será julgado.

O que eu, miserável, poderei dizer quando apenas o justo estará seguro?”(3)

(1) “La Maison Dieu” traduz-se por “a casa de Deus”.

(2) No que se refere especificamente ao Brasil, aconselho a leitura do livro “1968: o Ano Que não Terminou” do jornalista Zuenir Ventura, publicado em 1989 e relançado pela editora Nova Fronteira em 2006. Sobre os subterrâneos do Vaticano indico a leitura de “Em Nome de Deus”, do repórter investigativo David Yallop. 

MAS NÃO CONFUNDAM com o outro livro de Karem Armstrong, nem com os filmes de Clive Donner ou de Peter Mullan. O título “Em Nome de Deus” foi várias vezes utilizado para ofuscar o livro de David Yallop que está “esgotado” ou desaconselhado (proibido?). Quem desejar uma cópia em pdf, pode solicitar-me em separado.

(3) Tradução do texto latino da Igreja Católica. No original, “Dies iræ dies illa solvet sæclum in favilla. Quantus tremor est futurus quando judex est venturus cuncta stricte discussurus. Liber scriptus proferetur in quo totum continetur unde mundus judicetur. Quid sum miser tunc dicturus cum vix justus sit securus?” (Requiem)

José Maurício Guimarães (Em Memória)

O MAÇOM E A VONTADE





Quando te perguntam: o que vindes fazer aqui?

O que você responderia?

 Você, logo, responde: “Vencer as minhas paixões, submeter a minha vontade e fazer novos progressos na Maçonaria”. Mas, para refletirmos sobre a palavra vontade, primeiramente, há a necessidade de entendermos uma das afirmações acima, quando você responde: “Vencer as minhas Paixões”.

Cada Maçom tem conhecimento do significado da palavra “Paixões” dentro de si e dentro dos nossos princípios e leis. Paixões são atitudes que não estão relacionadas com nosso comportamento maçônico, com nossos atos, tanto no meio maçônico com na vida profana.

Ao falarmos de Paixões, não podemos deixar de lembrarmo-nos do “Vício”.
Afinal, quando perguntado: Para que nos reunimos em Loja? O irmão Primeiro Vigilante responde que é para combater o despotismo, a ignorância, os preconceitos e os erros, para levantar templos à Virtude e cavar masmorras ao vício.

Aliás, é conveniente fazer uma distinção entre vício e paixão. Tudo o que é contrário à virtude é vício, por exemplo, o egoísmo, o orgulho, a vaidade, o exibicionismo a ira a maledicência, a hipocrisia, a avareza, o ciúme, a inveja, a preguiça, etc. e os vícios que geram dependência física e psíquica.

Essencialmente, a paixão não deveria ser um mal, já que, por definirão, a paixão é (...) o excesso de que se acresceu à vontade, uma vez que, o princípio que lhe dá origem, foi posto no homem para o bem.

Tanto que as paixões podem levá-lo à realização de grandes feitos. A paixão, propriamente dita, é o sentimento exacerbado de uma necessidade. Isso quer dizer que, portanto, combatendo os vícios e não se deixando dominar pelas paixões, o Maçom consegue caminhar em direção à perfeição.

Evidentemente, que isto não e tarefa que se realizará de um momento para outro. Ou seja: conhecidas as causas, o remédio se apresentará por si mesmo.

Quando entramos para a Ordem, logo a Maçonaria já começa a nos ensinar que todos nós, devemos caminhar, sempre, em busca da boa Moral. Ou seja: aquela Moral Sã, que nos faz discernir entre o bem e o mal, que estudamos na segunda instrução do Ritual do Aprendiz Maçom.

Ela, e somente ela, nos fará homens de bem. Simples e de bons costumes. Ela nos fará entender que deveremos ser realmente fraternos, e que temos que ter amor ao nosso próximo. Mesmo que a recíproca não seja verdadeira. Esta Moral sã nos faz lembrar e carregar conosco as palavras de Divaldo Pereira Franco, que nos lembra:

“Vale a pena amar! e você não é amado, isso não é importante. O importante e você amar. Se alguém não gosta de você, o problema é dele. Mas quando você não gosta de alguém o problema é seu”.

Esta máxima é algo que deve estar presente, no dia a dia de cada um de nós, por onde quer que andemos.

