A MAÇONARIA É ESSENCIAL?



 “A anti-fragilidade é uma propriedade essencial dos sistemas para reagir em resultado de stress, choques, volatilidade, ruído, erros, falhas, ataques ou falhas”.

Num artigo da revista Southern California Research Lodge Fraternal Review, o irmão Angel Millar perguntou se a Maçonaria era anti frágil. Se for, esta crise será talvez o melhor teste à sua resiliência.

Costumamos falar sobre grandes maçons. Muitas vezes perguntamos onde estão os grandes maçons hoje? Quando tudo acabar, teremos feito a nossa parte? É este o momento em que esses grandes homens emergem? Neste momento de desafio, sucumbiremos às nossas paixões básicas, descansaremos sobre os louros ou exemplificaremos os valores que tanto prezamos?

O general George Patton fez um discurso ao Terceiro Exército, que pode ser extremamente relevante para a nossa situação atual.

No discurso, ele falou sobre todos os homens fazerem a sua parte, seja como motoristas de caminhão ou especialistas em manutenção de telégrafos. No final do discurso, ele disse:

“Então, há uma coisa que vocês, homens, poderão dizer quando a guerra terminar e voltarem para casa. Daqui a trinta anos, quando estiverem sentados ao lado da lareira, com o neto no joelho, e ele perguntar: “O que é que você fez na grande Segunda Guerra Mundial? Você não terá que tossir e dizer: “Bem, o seu avô cavou merda na Louisiana’. Não, senhor, você poderá olhá-lo nos olhos e dizer: ‘Filho, o seu avô cavalgou com o grande Terceiro Exército e um filho da puta chamado George Patton!“

Estamos todos orgulhosos de ver o Irmão Oscar Alleyne, 2º Grande Vigilante de Nova York, a fazer a sua parte. Estamos cientes de que muitos outros também estão a fazer a sua parte. Muitos de nós somos considerados essenciais de uma maneira ou de outra.

A situação atual global faz-me pensar sobre se a Maçonaria é essencial. Por Maçonaria, não quero dizer apenas a estrutura; Quero dizer o modo de vida. E eu respondo que é essencial, ou pelo menos que deveria ser.

Se a Maçonaria é essencial ou não, não depende dos nossos líderes eleitos. Depende de nós, individual e organizacionalmente. O que estamos fazendo ou o que podemos fazer para garantir que nós, como maçons, façamos a nossa parte?

Os nossos líderes estaduais e federais forneceram-nos listas de atividades essenciais. A “Maçonaria” não está nelas. Deixe isso repousar por um minuto. Pode ser a lição mais importante que aprendemos na nossa geração maçônica.

Se quisermos sobreviver, devemos deixar de ser triviais. Se vamos prosperar, devemos fazer algo essencial. A “Maçonaria” pode não estar nessas listas, mas há bastante que está. Essas listas não são uma imposição sobre as nossas liberdades; elas são um convite para agir. Faça máscaras, hospede angariadores de fundos on-line para bancos de alimentos, ajude a apoiar aqueles que estão a trabalhar hora extra para fornecer serviços essenciais.

Se prosperarmos ou não, está totalmente dependente de se agimos ou não. Daqui a trinta anos, o que diremos aos nossos netos quando eles se sentarem nos nossos joelhos? Para mim e tenho certeza de que muitos de vocês, não vamos querer dizer que cavamos merda na Louisiana. Não, eu quero olhá-los diretamente nos olhos e dizer que eu era um Maçom, e que nós fizemos a nossa parte.

É hora de pegar nas nossas ferramentas e começar a trabalhar.

Michael Jarzabek

O DESAFIO DE CONSTRUIR A PRÓXIMA GERAÇÃO DE MAÇONS


 

Escrevi muito sobre Maçons famosos ao longo dos anos. Passaram pela nossa Fraternidade um número tremendo de indivíduos verdadeiramente notáveis ​​ao longo da sua longa história. Estudei muitos dos homens mais notáveis ​​da nossa Fraternidade.

A Maçonaria não pode receber todo o crédito pelos atributos de muitos desses homens notáveis. Muitos deles eram notáveis ​​muito antes de baterem à porta de uma Loja Maçônica, mas a Loja Maçônica certamente focalizou muitos destes homens e deu-lhes as competências que faltavam para alcançar os objetivos que estabeleceram para si próprios.

 Muitos homens famosos e não tão famosos adquiriram valiosas competências em liderança, desenvolvimento de caráter, moral e ética.

A Maçonaria serviu de trampolim para muitos encontrarem o seu propósito e o seu verdadeiro chamado na vida. Isto foi certamente verdade para mim.

A Maçonaria tem sido uma fonte de aprendizagem para mim. Ao longo da minha vida adulta, a Bíblia foi sempre o meu “livro de cabeceira”, mas a Maçonaria funcionou e funciona como o meu “laboratório de aprendizagem”.

Aprendi a organizar uma reunião. Aprendi como aplicar recursos mínimos para obter o máximo impacto. Aprendi a relacionar-me e a fazer networking. Ganhei competências de liderança e de discurso. O mais importante é que consegui polir alguns aspectos do meu caráter e personalidade, através dos ensinamentos da Maçonaria e da minha associação com homens que possuíam as competências que me faltavam.

Eu não sou a mesma pessoa que era, e também não acho que já aprendi tudo. A Maçonaria levou-me por um caminho que eu nunca pensei que faria, e mudou-me de uma forma que nunca pensei ser possível. No último ano ou dois, esse caminho levou-me a outra bifurcação na estrada – outra das aventuras da vida que estou prestes a embarcar e que nunca teria encontrado se não fosse pelos benefícios que obtive com a minha Fraternidade.

 A Maçonaria ensinou-me o que é possível. O que é possível como indivíduos. O que é possível como um pequeno grupo. O que é possível como comunidade.

