A APRENDIZAGEM DOS VALORES MAÇÔNICOS EM LOJA


 

Desde a sua estruturação iniciada na primeira metade do século XVIII, a Maçonaria vem defendendo princípios e valores morais, posicionando-se politicamente e identificando-se com causas nobres, lutas sociais e movimentos cívicos, revolucionários e libertários, que a fizeram prosperar até aos nossos dias, sempre combatendo a intolerância, os preconceitos, a ignorância, os privilégios e defendendo ideias inovadoras.

Ao longo da sua trajetória, a Maçonaria procurou atuar no sentido de educar os seus obreiros para serem pessoas de uma convivência saudável, com sólida formação de espírito de luta para a busca do aperfeiçoamento individual e social.

E, para manter a conduta moral exigida pela Ordem, o obreiro deve exercer o domínio das paixões, reconhecer e corrigir defeitos, cultuar a inteligência e pôr em prática os rigorosos ensinamentos colocados à sua disposição.

Esta aprendizagem inspira-se na Ética Maçónica que, mais do que um simples dever, fundamenta as suas ações nos conceitos de liberdade, igualdade e de fraternidade, em busca da concretização dos valores e regras morais inscritos nos seus rituais e regulamentos, orientando a conduta dos seus obreiros com ênfase na solidariedade humana e na justiça, em toda a sua plenitude.

Neste sentido, o trabalho da Maçonaria em Loja visa a aprimorar o carácter dos seus membros e a promover reflexões sobre a espiritualidade e elevação do nível de consciência e convivência irrestrita e fraternal, de forma que seja aperfeiçoada a capacidade de raciocínio e que os obreiros possam agir no mundo profano como construtores sociais aptos a influenciar a opinião pública e provocar mudanças qualitativas nas atitudes das pessoas, despertando a lucidez e mostrando a realidade, fomentando a importância de bons exemplos.

Para cumprir esse desiderato, a aprendizagem dos valores maçónicos em Loja é proporcionado a partir de reflexões sobre o conteúdo das Instruções, Rituais, Constituição, Regulamento Geral, que pressupõem o autodesenvolvimento como processo contínuo, envolvendo aspectos éticos, morais, espirituais, culturais e sociais, onde tudo é harmonizado pelo esforço individual do obreiro e pelos princípios norteadores da filosofia maçónica, de forma livre, que não dita regras nem o ritmo, tornando o Maçom o mestre de si mesmo, onde o seu maior símbolo é o autoconhecimento.

Como resultado desses ensinamentos, vislumbra-se o impulsionamento da capacidade de pensar e a prática de virtudes e de ações concretas no mundo profano, de forma transformadora, forjando um cidadão consciente que procura fazer tudo de forma justa para promoção do bem e para tornar feliz a coletividade, como consequência do seu aperfeiçoamento pessoal e influência na sua esfera de relacionamentos, com o reconhecimento de todos os que o rodeiam. A convivência com esse Maçom aprimorado torna-se uma experiência prazerosa e inspiradora com efeito multiplicador incomensurável.

Com o propósito de perenizar esse valor e colher frutos sempre saborosos, temos no quotidiano das nossas Lojas exemplos daquelas que são bem geridas, disciplinadas na ritualística, ricas nas atividades e que observam o cumprimento das regras e fundamentos da Ordem, sendo bem reputadas e objeto de visitas constantes de irmãos de outras Oficinas, que se procuram inspirar para melhorar o desempenho, praticando o tradicional método do benchmarking, comparando ações, avaliando a gestão e clima de convivência.

Naqueles casos de amor à primeira vista, muitos obreiros impedidos de chegar ao óptimo individual nas suas Lojas de origem, aí incluídos iniciados recentes, e munidos de coragem e em busca de desafios, partem para o pedido de transferência, vislumbrando a possibilidade de aprimoramento pessoal.

Talvez seja prematuro especular, mas no retorno das nossas atividades presenciais, após esse período de pandemia, muitas mudanças poderão ocorrer, em especial naquelas Lojas que resistiram e não organizaram reuniões virtuais, fragilizando o culto aos valores vinculados aos laços fraternais e de estudos.

Dentre as Lojas que não conseguem reter os seus obreiros e sentem minguar a sua força de trabalho, com o enfraquecimento das suas Colunas, o diagnóstico desagua frequentemente em deficiência no processo de gestão, quando não é dada a devida importância ao aperfeiçoamento dos obreiros, contribuindo para o desinteresse, o desencanto e a deserção de muitos irmãos, pela falta de oportunidade de treinamento, de discussões de temas relevantes e de um ritualismo vazio, um teatro repetitivo apenas para cumprir tabela.

Uma Loja não consegue evoluir com o freio de mão puxado.