Agora, quando respondes: submeter a minha vontade... surgirá em você a necessidade de entender o que realmente significa vontade.

Submeter a minha vontade a quem? Submeter a minha vontade para que? Mas, afinal, o que realmente significa vontade? Ao buscamos no dicionário, nos surpreenderemos meus irmãos, com tantos adjetivos relacionados a esta pequena palavra.

Ficaremos surpresos com tantas coisas que podemos fazer se aplicarmos verdadeiramente esta palavra em nossas vidas. Porém, no entanto, no nosso meio, limitamo-nos a uma ou duas relacionadas aos nossos ritos e às nossas simbologias sem refletirmos sobre seus significados. Vontade: faculdade comum ao homem e aos outros animais pela qual o “espírito” se inclina a uma ação.

Desejo; ato de se sentir impelido a; ânimo, espírito; capricho, fantasia, veleidade; necessidade física; apetite; arbítrio, mando, firmeza de caráter; zelo, interesse, empenho; desejos, apetites, fantasias.

Observem meus queridos Irmãos! Quando empregamos a palavra espírito na definição da palavra vontade, percebe-se que a vontade transcende a esse mundo.

Para nós Maçons o verdadeiro significado da palavra vontade, deve ser maior. Deve transcender, também! Deve ser companhia diária em nossas vidas. Deve ser um dever a ser cumprido porque temos a fé que nos dá coragem, a Perseverança que nos faz vencer obstáculos e o devotamento que nos leva a fazer o Bem.

Essa vontade deve caminhar conosco lado a lado, e sentiremos resultados maravilhosos, tanto no autoconhecimento, como no comportamento e jeito de viver. 

Porém, para que sejamos realmente livres e de bons costumes, é preciso compreender que uma das primeiras vontades a que devemos submeter é aquela que acaba com humanidade. Estou falando do “Egoísmo”.

É contra ele que nós devemos lutar com coragem. Mas lutar primeiramente para combatê-lo no lugar onde ele se esconde.

E onde é este lugar meus Irmãos? Dentro de cada um de nós! Vencer as vontades, primeiramente é vencer o egoísmo que carregamos conosco. Que não nos deixa ser fraternos, benevolentes, simples, humildes e com os corações sensíveis ao bem. Isso sim é submeter à vontade.

Como quando respondemos aos nossos Irmãos sobre o real propósito que temos ao entrar em nossa loja ou nas outras oficinas que visitamos.

Quer fazer novos progressos na Maçonaria? Basta parar, pensar, refletir e direcionar seus esforços para os outros significados da palavra vontade e entenderás que tendo vontade, crescerás.

Que tendo vontade, fará a diferença e caminhará a passos largos, um de cada vez é claro! Mas a passos largos aos novos progressos a que viestes buscar aqui.

Vencerás suas paixões e submeterá suas vontades ao Grande Arquiteto do Universo, que lhe retribuirá com sua sabedoria e bondade, deixando-te uma pessoa melhor e tua luz brilhará aos olhos daqueles que precisarão de ti, e verão em ti, um homem bom, simples, benevolente e principalmente de bons costumes.

E lhes digo mais! Submeta a sua vontade sem esperar outra recompensa que não seja a tranquilidade de consciência e a satisfação do dever cumprido. 

Sabes que conseguirás.

Basta ter... Vontade!

Elson Luís de Oliveira Streb

AMAZÔNIA E SOBERANIA NACIONAL NA ÓTICA DE UM MAÇOM



A grande beleza da Maçonaria está na forma individual, sempre válida, de vivenciar cada simbologia que nos guia.

Como um Iogue aprendiz que ainda sofre para executar um Asana, é ele que está evoluindo mais, e não o outro, de postura perfeita depois de anos de prática.

Assim somos, e assim vamos melhorando a nossa visão interna e nossa ação no Mundo. Mesmo me sentindo ainda esse Iogue quase sem equilíbrio nas poses mais ousadas de meus exercícios esotéricos, ouso me aventurar na percepção de que uma de nossas mais maravilhosas lendas se conecta com minha missão de auxiliar a nós em uma das atuações vitais na vida profana: a proteção do meio ambiente.

