O APRENDIZ




LIBERTANDO-SE DO EGO, DESENVOLVENDO A RAZÃO E ADQUIRINDO CONSCIÊNCIA PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA NOVA SOCIEDADE.

A Pedra Bruta possui uma carga muito grande de simbolismo, e talvez seja uma das lembranças mais vivas para o Maçom, não somente para o recém-iniciado, mas, para todo o restante da nossa trajetória maçônica, como se a lembrar-nos sempre do quanto é longo o caminho em busca da perfeição, ou o quanto é difícil desvencilhar-se de todas as nossas impurezas e defeitos.

O Aprendiz, a partir do momento aquele que sucedeu ao da sua Iniciação e de ter recebido a sua primeira lição, é considerado apto a dar início ao trabalho esse que inaugura a sua caminhada rumo à libertação do ego, com o desbaste contínuo da sua pedra bruta, até então uma massa informe, e o lugar onde residem as suas imperfeições, paixões e defeitos.

Trabalho somente para o Aprendiz?

 Certamente pela sua condição de Aprendiz, o trabalho a que irá se dedicar deverá ser cumprido com uma maior intensidade, movido pela máxima vontade e afinco, pois, o Aprendiz é ainda um ser muito rústico, mais material e, portanto, imperfeito do ponto de vista espiritual.

Mas, se o Aprendiz é assim imperfeito espiritualmente, aqueles que ultrapassaram essa e outras etapas podem ser considerados perfeitos?

Claro que não, daí dizermos que o desbastar da pedra bruta irá diminuindo com certeza de intensidade ao longo do caminho, mas, sempre haverá alguma aresta por apararmos, pois, somos Maçons, e somos humanos.

Talvez a pretendida evolução, ou o estágio mais avançado na busca da perfeição possa definitivamente ser alcançado se formos donos de uma vontade férrea em nossos objetivos, pois, sem a vontade constante não conquistar consciência para mudarmos.

Num mundo materialista e de individualismos exagerados, quem não sofre os reflexos desses comportamentos hoje tão disseminados e até dissimulados em meio as nossas múltiplas tarefas da vida profana?

E como ficar imune a tudo isso?

Porque é livre e de bons costumes, liberdade de pensamento, pedreiro-livre, liberdade, igualdade e fraternidade, são expressões e conceitos afetos ao mundo maçônico, mas, como eles irão sendo assimilados, como eles irão sendo entendidos pelo Aprendiz, e depois de digeridos totalmente, como serão devolvidos pelo Maçom, já um Mestre, e assim, consciente de que a sua maior missão é mesmo colaborar para a evolução da humanidade como um todo.

 Como regular o seu livre-arbítrio, como ser livre para mudar o que tem de ser mudado, em meio a uma sociedade, a mesma de onde ele é oriundo, e aquela que faz vigorar um conceito de liberdade “mais atual”, esticado a ponto de abrigar em seu âmago, a ideia errônea e individualista de que ser realmente livre, combina com a possibilidade de agir sem necessariamente levar em conta os outros?

A nossa época é marcada pelo individualismo, e exatamente aí residem muitos dos males atuais. Além do mais, o orgulho e o egoísmo, nada constroem. Como extirpá-los, como removê-los, tão entranhados estão em nossa sociedade, ou, por onde começar para minimizar seus efeitos nocivos, sabendo que as primeiras vítimas são as nossas próprias crianças?

Quando o homem abre mão do seu egoísmo, ele está usando a sua liberdade de forma universal, assim como, oferecendo o melhor de si ao coletivo.

Como implantar essa ideia já defendida por um filósofo iluminista que foi Rousseau?
Ou de maneira mais aprimorada depois, por Kant?

A Maçonaria que propicia ao Aprendiz lições éticas de elevação para o ser humano, dá-lhe os instrumentos desde o primeiro momento, para que trabalhando a sua pedra bruta venha a despir-se do seu egoísmo.

Dá-lhe também o conhecimento das vertentes filosóficas para o devido discernimento, onde aí se inclui o mesmo Rousseau foi um dos filósofos que mais se aprofundou no estudo da liberdade, para concluir que somente é possível ao homem desfrutar de certo grau da própria liberdade, se souber abrir mão dela em proveito do bem comum.