Ocorre que, elaborar uma análise da Maçonaria como um observador acima do bem e do mal, sem o espírito de pertencimento e de corresponsabilidade para com os destinos das nossas Lojas, independente de cargos, graus e qualidades, confortavelmente instalados em ambientes aconchegantes – em especial nesse retiro domiciliar cumprindo o distanciamento social recomendado pelas autoridades de saúde, pode ensejar tarefa aparentemente simples. Por sua vez, apresentar críticas sobre a gestão da Loja e sugerir medidas de correção pode recair em mais do mesmo, dependendo da forma e do poder de argumentação do avaliador.

Porém, quando se pensa no que individualmente podemos fazer para contribuir para a eficácia das nossas Lojas, para a efetiva aplicação dos valores maçónicos, aí o bicho pega. É o velho dilema de enfrentar o questionamento de que conseguimos avaliar e dar bons conselhos para os outros, mas não o conseguimos para nós mesmos, causando certo desconforto.

É o conhecido “Paradoxo de Salomão”, uma situação em que temos bons argumentos para resolver os problemas dos outros e dificuldades em solucionar os nossos pessoais.

Dar apenas uma opinião, de longe é o melhor. A alternativa de argumentar que a Loja está com um projeto em discussão (eterna) ou ainda está colhendo sugestões é a melhor das desculpas. Quantas já superaram esta fase e já estão agindo efetivamente? O mundo lá fora continuará aguardando as nossas providências? Como ficam os valores que cultuamos e a nossa credibilidade, em especial junto aos novos iniciados “ainda” cheios de esperanças?

O que não falta nas nossas Lojas são manifestações do tipo: “já disse várias vezes e já dei diversos conselhos, mas ninguém prestou atenção!”, ou então a conclusiva e desanimadora: “as minhas palavras foram levadas pelo vento, doravante não falo mais nada”, e por aí vai. De forma inapropriada, ouve-se nos átrios de distantes Potências comentários do tipo “eu faria diferente…”, característico dos “engenheiros de obras feitas” ou a “fácil sabedoria ex-post”.

Onde estaria esse sabichão da Ordem na hora de fazer o que seria o certo?

Em muitas oportunidades, a eventual sugestão ocorreu de forma atabalhoada, carregada de emoções, em situações em que o obreiro atravessa a ritualística e quebra a harmonia dos trabalhos com comentários paralelos, julgando-se senhor do certo e do errado.

Outros apontam deslizes de forma abrupta, como se donos fossem, com ar professoral e recorrendo à condição de “fundadores”, usurpando função dos titulares responsáveis, quando não reclamam de uma determinada circunstância, falando fora de hora e invocando “questão de ordem”, funcionando, enfim, como um anti modelo. Que valor estaria faltando?

Em tempos reuniões em videoconferências e de redes sociais agitadas como uma tormenta de Verão, grupos de WhatsApp que se transformam em verdadeiras Oficinas de trabalho, com total descumprimento das recomendações de que determinados assuntos fiquem restritos a sessões ritualísticas e que existe uma “Bolsa de Propostas e Informações” continuamente preparada e ávida para receber pranchas bem fundamentadas, com contribuições de todos e de que existe uma forma protocolar de encaminhamento. Continua faltando algo!

Precisamos adoptar uma postura diferenciada e acolher a Maçonaria, em especial a nossa Loja, como um património, um valor pessoal, um tesouro a ser administrado, conservado, aprimorado e desfrutado com muito carinho, não apenas delegando ao Venerável e aos Vigilantes a responsabilidade para tal.

Torna-se imprescindível colocarmo-nos no lugar deles e ver os problemas das nossas Lojas de uma perspectiva diferente, pois o legado dos irmãos que nos antecederam precisa ser honrado e somos os únicos que poderão dar continuidade à obra e deixar a nossa marca para as gerações que nos irão suceder, em especial a Geração “Z”, ocupando ou não um “cargo” de destaque [1].

Afinal, somos uma família ou não? Estamos apenas em busca de proveito pessoal ou para posarmos de “pavões misteriosos”? Somos agora apenas figuras carimbadas em lives maçônicas, tipo políticos em campanha em busca de projeção “nacional”, participando simultaneamente de vários eventos, apenas para marcar presença?

Estamos efetivamente sintonizados com os valores maçónicos e prestigiando as atividades das nossas Lojas-mãe? Para melhor compreender e aprofundar a reflexão é aconselhável substituir o pronome “nós” pelo “eu” e aí a situação se complica. O que “eu” preciso fazer?

Neste contexto, fica claro que o problema se circunscreve à seara da disciplina em Loja ou mesmo nas atuais videoconferências maçônicas. Ah, disciplina! É isso! Nunca é demais relembrar que, em termos gerais, o termo disciplina é definido nos principais dicionários como um conjunto de regras ou ordens que regem a conduta de uma pessoa ou coletividade ou aquelas destinadas a manter a boa ordem em qualquer assembleia ou corporação.

A boa ordem, portanto, é presumida na observância e submissão ou respeito a um determinado regulamento que, no nosso caso, é precedido de um juramento de honra, um valor a ser preservado. É novidade?