Para mim, a Viúva de quem somos filhos é a Mãe Terra. Fecundada pelo Supremo Masculino e largada ao cuidado de seus filhos. Os mesmos que a devastam e violam, desde o momento que instalaram entre nós o Monoteísmo masculino, que tirou a Santidade da Vida, da Terra, e de nós sobre ela.

O Homem Crístico é esse Eu Sou, da manifestação Divina em nós, na Terra. O deixar o Divino manifestar nos traz além da Plenitude de Ser, a consciência da responsabilidade com tudo e todos. Eu, ainda só um Buscador, me inspiro então na Carta 9 do Tarô, o Eremita.

Na leitura de Eliphas Levi, o Eremita segue Iluminado pela Lâmpada de Hermes Trimegisto (a Sabedoria Crística), o Manto de Apolônio (a bondade e fraternidade Crística) e o Cajado dos Ancestrais (nossa vinculação temporal com a Terra e nossas raízes).

Assim, protegido de seu principal inimigo, a arrogância e soberba de seus próprios pensamentos, o Eremita anda para trás. Volta para dentro e busca seu V.I.T.R.I.O.L.

Com essa carta que me arrisco a uma análise na interface dos fatos e dos sentimentos cósmicos sobre o momento, e a mudança de rumo político do Brasil com relação à preservação da Amazônia e todos outros nosso Biomas.

Precisamos perceber que a soberania nacional está sim na ocupação e uso dos recursos amazônicos para o benefício da Humanidade, a começar pelo povo brasileiro.

O povo brasileiro, na sua porção maravilhosa e original, nossos povos indígenas, já a ocupam com seus descendentes e miscigenações, um povo rico e ignorado pelo Sudeste. O uso que sempre deram à Floresta, ganha nova vestimenta nos dias de hoje. O uso não é, e nunca vai ser, a destruição e substituição da floresta por gado ou soja. Aliás, nada mais improdutivo, concentrador de renda, e com graves consequências para a Humanidade poderia ser pensada do que essas escolhas.

Os problemas dessas escolhas, atreladas a desmatamento e fogo, é em especial dramático se considerar o que estamos trocando (e destruindo) por isso:

1) moléculas bioativas só existentes nessa floresta, que podem trazer a cura para as mais diversas doenças;

2) a comercialização sustentável de recursos pesqueiros, profundamente dependentes da floresta em pé, saudável e madura;

3) manejo sustentável e responsável do uso de Madeira, essências aromáticas, frutos, dentre outros. E, em tempos de responsabilidade climática;

 4) o sequestro de Carbono e garantias para sua permanência em solo, que só a floresta madura pode dar. O Mercado Mundial de Carbono existe, é bilionário, e está vamos no caminho de implementar todas as garantias para cobrarmos do Mundo a segurança climática do Planeta.

Nosso maior Ativo internacional, no entanto, foi queimado por poucos que lucrarão, largando um rastro de destruição, de muito lenta recuperação, e de culpa por crime de responsabilidade ambiental, que vai recair sobre a Nação inteira, e não os criminosos.

O Senado prepara agora um relatório sobre as organizações criminosas em ação na Amazônia. Em que isso implica, nem sequer temos desenvolvimento, não temos recolhimento de impostos sobre esses impactos, sobre essa extração ilegal, sobre os produtos da floresta extraídos ilegalmente.

Assim, como em qualquer caso criminoso, não há soberania garantida. Como não há soberania nem a preservação da diversidade cultural, tecnológica social de um país. 

Sem identidade, ou sem desenvolvimento científico, não há, meus irmãos Soberania.

Sou pesquisador e ecólogo desde 1990, e nunca, em governo algum, deixei de alertar sobre essas questões. Na Inglaterra, em 1995, eu já participava de um projeto sobre mudanças causadas pelo aquecimento global. Já tínhamos alertas que se ouvidos pelos políticos das nações desenvolvidas com a devida seriedade, 25 anos atrás, nos teriam colocado em um rumo mais rico, seguro e humano que o que seguimos hoje.

Tenham uma boa reflexão em seu equinócio da primavera, queridos Irmãos.