Após, Kant, colocou a liberdade como uma condição humana surgida da razão, ou da sua capacidade racional.

O homem é um animal superior, está acima da natureza, e tal condição é que lhe dá a liberdade. Ou seja, liberdade sem condições de desenvolvimento da razão, sem o aprendizado da valorização do outro, sem o respeito para com o nosso próximo, não faz muito sentido.

A Maçonaria propicia ao Aprendiz um novo nascimento, depois o sólido aprendizado com as instruções e os exemplos, ensina-o a usar das ferramentas necessárias para que, se aprimorando sempre, melhore, apare, e desbaste as asperezas existentes na sua pedra bruta.

De posse do seu maço e cinzel empreenderá a sua tarefa, de libertação do ego, de construção do seu templo interior, só finalizando quando estiver livre das paixões materiais.

Está lá no Ritual e Instruções: “Para elevar o Homem aos próprios olhos e para torná-lo digno de sua missão sobre a Terra, a Maçonaria proclama que o Grande Arquiteto do Universo deu ao mesmo, como o mais precioso dos bens, a LIBERDADE – patrimônio de toda a Humanidade, cintilação divina que nenhum poder tem o direito de obscurecer ou de apagar e que é a fonte de todos os sentimentos de Honra e Dignidade”.

A palavra liberdade é parte da vida e das especulações filosóficas do ser humano desde muito tempo. Com o estudo ou leituras mais aprofundadas, podemos constatar que o conceito ou o sentido de liberdade sofreu mudanças no transcorrer da história das mais variadas sociedades. O que devemos ter em mente, nós os Maçons, é que devemos trabalhar para que a humanidade ganhe essa tal liberdade.

O homem que não é livre em todos os sentidos não pode ser Maçom, conforme o que está disposto no verbete Liberdade do Grande Dicionário Enciclopédico de Nicola Aslan, e ainda ”não pode ser Maçom, porque a liberdade, ou a consideração de não ser escravo, socialmente falando, e o livre uso das suas ações, lhe são indispensáveis para poder, sem coação, cumprir os deveres da Ordem, e a irrepreensibilidade da conduta social é a única garantia do êxito da missão que lhe cabe dentro e fora da Instituição”.

Curioso, como esta descrição efetuada por Aslan vem de encontro ao pensamento de Rousseau que disse que somente os homens realmente livres poderiam ter um comportamento bom.

É a Maçonaria e o eco do Iluminismo reverberando. Outra passagem que considero digna de ser assimilada por nós todos, e que se aplica ao conjunto todo aqui, diz respeito à tríade Liberdade, Igualdade e Fraternidade, título de um trabalho do Irmão Felipe Spir, onde podemos ler o seguinte: (...) Os três princípios são solidários entre si, apoiando-se mutuamente.

Sem a sua existência o edifício social fica incompleto, pois, a Fraternidade praticada em sua pureza, necessita da Liberdade e da Igualdade, sem as quais nunca será perfeita.

Com a Fraternidade o homem saberá regular o livre arbítrio. Estará sempre na ordem. Sem a fraternidade, a Liberdade soltará a rédea às más paixões, que correrão sem freio. Sem ela, usará o livre arbítrio sem escrúpulos, originando a licenciosidade e anarquia.

“A Igualdade sem Fraternidade conduz aos mesmos resultados, porque a Igualdade requer necessariamente a Liberdade”.

 Como possibilidade, hoje somos mais livres que nunca. Libertar-se de limites para ampliar possibilidades é o caminho que o Maçom terá pela frente.

FONTES BIBLIOGRÁFICAS: Revistas: A Trolha - números 195 e 287 Filosofia – números 62 e 65
Livros; GRANDE DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO DE MAÇONARIA E SIMBOLOGIA – Nicola Aslan –
Ed. A Trolha Ltda. - 2012 - O HUMANO, LUGAR DO SAGRADO - Vários Autores – Ed. Olho
D'Água – 1998 - RITUAL E INSTRUÇÕES DO GRAU DE APRENDIZ-MAÇOM DO R.'.E.'.A.'.A.'. –
GORGS – 2010-2013

 Ir.'. Jose Ronaldo Viega Alves - Loja Saldanha Marinho “A Fraterna”

Or.'. de Sant'Ana do Livramento – RS.

