XIBOLETE DENUNCIADOR



No país de Galahad viveu outrora um príncipe chamado Jefté que muitas vitórias alcançaram contra os inimigos de seu povo. Jefté era judeu e governava um povo judeu.

Aconteceu que outra tribo, também de judeus - a de Efraim -, movida por negra inveja e ambição resolveu apoderar-se dos rebanhos e das terras de Galahad.  

Informado de que os efraimitas haviam atravessado o Jordão e invadido os seus domínios, iniciando, desse modo, uma guerra covarde e injusta, organizou Jefté uma aguerrida tropa de Galahad e marchou contra os invasores. Foram estes vencidos e tiveram de fugir. 

Para impedir a fuga dos inimigos, ordenou Jefté que uma de suas colunas, postadas na margem oposta do Jordão, se apoderasse de todos os pontos em que esse rio pudesse oferecer fácil passagem.

E, assim, os soldados de Jefté, por ordem do príncipe, vigiavam dia e noite todos os vaus do sinuoso rio. 

Quando um desconhecido descia das terras de Galahad buscando a margem oposta, os esculcas de Jefté o prendiam. Seria aquele homem um inimigo que abandonava Galahad ou um aliado fiel que retornava à sua aldeia? Os soldados o interrogavam: - Acaso és efraimita? - -Deixem-me passar. Sou da tribo de Jefté, sou de Galahad!

A desconfiança atirava em todos as cinzas da incerteza. Estaria mentindo o homem? 

Como apurar a verdade? O próprio Jefte, consultado pelos seus oficiais, não sabia como decidir.  Um dia achava-se o chefe vencedor em sua tenda de guerra quando um ancião de Galahad foi procurá-lo. Era um sábio, o homem. Estudara os dialetos das diversas tribos e conhecia os mil segredos do linguajar dos povos.

- Príncipe! - disse o sábio. - Existe em nosso idioma, o hebraico, uma palavra dotada de dom extraordinário. Essa palavra pode revelar se uma pessoa qualquer pertence a nossa tribo ou se perfila entre os inimigos que desejam a ruína e a destruição de Galahad. Jefté, sensato e inteligente, venerava os sábios.

Perguntou-lhe, pois:  - Que palavra e essa? - - É a palavra “xibolete” (*) - explicou o filólogo. - Um homem de Efraim pronuncia essa palavra de modo especial: "cibolete" (a primeira sílaba denuncia logo a diferença!), ao passo que os nossos amigos articulam claramente: "xi-bo-le-te! 

Nesse mesmo dia determinou Jefté que todos os suspeitos fossem interrogados pelos vigilantes que guarneciam as passagens livres do rio.

- Acaso és efraimita?  Respondia o interpelado com ousadia: - Ora, deixem-me passar! Sou de Galahad! Pois não veem?  - Dize, então: "xibolete"!  E tudo ali mesmo se decidia.

Se o interrogado falseava na pronúncia de "xibolete" (impossibilitado de articular bem a primeira sílaba), era logo degolado.  

E foram, assim, - afirmam os historiadores - por causa dessa palavra, sacrificados quarenta e dois mil prisioneiros!  

Por causa do episódio famoso citado na Bíblia (Juízes 12:6) o termo "xibolete" passou a designar qualquer expressão que possa servir para caracterizar a forma de falar de certa região ou Estado.

(*) Xibolete significa "espiga

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EGRÉGORA NA LOJA AZUL, NÃO CREIO!



Queridos IIr.’. e CComp.’. na Arte, em minha ótica uma das melhores definições traçada sobre a Egrégora, de maneira direta, objetiva, sintética mas profunda, corresponde à Papus que a definiu como sendo “ imagens astrais geradas por uma coletividade.”

Particularmente não acredito que uma Loja Azul seja capaz de alcançar a Egrégora a ponto de haver a Lei da Correspondência, como existe no caso da Ordem Rosa Cruz, principalmente às quintas-feiras, bem como junto à Ordem Templária e outras raras.

Na maçonaria, em uma Loja Simbólica, há uma inúmera divisão de forças através dos Graus de Apr.’., Comp.’., MM.’. e MI.’. Há excesso de egos inflados, vaidade e falta de Humildade, sendo a última uma das poucas chaves capaz de acessá-la. É fato que a maioria dos IIr.’. caminha por uma única estrada que é a estrada visível e externa, ou seja o EXOTÉRICO. Incontestavelmente encontramos nesse grupo, grandes e privilegiadas mentes.

Outra ínfima parte caminha no sentido ESOTÉRICO. Como exemplo cito o Rito mais praticado em nosso solo, ou seja, o REAA. Através da ritualística da formação da Cadeia de União, destinada exclusivamente para passagem da palavra semestral. Sabemos que 90% dos IIr.’. segue a determinação ritualística do REAA., não fugindo a sua origem que é Deísta, trabalhando portanto de forma J.’. e P.’. perante o Rito e a Potência.

Há outro grupo composto por aproximadamente 5% de IIr.’. , que realizam a Cadeira de União para outras finalidades. Observo que 80% desse grupo acha interessante outra finalidade para formação da Cadeia de União, mas de certo modo uma total perda de tempo, com resultado inócuo.