Ir.’.  Sérvio Pontes Ribeiro é Secretário de Meio Ambiente da Grande Loja Maçônica de Minas Gerais

COMO UMA LOJA DEVE FORMAR UM IRMÃO



Hoje recebi um questionamento muito interessante, até para não dizer inusitado. O Irmão “x”, nos abordou com a seguinte celeuma: “como uma loja deve formar um irmão, para que seja um excelente maçom no futuro?”

À primeira vista, campo fácil para longas dissertações, longos desenvolvimentos de teses e antíteses, por muitos estudiosos da Seara de nossa Sublime Instituição.

Após pensar um pouco, me debrucei sobre o tema e confesso aos amados irmãos, que a responsabilidade do mesmo, não era tão simplória de ser mapeada.

Uma concatenação de pensamento de estruturação sequencialmente hierarquizada, estava difícil de ser lapidada. Assim o que me parecia tranquilo, se mostrou de difícil confecção, para ser colocado no papel de maneira acadêmica e pueril como imaginei, a princípio do questionamento.

Mas deixando de retórica, e após muito refletir, vejo que tudo “começa no principio, na escolha daqueles que irão ser nossos irmãos”. A Maçonaria lapida o caráter, mas não a personalidade humana, que é imutável.

Assim, a matéria prima, o futuro irmão, tem que ser muito bem escolhido, muito bem investigado, muito bem sindicado, e seu escrutínio seja realmente sem favorecimentos, por ser meu colega, meu amigo, meu chefe ou subalterno, político ou personalidade de renome em minha comunidade.

Lembremos sempre da máxima: muitos, mas muitos mesmos servem para ser meus amigos, meus colegas, meus parceiros comerciais ou de relacionamento em meu dia a dia, mas quantos desses realmente servirão para serem MEUS IRMÃOS?

Se tivermos realmente tal questionamento, antes de indicarmos alguém para ser iniciado, COM CERTEZA, estaremos construindo o futuro da Maçonaria, que é dependente da formação de bons Maçons. Não se forma Bom Caráter, de quem não tem Personalidade e coração sensíveis ao bem, de quem não é Livre de Bons Costumes.

Assim, volto a ser incisivo, o primeiro grande passo na formação de um maçom, de futuro para a Instituição, começa por nossas escolhas: “Quem realmente pode ser digno de ser nosso irmão e não haver interesses pessoais ou até mesmo escusos, como vemos em muitas oficinas, que só almejam imporem-se as vaidades de seus membros, como forma cabal e néscia de demonstração de poder, de uma efemeridade que chega às raias do ridículo das vaidades pessoais e até mesmo de um grupo de pseudo- maçons”.

Agora feita uma boa escolha, aí sim, a resposta fica mais fácil de ser explanada. O Verdadeiro bom irmão, já nasce maçom, já o demonstra em suas ATITUDES no mundo profano, no seu relacionamento profissional, no seio de sua família, em sua comunidade religiosa, no seu ciclo social, no seu comportamento frente às crises e vitórias, enfim já está pronto para ser lapidado.

Uma pedra bruta, na qual o maço e o cinzel irão tornar uma escultura digna de uma beleza ímpar interior, de uma Força magnânima de princípios e de uma Sabedoria de reconhecer na simplicidade, o verdadeiro sentido do amor fraternal. A verdadeira Maçonaria é esculpida no interior da subjetividade, legando a cada um o ônus de se inscrever no livro de presenças da Grande Loja do Oriente Eterno...

Não se pode confundir o reconhecimento de direito, com o reconhecimento de fato. Ter carteira, estar em dia com a Loja, é condição para ser reconhecido como Regular.

Mas ser honrado, praticar os ensinamentos maçônicos e vivenciar a essência da verdadeira filosofia maçônica, é ofício a ser burilado e aplanado pelo Mestre Interior e pelos Vigilantes da própria consciência e da vida.

O Maçom precisa ser um “Construtor de Templos à Virtude”, pois assim são os ditames da Fraternidade. A Loja é a escola de sua formação. Para esse mister, a ela os Maçons comparecem com assiduidade, para com os seus Irmãos, instruírem-se reciprocamente nas práticas da Virtude.

O Maçom, mesmo esculpindo-se, adapta-se ao espaço que lhe foi reservado no levantamento do edifício social, construindo seu templo interior. Mas precisa estar advertido de que “na Construção do Templo”, de permeio, no material, encontram-se vários obstáculos, entre eles a ignorância, os preconceitos, a perfídia e o erro. A Loja é a escola de sua formação.