ORIENTE ETERNO


Oriente Eterno é a designação que os maçons dão ao que nos aguarda depois da morte física. Por que Oriente e por que Eterno?

Talvez a mais remota manifestação da crença humana numa Entidade Superior se encontre nos cultos solares. Cedo à humanidade percebeu que o Sol era condição indispensável para a existência e manutenção da Vida, neste pequeno planeta que todos habitamos. Cedo observou que o negrume da noite era quebrado, primeiro pela luminescência da aurora, depois pela aparição do Astro-Rei, sempre a Oriente. Cedo se associou o Oriente ao ponto cardeal de onde provém a luz. Da constatação do fenômeno físico à consideração figurada de que a LUZ nasce, vem, existe, revela-se, no Oriente mede ou apenas um pequeno passo.

Por outro lado, são condições imprescindíveis para se ser maçom regular, para além da condição de homem livre e de bons costumes e do efetivo propósito de aperfeiçoamento, a crença no Criador e na vida depois da morte. O Grande Arquiteto do Universo, por definição e à escala humana, é Eterno. A LUZ que dele provém naturalmente que compartilha dessa característica.

O Oriente Eterno é, assim, para os maçons o simbólico lugar de onde provém a LUZ, onde está o Grande Arquiteto do Universo, onde o que resta de nós depois de tudo o que de nós é físico se extinguir tem lugar, se reintegra.

Não existe uma concessão, uma figuração, uma imaginação, comum aos maçons de como é o Oriente Eterno. Tal como é deixada a cada um a pessoal concessão do Criador, exigindo-se apenas a efetiva crença na sua existência, também as condições e formas de vida após a vida são assunto do foro íntimo e pessoal de cada um. Em função da crença individual, o Oriente Eterno pode ser associado ao Paraíso cristão, ao Reino de Jehovah, ao Paraíso islâmico, ao Nirvana, ou àquilo em que cada um crer.

A única certeza compartilhada pelos maçons regulares é que a morte física é apenas uma passagem do que de nós é verdadeiramente essencial para outro estádio, outro plano. E, portanto, que incumbe a cada um de nós o dever de se aperfeiçoar, de se polir, de melhorar, de se capacitar em todos os aspetos, para que, chegada a hora, esteja preparado e em condições de se integrar no seu lugar nesse novo plano da existência.

O que será, afinal, o Oriente Eterno, nenhum maçom o poderá, de ciência certa e segura, afirmar. Apenas que crê na sua existência e que dedica a sua vida a preparar-se para o papel que ali desempenhará. Afinal, a Luz só é plenamente visível depois de ultrapassada a cortina da morte física e superadas as limitações do nosso corpo físico...

Rui Bandeira


GRAVATA BORDÔ DO RITO BRASILEIRO

O Significado Simbólico da Gravata Bordô do Rito Brasileiro

 A gravata diferente daquela de cor preta correntemente usada no GOB, foi adotada no Rito Brasileiro como marca distintiva. À semelhança da gravata branca adonhiramita, serve para distinguir os obreiros pelo traje, possuindo importante objetivo complementar: o de reforçar o espírito de corpoEspírito de Corpo é o sentimento manifesto por certo orgulho em pertencer a determinada instituição; é a comunhão dos membros dessa instituição. Dele virtudes como a solidariedade, fidelidade, firmeza de propósito, etc.
bordô, que parte do fundamento de a cor do Rito ser o violeta - resultou de razões estéticas, ou seja, a elegância de sua combinação com o traje preto exigido no GOB, oposta à estranheza provocada pela gravata de cor violeta em conjunto com o mesmo terno preto. A referência simbólica liga-se ao significado de nobreza que se empresta à cor púrpura. Assim o manto púrpura da Magna Reitoria..
EXPOSIÇÃO
·         1. Em abril de 1985, quando o irmão NEI INOCÊNCIO assumiu a direção do Supremo Conclave do Brasil por morte do Grande Primaz CÂNDIDO FERREIRA DE ALMEIDA, teve início uma fase de remodelação doutrinária. Nesse contexto inovador, por exemplo, a adoção dos mantos cardinalícios para os membros da Magna Reitoria (1994) e do manto níveo (branco como a neve) para o Grande Primaz. Ainda: a ampliação do título atribuído ao Grau 33, não apenas Servidores da Ordem e da Pátria, mas, agora, Servidores da Ordem, da Pátria e da Humanidade(1992, na Convenção do Rito aqui no Rio de Janeiro)a mudança da legenda Homo Homini Frater ("Homem, um irmão para o homem") para Homo Hominis Frater ("Homem, irmão do homem") (Constituição de 2000). E tanto mais. Marcas da nossa geração, assinalada pela gestão do Soberano irmão Nei.