E eu sinto que estou apenas a começar. Como os maçons aprendem, somos um projeto que nunca termina – uma pedra que nunca está verdadeiramente aperfeiçoada na Terra, mas que, no entanto, continuamos a trabalhar até ao dia final.

Entendi! Aprendi bem, aproveitei bem as lições oferecidas e apliquei-as à minha vida. É disto que se trata.

Sei que muitos dos meus irmãos tiveram esta mesma experiência porque conversamos bastante sobre isto. E todos nós parecemos ter a mesma preocupação com o futuro. Que os homens que estamos a criar hoje na nossa Loja não estão a receber a mesma qualidade de orientação que nós tivemos quando entramos. Afastamo-nos de ensinar Maçonaria e de aplicar a Maçonaria.

Não estamos a conseguir transformar os nossos novos membros nos líderes de amanhã. E na última década, aqueles homens que criados e que falhamos ao ensinar, subiram na hierarquia sem o benefício de realmente entenderem o que é realmente a Fraternidade.

Eu estava a conversar com um Maçom há alguns meses e ele fez uma observação interessante. Ele disse que a Maçonaria é construída sobre um conjunto de princípios morais e éticos, assim como uma igreja é construída sobre a Bíblia. Então perguntou o que aconteceria se tirasse a Bíblia da igreja. E tivemos uma longa e esclarecedora conversa sobre quais seriam os resultados disso.

Bem, reunir-nos-íamos todas as semanas para uma sessão. Provavelmente executaríamos o ritual da mesma forma de sempre, embora tivéssemos esquecido por que o fazíamos assim. Se estivermos com pressa, podemos até saltar partes do ritual. Poderíamos cantar um pouco ou ouvir as últimas.

Talvez conversar sobre pessoas doentes ou necessitadas e organizar uma coleta. Almoçaríamos depois. Os membros começariam a diminuir porque perceberiam que não tiravam muito proveito do culto a não ser ouvir anúncios e colocar a esmola no prato todas as semanas.

Alguns dos membros mais velhos encontrariam outros lugares para ir, porque se lembravam do que era a igreja. O próximo passo sabe seria o dinheiro passar a ser um problema e os bancos da igreja ficarem cada semana mais vazios.

 A direção da igreja ficaria certamente muito preocupada. Alguns poderiam até sugerir que voltássemos a ensinar a Bíblia, pois foi assim que a igreja foi construída originalmente, mas a maioria diria que os novos membros que aderiram desde que deixaram de ensinar a Bíblia não têm interesse em aprender aquelas escrituras antigas – eles aderiram pela camaradagem e pela angariação de fundos. Então, o que fariam para atrair novos membros? Talvez planeassem um passeio de golfe ou uma noite de cinema. E dinheiro? Temos aquele bom salão e a cozinha. Talvez devêssemos criar um café da manhã com panquecas. . . ou um peixe frito.

Soa familiar? Isto é apenas um exemplo – a Maçonaria não é uma igreja, mas seria a mesma história com qualquer organização construída com um objetivo central. E se a Liga Contra o Cancro deixasse de financiar a pesquisa do cancro. Ou a Protetora dos Animais se desinteressasse da gestão de abrigos de animais.

A Maçonaria é uma organização construída com um propósito. . . uma missão. Mas em muitos locais, afastarmo-nos desse objetivo, que é construir homens fortes. Homens de caráter. Homens com fortes valores morais e éticos.

Quando se tira o objetivo principal de uma organização, tudo o que resta é uma sala de reuniões vazia, cheia de cadeiras vazias.

Devemos voltar ao que realmente somos.

Todd E. Creason

Tradução de António Jorge

 

QUANDO É QUE UM HOMEM É UM MAÇOM?


 

Quando entrei para a Loja Valley of Danville, em Illinois, há 23 anos, feitos em 22 de Março passado, cada membro da minha classe recebeu um livro – Os Construtores (The Builders), de Joseph Fort Newton. Eu nunca li este livro na totalidade, mas li uma boa parte dele ao longo dos anos e diria que ajudou a moldar o que penso da Maçonaria e o que significa ser Maçom. Ao longo dos anos, ocasionalmente visitei as suas páginas para aprender, reaprender e refletir, e para me refocar, quando necessário.

No mês passado, o nosso país, as nossas comunidades, a nossa fraternidade e, de fato, cada um de nós entrou num momento de crise. Esta mudança, para a maioria de nós, foi relativamente abrupta e chocante.

Muitos de nós não pensamos seriamente numa crise como a COVID 19, nem em como lhe responderíamos e às mudanças que ela provocou. As crises geralmente trazem o melhor e o pior das pessoas. Sei disto porque vivenciei crises várias vezes na vida e sei que isso trouxe à tona o melhor e o pior de mim e dos que por elas passaram, comigo.

Esta crise não se mostrou diferente. Sem reuniões para ir, senti uma espécie de letargia maçônica. O meu tempo nesta Primavera teria sido principalmente preenchido com a preparação, a aprendizagem e a reaprendizagem de peças para diferentes graus de Lojas e dos Corpos Rituais.

Sinto-me aliviado por não ter que fazer isto, mas aprender e reaprender também são uma das maneiras pelas quais me imerjo na reflexão sobre o significado dessas Lojas e graus específicos. É também assim que me encontro e me conecto com os meus Irmãos.

Sem esta reflexão e conexão, senti o meu espírito maçônico a atrofiar-se. Pior ainda, na maior parte do tempo que eu passaria aprendendo e refletindo com meus irmãos, preenchi-o online e no Face book. Não me interpretem mal; Eu acho que o Face book pode ser uma maneira fantástica de se comunicar. Já o vi usado por muitas pessoas, organizações e irmãos para espalhar mensagens que elevam e alimentam o nosso espírito – o melhor das pessoas.

