UM ETERNO APRENDIZ, JAMAIS, DEVE SER CONFUNDIDO COM UM APRENDIZ ETERNO!



O Maçom, como um buscador da Verdade, em sua vereda iniciática, mesmo que já tenha galgado os mais altos graus de seu rito, jamais, poderá se considerar que absorveu todo o conhecimento. A busca da Verdade é um exercício diário e infinito na evolução do homem.

Encontrá-la seria a maior das utopias, pois quando nos certificarmos de algo, logo, um amplo terreno de dúvidas se abre a nossa frente. A palavra “Verdade” poderia se traduzir em “qualidade de ver”, estando, estritamente, condicionada ao estado de consciência de cada um, em relação a algo. Cada um de nós é o portador de sua Verdade.

 A Verdade Absoluta é a Divindade, o Grande Arquiteto do Universo. Como criaturas, e criados à imagem e à semelhança do Criador, somos partículas infinitesimais de Deus. A nossa Verdade se expande conforme se amplia a consciência da divindade dentro de nós.

Dizia o Mestre Jesus: “Eu Sou a Verdade e a Vida, ninguém vai ao Pai, senão por Mim!” Sua origem transcende aos três tempos verbais, passado, presente e futuro. Haja vista que, tal palavra no grego, chama-se “aletheia”, referindo-se as coisas que são; no latim, chama-se “veritas”, e se refere aos fatos que foram; já no hebraico, chama-se “emunah”, com relação às coisas que serão. 

A cada vez que assistimos o ministrar das mesmas instruções maçônicas, a cada momento a interpretamos através de uma nova ótica, angariando um novo aprendizado.

Em verdade, não foi à instrução que se modificou, mas o nosso estado de consciência. A nossa Verdade que se expandiu com relação àquele ensinamento e passamos a enxergá-lo por outro prisma. Buscar a Verdade é buscar o nosso Deus Interno, a fagulha divina. É o despertar de nossa quintessência, o espírito.

Seu despertar é início do domínio do espírito sobre a matéria, sobre o quaternário dos elementos. Esse é o princípio do trabalho da Iniciação, ou seja, é o “início” da “ação”, ou a “ação de iniciar” uma caminhada, a guisa da parábola bíblica do “Filho Prodígio de Volta à Casa do Pai”, a fim de que a centelha (nós) se una, novamente, à Chama do Eterno. O trabalho é constante e requer do postulante à Iniciação, disciplina e dedicação, pois a busca é eterna, como é eterno o aprendizado.

 Ao nos considerarmos um eterno aprendiz, não estamos falando que estaremos limitados, para sempre, à condição de ser um Aprendiz Maçom, de ficarmos restritos ao aprendizado relativo ao Primeiro Grau Maçônico.

Em verdade, o Eterno Aprendiz é aquele que, independente do Grau já adquirido, coloca-se, incondicionalmente, receptivo a novos conhecimentos, permitindo que sua Verdade se expanda. O Teatro da Cerimônia de Iniciação, realizado quando ingressamos na Ordem, não nos concede o “status”, a partir de então, de nos considerarmos um iniciado.

O seu enredo é, tão somente, a trajetória iniciática que se espera que alcancemos um dia. Talvez, e muito provavelmente, tal conquista não se dará uma só vida! Portanto, devemos seguir, humildemente, nossa infinita caminhada, sem buscar atalhos, sem nos deixarmos desviar do verdadeiro caminho, devido ao iminente risco de sermos iludidos pelo falso brilho das alfaias, altos cargos e funções. 

O aprendizado é eterno, daí sermos eternos aprendizes em busca da Verdade Absoluta!

Esse é o verdadeiro caminho da Iniciação, cuja estrada não nos conduz para fora, mas sim, para dentro de nós mesmo!

Revista Arte Real

MAÇONS - QUE GENTE É ESSA?



Que gente é essa? É gente de conteúdo interno que transcende a compreensão medíocre, simplória.

É gente que tem idealismo na alma e no coração, que traz nos olhos a luz do amanhecer e a serenidade do ocaso.

Tem os dois pés no chão da realidade.

É gente que ri, chora se emociona com uma simples carta, um telefonema, uma canção suave, um bom filme, um bom livro, um gesto de carinho, um abraço, um afago.

É gente que ama e curte saudades, gosta de amigos, cultiva flores, ama os animais, admira paisagens, escuta o som dos ventos.

É gente que tem tempo para sorrir bondade, semear perdão, repartir ternura, compartilhar vivências e dar espaço para as emoções dentro de si.

É gente que gosta de fazer as coisas que gosta, sem fugir de compromissos difíceis e inadiáveis, por mais desgastantes que sejam.