·         2. Essa última década do Século XX foi de grande efervescência ideológica no GOB. Discutia-se muito sobre muitas coisas. Por exemplo, as cores: a cor do avental do Rito Escocês Antigo e Aceito. JOSÉ CASTELLANI e XICO TROLHA afirmavam ser o vermelho e não o azul.


·         3. Sem qualquer ligação (pelo menos consciente) com esse vermelho do REAA, particularmente, aqui no Supremo Conclave, sentíamos a necessidade de prover o Rito de um forte espírito de corpo que pudesse nos estimular no contexto dos outros ritos, principalmente em face de uma permanente perseguição de alguns setores retrógrados e uma antiga imputação de irregularidade. Precisávamos reforçar a personalidade do Rito e o orgulho de seus membros em pertencerem ao Rito Brasileiro (espírito de corpo). Daí a adoção da gravata de cor diferente. Seu uso, nos primeiros dias, significou uma espécie de desafio, orgulho por ser do Rito, posto que houvesse, mesmo no GOB, gente importante que se recusava a aceitar o Rito Brasileiro. O uso da gravata bordô era uma declaração pública ostensiva de adesão ao Rito. Hoje é bonito; naquela época era censurável.

·         4. Bem, falamos em bordô, mas, naquela época, transição do século XX para o XXI, qual seria essa cor? Evidentemente deveria ser a cor do Rito que, como se sabe, é o violeta. Sim, embora prescrito que, em cada país em que for adotado sistema maçônico idêntico, no avental de Mestre-Maçom haja, no canto superior direito, uma roseta de um centímetro de diâmetro com as cores nacionais (entre nós o verde amarelo) - a cor do Rito Brasileiro não é a cor nacional brasileira, mas, sim, o violeta.

·         5. Violeta é aquela cor da flor do mesmo nome. Alguns dizem: roxo. Muito parecida com a cor que recebe o nome de púrpura.
Sobre as cores
·         6. A cor é uma impressão ótica. Um fenômeno luminoso ou da luz. A cor que percebemos em um objeto resulta dos raios luminosos que nele incidem. Propriedades desse objeto determinam que alguns desses raios sejam absorvidos, enquanto outros são refletidos ou transmitidos. A cor que se apresenta a nossos olhos é determinada justamente pela capacidade de o objeto absorver parte da luz incidente, refletindo ou de outro modo transferindo os demais raios. Por exemplo: um corpo sólido opaco branco indica que todos os raios de luz nele incidentes foram refletidos; se preto, pouca luz de qualquer comprimento de onda terá sido refletida; se o corpo iluminado for vermelho, os comprimentos de onda que produzem o estímulo ocular vermelho terão sido os refletidos; assim por diante com cada cor. As possibilidades de combinação são inumeráveis; outrossim, a nomenclatura que identifica as cores não tem fim.

·         7. Quando um raio de luz solar atravessa um prisma (sólido triangular de vidro ou de cristal), se decompõe em raios diversos de cores variadas (7 cores) que os físicos, com muita exatidão, identificam pelo comprimento de onda ou pela frequência. São as cores do arco-íris: violeta, anil, azul, verde, amarelo, alaranjado e vermelho. Fenômeno ondulatório. Ondas eletromagnéticas vibrando com diferentes frequências ou comprimentos de onda. Quanto menor o comprimento de onda maior a frequência. E vice versa.

·         8. Nos limites desse espectro de ondas visíveis, situam-se o vermelho e o violeta. Ondas com frequência maior (comprimento menor) que o da luz violeta (ultravioletas) ou com frequência menor (comprimento maior) que o raio vermelho (infravermelhas) não são visíveis. Tal explicação encerra imensa complexidade quando objetivamente observamos os corpos e identificamos sua cor. Tudo dependerá tanto da luz incidente como da capacidade de absorção do corpo observado.
Os nomes
·         9. Os físicos, a indústria de alta tecnologia, possuem padrões para identificar e dar nomes a cores. A voz corrente do povo, não. Assim, já dissemos, violeta é a cor das violetas. Mas alguns preferem dizer roxo. E até mesmo ocorre que, observando diretamente as flores, se vê que algumas violetas são efetivamente roxas, uniformes, escuras; outras são mais brilhantes, ou mais desbotadas, quase brancas. Variam.