Infelizmente, eu também já vi isto ser usado por pessoas, organizações e até irmãos para espalhar mensagens que não têm verdade, que denigrem e zombam daqueles com quem discordam que ameaçam a violência e que incentivam a mentalidade de que “os outros” são menos que humanos. O pior das pessoas. Pior do que isto, porém, é o que testemunhar este pior nos outros traz à tona em mim. Eu senti-me desprezando os outros que postam ou gostam de coisas que eu discordo. Eu vi-me a querer partilhar esse desdém – enfrentar a ação adversa com a mesma ação adversa, em vez de bondade. Eu sabia que precisava mudar.

E foi assim que me sentei para ler uma parte do The Builders neste fim de semana. Diferentemente de outras vezes em que abri este livro, eu realmente não sabia que parte dele queria ler. Eu sabia que queria encher minha mente com aquilo que elevaria a minha alma e me colocaria no caminho certo novamente, mas não tinha certeza de onde encontraria isso, então decidi começar do princípio.

Eu não fui longe. Folheei a página de título, o conteúdo e a lista de ilustrações e cheguei ao Prefácio. Lá, o falecido Francis G. Paul, 33° (Past Sovereign Grand Commander de NMJ e autor do Prefácio na minha edição do livro), leva-nos ao ensaio de Newton: “Quando é que um homem é um Maçom?” que conclui o livro.

Quando lá fui, encontrei o seguinte:

“Quando é que um homem é Maçom? Quando ele pode contemplar os rios, as colinas e o horizonte distante com um profundo senso da sua própria pequenez no vasto esquema das coisas, e ainda ter fé, esperança e coragem – o que é a raiz de toda a virtude: quando ele sabe que, no fundo do seu coração, todo homem é tão nobre, vil, divino, diabólico e tão solitário quanto ele próprio, e procura conhecer, perdoar e amar o próximo. Quando ele sabe simpatizar com os homens nas suas tristezas, e sim, mesmo nos seus pecados – sabendo que cada homem luta duramente contra muitas probabilidades. Quando ele aprendeu a fazer amigos e a mantê-los, e acima de tudo como mantê-los consigo. Quando ele adora flores, pode caçar pássaros sem uma arma e sente a emoção de uma velha alegria esquecida quando ouve o riso de uma criança pequena. Quando ele pode ser feliz e ter uma mente altiva no meio das piores coisas da vida. Quando as árvores coroadas de estrelas e o brilho da luz do sol nas águas correntes o subjugam como o pensamento de alguém muito amado e já morto. Quando nenhuma voz de angústia atinge os seus ouvidos em vão, e nenhuma mão procura a sua ajuda sem resposta. Quando ele encontra o bem em toda fé que ajuda qualquer homem a se apossar das coisas divinas e vê significados majestosos na vida, qualquer que seja o nome dessa fé. Quando ele pode olhar para uma poça de beira de estrada e ver algo além da lama, e para o rosto do companheiro mortal mais abandonado e ver algo além do pecado. Quando ele sabe orar, como amar, como ter esperança. Quando ele mantiver a fé em si mesmo, no seu próximo e no seu Deus; em suas mãos uma espada para o mal, no seu coração uma alegria, por viver, mas sem medo de morrer! Um homem assim encontrou o único segredo real da Maçonaria e o que ela está a tentar dar a todo o mundo“.

Este é um belo ensaio que merece ampla reflexão, mas uma frase realmente me prendeu esta noite.

Quando é que um homem é Maçom? Quando ele sabe que no seu coração todo o homem é tão nobre, tão vil, tão divino, diabólico e tão solitário quanto ele próprio, e procura saber, perdoar e amar o próximo.

Quantas vezes eu me esqueço desta simples verdade. Sou, e todos somos os melhores e os piores, os nobres e os vis, os divinos e os diabólicos. Sabendo disto, o meu dever, propósito e razão de ser Maçom é continuar a procurar conhecer, amar e perdoar o meu próximo.

Quando eu puder fazer isto, quando puder ver o nobre e o divino nos outros, mesmo quando for mais vil e diabólico, eu observá-los-ei com olhos divinos – vendo-os da maneira que Deus os vê – dignos da minha bondade, respeito, carinho e amor. É isto que tenho a promessa de fazer pelos meus Irmãos e por toda a Humanidade. Espero que os meus irmãos olhem para mim com a mesma tolerância.

Brian L. Pettice

Tradução de António Jorge

Fonte

Midnight Freemasons

O MAÇOM E A PARTICIPAÇÃO POLÍTICA


 

Este trabalho tem por objetivo promover reflexões a respeito da participação política de maçons. Inicia pela análise da evolução histórica do Sistema Sócio Político em que vivemos e seus subsistemas: estado, mercado e sociedade civil. 

Na sequência propõem-se uma análise sobre o funcionamento desse Sistema e sobre  o papel e a responsabilidade de cada um na busca da Ordem e do Progresso, considerando nossos compromissos como maçons.

No final, após analisar-se as formas de participações políticas se propõe maior atuação da Maçonaria, por meio dos maçons que integram todos os seguimentos, tanto governamentais, quanto empresariais ou da sociedade civil, sugerindo-se o que fazer e como fazer.

O criador da Sociologia, Augusto Comte, escreveu no início do século XIX, que a humanidade vive, naturalmente, numa “espiral de progresso inexorável”, passando por períodos de ordem e de desordem,  referindo três males que concorrem para a desordem: a miséria, a ociosidade e a ignorância (COMTE, 1891).

Estas constatações de Comte, ocorridas há cerca de duzentos anos, são absolutamente atuais. De tempos em tempos ocorrem grandes revoluções que determinam mudanças de paradigmas no modo de vida das pessoas, determinando alterações profundas nas relações sociais, civis, comerciais e políticas.

Fazendo uma análise sobre o Brasil e demais países democráticos nos últimos três séculos constatamos, com base na ciência política, que houve três grandes revoluções que nos conduziram a atual situação social e política.

A primeira foi a revolução democrática, desencadeada na França, no ano de 1789. Essa revolução iniciou a ruptura com os governos totalitários e o começo de uma nova era em termos de direitos políticos, civis e sociais.