Gente que semeia, colhe, orienta, se entende, aconselha, busca a verdade e quer sempre aprender, mesmo que seja de uma criança, de um pobre, de um analfabeto.

É gente muito estranha os Maçons.

Gente de coração desarmado, sem ódio, sem preconceitos baratos ou picuinhas.

Gente que fala com plantas e bichos, dança na chuva e alegra-se com o sol.

Eh! Gente estranha esses Maçons.

Falam de amor com os olhos iluminados como par de luas cheias.

Gente que erra e reconhece. Gente que ao cair, se levanta, com a mesma energia das grandes marés, que vão e voltam.

Apanha e assimila os golpes, tirando lições dos erros e fazendo redentores suas lágrimas e sofrimentos. Amam como missão sagrada e distribuem amor com a mesma serenidade que distribuem pão. Coragem é sinônimo de vida, seguem em busca dos seus sonhos, independentes das agruras do caminho.

Essa gente vê o passado como referencial, o presente como luz e o futuro como meta.

São estranhos os Maçons!

Cultuam e estudam as Sagradas Tradições como formas de perpetuar as leis que regem o Universo, passam de geração para geração a fonte renovadora da sabedoria milenar. São fortes e valentes, e ao mesmo tempo humildes e serenos.

Com a mesma habilidade que manuseiam livros codificados de sabedoria, o fazem com panelas e artefatos.

São aventureiros e ao mesmo tempo criam raízes, inventam o que precisa ser inventado. Criam raízes, inventam suas próprias histórias.

Falam de generosidade em exercício constante.

Ajudam os necessitados com sigilo e discrição.

Conduzem a prática desinteressada e oculta da caridade e do amor ao próximo.

Interessante essa gente, esses Maçons.

Obrigam-se nas tarefas, de estudar a Arte Real, de evoluir, de amar e dividir.

Partilham da mesa do rei e de um amigo montanhês com mesmo sorriso enigmático de prazer e sabedoria que iluminava a face de seus ancestrais.

Degustam um pão artesanal, com a mesma satisfação que o fazem em um banquete cinco estrelas.

Amam em esteiras e em grandes suítes, desde que estejam felizes, pois ser feliz e levar felicidade são sempre a única condição dessa gente estranha.

É gente que compra briga pela criança abandonada, pelo velho carente, pelo homem miserável, pela falta de respeito humano.

É gente que fica horas olhando as estrelas, tentando decifrar seus mistérios, e sempre conseguem.

Agradecem pelas oportunidades que a vida lhes dá. Aliás, essa gente estranha agradece por tudo, até pela dor, que tratam como experiência.

Reúnem-se em Escolas Iniciáticas que chamam de Lojas, para mutuamente se bastarem, se protegerem, se resguardarem, para resgatar valores, e estudar muito.

Interessantes são os Maçons.

Mas interessante mesmo é a fé que os mantêm vivificados ao longo de séculos.

Abençoada essa estranha gente.

É dessa estranha gente, que o Supremo Arquiteto do Universo precisa para o terceiro milênio.

É a essa estranha gente, de que sou parte, que desejo DE TODO MEU
CORAÇÃO, as mais ardorosas congratulações.

Leandro Sidney Eli

Or.". de Farroupilha-RS

A PEDRA EM BRUTO


Na reunião passada, ao entrar em minha Loja, tropecei neste pedaço de rocha que chamamos Pedra Bruta e que ornamenta minha coluna.

Com certa ironia, dei meia volta e lhe disse: “Desculpa, Pedra Bruta”. Surpreso, escutei que me respondeu: “Não há de que, Maçom Bruto”.

Ofendido, voltei e lhe disse: “Ah! Então falas também?”

“Sim, me disse. E o que é melhor, penso no que digo. Pena me dá ver que IIr.'. como tu me tem em tão pouca estima. Passam e passam sem sequer me dar um olhar compassivo, ou tão sequer um gesto amável.

Isto me irrita, porque me dou conta de quão pouco compreendem a grandeza que encerro dentro do meu significado. Aqui onde me vês, não fui sempre o que sou; eu venho dos penhascos, das alturas; onde podia ver o Sol antes de todos e desfrutar de seus suaves raios, enquanto tu vivias na penumbra.

Eu aspirava o ar puro e fresco, e quando o furacão te causava espanto e medo, eu simplesmente ria. Minha massa ereta, firme e segura recortava, com o meu perfil perfeito, o infinito azul do horizonte.