·         10. Outrossim, há a cor que correntemente recebe o nome de púrpura. Tal nome resulta do antigo processo de obtenção da substância corante que a produz (pigmento). Algo como um vermelho que os antigos obtinham de um caramujo (molusco) de nome múrice ou púrpura. A dificuldade nessa produção do corante determinava o alto valor (raridade) dos tecidos de púrpura o que contribuiu para a sua significabilidade: os mantos de púrpura instituíram-se como vestes reais, assim, no mesmo sentido, as vestes cardinalícias, cardeais, príncipes da igreja.

·         11. Ademais, há a própria sugestão trazida pelo vermelho - que alguns dirão encarnado, cor da carne viva, do sangue e daí, símbolo de vida, energia, heroísmo, martírio. A cor do Manto de Cristo.

·         12. O nome vermelho deriva de vermezinho - do latim "vermiculus" - também referência ao processo produção. O pigmento vermelho era obtido de um inseto (verme, em expressão dos antigos) chamado cochonilha. Variando o tratamento dado ao pigmento assim obtido, o nome da cor seria escarlate - um vermelho muito vivo (lábios escarlates) ou carmim. A voz do povo é livre: púrpura escarlatina, por exemplo, identificam doenças que deixam manchas vermelhas nos seus pacientes. Em matéria popular de dar nome aos bois, digo, às cores, há muita confusão.

·         13. Pois bem, em termos de significação simbólica, os significados de nobreza, dignidade e até mesmo sacralidade, misticismo, atribuídos à cor púrpura certamente contribuíram para a seleção do violeta como a cor do Rito. Embora diferentes, violeta, vermelho, púrpura, escarlate são"primos-irmãos". E há saudade na lembrança de dia feliz que passamos (Nei Inocêncio, Antônio Carlos Simões, Elias, Mário Name, Castellani, outros, a memória é frágil) no sítio do saudoso João Roque nos arredores de Campinas (SP), andando lá pelos jardins, divertidos, identificando os diversos tons de violeta, conforme as diversas flores que víamos. Já havia a decisão de adotarmos uma gravata distintiva, como nossos irmãos do Rito Adonhiramita. Estávamos decididos pela cor do Rito (violeta). Cor cardinalícia. Mas ali estava a dúvida: vermelho, púrpura, violeta? Ademais: havia violetas para todos os gostos, desde as bem roxinhas, outras mais avermelhadas do que roxas (púrpuras?), até umas desbotadas, praticamente brancas. E mais, todos concordavam que o roxo não combinava muito bem com o terno preto obrigatório. Combina?

·         14. De todo modo havia convicção (há) quanto à cor do Rito (violeta = roxo) o que nos levou mesmo (durante certo tempo) à adoção de um manto violeta (roxo) para a Magna Reitoria (ainda tenho o meu em casa). A intenção (como ainda o é com o manto atual) era de suscitar a lembrança da dignidade cardinalícia. Até um solidéu se usava, hoje substituído por um barrete. Mais tarde, também, evoluiu para o vermelho atual, com bastantes ornamentos. E se distinguiu o Primaz com um Manto Níveo (branco, cor da neve), emblema de pureza.

·         15. Entretanto, quanto à gravata propriamente dita, questões estéticas vedavam o uso do violeta, assunto que foi solucionado quando alguém trouxe (e isto era comum, trazer gravatas roxas, vermelhas, etc., como amostras), alguém trouxe, reitera-se, uma gravata bordô, no padrão, tom, etc. da atualmente usada. Agradou sobremaneira. Caiu no gosto. Foi adotada experimentalmente. E após longo período de experiência, quando se verificou que o povo do Rito aceitara com entusiasmo a solução, foi providenciada a alteração do Regulamento Geral da Federação, tornando legal o uso da gravata na cor adotada pelo Rito (em nosso caso o bordô).
bordô (conclusão)
·         16. Bordô não é exatamente o violeta ou roxo (cor das violetas), nem o encarnado, vermelho(cor do sangue ou da carne viva). Bordô é a cor do vinho tinto produzido nos arredores da cidade de mesmo nome do vinho, bordô, que nada mais é que um aportuguesamento para a fonética do francês bordeaux (leia-se, bordô). A cidade (Bordeaux) em português se diz, Bordéus - não confundir com bordéis, plural de bordel, do francês bordel"cabana, casinha", termo empregado para identificar "casa de prostituição", no pressuposto de que em tais cabanas isoladas se instalavam as meretrizes.