Desde lá, gradualmente, mais nações se tornaram democráticas podendo seu povo escolher seus dirigentes e, também, se candidatar aos cargos de gestão das nações, dando origem pela sua evolução, ao estado democrático que temos hoje em boa parte dos países do mundo. Com os direitos civis se pode passar a empreender, criar sociedades empresarias e organizações da sociedade civil. A normatização dos direitos sociais determinaram ao Estado a obrigação de garantir a dignidade para as pessoas, assegurando alimentação, educação, saúde e segurança, por exemplo.

A segunda foi a revolução industrial, com centro na Inglaterra no início do século XIX e foi marcada pelo uso de tecnologia para produção de bens em série, que permitiu o desenvolvimento da economia e dos negócios de forma apartada do governo, originando o mundo do comércio de bens e serviços que evoluiu para o subsistema mercado como temos hoje.

A terceira revolução foi nominada como Revolução Educacional e ocorreu de forma simultânea na Europa e na América, na primeira metade do século passado. Foi marcada pela proliferação de escolas e universidades o que favoreceu a igualdade de oportunidades de acesso ao conhecimento.

Até então, só filhos de nobres e de famílias abastadas poderiam acessar às universidades. O conhecimento provocou o despertar dos cidadão para o fato de que cada ser humano, antes de ser membro do subsistema governo ou ter um papel no mercado, é um membro permanente e natural do subsistema que se passou a chamar de sociedade civil  (COHEN e ARATO, 1992).

O acesso ao conhecimento fez com que fosse percebido que a participação política de todos os cidadãos é fundamental e que a soberania no sistema sócio-políticos, composto pelos três subsistemas (Estado, mercado e sociedade civil) deveria ser deslocada do Estado para a Sociedade civil.

Assim, na década de 70 do século passado iniciou-se um movimento por participação do povo no acompanhamento das ações do Estado. O Governo Inglês criou mecanismos de transparência e participação no controle social do governo (PARRY, MOYSER E DAY, 1992).

No Brasil essa abertura para a transparência e participação começou a ocorrer a partir da elaboração do nosso novo contrato político-social, a Constituição de 1988. Desde então, além das regras constitucionais, temos  leis complementares à Constituição que nos conferem a base do direito para a participação plena no acompanhamento das ações de governo,  como, por exemplo, Lei de Improbidade Administrativa de 1993; Lei de Responsabilidade Fiscal de 2000 e Lei da Transparência do ano de 2011, para ficar nestas três.

Pelo exposto até agora se comprova que na espiral ascendente do progresso da humanidade, hoje temos todas as condições no Brasil e nos países democráticos, em especial condições legais, de exercer a soberania social sobre o Estado. Se ainda não exercemos na plenitude é porque não temos, educação, discernimento, cultura ou vontade para fazê-lo.

Começamos então a tratar do objetivo específico desta apresentação que diz respeito à participação política do Maçom: se a maçonaria congrega homens livres e de bons costumes, que estudam, pregam e cultuam os mais nobres princípios e valores em suas oficinas; se o objetivo principal da maçonaria é tornar feliz a humanidade; se simbolicamente enterram-se os vícios em masmorras e combatem-se as tiranias, a ignorância, os preconceitos, os erros e erigem-se monumentos às virtudes; se temos exemplos de fatos históricos nos quais maçons estiveram na vanguarda desses acontecimentos, como a Independência do Estado Unidos, a Revolução Francesa, a independência do Brasil, a Revolução Farroupilha, a proclamação da nossa República e tantos outros legados, que nos foram deixados pelas gerações de maçons que fizeram história.

Então, temos grande responsabilidade e um chamado muito forte para agirmos, no sentido de fazermos a nossa parte na história e deixarmos o nosso legado.

Reflitamos sobre as causas da desordem social (miséria, ociosidade e ignorância) e como se combatem essas causas. Além das três causas elencadas por Comte, ainda há uma quarta causa, a indiferença.

A responsabilidade primária desse combate é do Estado, com os recursos que colocamos a disposição por meio dos tributos que pagamos. Assim o Estado tem obrigação de prover meios para diminuir a miséria, fomentar o desenvolvimento econômico para diminuir o desemprego e proporcionar educação de qualidade e gratuita para quem não pode pagar escolas e universidades.

Perguntamos-nos, então, se estamos satisfeitos com a carga tributária, com os serviços públicos, com nível de desemprego, com sistema de saúde, de educação, etc.? Certamente a maioria das pessoas consultadas dirão que não estão satisfeitas. Então surgirão outras duas perguntas: O que fazer e como fazer?

As respostas são relativamente simples: O que fazer: combater as causas da desordem social (miséria, ociosidade, ignorância e, principalmente a indiferença, que depende só de nós). Como fazer:  por meio da participação política.

Essa participação pode ser feita em, pelo menos, dois universos distintos:

1) A política partidária: se não por outras, pela singela razão de que não há regime democrático no mundo, sem partidos políticos. E, ainda, pelo fato de todas as normas que sujeitam a sociedade – constituições, leis complementares e ordinárias, decretos, instruções normativas, ordens de serviços, portarias - provêm de decisões de políticos eleitos ou de autoridades por estes nomeadas, integrantes de partidos políticos. A estrutura de organização do Estado democrático está calcada na política partidária. A ordem ou a desordem social, assim como a qualidade dos serviços públicos são resultados de ações ou omissões de políticos pertencentes a partidos. A relação entre a boa política e a má política é razão direta da proporção de bons e maus cidadãos atuando nos partidos. Quanto mais homens éticos, justos, livres e de bons costumes se dispuserem a participar na política partidária (em todos os partidos políticos, independente de ideologia), a probabilidade de termos em execução a boa política será maior. Quanto mais maçons na política, menos espaços políticos para tiranos, aproveitadores e corruptos. Aqui se fala em MAÇONS de fato, com letras maiúsculas. Maçons políticos e não políticos maçons.