Nas mudanças de estações, as transformações atmosféricas depositavam em mim copos alvos, que me faziam parecer mais pura e branca, e ao coroar minhas têmporas, me fazia sentir orgulhosa de receber a oferenda do espaço.

Depois as fazia escorregar por mim, transformadas em cascata clara e cristalina, onde o Sol adornava com sua luz o Arco Íris. A minha altura, somente os condores chegavam e era agradável ver a meus pés, como ajoelhada ante minha grandeza, a imensa esmeralda do vale bordada de lantejoulas de mil cores.

Os rios, os animais, as flores, não faziam mais que emoldurar a minha beleza. Meu orgulho chegou a tal grau, que me cria invencível, inacessível, eterna. Porém, quão equivocada eu estava. Um dia o universo, como querendo demonstrar meu erro, desatou sua fúria e mandou sobre mim um raio que com sua luz, cegou meus olhos e, ao terrível impacto, voei em mil pedaços.

Precipitei-me no abismo, e à medida que rodava, menor me fazia, e rodando e rodando fui descendo até ficar no fundo do barranco. Chorei de raiva a me ver nesta infinita impotência, quando os elementos deformaram mais e mais minha outrora orgulhosa presença. Assim permaneci não sei quanto tempo, até que, igual a outras pedras companheiras de infortúnio, nos transportaram.

E voltou a renascer minha esperança. Pensei que talvez, por minha linhagem nobre, seria colocada em lugar que me correspondesse. “Serei agora um monumento” - pensava - com minha presença simbolizarei o coração duro e inflexível da razão; ou serei a venda que representa a imparcialidade em todos os juízos. Talvez forme parte do monumento a Pátria, eternizando com minha presença, as glórias de um povo.

Gostaria de ser a coroa de louro que cinge as têmporas do patriota ou talvez, porque não, serei parte integrante do monumento à Mãe, para que as gerações futuras vejam que, com minha cooperação, se imortaliza o amor mais puro que existe.

Com que carinho acolheria a ideia de ser o braço da mãe que envolve o menino em eterna caricia; ou os olhos que vêem com doçura a terna criança; ou as lágrimas que as mães vertem ante a ingratidão de seus maus filhos; isso teria querido ser.

Depois de ser grande, seguir sendo-o, não em tamanho, mas em espírito, em essência. Quantas e quantas ilusões me fiz. Quantos desejos de altura e grandeza. 

Mas, porém, aqui me tens, tão dura e feia como no barranco, tão grotesca que causo pena, e se não me esculpem é porque nem para isso tenho forma. Não haverá um artífice que me transforme que me dê vida?

Maçom, só tenho servido para representar-te, para que vejas em mim as tuas imperfeições, teus vícios e tua ignorância. Sou agora o exemplo do mal. Todavia, às vezes me envergonho de que me comparem com alguns de vocês. Há pouco me vês, mas eu tenho visto tantos e tantos que por aqui entraram que até perdi a conta.

Perguntou-me: onde estão agora tantos MM.'. que aqui vieram jurar fraternidade, lealdade e amor a esta augusta instituição?

Onde estão os MM.'. que aqui se iniciaram?

Eu não sei, nem me explico. Só sei que saíram para nunca mais voltar, e que andarão por aí dizendo: “Sou M.'.M.'.”. E isto me dá pena e lástima, não pela Maçonaria, senão por eles que não foram capazes de ver mais além de seus narizes; porque ilusos, acreditaram que a Maçonaria é feira de vaidade, quando melhor deveriam ter lutado por encontrar a formosa beleza que encerra esta luz e esta verdade.

A ti, Aprendiz, tenho observado; e não creio que sejas diferente daqueles, por isso desejo aconselhar-te. Vejo quando decifras tuas peças, trêmulo, tanto quê quase teus joelhos se dobram de medo. E te pergunto: medo de que ou de quem?

Tens por acaso medo de ti mesmo? Porém, quando escutas o aplauso de teus IIr.'., voltas a teu lugar envaidecido. Inchas-te como um Pavão Real, e se pudesses ver-te como te vejo, verias que não és mais que um pobre Pato.

Olhando-te em teu posto, vejo que quase explodistes de satisfação perante os elogios, nem sempre feitos com justiça. E isso é muito mau, não te deve subir à cabeça, o que supões um êxito, porque podes cair no erro de sentir-te superior, quando não és mais que um Apr.'. Serena-te e analisa. Sejas prudente em teus atos e humilde em tuas afirmações.

Sejas sincero contigo mesmo, para que possas sê-lo com os demais, mas sobre todas as coisas, conhece-te a ti mesmo. Pratica tuas teorias, sejas bom, caritativo, honrado, estudioso, ajuda a tua Loja e a teus IIr.'.. Não sejas M.'.de Bico, nem sejas M.'. Teórico. A virtude, a honra, a lealdade, não se adquirem martelando liturgias.