O outro grupo restante também a realiza com outras finalidades, com extrema pureza de intenção, mas sem se aperceberem que no próprio grupo há 04 (quatro) divisões de forças fragmentadas em diferentes frequências. Por melhor intenção existente, não há como haver a convergência de uma única força vibratória de característica homogênea, ou seja, IGUALITÁRIA. Invariavelmente não houve o devido preparo anterior entre todos os IIr.‘. participantes, sendo que nesse último grupo, apenas 30% do total possui o devido preparo e entendimento para tal.

Acrescento aos traçados de cunho Metafísico conjectural o fato histórico ocorrido no XXIº Concílio Ecumênico da Igreja Católica, quando houve várias modificações e alterações ritualísticas, que em minha ótica, acabou por enfraquecer à sua Força Superior, cujo resultado produziu o surgimento de várias igrejas de denominações neo pentecostais.

Em nossa amada Ordem além do Rito Schroder cito a tradição ritualística mantida pelo Rito de York que foi praticado de forma inalterada através da Grande Loja dos Antigos (1751), e devidamente patenteado em 1797 E.’.V.’. por Thomas Smith Webb.

Observo que não devemos confundir Rito de York com Ritual, dentre os quais o de Emulação praticado no Grande Oriente do Brasil, surgido após o ano de 1813 E.’.V.’. quando se deu a fusão da Grande Loja dos Modernos (1717) com a Grande Loja dos Antigos (1751). Observo que o Ritual de Emulação de 1815 E.’.V.’. é um entre outros nove adotados pela GLUI.

Em suma, não creio que haja a possibilidade da formação da Egrégora em uma Loja Simbólica, exceto no Grau de MEM (Mui Excelente Mestre) do Rito de York, em um capítulo devidamente composto por amigos e IIr.’., que tornaram-se Companheiros, após terem dividido o pão e o vinho de forma igualitária.

Fiel e Sinceramente.


Paulo Santos – M.'.I.'.
ARLS. Verdadeiros Amigos 3902/GOSP/GOB, São Paulo - Brasil

APRENDENDO A PENSAR



Normalmente a Maçonaria é explicada como sendo uma instituição essencialmente iniciática, filosófica, filantrópica, progressista e evolucionista. Proclama a prevalência do Espírito sobre a matéria. Luta pelo aperfeiçoamento moral, intelectual e social da humanidade, por meio do cumprimento inflexível do dever, da prática desinteressada da beneficência e da investigação constante da Verdade. Seus fins supremos são: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

Tudo aí, filosofia. Essa explicação nos dá absoluta certeza de que nossa Sublime Instituição é, antes de tudo, um edifício cujas bases são firmes e perenes, porque a argamassa que une os elementos que as formam é de extraordinário valor de sustentação. Esta argamassa é composta de dois ingredientes insubstituíveis: verdade histórica e verdade filosófica.

Na própria explicação do que seja maçonaria já se nota que se deseja colocar em relevo a presença do SER. Os intuitos da Maçonaria são todos fixados no ser humano. Por isso mesmo, quando a explicação fala que o espírito prevalece sobra a matéria, não há fugir, é sinal de que a filosofia ali estará presente sobre todos os aspectos, de vez que o estudo que se projeta sobre o íntimo da pessoa humana tem caráter exclusivamente filosófico. Porque mesmo que se queira catalogar a psicologia como ciência, haverá sempre alguma coisa na psique humana que fica ao arrepio de explicações cientificas.

E tem mais: investigações filosóficas, em termos maçônicos, só podem ser feitas através da intuição filosófica.

Quando buscamos a verdade histórica em termos de Maçonaria, cresce e avulta a nossa admiração pelos verdadeiros historiadores. É necessário ter sempre debaixo dos olhos que os historiadores misturaram e misturam sempre em seus trabalhos - e não podem deixar de misturar - considerações que incidem sobre a marcha dos sucessos humanos.

É a filosofia da história que se projeta como uma verdade latente, nascida do pensamento de que do conjunto dos fatos históricos se pudesse tirar uma lei geral do desenvolvimento da humanidade.

O maçom estudioso não pode ignorar que, no século XVIII, alguns filósofos com Bossuet, Voltaire, Montesquieu, Vico e Herder fundamentaram os princípios sobre os quais se criou a filosofia da história. Bossuet em seu Discurso sobre a História Universal pretendeu mostrar que toda a história da humanidade era dirigida por designo providencial.

Voltaire no seu Ensaio sobre a Natureza se contrapõe a Bossuet e, de maneira muito inteligente, procura mostrar que a história depende de causas puramente humanas.
Montesquieu procurou estabelecer que todas as manifestações da atividade humana, políticas, religiosas, artísticas e intelectuais são solidárias entre si.

Certos ou errados esses filósofos colaboraram para que os estudos acerca da história se desenvolvessem de tal maneira até chegar o que são hoje.

O certo é que se atribui a Vico a criação da filosofia da história com a publicação da obra intitulada Princípios de uma Ciência Nova que deve ter sido publicada por volta de 1725. Nesta obra, Vico afirma que a unidade do desenvolvimento humano e a identidade da lei que o rege-nos vários povos estão uniformemente sujeitos a passar pelas mesmas idades sucessivas. Isto se parece com o que acontece com a gênese da linguagem cujos fenômenos se sucedem sempre da mesma maneira e sem a interferência da vontade do homem.