17. Enfim, bordô é o vermelho como a cor do Vinho Bordeaux. Não é exatamente o violeta (roxo, cor das violetas), nem o encarnado (cor de sangue ou de carne viva), não suscita tão plenamente as ideais de nobreza, alta dignidade, sacralidade, misticismo, tenacidade, heroísmo, martírio (como queiram) nessas duas classes de cores indicadas (o violeta e o vermelho), mas, na família, é a cor que melhor combina para o uso de gravata com terno preto. Essa a razão.


Fernando de Faria, 33º.

ADMISSÃO A MAÇONARIA


A Maçonaria submete o candidato a um longo e rigoroso processo seletivo de análise e avaliação dele próprio, de seus horizontes profissionais, sua identificação, seu comportamento, sua família, seu trabalho...

A todos  os homens livres, que fazem da defesa da liberdade de consciência e da liberdade de pensamento, a luta constante de suas vidas.

Maçonaria Moderna - O destino das grandes Instituições é de começar na humildade; o Cristianismo numa manjedoura, a Maçonaria numa taverna.

As  quatro Lojas Maçônicas  que em 1717 realizaram ao que parece, uma reunião preparatória na Taverna da Macieira e resolveram criar a Grande Loja de Londres, que passou a denominar-se Grande Loja da Inglaterra, quando se expandiu além do perímetro londrino. A reunião de 24 de junho de 1717, da qual resultou a fundação da Grande Loja, teve lugar na Cervejaria do Ganso e da Grelha.

Os “Deveres de um Maçom”, constantes do Livro das Constituições de Anderson, substituída, nas Constituições adotadas em 1815 pela Grande Loja Unida da Inglaterra, e consubstanciada nesta frase: ”Um Maçom é obrigado pela sua dependência a obedecer à lei moral; e se bem entender a Arte, nunca será um estúpido ateu nem um irreligioso libertino. 

De todos os homens, deve ele compreender melhor que Deus vê de maneira diferente do homem; pois o homem vê a aparência exterior enquanto Deus vê o coração... Qualquer que seja a religião de um homem ou sua maneira de adorar, não será excluído da Ordem, contanto que creia no glorioso arquiteto do céu e da terra, e que pratique os deveres sagrados da moral...”.

Credo do Maçom – Embora não sendo uma religião, a Maçonaria também presta um culto à Divindade, ao Ser Supremo admitido em todas as religiões. É a Existência Suprema, Superior, Criadora e Indefinível, cujo estudo constitui uma das bases da Maçonaria e ao quais os Maçons dão a denominação de Grande Arquiteto do Universo. Segundo vários autores, o credo de todo bom Maçom se reduz à seguinte profissão de fé: “Creio em um só Deus, Supremo Arquiteto do céu e da terra, dispensador de todo bem e juiz infalível de todo mal”. Sem dúvida, o estudo de Deus deve constituir um dos deveres do Maçom. Disse Farias Brito: “Deus é o  que há de mais claro na Natureza. Deus é a  Luz em todos os seus sentidos”. Com estas simples palavras, são definido o Princípio Criador, segundo a concepção maçônica.

Cristo – Fundador da religião cristã e, por isso, personagem venerado nos símbolos da Maçonaria. Cristianismo, religião que constitui a base da maçonaria. A Maçonaria Operativa e Especulativa que lhe sucedeu, tendo surgido no Ocidente e, particularmente, na Inglaterra, seguiram, como é natural, as tradições religiosas ocidentais. Contudo, a Maçonaria aceita em seu seio homens de todas as religiões.