Agora te felicitam, dando-te alento para seguir adiante, é justo que festejem tuas peças de arquitetura, não por seu valor, mais bem para dar-te ânimo para seguir lutando e melhorando. Tu deves saber que melhoras a cada dia, e à medida que passa o tempo, estás obrigado a superar-te.

Espero que entendas o que digo. Não te envaideças, aceita os aplausos como estímulo para tua própria superação. Não te detenhas enquanto tiveres traçando um caminho a seguir. A Maçonaria é grande, muito grande, aonde somente chegam poucos e onde também a maledicência e a mediocridade se perdem no torvelinho escuro do nada. Para terminar quero pedir-te um favor. 

Não me digas Pedra Bruta, sou Pedra em Bruto, que é diferente.

Dispunha-me a responder à Pedra, quando com um golpe de malhete meu V.'.M.'. disse: “Silêncio IIr.'., estamos em Loja”... fiquei calado, porém, pensando na infinita verdade que representa esta humilde e feia Pedra em Bruto.

Extraído do Livro A Pedra Bruta (Instruções de Aprendiz) - 1995 do Ir.'. Antônio César Celente
Fonte: portaldamaconaria


SIMILARIDADES ENTRE A ORDEM ROSACRUZ E A MAÇONARIA



O Rosacrucianismo, assim como a Maçonaria, é um sincretismo de diversas correntes filosófico-religiosas: hermetismo egípcio, cabalismo judaico, gnosticismo cristão, alquimia etc.

A primeira menção histórica da ordem data de 1614, quando surgiu o famoso documento intitulado “Fama Fraternitatis”, onde são contadas as viagens do alemão Rosenkreuz pela Arábia, Egito e Marrocos, locais onde teria adquirido sua sabedoria secreta, que só seria revelada aos iniciados.

Existe ligação entre a Maçonaria e os rosacruzes e essa ligação começou já na Idade Média. No fim do período medieval e começo da Idade Moderna, com inicio da decadência das corporações operativas (englobadas sob rótulo de maçonaria de Ofício ou operativa), estas começaram, paulatinamente, a aceitar elementos estranhos à arte de construir, admitindo, inicialmente, filósofos, hermetistas e alquimistas, cuja linguagem simbólica assemelhava-se à dos francos-maçons.

Como a Ordem Rosacruz estava impregnada pelos alquimistas, como já vimos Dara daí a ligação do Rosacrucianismo e da alquimia com a Maçonaria. Leve-se em consideração, também, que durante o governo de José II, imperador da Alemanha de 1765 a 1790, e co-regente dos domínios hereditários da Casa d’Áustria, houve um grande incremento da Ordem Rosacruz e sua comunidade, atingindo até a Corte e fazendo com que o imperador proibisse todas as sociedades secretas, abrindo, apenas, exceção aos maçons o que fez com que muitos rosacruzes procurassem as lojas.

Ambas as Ordens são medievais, se for considerado o maior incremento da Maçonaria de Ofício durante a Idade Média e o início de sua transformação em Maçonaria dos Aceitos (também chamada, indevidamente, de “Especulativa”).

Se, todavia, considerarmos o início das corporações operativas, em Roma, no século VI antes de Cristo, a maçonaria é mais antiga. Isso é claro, levando em consideração apenas, as evidências históricas autênticos e não as “lendas”, que fazem remontar à origem de ambas as instituições ao antigo Egito.

A maçonaria é uma ordem totalmente templária, ou seja, os ensinamentos só ocorrem dentro das lojas.

Já a Antiga e Mística Ordem Rosacruz - AMORC dá ao estudante o livre arbítrio de estudar em casa ou em um templo Rosacruz. O estudo em casa é acompanhado à distância, e assim como a maçonaria, é composto de vários graus, que vão do neófito (iniciante) ao 12º grau, conhecido como grau do ARTESÃO.

O estudo no templo, mesmo não sendo obrigatório, proporciona ao estudante além do contato social como os demais integrantes, a possibilidade de participar de experimentos místicos em grupo, e poder discutir com os presentes os resultados, e por último, a reunião templária fortalece a Egrégora da organização, o que também ocorre na maçonaria.

DA REGENERAÇÃO E IMORTALIDADE A REFORMADOR SOCIAL.