Pelo visto, se conclui que a verdade histórica não desmerece o grande valor da filosofia. A história não dispensa a presença da filosofia nos fatos que ela fixa e que retratam a vida da humanidade sobre a Terra.

No momento em que a Europa passava por grandes mudanças que modificariam completamente o "modus vivendi" sobre a Terra, surge a Maçonaria Moderna. E talvez nossa Ordem seja fruto dessas mudanças. O movimento denominado Ilustração ou Iluminismo explodia por todos os lados, procurando modificar o "status” então reinante.

Temos plena convicção de que a Maçonaria especulativa sofreu influências marcantes do Iluminismo, na sua formação ideológica. Talvez tenha sido aí que a Maçonaria aprendeu que a liberdade de pensamento, a liberdade são sagradas para o homem.

- Mas vamos ao que nos foi proposto para esta conversa.

Expor um sistema filosófico, dar a conhecer esta ou aquela escola de filosofia, é coisa que se nos antolha fácil; todavia quando nos pomos a falar de filosofia maçônica, sentimos o peso da dificuldade, pois estamos diante de uma tarefa difícil de ser realizada. Isso porque a filosofia maçônica não é o resultado da criação de um ou alguns maçons. Ela é filha de filósofos orientais e ocidentais. Isto faz com que realmente seja um duro trabalho distinguir onde entra o dedo deste ou daquele filósofo, uma vez que a Arte Real inclui em seus ensinamentos, tudo o que de melhor foi produzido pelos grandes avatares da humanidade.

O que se pretende, antes de mais nada, é mostrar, em linguagem simples, que filosofar deve ser o empenho de todos aqueles que pretendem obedecer a tudo aquilo que julgam ser matéria correspondente ao que, do maçom, exige a Sublime Instituição.

Por que a Arte Real não escolheu uma escola, um sistema filosófico, entre tantos que existem e que nos foram legados por verdadeiros gênios da humanidade?

Todos nós sabemos que a Maçonaria não se prende a uma escola ou a um determinado sistema porque isso seria tirar a liberdade de interpretação de seus membros, obrigando-os a seguir um determinado caminho, o que seria negar a sua própria pregação. Lavagem cerebral fica bem para instituição verdadeiramente ditatorial.

Filosoficamente, a Maçonaria mostra ao homem-maçom que ele tem um compromisso consigo mesmo, como o seu pensar o que fazer de sua própria existência. Pois, quando o homem prescinde de si mesmo, de seus deveres, quando o homem abre mão da sua liberdade, da quantificação do seu próprio Eu, quando o homem se esquece de si próprio, está a negar-se como ser, ele se nega como ente.

É pensando em tudo isso que perguntamos alto e bom som, se o maçom que não estuda que não se dedica a buscar aqueles conhecimentos que a Maçonaria lhe proporciona não se estaria negando a si mesmo com maçom?

É indubitável que a filosofia maçônica tem muita coisa tirada do esoterismo oriental e ocidental. Entretanto, após anos de estudos, de pesquisas e de observações, chegamos à conclusão de que o conteúdo da filosofia maçônica tirada da filosofia ocidental está livre de certas dificuldades interpretativas à filosofia dos grandes filósofos quer gregos, quer europeus. Não se há de negar que existe séria influência dos grandes filósofos nos ensinamentos ministrados pelos nossos Rituais. E onde está, então, esta espécie de libertação interpretativa dos meandros filosóficos?

Chegar-se-á a esta conclusão ao verificar que a interpretação do ideário maçônico se fez e se alcança através das alegorias simples e das alegorias símbolos. Na maioria das vezes a interpretação é feita de maneira subjetiva, faltando-lhe o rigor, a clareza que se exige numa exposição rigidamente filosófica.

Que não se pense que estejamos negando a presença de grandes filósofos, sobretudo aqueles da época do Renascimento e do Iluminismo na doutrinação maçônica.

Quem se der ao prazer de ler "Maçonaria - Introdução aos fundamentos sociológicos", ou "Maçonaria – uma Escola do conhecimento", do Irmão Octacilio Schüler Sobrinho, irá entender com grande facilidade aquelas nossas afirmativas.

Depois de anos e anos procurando mostrar o valor da filosofia em nossos a ensinamentos, sentimo-nos, hoje, recompensado em verificando já a presença de alguns novos, tentando mostrar a influência da filosofia, sobretudo grega, na doutrinação da Arte Real, talvez muito mais pela influencia do belo livro "O Mundo de Sofia", do que por influência nossa e de outros dedicados Irmãos que se entregam ao estudo da metafísica e dos outros ramos da árvore filosófica.

Não importa se o escritor procura mostrar que no 1º Grau se faz presente, do início ao fim do Ritual, a filosofia de Platão, esquecendo-se de que ali o império é de Sócrates e dos pitagóricos.

Não importa que, algumas vezes, topemos com citações de Aristóteles como sendo de outros filósofos. Talvez porque tais citações sejam feitas não por estudo direto, mas através de obras de historiadores românticos como é o caso de Édouard Schuré.