Ao admitir em seu seio homens de todas as religiões, de todas as nacionalidades, de todas as raças, de todos os partidos, a Maçonaria mostrou ao homem um caminho novo e um ideal que, posteriormente, cristalizou-se na trilogia: Liberdade, Igualdade, Fraternidade. Constituiu-se no cimento por meio do qual, e acima das religiões e dos partidos, os homens podem se unir e se chamar Irmãos.

Esclarecendo – Assim como a Maçonaria submete o candidato a um longo e rigoroso processo seletivo de análise e avaliação dele próprio, de seus horizontes profissionais, sua identificação, seu comportamento, sua família, seu trabalho, seus rendimentos, sua profissão, seu estado civil, datas, seus hábitos, suas reações, de suas atividades sociais e  políticas, para que possa ser irmão dos Maçons de todo o mundo, é compreensível que o Candidato exerça o adequado direito de esclarecer suas dúvidas, respeitando a consciência individual, satisfazendo sua curiosidade (assim como a da esposa), o exame e discussão de diversas questões que podem esclarecer seu espírito e, sobretudo, conciliar seu coração com relação à Ordem, na medida do que for possível, isto é, tudo que não for secreto, para que não haja nenhum mal-entendido a respeito da proposta de trabalho da Maçonaria.

A Loja Maçônica é uma Escola que, por intermédio da observância e do estudo interpretativo dos Rituais (chama-se Ritual, em Maçonaria, o livro que contem a Ordem, as fórmulas e demais instruções necessárias para a prática uniforme e regular dos Trabalhos Maçônicos em geral), procura como finalidade primordial, preparar os Obreiros para a vida no lar e na sociedade, de modo a que, conhecendo a si mesmos e analisando o mundo, almejem a Paz e a Felicidade para a coletividade, tornando-se, assim, úteis e de grande aproveitamento para a comunidade em que vivem e, ao mesmo tempo, para a Humanidade em geral.

Cada Loja tem o seu espírito especial; cada Maçom deve conservar e desenvolver as suas qualidades fundamentais.

A Loja é para o Maçom o local no qual pode se expressar livremente perante um auditório atento e benevolente. A confrontação das ideias faz-se sem choques e com cortesia.

A escolha do candidato – Para ingressar na Ordem maçônica existem certos requisitos  indispensáveis e que consistem  na idade, estado  de liberdade, recursos para a subsistência,  moralidade, etc.

O ato de "escolhermos" um candidato à Iniciação na Maçonaria requer séria reflexão. Lembremo-nos que estamos escolhendo um irmão para conosco conviver fraternalmente, que terá ingresso em nossa casa, compartilhando de nossas vidas, com nossas famílias.

O perfil ideal do candidato (entre outras exigências):
a) crer em  um princípio criador  (A Maçonaria não é uma teologia dogmática, nem é sectária; ao contrário, mostra em matéria de religião a mais ampla tolerância; porém exige de todos aqueles que admite em seus templos a crença em Deus e na existência da alma).

b) ter o assentimento da esposa (sentimentos da companheira com relação à Ordem).

c) ter vida familiar equilibrada (A divisa da Ordem Maçônica  é o  Amor Fraternal, na esperança de que o Amor a Deus, à Família, à Pátria e ao Próximo, o mundo alcance a Felicidade Geral e a Paz Universal).

d) ter princípios morais elevados (conduta ética, moral e social ilibada. Viver em harmonia dentro do organismo social; ser bom, a fim de contribuir para tornar a humanidade melhor). 

e) possuir cultura que possibilite compreender o simbolismo e a filosofia maçônicos (gosto pela leitura e pelo estudo, grau de instrução necessário para cultivar sua razão). 

f) possuir educação compatível com o ambiente que impera na Maçonaria; (disciplina e respeito à hierarquia).

g)  ter "espírito maçônico" (fraterno, solidário, filantropo, cordato, pesquisador. O sentimento de interesse a respeito de outro, para constituir uma verdadeira e fiel amizade. A Maçonaria, mais do que qualquer outra associação, proporciona o ambiente propício para desabrochá-lo de sinceras amizades). 

h) comprovar  (atestado médico) não ser portador de doença ou deficiência que  impossibilite o bom desempenho da atividade e ritualística maçônica.