2) Em políticas sociais por meio de ações individuais ou coletivas numa gama enorme de organizações que se ocupam de atividades filantrópicas, beneficentes ligadas a causas sociais. Ou por meio de organizações que se ocupam de acompanhar o emprego do orçamento público, como os Observatórios Sociais da Gestão Publica.

Aqui cabem, por oportunas, três citações interessantes: a primeira é de Freud, em estudo de COUTO (2004): “Qual a sua responsabilidade na desordem da qual você se queixa?”; A segunda é de Rousseau, na introdução da Obra – O Contrato Social: “Por frágil que seja minha influência, o direito de votar impõem-me o dever de instruir-me a respeito dos negócios públicos” (ROUSSEAU, 2001); e a terceira, muito conhecida, é atribuída a Platão: “O castigo dos bons que não fazem política é serem governados pelos maus”.

Por todo o exposto, conclui-se que, como maçons, de forma individual, mas coordenada, uma vez que estamos em todos os seguimentos sociais, em todas as profissões, em todas as organizações econômicas, sociais e governamentais, podemos fazer mais e fazer muito pela Nação Brasileira, pela sociedade e indiretamente por nossa família e por nós mesmos.

A exemplo de nossos precursores na maçonaria devemos agir politicamente, única forma de influirmos eficazmente no sistema sócio político numa democracia. Assim, teremos êxito no nosso propósito de tornar feliz a humanidade, pela ordem social que trará o progresso econômico, o bem estar e a felicidade do nosso povo.

 Pedro Gabril Kenne da Silva

BIBLIOGRAFIA

ARATO, Andrew; COHEN, Jean. Sociedade civil e teoria social. In: AVRITZER, Leonardo (Coordenador). Sociedade Civil e Democratização. Belo Horizonte: Ed. Del Rey, 1994. 

COMTE, Augusto; Opúsculos de Filosofia Social. Porto Alegre: Globo Graphica e Editora, 1891. 

COUTO, Luís Flavio S.; Dora, uma Experiência Dialética. Ágora: Estudos em Teoria Psicanalítica. vol.7 no.2 Rio de Janeiro July/Dec. 2004 <> Versão digital:

https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-14982004000200006 

PARRY, Geraint; MOYSER, George; DAY, Neil. Political Participation and democracy in Britain. Cambrige: Cambrige University Press, 1992. 

ROSSEAU, Jean-Jacques. O Contrato Social. Coleção A Obra Prima de cada Autor – São Paulo: Ed. Martin Claret, 2001.

[1] M I  da A R L S Phoenix nº 70, vinculada à Grande Loja Maçônica do Estado do Rio Grande do Sul – PORTO ALEGRE/RS – BRASIL.  Membro da Academia Maçônica de Letras Sul-Rio-Grandense – ACADESUL. Cadeira 25.

 

SABEDORIA, FORÇA E BELEZA NA NATUREZA


 

A Iniciação Maçônica, uma viagem sucessiva através da matéria, do intelecto, do instinto e do afeto, fornece o caminho para que do interior do homem brote o ser que pode transformar o planeta em um Templo de liberdade, harmonia e justiça. O método iniciático, praticado no Templo Maçônico, envolve o despertar do aspecto sagrado da vida. Estudos sobre o sagrado foram feitos por Mircea Eliade e por Georges Charpak.

Para Charpak sagrado é o “sentimento gerador de uma consciência, que corresponde ao que existe de mais elevado no conhecimento, as leis sutis da natureza”. Para outra pessoa, porém, uma pedra pode ser sagrada, desde que sua realidade de pedra se transmute numa outra realidade por ter sido, por exemplo, ofertada por alguém querido que se foi deste mundo.

Alguns dizem que o dever e a família são sagrados. Portanto, O método iniciático leva o maçom a tornar significativo o seu despertar para uma nova visão de mundo, em busca de uma consciência universal unificada.

Sabedoria

A Sabedoria Maçônica ensina que o maçom deve investigar constantemente o caminho da verdade, buscando seu aperfeiçoamento interior para crescer intelectual e espiritualmente. Com este objetivo, a Maçonaria instrui o maçom a tomar atitudes corretas e decisões acertadas, a viver em paz e harmonia consigo mesmo, a ser equilibrado e sensato e a ser capaz de iluminar outras pessoas de modo eficaz.

O ponto de partida da aplicação da Sabedoria Maçônica para forjar o caráter do maçom é o “conhece-te a ti mesmo”, obtido através da observação de si mesmo, de modo regular. É preciso que cada maçom enfrente a si mesmo e reconheça seus defeitos, fraquezas e imperfeições, reforçando suas virtudes.

Nessa busca do conhecimento de si mesmo, é preciso levar em consideração que o caráter de cada um é grandemente influenciado pelos instintos, pelas emoções, pelo pensamento e pelas paixões. Os instintos podem ser sublimados, se não forem alimentados, segundo a maioria dos psicanalistas, já as emoções, de um modo geral, motivam, deformam, bloqueiam e corrompem as ações do indivíduo. Por isso mergulham o ser humano na aflição ou no êxtase, provocando sucessos ou insucessos.

Por sua vez, o pensamento é a atividade que formula conceitos, que permite ter ideias claras e raciocinar sobre qualquer assunto. Esta é uma habilidade que pode ser adquirida e desenvolvida. Enfim, a paixão é um sentimento intenso e exclusivo, levado ao extremo, estando, comumente, ligadas a qualidades individuais negativas.

 Não é difícil reconhecer, nas paixões voltadas para esportes, política e religião, fortes traços de fanatismo, intolerância, grosseria, violência, desrespeito. Observe-se que emoções negativas ou positivas (como raiva, medo ou alegria), surgem de situações de vida significativas e de avaliações do seu significado para o nosso bem-estar, mas duram pouco.

As pessoas, entretanto, experimentam um fluxo constante de estados de humor. Esse humor, positivo ou negativo, também nascido no interior, tem uma ação prolongada. A Maçonaria ensina o controle das emoções e das paixões violentas, mantendo-as dentro de limites convenientes, através do cultivo de virtudes como a temperança, a prudência, a disciplina e a perseverança, auxiliares importantes nesse embate.