A partir da metade do século XVIII e, principalmente, depois de José II, com a maciça entrada dos rosacruzes nas lojas maçônicas, tornava-se difícil, de uma maneira geral, separar Maçonaria e Rosacrucianismo, tendo, a instituição maçônica, incorporado, aos seus vários ritos, o símbolo máximo dos rosacruzes: ao 18º grau do Rito Escocês Antigo e Aceito, ao 7º grau do Rito Moderno, ao 12º grau do Rito Adonhiramita etc.

O Cavaleiro Rosacruz é como o próprio nome diz, um grau cavalheiresco e se constitui no 18º Grau do Rito Escocês Antigo e Aceito. A sua origem hermetista e a sua integração na Maçonaria, durante a Segunda metade do século XVIII, leva a marca dos ritualistas alquímicos, que redigiram naquela época os rituais dos Altos Graus.

O hermetismo atribuído ao Grau 18 é perceptível no símbolo do grau, que tem uma Rosa sobreposta à Cruz, representando esta, o sacrifício e a Rosa o segredo da imortalidade, que nada mais é do que o esoterismo cristão, com a ressurreição de Jesus Cristo, ou seja, a tipificação da transcendência da Grande Obra.

A Maçonaria também incorporou, em larga escala, o simbolismo dos rosacruzes, herdeiros dos alquimistas, modificando, um pouco, o seu significado e reduzindo-o a termos mais reais. Assim, o segredo da imortalidade da alma e do espírito humano, enquanto é aceito o princípio da regeneração só pode ocorrer através do aperfeiçoamento contínuo do homem e através da constante investigação da Verdade.

O misticismo dos símbolos rosacruzes, todavia, foi mantido, pois embora a Maçonaria não seja uma ordem mística, ela, para divulgar, a sua mensagem de reformadora social, utiliza-se do misticismo de diversas civilizações e de várias correntes filosóficas, ocultistas e metafísicas.

AS INICIAÇÕES.

Uma singularidade entre a AMORC e a Maçonaria, são as iniciações nos seus respectivos graus, sendo que para ambas, a primeira é a mais marcante. No caso da Maçonaria a iniciação é ao grau de Aprendiz, e da AMORC, a admissão ao 1º grau de templo.

As iniciações têm o mesmo objetivo, impressionar o iniciante, levá-lo à reflexão, para que ele decida naquele momento se deve ou não seguir adiante, e se o fizer assumir o compromisso de manter velado todos os símbolos, usos e costumes da instituição de que fará parte.

O SIMBOLISMO

Vários são os símbolos comuns às duas instituições, a começar pela disposição dos mestres com cargos, lembrando os pontos cardeais, e a passagem do Sol pela Terra, do Oriente ao Ocidente.

Cada ponto cardeal é ocupado por um membro. A figura do venerável mestre na maçonaria, ocupando sua posição no Oriente, encontra similar na Ordem Rosacruz, na figura de um mestre instalado, que ocupa seu lugar no leste.

A linha imaginária que vai do altar dos juramentos ao Painel do Grau, e a caminhada somente no sentido horário, também é similar. Em ambos os casos o templo é pintado na cor azul celeste, e a entrada dos membros ocorre pelo Ocidente.

O altar dos juramentos encontra semelhança no Shekinah na ordem Rosacruz, sendo que neste último não se usa a bíblia ou outro livro, mas sim três velas dispostas de forma triangular, que são acesas no início do ritual e apagadas ao final deste, simbolizando a luz, a Vida e o Amor.

Outra semelhança é o uso de avental por todos os membros iniciados ao adentrarem o templo, enquanto que os oficiais, (equivalente aos mestres com cargo), usam paramentos especiais, cada qual simbolizando o cargo que ocupa no ritual. O avental usado pelos membros não diferencia o grau de estudo. Algumas das diferenças ficam por conta da condução do ritual, onde na rosacruz tem caráter místico-filosófico.

Os iniciantes na Ordem Rosacruz recebem seus estudos em um templo separado, anexo ao templo principal (Pronaos), enquanto os aprendizes maçons recebem suas instruções juntamente com os demais irmãos e, finalmente, o formato físico da loja maçônica lembra as construções greco-romanas, enquanto que a Ordem Rosacruz (AMORC) lembra as construções egípcias.


Fonte: Blog "Nós Fraternos" - Postado em Julho/2010.


SOU MAÇOM?



Um dos grandes dilemas maçônicos é saber se podemos nos intitular maçons (Sou maçom!) ou se essa afirmativa não nos pertence e só pode ser feita por outro maçom.