Condicionantes Restritivas
Adulação - É  a exploração sistemática e interesseira da vaidade alheia. Ao supervalorizar as qualidades e ações dos outros, o adulador, homem geralmente de espírito servil ou ambicioso, espera obter deles favores indevidos. O adulador é quase sempre mal visto em todos os grupos sociais, devendo sê-lo particularmente entre os Maçons, pois a lisonja e a adulação representam uma diminuição da dignidade tanto de quem as faz como de quem as recebe.

Avareza – É o apego demasiado e sórdido ao dinheiro ou aos bens econômicos, levando o homem a endurecer o coração em face dos sofrimentos de outros homens e das injustiças contra os mesmos cometidas. Pela avareza, os bens materiais transformam em um fim, de tal sorte que o avarento acaba por negar a si mesmo as condições normais para uma vida compatível com a própria dignidade humana. A Maçonaria, que tem a filantropia como uma das suas preferidas finalidades, e que estimula os seus adeptos na sua prática, não pode admitir em seu seio homens portadores desse vício tão contrário aos objetivos da Instituição.

Ir.'. Valdemar Sansão - M.'.M.'.
A.'.R.'.L.'.S.'. Arnaldo Alexandre Pereira - GLESP
Or.'. de São Paulo
        

Consultamos: Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia. (Nicola Aslan)
O Despertar para a Vida Maçônica (Valdemar Sansão) – Ed. “A TROLHA” Ltda.

MAÇONARIA SOB ALERTA VERMELHO NA FRANÇA.


Paris, 28 de maio de 2013 (AFP) - José Gulino, Grão-Mestre do Grande Oriente da França (GODF), primeira obediência maçônica do país, denunciou, terça-feira, “um crescimento da violência da extrema direita” em “um clima perigoso”, ao qual “é preciso colocar um fim o mais cedo possível”.

Gulino deu como prova disso a multiplicação dos atos antimaçônicos interpostos na semana passada, como a manifestação de “alguns 200 doidivanas de extrema direita, que vieram gritar slogans hostis ao Grande Oriente, sexta-feira, sob pretexto de que ele defende o casamento homossexual”.

Em uma ligação telefônica à AFP, o Grão-Mestre do GODF denuncia da mesma forma os “slogans antimaçônicos lançados (domingo) por grupelhos de extrema direita no cortejo conduzido pelo Instituto Civitas, que reuniu cerca de 2.800 integristas católicos e jovens nacionalistas”.

Ao longo de todo o percurso, os manifestantes cantaram “Nem laica, nem maçônica, a França é católica”, ou “o Grande Oriente tem que sair do governo”, após ter acusado as “forças ocultas” de sustentá-lo.

Para José Gulino, “eles reproduzem esquemas repugnantes, como o complô judaico-maçônico. Recordo que o primeiro decreto tomado pelo governo de Vichy implicou na dissolução do Grande Oriente da França”.

“Uma vez mais”, acrescentou ele, “não se sabe sair de uma situação difícil sem encontrar bodes expiatórios. Hoje, é o Islã que substituiu os judeus. Estamos em um clima de crescimento do integrismo, do fascismo, do racismo”.

Este é um “clima perigoso”, alarma-se o Grão-Mestre. “Este crescimento do obscurantismo, estas violências verbais e físicas, temos de interrompê-las o mais rápido possível. Devemos dar segurança aos nossos locais, tomar precauções, fazer um trabalho de memória, repetir a História. 60% das pessoas com menos de 24 anos não conhecem a palavra Vel d’Hiv (Razia Velódromo de inverno, de 16 e 17 de junho de 1942, em Paris, onde houve o maior aprisionamento de massa de judeus realizado na França durante a Segunda Guerra Mundial).

Ele está igualmente indignado com a demissão do padre Pascal Vesin, pároco da paróquia de Megève en Haute-Savoie, proibido pelo Vaticano de exercer sua missão em razão de sua dupla pertença à Igreja e ao Grande Oriente.

“Tenho a impressão”, confiou ele, “de me achar no tempo da Inquisição. Releio esta decisão como uma forma de obscurantismo medieval, a um recuo do viver fraternalmente, dos valores humanos. Para nós, a liberdade de consciência é absoluta”.

Para o Grão-Mestre do GODF, “há entre os políticos uma ausência de reação forte. Mas quando a República está em perigo, temos de preservá-la e defendê-la”.

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