O que importa é que irmãos nossos, filósofos legítimos, como - permitam-me a citação - como Ruy Oliveira, Octacílio Schuler Sobrinho, Darley Worm, Luiz Roberto, Campanhã, Antônio do Carmo Ferreira, Se Um Ahn, Descartes de Souza Teixeira, Vidigal de Andrade Vieira. Leonardo Kwang Ahn, José Marcelo Braga Sobral, Vanderley Freitas Valente, José Ramos Jr., Ambrósio Peters, João Ribeiro Damasceno e Frederico Guilherme Costa, entre outros, verifiquem que todos os esforços feitos na amostragem do valor da filosofia em nossos ensinamentos começam a surtir efeito.

Estamos, em parte, de acordo com o filósofo chileno Mussa Battal quando afirma: "Aproxima-se a filosofia maçônica do socratismo e do aristotelismo e, mais ainda, do estoicismo, às posições renascentistas e racionalistas; inviolavelmente adicta e ilustra; ligada estreitamente ao criticismo kantiano, ao espiritualismo, ao positivismo e, particularmente, ao evolucionismo..."

Gostamos de repetir que o 1° Grau é de caráter personalístico. Ali, o socratismo é bastante claro, basta que saibamos que quase toda a doutrina desse Grau se arrima no conhecer-te a ti mesmo e no vence-te se desejas realmente vencer.

O reconhecimento de defeitos e deficiências, quando reais, se, para o profano, é caminho de desequilíbrio, de desânimo, de capitulação, para o Aprendiz-maçom é motivo de alegria, de intensa satisfação.

O maçom-aprendiz (quem não é?), o maçom-aprendiz leva em conta as dimensões do quadro falho, como ponto de partida para a busca da correlação daquilo que precisa ser corrigido. Ele tem então consciência e admite o que precisa ser extirpado, aceita o desafio, pois já percebeu a necessidade de decidir, de reagir, de lutar...

Ser aprendiz-maçom ou maçom-aprendiz não é amedrontar-se diante do problema, mas encher-se de coragem e de disposição para a luta.

O homem, seja ele quem for, nunca chegará a ser maçom, na expressão lata do termo, se não morre em sua qualidade de profano para renascer em sua qualidade de iniciado.

Para os "estóicos", o único bem é a virtude e esta consiste unicamente na coragem do homem de praticá-la, isto é extirpar de si tudo que não for o bem.

O pitagorismo está presente no 1° Grau, em vários momentos de doutrinação, sobretudo quando adverte o Aprendiz de que o silêncio é necessário para meditar, para fazer o trabalho de introspecção. Existe o velho adágio chinês que diz que o homem tem dois olhos para ver, dois ouvidos para ouvir, mas uma só boca para falar. Daí por que se diz que o silêncio é de ouro e o falar e de prata. Em termos de Maçonaria não nos esqueçamos de que tudo é simbólico. Exigir que o habitante da Coluna do norte permaneça em eterno silêncio é sandice pura!

Para que se possa desbastar a Pedra-Bruta é preciso, antes de tudo, de conhecimento próprio, de humildade e de muita coragem.

Onde buscar a filosofia em que possamos apoiar nossos estudos?
Em Sócrates, no seu "conhece-te a ti mesmo".

Através do estudo da filosofia socrática aprendemos que, antes de mais nada, a primeira coisa é aprender a pensar. Para aprender a pensar é preciso saber ouvir, ouvir com atenção, buscando encontrar o sentido exato das palavras de quem fala. Mesmo porque ao lado do desbaste das arestas da imperfeição, o aprendiz-maçom possui o inconsciente e o inconsciente não é, como muitos pensam, um arquivo morto. O inconsciente não é um quarto de despejo onde se amontoam trastes que para nada mais servem.

O inconsciente pode armazenar e depois filtrar experiências construtivas, como pode muito bem filtrar frustrações.

E Sócrates nos ensina que aprender a pensar é aprender a conhecer, é aprender a discernir, é aprender a concatenar os pensamentos, é aprender a falar.

Esses ensinamentos, aplicados, sobretudo no 1° Grau são de extraordinária importância para a vida futura do maçom, pois, ao cabo de contas, propiciar-lhe-ão os meios e modos que irão facilitar-lhe o estudo, a busca, a pesquisa, aproveitando boa parte de todo aquilo que a Maçonaria lhe proporciona para que cresça física, mental e espiritualmente.

AUTOR: Raimundo Acreano Rodrigues*
 
(*)Renomado escritor maçônico e Editor do informativo "IOD".

BAPHOMETH


A história em torno do Baphomet foi intimamente relacionada com a da Ordem dos Templários, pelo Rei Filipe IV de França e com apoio do Papa Clemente V, ambos com o intuito de desmoralizar a Ordem, pois o primeiro era seu grande devedor e o segundo queria revogar o tratado que isentava os Cavaleiros Templários de pagar taxas à Igreja Católica.

A Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão, também conhecida como Ordem do Templo, foi fundada no ano de 1118. O objetivo dos cavaleiros templários era supostamente proteger os peregrinos em seu caminho para a Terra Santa. Eles receberam como área para sua sede o território que corresponde ao Templo de Salomão, em Jerusalém, e daí a origem do nome da Ordem.