De fato, temos uma visão míope de nós mesmos. Tendemos a uma hipervalorização do nosso eu e, não raras vezes, em detrimento do outro… 

Explico melhor, fomos educados em um sistema de comparações em que um ponto geralmente é explicado ou visto em relação a outro. Tendemos ao comparativo e assim nos sentimos mais ricos quando vemos mais pobres, sentimo-nos mais bonitos quando vemos mais feios e assim por diante.

Ocorre que por vezes nossa miopia egocêntrica é tão grande que nos assustamos com nós mesmos ao vermos nossa imagem refletida em um espelho. Tendemos a não acreditar no que vemos… não é possível que seja eu…

Mas por vezes forçamos a barra e influímos na imagem do espelho, ou pelo menos no que ela está nos revelando. O feio se torna belo e assim por diante.

Assim, ao nos considerarmos maçons, em detrimento de sermos reconhecidos como tal, chamamos para nós um conjunto de características do “ser maçom” que muitas vezes não apresentamos, não temos.

Claro, sempre se pode invocar o formalismo. Sou maçom porque fui iniciado. Sou maçom porque pertenço à obediência tal… e etc… Mas isso realmente nos confere a autoridade para nos denominarmos maçons?

O que é ser maçom??? É somente ter sido iniciado??? Não implica mais nada???

Desde meus tempos de aprendiz escuto um trocadilho muito usual em nosso meio, principalmente quando não gostamos de um determinado Irmão: “fulano é um profano de avental” ou então, quando encontramos qualidades em um não iniciado: “é um maçom sem avental”…

Por certo ser maçom implica muito mais que ter passado por uma iniciação.
Também reverbera em meu pensamento uma frase muito pronunciada em iniciações: “bem-vindo meu Irmão; esperamos agora que assim como você entrou para a Maçonaria que deixe que essa entre em você, em seu coração e atitudes…”

Minha angústia, que motiva essa reflexão sobre SER MAÇOM, é a inépcia de nossos métodos “maçônicos” em muitos de nós. Não raro vemos Irmãos colados no grau de mestre, mestres instalados e, até no grau 33, com exposições diametralmente opostas à nossa filosofia, com atitudes antagônicas ao que se desprende de nossas alegorias e símbolos.

Bem sei que deveria estar preocupado acima de tudo com a minha pedra bruta, evitando reparar nas imperfeições de outras pedras, mas isso está se tornando impossível para mim, pelo que peço humildes desculpas aos meus Irmãos, mas não dá para “tapar o sol com a peneira”, empresto aqui voz há muitos que têm se chocado com palavras e atitudes de outros Irmãos.

Abate-me extremamente estar ao lado de Irmãos que acham que o cume de seus progressos na Maçonaria são os graus colados… ser grau 33 em seu rito, ser mestre “instalado”, estar autoridade maçônica e assim por diante e, deixam à humildade, a fraternidade, o carinho e virtudes trancados no armário, o armário da arrogância e da empáfia.

Abate-me saber que Irmãos são indiciados civil ou criminalmente pelos mais variados delitos ou crimes.

Abate-me ter conhecimento de Irmãos que batem em suas esposas, filhos e familiares.

Abatem-me as disputas para saber quem é mais maçom, quem tem o maior grau… quem foi melhor Venerável Mestre.

Não consigo entender também como alguns insistem em trazer o pior de suas práticas profissionais para o seio das Lojas. Estive em Lojas onde me senti como em um tribunal de justiça, onde se fazia de tudo menos aquela Egrégora gostosa de estar entre Irmãos. Todas as palavras eram medidas com cuidado, os pronunciamentos eram cheios de erudição jurídica, menos maçônica. A sessão travava com os famigerados “pela ordem Venerável”…

E o que falar dos Irmãos entendidos em política. Raro é os ver apresentando um trabalho sobre alegoria ou simbolismo maçônico… a tônica é uma só: política.

Voltamos então ao fulcro desta reflexão: sou maçom ou sou reconhecido como tal? 

O que significa ser reconhecido como maçom?

O que ou quem é o maçom? Há algo que o diferencia de outro ente?

Se nos orientarmos pelos rituais e pela literatura maçônica teremos uma visão superidealizada do SER MAÇOM. Ele mais se parece com um super-homem, dotado de poderes extraordinários. Mas no convívio, no dia a dia, se desfaz essa visão do super-homem. Eu pelo menos nunca o encontrei entre nós, pelo menos não na forma idealizada. Muito menos em mim mesmo…

Está mais do que na hora de nos despirmos do modus profano. De tirarmos as nossas máscaras e darmos um passo em direção ao autêntico “ser maçom”. Está na hora de sermos maçons.

Reconheça que você não é o centro do universo!

Reconheça que outros podem vivenciar mais a maçonaria do que você!