Enfatizamos que na Construção do Templo, de permeio, no material, encontram-se vários obstáculos, como os supracitados, por isto a Maçonaria coloca na mais alta advertência o combate a tudo aquilo que assola o vulgo profano. É do seu ideário o combate a essa triste condição da humanidade, alertando que a “ignorância, a perfídia os preconceitos são juntos ou individuais, fontes de todos os vícios.”

O único meio eficaz para se combater a ignorância, os preconceitos, a superstição e os vícios é o saber, pela simples razão do próprio significado de cada um desses conceitos, ou seja:

– Ignorância significa o desconhecimento ou falta de instrução, falta de saber.

– Preconceito significa o conceito ou opinião formados antes de ter os conhecimentos adequados.

 –Superstição significa o sentimento religioso excessivo ou errôneo que, muitas vezes, arrasta as pessoas ignorantes à prática de atos indevidos e absurdos, ou ainda, a falsa ideia a respeito do sobrenatural.

– Vício significa o defeito que torna uma coisa ou um ato impróprios para o fim a que se destinam.

É a tendência habitual para o mal, oposto da virtude. Aqui faço um transfer ao início de nossas ponderações: “A NOSSA ESCOLHA de quem serão nossos futuros irmãos, será sempre Ratificadora, daquilo que almejamos para nossa Ordem”.

Podemos pressupor que todos os maçons tenham o domínio sobre o saber necessário para comportarem de forma digna em todos os momentos, sejam eles profanos ou maçônicos, mas precisam lembrar-se, sempre, que é mais fácil sucumbir ao vício, que aprimorar a virtude. Outro paradigma importante:

A Maçonaria é uma escola de formação de líderes e lideranças . Liderar, é influenciar positivamente as pessoas para que elas atinjam resultados que atendam as necessidades, tanto individuais quanto coletivas e, ainda, se responsabilizar pelo desenvolvimento de novos lideres.

Além disso é mister que forme líderes perseverantes, pois a maior empreitada do homem maçom, em sua caminhada dentro da senda das virtudes, é sua própria vida e não tem nenhuma garantia que será bem sucedido, entretanto, pelo acumulo de conhecimentos, muitos de experiências frustradas, ele sabe que a alternativa é prosseguir, lutando contras as adversidades e incertezas, fazendo aliados, acreditando no Supremo Arquiteto do Universo e persistindo no rumo do seu objetivo.

A perseverança é uma qualidade pois significa a firmeza, a constância com que devemos nos empenhar em nossas atividades, porém atentos e sempre atualizados porque tudo muda e nos precisamos mudar nossas atitudes e nosso comportamento para não persistirmos em erro.

Assim, a cada ponto que elencamos ao assunto, torna mais palpitante e enriquece o raciocínio, no desenvolvimento do tópico motivacional do questionamento do irmão e torna cada vez mais, complexo e palpitante o seu desenrolar.

Concluímos que o Maçom é livre, de bons costumes e sensível ao bem e que, pelos ensinamentos da Maçonaria busca seu engrandecimento como ser humano atuante e culto, combatendo a ignorância. A ignorância é o vício que mais aproxima o homem do irracional.

Assim sendo e por ser Maçom, deve ele conduzir-se com absoluta isenção e a máxima honestidade de propósitos, coerente com os princípios maçônicos, para ser um obreiro útil a serviço de nossa ordem e da humanidade. Não se aprende tudo de uma só vez.

O saber é o acúmulo da experiência e dos conhecimentos que se tem acesso, mas, a ação construtiva da Maçonaria deve ser exercida de forma permanente em todas as suas celebrações, trabalhos em Loja e no convívio social, através da difusão de conhecimentos que podem conduzir o homem a uma existência melhor pelos caminhos da Justiça e da Tolerância.

Mas sempre tenhamos em mente, como começamos essa dissertação: o mais importante é a matéria prima. De nossas escolhas está o futuro da Ordem.

O verdadeiro maçom já nasce à iniciação apenas é a formalização de qualidade de direito, pois de fato ele já o é desde seu nascimento.

Ir.’. Dario Angelo Baggiere
Montanha-ES

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