Também, ter, todos os dias, alguns momentos de recolhimento, ou uma pequena pausa nas atividades externas, permite ao maçom iluminar seu interior e obter uma revelação sobre seus vícios e virtudes, suas paixões e instintos, seu corpo e seus pensamentos.

Força

Construir uma obra viva, como busca a Maçonaria, requer um grande esforço, tanto individual como coletivo. Através de uma ação orientadora de vida, a Loja é o canal perfeito da Força que alimenta todos os participantes e os guia no caminho do Conhecimento. É o trabalho em regular em Loja que reúne as forças individuais, físicas e/ou morais, dos maçons, fazendo nascer uma força superior àquela resultante da simples adição das forças individuais.

Para desenvolver sua força individual é imprescindível que o maçom tenha o conhecimento de si mesmo, a nível mental (virtudes e defeitos, reações negativas e positivas) e físico (biológico), e o conhecimento do mundo que o cerca (sociedade e natureza).

Mas isso não basta. É, sobretudo, necessário que ele aja, reforçando suas virtudes, livrando-se de seus defeitos e maus hábitos, velando seus desejos, subjugando sua vontade, controlando suas emoções, dominando suas paixões e pensando corretamente, para evitar que oscilações de seu estado emocional o desviem de seu Caminho.

Isto não é tarefa fácil, mas começa com uma tomada de decisão.

Ao tomar uma decisão o ser humano influencia a próxima, aumentando, ou diminuindo, a probabilidade da nova escolha quaisquer das decisões tomadas por alguém, mesmo se for considerada de pouca importância, tem algum significado para o resto de sua vida.

Certamente, o indivíduo precisa ter coragem, para tomar algumas decisões e vencer seus hábitos, cuja quebra pode exigir um esforço mental hercúleo, e bastante determinação e energia, principalmente quando seus atos são ditados por leis, códigos ou costumes sociais.

Não se trata, aqui, daquela coragem que marca a virilidade, mas, da capacidade de superar o medo, quando ele existe, ou da aptidão para enfrentar a ansiedade através de uma vontade mais forte. Sem dúvida, essa coragem deve ser dosada com prudência, pois a experiência tem mostrado que a sensatez leva ao discernimento do que é bom ou mau em um momento de decisão, evitando que alguém cometa erros dos quais venha a se arrepender.

Embora a força interna, integradora, exista em todos os seres humanos ela pode passar percebida. Acontece que paixões negativas e reações consomem muita energia e essa força só emerge se não for dissipada com elas. Essa é mais uma razão para o maçom se libertar de suas emoções e vencer o ardor de suas paixões, aquelas emoções que, levadas a um grau de intensidade, sobrepujam a razão e a lucidez.

Uma vez iniciado o processo do controle das emoções e paixões, há de se sentir uma realimentação positiva resultante do uso da força interna, visto que ela só emerge se houver a beleza proporcionada pelo equilíbrio interno e fraternidade. Contudo, essa é uma via de duas mãos: para se ter equilíbrio interno, é preciso usar essa força.

Beleza

O equilíbrio da vida interior, obtido através do processo iniciático permite, a alguém evitar fazer aos outros o que ele não gostaria que fosse feito a si mesmo. Ao manter o equilíbrio em seu relacionamento com os outros, o maçom permite o desenvolvimento da fraternidade, um caminho para combater o egoísmo.

Em contraste com o mundo profano em que a desarmonia está, muitas vezes, presente, a Loja deve ser um mundo sagrado onde tudo está em ordem e em harmonia, um mundo de Beleza, portanto. Pelo fato de o ser humano ser imperfeito é que se faz sua purificação ritual antes que ele entre nesse lugar de paz. Mas, esta purificação é apenas simbólica e a verdadeira purificação só é obtida pelo esforço individual na busca do domínio das emoções, das reações, da linguagem - disciplinas praticadas em Loja.

A Maçonaria luta por uma ordem social que propicie, a todos, oportunidades iguais para revelar suas potencialidades e talentos e atingir níveis compatíveis com sua dignidade. É através de seu lema, Liberdade, Igualdade e Fraternidade, que sua Beleza se manifesta.

Para se ter uma sociedade com Liberdade, é necessário que seus componentes entendam que liberdade não é apenas uma questão de dizer sim ou não, nem de revolta, libertinagem, demagogia, luxúria ou vida desregrada. Também, não se faz uma sociedade livre a não ser com homens livres, eles mesmos.

Ser livre é ter o domínio o domínio da consciência sobre seu próprio comportamento e atos, é conciliar a liberdade de cada um com a liberdade do outro, é não estar amarrado a preconceitos, é crer em alguma coisa (não necessita ser religioso no sentido de praticante), é ser capaz de ter tempo livre, é ter consideração pelo conhecimento dos outros, é tomar decisões racionalmente, é fazer o que quer, profissionalmente, é conhecer a si mesmo para se liberar de seus traumas e recalques, é vencer seu próprio ódio e ressentimento.

A Liberdade e a Igualdade formam o corpo da Beleza Maçônica, a Fraternidade é sua alma. A beleza da Grande Obra Maçônica aparecerá no instante em que todas as pedras, enfim polidas, estiverem unidas no pleno sentido do termo, conforme o plano do Grande Arquiteto do Universo. Adornada com o Amor, essa beleza se manifesta na forma de prática de solidariedade, beneficência, benevolência e altruísmo; e o cimento capaz de unir essas pedras é a Fraternidade.

Bons costumes são indispensáveis à harmonia em uma Loja. Por isso, o maçom deve trabalhar continuamente no conhecimento de si mesmo, e dos outros, e cultivar as qualidades adequadas. Uma delas é a paciência, a capacidade de suportar os dissabores, as adversidades e infelicidades do cotidiano, o que se consegue com equilíbrio e serenidade nas situações em que as soluções independem de nossa capacidade, habilidade ou esforço. Já os relacionamentos humanos, em uma Loja, devem ser marcados pela lealdade e pela discrição.