Reconheça que graus de nada servem se seu coração e atitudes não passaram daquelas do grau 1 (pedra bruta)!

Reconheça que ser Mestre Instalado não lhe dá direitos acima de seus Irmãos!

Reconheça que tem pesquisado, estudado e refletido muito pouco em nossos símbolos, alegorias e ritualística!

Reconheça que tem faltado às sessões porque se acha melhor que aqueles que estão sempre lá, gostando ou não, ajudando nos trabalhos em Loja.

Reconheça que se é verdade que Maçonaria não se faz somente em Loja, também o é verdade que sem estar em Loja não se faz Maçonaria! É na Loja que exercitamos o submeter minhas vontades e fazer novos progressos na maçonaria. Não se iluda.

Reconheça que a Maçonaria não é clube social, partido político, confraria da cerveja ou o quintal de sua casa, terraço de seu apartamento, sala de seu trabalho, mas uma Ordem INICIÁTICA.

Reconheça, por fim, que você não é dono da Loja.

Deixe que as alegorias e símbolos tomem forma em seu interior e se manifestem em suas atitudes, não em meras palavras.

Deixe que o movimento da Egrégora maçônica lhe tome a mente, o coração.

Deixe que a humildade aflore em suas palavras e ações. Não tema, pode baixar a guarda, você está entre Irmãos.

Por fim, receba seu prêmio, não é um avental mais bonito que o dos outros Irmãos ou um título de MI ou 33º, mas, tão somente uma ação: você é reconhecido como tal, sem sombras de dúvidas!

Ir.'. Denilson Forato M.I.- 33º


O TEMPO NA VIDA DO MAÇOM



A vida se faz no tempo. Marcamos, cronometramos, nos organizamos com base no tempo.

A medida das coisas se faz no tempo. Plantamos e colhemos respaldados pelo tempo. Agendamos nossas ações de olho no tempo. Sonhamos, articulamos, propomos, criamos objetivos e lá está ele, o tempo, como o senhor do aval das realizações.

Já diria o livro sagrado, para tudo há um tempo. Cazuza em uma das suas canções dizia “o tempo não para”. E não para mesmo! O tempo que nos permite contabilizar o ciclo da vida é implacável. Não cria ilusões de parada, de pausa e nem tão pouco nos oferece a oportunidade de voltar o cronômetro da vida.

Com o tempo só há uma direção, um caminho. O tempo é como uma seta que nos oferece a constante direção a seguir. Um dia inventaram a ampulheta, noutro o relógio, talvez tentativas de controlar, de medir, de criar parâmetros para o tempo.

Mas ele não se aprisiona, a areia de um dos lados da ampulheta acaba o relógio estraga, mas o tempo não continua sua missão rítmica de proporcionar sempre uma nova oportunidade mostrando que a vida é imbatível e que o tempo não descansa.

No entanto, o tempo não perdoa. Ele não possibilita retrocesso, ser refeito e nem tão pouco ter o seu curso e ritmo alterados. O tempo é implacável em sua lógica de ser. 

É perceptível, calculável, estudado, interpretado, mas nunca modificado e dominado.

O tempo não proporciona ao ser humano as condições necessárias para ser adequado na própria existência humana. Acontece justamente o contrário, cabe ao ser humano ajustar-se ao tempo, sem dó ou piedade. A razão de ser do tempo é não ter razão.

É algo lógico, mas que não entra nas medidas da lógica. É calculável, mas não permite o fim da equação. É uma história sempre com o mesmo enredo e os mesmos personagens: sol e lua se revezando no palco da vida temporal.

A ciência utiliza-se do tempo em suas descobertas; os poetas e cantores nas suas criações literárias e musicais; a religião como estágios da vida, da alma; os filósofos como etapas do desenvolvimento intelectual; os mestres gastronômicos como medidas para as suas criações; enfim, a vida se mede no tempo, se organiza no tempo... tempo que não para.

Dizem também que o tempo é o senhor das coisas. Que ele é capaz de por tudo nos seus devidos lugares. O tempo questiona; o tempo esclarece; o tempo direciona respostas; o tempo não encoberta mentiras; com o tempo as verdades aparecem. 

Todavia, há quem diga que nas dores o tempo demora a passar e que nas coisas boas, alegres, ele passa rápido demais.

Como o tempo é o mesmo em ambos os casos, prefiro dizer que o segredo está na intensidade que vivemos as dores e alegrias, na forma que gastamos nossa vida vivendo estes sentimentos antagônicos. A alegria que contagia provoca realizações, já a dor que adormece provoca contrações.