Segundo a história, os Cavaleiros tornaram-se poderosos e ricos, mais que os soberanos da época. Segundo a lenda, eles teriam encontrado no território que receberam documentos e tesouros que os tornaram poderosos. Segundo alguns, eles ficaram com a tutela do Santo Graal dentre outros tesouros da tradição católica.

Em 13 de outubro de 1307, sob as ordens de Felipe, o Belo e com a conivência do Papa Clemente V, os cavaleiros foram presos, torturados e condenados à fogueira, acusados de diversas heresias.

O rei francês, nessa altura, acusava os templários de adorarem o diabo na figura do que eles chamavam Baphomet (a partir daí criou-se a crença de um demônio chifrudo), de cuspir na cruz, e de praticar rituais de cunho sexual, inclusive práticas homossexuais aberrantes (embasado no símbolo da Ordem, que era representado por dois Cavaleiros usando o mesmo cavalo). O Baphomet tornou-se o bode expiatório da condenação da Ordem pela Igreja Católica e da morte de templários na fogueira que se seguiu a isto.

Desde os primórdios da Igreja Católica, em especial, a partir do Concílio de Niceia, algumas imagens de entidades ditas "pagãs" foram "aproveitadas" como símbolos do Demônio ou Lúcifer, com o objetivo de incentivar a conversão dos Povos na Europa. Com a massificação da doutrina Católica e pelo Poder Temporal da Igreja, o verdadeiro significado das deidades pagãs caiu no esquecimento. Posteriormente, com o surgimento da lenda da Maçonaria como acolhedora dos Templários fugitivos e com a própria excomunhão da Ordem Maçônica, essas imagens começaram a ser associadas ao culto satânico atribuído aos Maçons.

DARCI IGNACIO DA SILVA DISSE - 

Pelo que diz a obra literária, ela é de cunho importante como conhecimento. Em minha visão como pesquisador das questões do espírito, preciso passar por todas as instâncias, digo, bem e mal, pois assim compreenderei o equilíbrio que em mim deverá permanecer. A partir dai, começarei a amar fraternalmente e incondicionalmente, devolvendo a qualquer ação dirigida a mim, esse sentimento e serei capaz de envolver o ódio no amor que aprendi a exacerbar no meu ser.

Cumprirei assim o propósito do Grande Pai das Alturas. Luz na jornada e paz no caminho. Luz e Paz !!!

ANDRE LUIZ SIMOES DE ANDRADE 

MAÇONARIA BRASILEIRA - UM ALERTA!



A Maçonaria é uma instituição tradicional, cujas origens se perpetuam nas brumas do passado e até para os próprios membros é motivo de calorosos debates e profundos estudos. Não temos nos registros históricos um "momento de fundação", mas, temos registros da constituição da primeira Associação (ou, como chamamos, "Potência") Maçônica: a atual Grande Loja Unida da Inglaterra. A partir desta, cada Potência Maçônica só é reconhecida como tal através de tratados internacionais de Reconhecimento e do atendimento a Princípios Fundamentais que garantem Regularidade.

No Brasil, a primeira e mais antiga das Potências Maçônicas é o atual GOB - Grande Oriente do Brasil, Potência Central que abriga Potências Estaduais - os "Grandes Orientes Estaduais". Em 1927, através de uma cisão histórica, Lojas Maçônicas que saíram do GOB originaram as Grandes Lojas, que hoje se associam na Confederação Maçônica Simbólica Brasileira (CMSB). Em 1973, através de outra cisão histórica no GOB, fundaram-se os Grandes Orientes Independentes, associados na Confederação Maçônica do Brasil (COMAB).

Este espaço não se destina à discussão dos conceitos de Regularidade e Reconhecimento, mas, a deixar clara uma afirmação: o termo "maçonaria" é de domínio público, mas, nem tudo que se diz "maçonaria" o é verdadeiramente. Também não pretendemos dizer que só é "maçom" quem faz parte das três Associações Maçônicas acima, pois existem associações que fazem trabalho sério baseado na filosofia maçônica, mas, seja por vício de origem seja por não atenderem plenamente às Antigas Tradições, seus membros NÃO SÃO ADMITIDOS NEM COMO VISITANTES NO GOB, NA CMSB, NA COMAB e nos Grandes Orientes e Grandes Lojas espalhados pelo mundo.

Importante lembrar que NENHUMA DAS TRÊS ASSOCIAÇÕES MAÇÔNICAS acima ACEITA MEMBROS PELA INTERNET. Se você recebeu algum convite para preencher um cadastro online, pagar uma taxa em algum banco e marcar sua admissão, ou para assistir palestras públicas em Associações que se dizem maçônicas, mas não fazem parte do GOB, da CMSB ou da COMAB, saiba que pelas três você não será considerado, sem juízo de valor sobre suas qualidades como pessoa ou cidadão, um verdadeiro Maçom.