Assim como o uso harmonioso e bem organizado do Conhecimento, gerado pela Informação, resulta em uma Sabedoria que, através das Forças Fundamentais, rege a Beleza do cosmos, o Conhecimento adquirido através da Iniciação Maçônica governa a Arte Real. É sobre os pilares da Sabedoria, Força e Beleza que se apóia a construção do Templo Maçônico, a Grande Obra.

Utilizando símbolos, que mantêm a Verdade intacta, a Sabedoria Maçônica ensina que o maçom deve investigar constantemente o caminho dessa Verdade, buscando seu aperfeiçoamento interior para crescer intelectual e espiritualmente.

Para isso, ela guia o maçom no aprendizado necessário e progressivo das condições de domínio de si mesmo. Por ser submetido a forças relacionadas com instintos, emoções, tradição, sociais, etc., a maioria provocando reações negativas que podem levá-lo ao sofrimento, o maçom deve cultivar força de vontade, forjando seu caráter e seu conhecimento.

Assim ele se capacita a tomar atitudes corretas e decisões acertadas, a viver em paz e harmonia consigo mesmo. Somente ao atingir o equilíbrio, livrando-se do consumo de energia provocado pelas reações negativas, é que o maçom sente emergir uma força interna positiva que, por sua vez, reforça sua vontade e seu caráter. Essa força interna, existente em cada maçom, quando refletida e integrada ao todo Maçônico, gera a Força que permite a manifestação da Beleza ocorre na construção de uma sociedade onde seja plena e natural a ação da Igualdade, Liberdade e Fraternidade. Um mundo de Paz, Justiça e Amor.

Conclusão

 Mostrou-se, neste trabalho, que a Harmonia, a Força e a Sabedoria são os pilares sobre os quais se apóia a natureza e, também, que elas são manifestações de algo mais profundo. Entre elas, a Beleza é uma manifestação da harmonia existente na organização de todas as coisas, tanto no Macrocosmos como no Microcosmos.

Essa manifestação, percebida através de instrumentos como equações matemáticas, leis físicas, inspiração, sentidos, tanto dá uma sensação de prazer, como fornece informações que possibilitam ao ser humano preparar-se para eventos futuros. Entretanto, não haveria harmonia na natureza sem a atuação de quatro forças fundamentais, provavelmente diferentes facetas de uma mesma Força Primordial.

Além disso, todas as forças atuam segundo leis pré-estabelecidas e inteligentes, que se entrelaçam umas às outras e que constituem a Sabedoria da natureza. Isso permite que a matéria, a energia e a informação se organizem numa.

Todo este simbolismo nos indica que, na obra de nossa construção Moral, devemos trazer para a Luz, todas as possibilidades das potências individuais, despojando-nos das ilusões da personalidade. E nesse trabalho, só poderemos ser Sábios se possuirmos Força, porque a Sabedoria exige sacrifícios que só podem ser realizados pela força, mas ser Sábio com Força, sem ter Beleza, é triste, porque é a Beleza que abre o mundo inteiro à nossa Sensibilidade.

 

ORIENTE DO RIO DE JANEIRO, RJ.

A.·. R.·. L.·.M.·. FLAUTA MÁGICA DO RIO DE JANEIRO, Nº 170

M.·.M.·. SANDRO PINHEIRO

 

UMA SUBLIME ESCOLA DE NOME: MAÇONARIA!


 

Aqueles que desconhecem a verdadeira finalidade da Maçonaria alardeiam levianamente que a Maçonaria tem parte com um suposto “diabo”, que dentro de suas Lojas realizam-se sacrifícios de animais e segue a propagar notícia inverídica e fantasiosa, cujas lendas chegam a tornarem irresponsáveis quem assim procede.

Na verdade, a maçonaria tem por fim combater a ignorância em todas as suas manifestações. Para tanto, é necessário e imprescindível ao maçom, uma boa conduta e cujos ensinos ministrados na Ordem o encaminharão ao Bem e as Virtudes.  

A maçonaria oferta ao maçom à possibilidade de estudar e perceber a sua pura e rica filosofia e o seu aspecto científico facultarão a ampliação de seus conhecimentos ao entender os princípios de elevada moral do Bramanismo, no Prasada, em Zoroastro, em Jeremias, em Buda, além de Lau-Tseu, Mêncio e Confúcio. Sem descuidar dos ricos preceitos de Sócrates cujos conselhos de Sócrates ainda hoje são de bom tamanho quando nos afirma: “ “Nosce te ipsum”. O grande Sócrates também aconselhava que: “o conhecimento nos leva ao caminho da Verdade”.        

Todos os grandes Avatares da humanidade, sem exceção, são pesquisados pela Ordem. Com certeza, o Cristo que nos legou um Evangelho de Paz, de perdão e de amor, tem um estudo especialíssimo, pois toda a moral de Jesus se resume na humildade e na caridade.

Para os maçons, é necessário beber da fonte que nos oferta a maçonaria, muito embora, poucos tenham bebido desta água. Para melhor compreensão, observemos o exemplo da fonte.

“Dois homens chegam à fonte para beber. A linfa cristalina e serena reflete suas imagens no límpido da superfície. Ajoelham-se sobre o musgo e inclinam a cabeça até tocar com os lábios a água e bebem. Chegam em seguida outros montados em animais e para não molestarem-se em apear, entram com eles, removendo o lodo do fundo, e a água se torna turva.”

“- Que água mais desagradável a desta fonte”! – exclamam eles.

“Assim ocorre também com a Divina Sabedoria, com a Maçonaria, fonte de luz e de verdades eternas”. “Muitos se aproximam para beber, mas nem todos chegam a Ela com túnica limpa, e muitos chegam montados nos animais das paixões, dos egoísmos humanos e dos preconceitos que trouxeram de outros ambientes e de outras ideologias.”