A intensidade das atividades, nestes dois casos, provoca a percepção do tempo. Enfim, como dizia Mário Lago: “Fiz um acordo de coexistência pacífica com o tempo. Nem ele me persegue, nem eu fujo dele. Um dia a gente se encontra”.

O certo é que no tempo da vida, o nosso cronômetro já foi acionado. Vivamos, pois não sabemos o dia que ele será findado pelo Grande Arquiteto do Universo.

Walber Gonçalves de Souza é membro da ARLS Caratinga Livre (GOB – n° 0922) e da Academia Maçônica de Letras do Leste de Minas (AMLM).

FALTA ÀS REUNIÕES NAS LOJAS



O Regulamento é bem claro em relação às justificativas de faltas: Em cada semestre poderá o Maçom justificar até cinquenta por cento de suas faltas, às sessões da Loja, acaso no mesmo dia e horário, estiver:

a) Trabalhando.
b) Estudando.
c) Viajando.
d) Doente
e) Representando a Potência ou Loja, em outras atividades.
f) Visitando outra Loja.

Há, também, os casos imprevisíveis que devem ser devidamente explicados (por escrito), na reunião seguinte à falta.

Porém, o que realmente vemos, é que a maioria das ausências, é motivada pela falta de comprometimento.

Ela está calcada na preguiça, na falta da palavra empenhada, e até mesmo no egocentrismo.

Acontece que, quando o Irmão faltoso precisa de ajuda, torna-se ele o mais frequente. Esta situação é muito perigosa para a Loja. Este Irmão é um mau exemplo, e acaba “contaminando” outros.

Observem que é muito comum, após uma grande ausência, ele aparecer na reunião e fazer questão de se manifestar na Palavra a Bem da Ordem (para constar seu nome nos anais da Loja).

Costuma inflamar os demais Irmãos, quanto às posições que a Loja deve tomar; propõe projetos megalomaníacos (mas ele está em atraso com a Tesouraria); especula conteúdos de uma Sindicância (mas não comparece para colaborar na Iniciação).

Como resolver esta situação?  Começa com um levantamento feito pelo Ir.´. Chan.´., dos IIr.´. ausentes. Em uma folha de papel, ele vai marcando os presentes. Durante a sessão ele verifica quais Irmãos estão faltosos a duas reuniões. Com os respectivos telefones, ele encaminha ao Venerável Mestre, a lista, que, na Ordem do Dia, pedirá a dois IIr.´. que farão contato com os ausentes, para saber se eles estão precisando de alguma coisa, e procurem saber o motivo da ausência.

Esta medida visa o ideário de Fraternidade, pois pode acontecer que o Ir.´. esteja doente, ou passando por uma situação que necessite de apoio. Sem contar também, que quem recebe o telefonema, vai se sentir prestigiado.

Na reunião seguinte (a terceira), não estando presente o Ir.´., os que fizeram contato dirão à Assembleia, sobre a receptividade que tiveram, SEM TECER COMENTÁRIOS, pois, às vezes, o assunto é para Câm.´. do Mei.´.. Após três vezes dessa dinâmica, deve o Venerável Mestre, escrever uma carta ao Irmão ausente, solicitando GENTILMENTE, que o mesmo retorne aos trabalhos ou caso não tenha  interesse que peça o seu Q.´.P.´..

Observem que esta tentativa de retorno, durará 2 meses, 8 a 9 reuniões, e no mínimo, 6 telefonemas de diferentes Irmãos. Se não surtir o efeito desejado, o melhor é expedir o Q.´.P.´. Ex-Oficio, cumprindo-se assim, os tramites legais.

Outro Irmão que deve estar atento às ausências, é o Ir.´.Tesoureiro. O não cumprimento da responsabilidade pecuniária pelos IIr.´., pode comprometer a situação da Loja perante a Obediência, e às vezes junto à sociedade.

Se você, meu Irmão, que está lendo este artigo, for um “Irmão faltoso”, lembre-se de seus juramentos. Pense quanto vale sua palavra. Se você está com “problemas”, pense que você possa ter a solução para o problema de outro Irmão que está dentro da Oficina. 

Lembre-se da CORRENTE do BEM. Se você pensa que já viu tudo, que já deu tudo que tinha pela Maçonaria, ainda lhe falta aprender a lição da HUMILDADE e da colaboração despretensiosa. Se você crê, que na sua Loja tem algum Ir.´. que não mereça lá estar, compareça com mais frequência, assim os mais “jovens,” terão outros exemplos a serem seguidos. 

Com toda certeza, NÃO PRECISAMOS SER NUMEROSOS, PRECISAMOS SER COMPROMETIDOS.


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