GRUPOS MAÇÔNICOS NÃO RECONHECIDOS NA CIDADE DE SÃO PAULO
1. Academia Maçônica do Estado de São Paulo
2. Academia Superior Maçônica do Brasil
3. Grande Loja do Brasil - GLOB
4. Grande Loja Arquitetos de Aquário - GLADA
5. Grande Loja Brasileira - GLB
6. Grande Loja Regular Brasileira - GLR

OBS: A Academia superior maçônica e um tal de Colégio sacro maçônico são uma espécie de agência de captação pela internet que cobra até 3 mil reais por iniciação. Os que promovem isso são ex- maçons expulsos da GLESP e do GOB seus mentores são conhecidos das autoridades das Potências que infelizmente aceitam Lojas formadas por estes. É óbvio que os profanos iniciados por estes grupos não tem culpa e podem ser ótimos maçons. 

*Lojas e obreiros pertencentes a estes grupos não são reconhecidos pelo Grande Oriente do Brasil - GOB, pela Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil - CMSB (Grandes Lojas) e pela Confederação Maçônica do Brasil - COMAB (Grandes Orientes estaduais), No caso de São Paulo não são reconhecidos pelo GOSP, GLESP e GOP.

FÉRIAS MAÇÔNICAS? VOLTEMOS AO TRABALHO!




Mais um ano se foi e iniciamos nossas "Férias Maçônicas".

Mas, espere um pouco... Nosso trabalho é tão pesado assim, que exija que descansemos de tão "fatigante" labuta?
  
Permito-me transcrever trechos de um artigo publicado pelo Ir.’. José Castellani, insigne pensador maçônico. Mesmo que não concordem, por favor, reflitam sobre suas considerações a respeito do assunto:

Segundo Castellani: "Férias maçônicas" é uma invenção brasileira deste século e que vem sendo cada vez mais "esticadas", para satisfação daqueles que creem que trabalho maçônico é estafante.

No Grande Oriente do Brasil temos, ultimamente, o alentado período de 30 dias -- 20 de dezembro a 20 de janeiro –-para que "cansados" maçons repousem de seu "pesado" trabalho ... simbólico de operário. Isso, todavia, nem sempre aconteceu.

A partir do final do século passado, algumas Lojas começaram a fazer um pequeno hiato em seus trabalhos, da véspera de Natal até ao dia de Reis, a 6 de janeiro. Posteriormente, porém, iria haver um aumento, em uma Obediência --- queria se estender às demais e até ser esticado -- de forma pitoresca: A 25 de janeiro de 1955, era inaugurado o edifício-sede do Grande Oriente de São Paulo que, para os padrões da época, era um prédio opulento: 2.320 metros quadrados de construção; quatro templos para trabalho de 24 Lojas e mais um templo nobre; um subsolo e mais três andares, servidos por elevador; templos aerificados, através de um sistema de insuflação de ar fresco; dez instalações sanitárias completas; oito Câmaras de Reflexão, com dispositivo para ver-se, de fora, o que se passa dentro, sem que, do interior, se perceba.”

Castellani prossegue: “Evidentemente, um prédio tão grande e complexo é de difícil manutenção; em menos de três anos depois de sua inauguração, o edifício já necessitava de reparos. Diante disso, o Grão-Mestre Benedito Pinheiro Machado Tolosa estendeu as férias maçônicas -- que, então, iam de 24 de dezembro a 6 de janeiro -- até ao dia 18 de janeiro, diante da necessidade de se proceder a reparos, limpeza geral e pintura parcial do edifício-sede. Nos dois anos seguintes, pelo mesmo motivo, elas foram estendidas até ao dia 20.

E a coisa acabou, rapidamente, se tornando "tradicional", mesmo que os motivos tenham sido esquecidos e mesmo que nem se pense em reparos e pinturas, chegando, mesmo, até às Constituições do Grande Oriente do Brasil, as quais, antigamente, eram omissas, não fazendo qualquer alusão a férias. Acabou, alem disso, chegando a outras Obediências, que, até, talvez adorando a ideia, esticaram mais ainda as tais "férias" e os maus exemplos, geralmente, frutificam; ou seja: passarinho que anda com morcego acaba dormindo de cabeça para baixo.

E, até hoje, não apareceu ninguém para extirpar essa prática, que é esdrúxula, porque o trabalho maçônico é constante e ininterrupto, como o de outras entidades filosóficas, iniciáticas, assistenciais e de aperfeiçoamento do Homem (seria, realmente, cômico, se a Igreja, por exemplo, entrasse em férias). Coisas como essa é que desgastam a Maçonaria brasileira, reduzindo-a a condição de simples clube, ou sociedade recreativa, o que contribui para corroer a sua credibilidade pública.”

Castellani finaliza: “Como, notoriamente, o uso do cachimbo faz a boca torta, será difícil acabar com essa invenção, pois as justificativas são muitas: Uns alegam que é preciso dar férias aos funcionários das Lojas, esquecendo-se de que qualquer empresa, ou sociedade, dá férias aos seus funcionários, sem fechar assuas portas.

Outros, no exercício do mais profundo egocentrismo, justificam as tais férias, com a necessidade de aproveitar as férias escolares e viajar com a família, esquecendo-se -- intencionalmente, é claro -- de que, se os filhos têm três meses de férias escolares, qualquer trabalhador tem, no máximo, 30 dias, anão ser que seja um nababo miliardário, ou um desocupado crônico. “Alem disso, muitos maçons, já maduros e sem filhos em idade escolar, gostariam de frequentar os trabalhos maçônicos, constantemente, mas são tolhidos pela ditadura egoísta dos que acham que, se eles não podem frequentar os outros também não podem.”