Um dos objetivos da Ordem é que, aqueles que adentrarem deverão se transformar em homens de muito saber e de elevado conhecimento moral espiritual.

Um grande estudioso da Maçonaria, de nome José Inácio, dedicado maçom paraibano, nos diz com muita propriedade: “Mais importante do que ter Irmãos é ser Irmão”!

Todos os maçons acreditam na existência de um Ser Superior, que nós em nossas orações o denominamos de O Grande Arquiteto do Universo.

Conta-se que: “Certa feita um materialista em discussão com um respeitável Mestre, afirmava, em alto e bom som, de que Deus não existia, e dizia, caso Ele existisse, eu O veria, argumentando acreditar unicamente naquilo que via.”

“O mestre, pensativo, tendo convicção da existência de Deus, coloca dois copos com água diante do ateu, tendo um deles um pouco de açúcar que foi dissolvido e pede para este identifique qual copo continha o açúcar.” Observou que os dois copos possuíam a mesma transparência. Pensou consigo que somente conseguiria identificar caso experimentasse a água. E assim o fez, bebendo da água e confirmando qual dos copos continham açúcar. Conclui o Mestre: “Assim é Deus, nós não O vemos, apenas O sentimos.”

Portanto, a honra, ética, o caráter e a integridade são atributos inerentes aos maçons, que labutam, para que esses valores sejam essenciais em suas vidas. Não nos orgulhemos de participarmos da Maçonaria, pois, segundo Santo Agostinho, “o orgulho não é grandeza, mas inchaço. E o que está inchado parece grande, mas não é sadio.”

S.F.U. aos valorosos Irmãos.

Walter Sarmento de Sá Filho.

 

UMA BREVE REFLEXÃO DE UM INICIADO


 

A sabedoria é a coisa principal; adquire, pois, a sabedoria; sim, com tudo o que possuis, adquire o conhecimento.” (Provérbios cap 4:7)

Com muita humildade e simplicidade venho aos irmãos para expressar minhas singelas percepções sobre a iniciação maçônica, que transforma instantaneamente, a mente do pobre candidato que anseia receber a luz.

Como muito se fala talvez o momento mais importante para o Maçom, seja o momento do seu nascimento, e após isso, sua vida de aprendizado, um período que ficará marcado para sempre em sua mente, ali nasceu o aprendiz, que apesar de títulos póstumos, esse título de aprendiz, deverá ser carregado e aperfeiçoado sempre na vida de um maçom, afinal somos humanos, e como irmãos experientes nos dizem, “A maçonaria é perfeita, mas o ser humano não é” nada mais nobre que um singelo aprendiz ouvir de um irmão que tem muito tempo de aprendizado e vida Maçônica, que sempre devemos parar para pensar um pouco e chegar à conclusão que na verdade seremos sempre aprendizes.

Um irmão que vai a sua primeira reunião na condição de irmão de loja, depois de passar por todos os testes e provações, carrega em si todo tipo de emoção, creio que quase inexplicável, para muitos a realização de uma vida. Quando adentramos nos mistérios, descobrimos que o trabalho é árduo, que devemos nos aprofundar, estudar, e por fim descobrir que é tudo muito maior que imaginamos.

O trabalho nas arestas da pedra bruta é mais difícil do que parece, trabalhamos para destruir nossos vícios, assim comoaperfeiçoar nossas virtudes, e descobrimos que temos muito mais vícios que imaginávamos, e quando adentramos dentro de nosso subconsciente, buscando fazer o casamento alquímico da mente objetiva com a subjetiva juntando com que aprendemos e vivenciamos em loja, nossa pedra fica um pouco mais parecida com a pedra cúbica que usamos como referência, sem que possamos esquecer-nos de polir regularmente, e ter destreza no uso de nossa régua, para não pecar nos excessos.

“Como é bom e agradável quando os irmãos convivem em união!” (Salmo 133:1)

Tenho certeza, oque mais chama atenção em um irmão que acabou de receber a luz, é, como é tratado entre os irmãos, e que realmente o espírito de Liberdade, Igualdade e Fraternidade são verídicos na Maçonaria! Não importa de onde veio, no que acredita seu cargo, quando ganha ou seu Grau na Maçonaria! Você será tratado de igual para igual, e isso me marcou muito quando iniciei! Automaticamente o aprendiz vive mais disposto a se dedicar, e não ter vergonha de errar e fazer feio, a única vergonha é não participar e não errar, até porque quem não erra não aprende direito!

Finalizando minha curta explanação com a imagem que temos na mente quando nos lembramos do nosso momento exato de nascimento para a Maçonaria.

“A terra era sem forma e vazia, e havia escuridão sobre a face do abismo, e o espírito de Deus pairava sobre a face das águas. E Deus disse: “Haja luz!”e houve luz. (Bereshit/ Gênesis cap1: 2-3)

O momento crucial na vida de um Aprendiz quando ele é concebido, é quando ele passa a ver, quando recebe a verdadeira luz, e está pronto para começar sua árdua estrada no caminho da Arte Real, que apesar de difícil, é muito prazerosa, porque jamais estaremos sozinhos, poucas são as pessoas que sabem o quão bom é nunca se sentir desamparadas, primeiramente o Grande Arquiteto nos dá o fôlego, e em seguida um irmão, com toda boa vontade do mundo, disposto a auxiliar o irmão no que for que ele precise, jamais esbarrei com um irmão que não fosse solícito a causa de outro irmão, tenho pouquíssimo tempo de ordem, mas o pouco tempo, já foi mais que suficiente para conhecer bastante da essência dessa Augusta Fraternidade, a qual pretendo galgar passos largos e aprender e dividir aprendizados com os irmãos, assim o Grande Arquiteto me permitindo!

Com Votos de Paz, Amor e Prosperidades aos Irmãos!

Vagner Augusto de Oliveira

Membro da ARLS Fé, Amor e Liberdade 3447

Mendes/RJ - GOB-RJ

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