Agora, digo eu:

É muito provável que meus mestres, com longos anos de vivência na Ordem e já acostumados com este período de recesso, argumentem: Mas como é que um Companheiro que chegou ontem aqui tem a petulância de insubordinar-se contra algo já enraizado em nossos costumes?

Ocorre, meus IIr.’., que vivemos outros tempos; tempos que parecem correr mais depressa; tempos que sugerem ações mais rápidas e eficientes.Vivemos numa época em que nossos inimigos não dormem (e, muito menos, tiram férias).

Não podemos nos dar ao luxo de baixar nossa guarda, de fechar às portas de nosso templo de 19 de dezembro a 1º de março. São quase 2 meses e meio de paralisação total de nossas atividades.

Os tempos atuais não mais nos permitem tal condescendência.
Pelo exposto, peço que meus Mestres me perdoem por discordar da ordem vigente, mas, foi-me ensinado que deveria trabalhar a Pedra Cúbica com Liberdade (liberdade para expressar meus pensamentos sempre que mandar minha consciência); com Firmeza (firmeza que me permita arguir com elegância àqueles que não concordarem comigo); e, por fim, com Dedicação (dedicação para defender a plena liberdade de expressão do pensamento, como direito fundamental do ser humano).

Por tudo isso, solicito que os IIr.'. reflitam se não haverá chegado o momento de revermos nossa posição sobre o assunto e se não seria hora de nossa Administração voltar a ter o mandato de 2 anos e não pouco mais de 1 ano e meio, como está acontecendo hoje, se considerarmos os meses de recesso.

VOLTEMOS AO TRABALHO!!!

Autor: C.’.M.’. Paulo César Fiuza Lima
B.’.A.’.R.’.S.’.L.’. Regeneração Catarinense n. 138
Florianópolis – Santa Catarina


A SEMENTE DE CADA IRMÃO



"Eis que o semeador saiu a semear.
E quando semeava, uma parte da semente caiu ao pé do caminho, e vieram as aves, e comeram-na;
E outra parte caiu em pedregais, onde não havia terra bastante, e logo nasceu, porque não tinha terra funda;
Mas vindo o sol, queimou-se, e secou-se, porque não tinha raiz.
E outra caiu entre espinhos, e os espinhos cresceram, e sufocaram-na.
E outra caiu em boa terra, e deu fruto: um a cem, outro a sessenta e outro a trinta.
Quem tem ouvidos para ouvir, ouça."
(Mateus, XIII, 3 a 9)

Queridos IIr.’., comparo cada semente a um homem livre e de bons costumes, que se encontrava nas trevas e ansioso desejava a “luz”... Após, cada semente é levada às Lojas, sendo que cada uma delas contém em seu interior a sua própria genética, bem como cada novo IIr.’, que traz além de sua genética física, os conhecimentos interiores residentes em sua personalidade alma.

Traz também os conhecimentos ocultos em seu mestre interior que poderá vir a ser acessado através do árduo trabalho, e em seu devido tempo, J.’. e P.’., pois “quem sai andando e chorando enquanto semeia, voltará com júbilo, trazendo os seus feixes”(Salmo 126:6).

Devemos observar que apenas 25%(vinte e cinco) das sementes deram frutos, mas em quantidade “totalmente” distintas. Uma parte da semente produziu apenas 30 (trinta), outra 60 (sessenta), e outra parte deu 100 (cem) por um. Tal análise deveria nos levar a seguinte reflexão; qual é a fertilidade do solo que se encontram as Nossas Lojas.’.? O porque da constante emissão de Q.’.P.’. nas Lojas.’.? O porque do abatimento das Colunas de inúmeras Lojas.’.?

Em Mateus observamos que as aves que comeram as sementes que caíram no caminho, representam o mal, personificando e referindo-se ao ego humano. As que caíram por sobre a pedra sucumbiram, pois não havia a ”base”, e o alimento nutriente que é encontrado no solo. O próprio sol, que é fonte de vida e luz, chegou a queimar algumas já fecundas. Outras, apesar de crescerem foram “sufocadas” pelos espinhos, e as que deram frutos, deram em porcentuais diferentes.

Perguntemo-nos IIr; como se encontra o alimento que deveríamos doar à nossa alma?(representado pelo esq.’). O nosso ego é sufocado ou alimentado, possibilitando que sufoquemos futuros e valorosos IIr.’. Pedreiros? Observamos a personalidade alma de nossos IIr.’.? Alimentamos o solo de nossas Lojas através da paz, da harmonia e da concórdia?

Creio queridos IIr.’., que deveríamos fazer uso das três peneiras de Sócrates, além de apontarmos as nossas espadas a nós mesmos, antes de emitirmos qualquer opinião sobre nossos IIr.’., pois se assim agirmos teremos olhares, pensamentos e sentimentos edificadores, objetivando a construção de um Novo Homem pois, “Deus criou o homem o menos possível, para que o homem se possa criar o mais possível”
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Paulo Santos - M.'.I.'.
A.'.R.'.L.'.S.'. Verdadeiros Amigos 3902,  GOSP/GOB - São Paulo, Brasil

 

LEO TAXIL - O INICIO DOS BOATOS E MENTIRAS SOBRE A MAÇONARIA



Gabriel Jogang Pagés, francês nascido em 1854, com o pseudônimo de Leo Taxil, tornou-se origem das acusações de luciferismo e cultos satânicos contra a Maçonaria, acentuando a discordância entre esta última e o Clero.

Leo Taxil teve uma juventude turbulenta, estudando em diversos colégios católicos dos Jesuítas, sendo expulso de alguns deles e sai da casa paterna antes dos 16 anos.

Dedicado inteiramente ao jornalismo, em 1871 já com o pseudônimo de Leo Taxil, para ludibriar seu severo pai, ingressa no “A Igualdade”; funda posteriormente o “La Marote”, a “Jovem República” e em 1874 dirige “O Furacão”.

Em todas essas ocasiões, seus artigos eram uma sequência de folhetins anticlericais, dos mais violentos, sofrendo diversos processos por excesso de linguagem. Em 1876, foge para a Suíça, voltando posteriormente a Paris. Tinha 24 anos e começa uma carreira vertiginosa uma vez que os republicanos e anticlericais triunfavam. Em 1879 funda a Biblioteca Anticlerical e alimenta a França com uma enxurrada de panfletos sensacionalistas. Ganhou, com o passar dos anos, muito dinheiro e diversos processos movidos pelo Clero.

Em 1881, Taxil havia sido Iniciado na Loja Maçônica “Os Amigos da Honra Francesa”, da qual foi expulso após dez meses, ainda na fase de Aprendiz.

O interesse pela sua literatura sensacionalista decai, as vendas sofreram brusca queda, o que fez que, em 1885, após intensa atividade anticlerical, Leo Taxil declara-se “convertido”, repentinamente, sem transição alguma. Confessa-se e passa a viver com os clericais frequentando bibliotecas religiosas e aplica um novo golpe: começa a escrever contra a Maçonaria.

Assim, na condição de “católico penitente”, dedica-se, a partir de 1885 às publicações antimaçônicas. Seus livros descreviam rituais maçônicos entremeados de fantasias mirabolantes, passando posteriormente, a inventar e descrever rituais fantásticos, cultos luciferinos, satânicos. Esses livros eram devorados pelos leitores ávidos de sensacionalismo, tornando-se um grande e lucrativo negócio.

O negócio floresceu e chegou ao ponto culminante com a invenção de “Miss Diana Vaughan” no seu livro “As Irmãs Maçons”, onde tal personagem era a sacerdotisa de um culto demoníaco feminino a que chamou de Palladismo. Tal personagem queria livrar-se das garras do satanismo e voltar à Santa Igreja Católica, mas era impedida pelos Maçons.

As autoridades eclesiásticas apoiavam de público e através de cartas as “revelações” do autor, chegando algumas delas a oferecer auxílio à fictícia Diana Vaughan. Em visita ao Vaticano, Leo Taxil foi cordialmente recebido por Cardeais e teve uma entrevista pessoal com o próprio Leão XIII.

As obras de Taxil foram traduzidas em diversos idiomas e seus artigos publicados em revistas e jornais católicos. Outros autores, influenciado pelo sucesso de Taxil, e tomando-o como referência, começaram também a explorar o mesmo tema. Durante doze anos toda essa miscelânea de imbecilidades forjadas por Leo Taxil foi devorada por um público cativo.

Apesar da desconfiança de algumas autoridades de tudo não passar de um embuste, os livros de Taxil continuavam a ser vendidos. Sua influência crescia também em outras nações, a ponto de na Espanha e Bélgica serem formadas comissões especiais para investigação da Maçonaria.

Até que finalmente, na Itália, em setembro de 1896, realizou-se um Congresso Antimaçônico em Trento, incentivado pelo Papa Leão XIII. Lá, algumas manifestações de descrédito dos exageros de Taxil começavam a aparecer. O monsenhor alemão Gratzfeld, provou que Miss Diana Vaughan era um embuste, mas não foi levado a sério.

Comissões foram criadas e aí começaram a aparecer dúvidas sobre a veracidade dos escritos e das personagens. Começava, assim, o fim de uma mistificação.

Depois de muito relutar, na Sociedade Geográfica de Paris, Taxil denunciou sua própria fraude, gabando-se de ter conseguido iludir as autoridades eclesiásticas por doze anos. A reação às declarações de Taxil foi de tal ordem que ele teve de deixar o local sob proteção policial. Não mais se ouviu falar sobre Taxil que veio a falecer em 1907.

Eleutério Nicolau da Conceição em Maçonaria Raízes Históricas e Filosóficas - 1ª edição - São Paulo - Editora Madras - 1998, esclarece: “todavia, aplica-se a este caso a conhecida figura do travesseiro de penas sacudido ao vento: é impossível recolher todas as penas”. De tempos em tempos, aparecem livros antimaçônicos, inspirados nas idiotices de Leo Taxil, ou de outro autor inspirado por ele.

E, assim, os Maçons norte americanos, que periodicamente sofrem campanhas movidas por igrejas fundamentalistas, repisando sempre as mesmas teclas de Leo Taxil, referem-se à fraude como “The lie that will never die” – a mentira que nunca morrerá.

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