Aplicada ao nosso dia a dia, a disciplina enseja conduta pautada por padrões éticos independentes de normas e regulamentos, envolvendo respeito e limites a serem observados, sob pena de gerar conflitos e dissabores. Aprendemos, desde criança, que respeito é um valor inestimável e, para conseguir realizar um objetivo, precisamos seguir regras e procedimentos disciplinares.

Neste sentido, sobressai o zelo que devemos ter nas nossas Lojas para não nos deixarmos levar pela vaidade e arroubos de poder ao incentivar ou promover alterações "desfigurativas" nos nossos Rituais ao arrepio dos Protocolos vigentes, dando provas inequívocas de arrogância e de falta de disciplina.

As reuniões maçônicas têm o condão de despertar a importância da disciplina, como fator de educação, para que possamos encarar os desafios da vida. Este valor é nos ensinado e temos boas referências de normativos a orientar as nossas ações.

A autodisciplina é uma habilidade que requer consciência crítica e capacidade de observação amparada por procedimentos e hábitos que nos impomos com alguma finalidade. Então, sabemos o que fazer. É uma questão de atitude. A avaliação que precisamos enfrentar é: sou um apático, um "reclamão" nervosinho ou apenas um irmão bacana, oportunista, bom de retórica e em busca de projeção pessoal? Como “eu” posso contribuir para a Loja que me acolheu com tanto carinho?

Tratando-se de perenidade das instituições, 300 anos não é pouco, mas pode não ser suficiente para garantir outro período semelhante.

Excetuando-se o Brasil, no mundo a Maçonaria está encolhendo em número de obreiros, mas ainda desfruta de bons motivos e um extenso legado a comemorar e não se pode deixar de dar destaque aos irmãos que defendem os valores ensinados pela Ordem e fazem-na respeitada e reconhecida, e que são a maioria. Por tudo isto, pergunto aos meus botões: isto aplica-se a mim ou não?

Enfim, nunca é demais repetir e enfatizar que a missão do Mestre no exercício da sua plenitude é transmitir aquilo que aprendeu, compartilhar informações e experiências, dar o exemplo, respeitar a ritualística, honrar o compromisso de ser um facilitador para os estudos dos novos Aprendizes e Companheiros, para que os mesmos sejam melhores do que aqueles que os treinaram.

O Maçom de valor (de raiz) é presente, incentivador, colaborativo, partícipe e disciplinado [2].

A disciplina é a mãe do êxito

(Ésquilo)

Márcio dos Santos Gomes

 

ESCADA DE JACÓ


 

Na Ordem Maçônica, a Escada de Jacó consiste numa alegoria que embora infinita, representa o caminho da terra para o céu através de trinta e três degraus, conforme referido no Simbolismo Maçônico, logo no seu Primeiro Grau – Aprendiz, a qual pode ser visualizada no painel correspondente.

História Bíblica Sobre a Escada de Jacó: Jacó saiu de Berseba com destino à Harã. No final do dia ele chegou a um lugar sagrado para passar a noite. Ali pegou uma pedra para servir como travesseiro e se deitou para dormir.

Então Jacó sonhou. Ele viu uma Escada que ia da terra até o céu, onde os Anjos do Senhor subiam e desciam. Em seguida, uma voz misteriosa lhes disse: “Eu sou o Grande Arquiteto do Universo, o Deus do seu avô Abraão e o Deus de Isaque, o seu pai. Darei a você e aos seus descendentes esta terra onde você está deitado. Os seus descendentes serão tantos como pó da terra.

Eles se multiplicarão do norte ao sul e do oeste ao leste, e por meio de você e dos seus descendentes, Eu abençoarei todos os povos do mundo. Eu estarei com você e o protegerei em todos os lugares aonde você for, e farei com que você volte para esta terra. Eu não abandonarei até que cumpra tudo que lhe prometi”.

Quando Jacó acordou disse assim: “De fato, o Grande Arquiteto do Universo está neste lugar, e eu não sabia disso”. Aí ficou com medo e disse: “Este lugar dá medo na gente. Aqui é a casa do Grande Arquiteto do Universo, aqui fica à porta do céu!” Jacó se levantou bem cedo, pegou a pedra que havia usado com travesseiro e a pôs de pé como um pilar. Depois derramou azeite em cima para dedicá-la ao Grande Arquiteto do Universo.

Naquele lugar havia uma cidade que antes se chamava Luz, mas Jacó mudou o seu nome para Betel. Ali Jacó fez ao Senhor a seguinte promessa: “Se Tu fores comigo e me guardares nesta viagem que estou fazendo; se me deres roupa e comida, e, se eu voltar são e salvo para casa do meu pai, então Tu, ó Grande Arquiteto do Universo, serás o meu Deus.

Esta pedra que coloquei como pilar será a tua casa, ó Deus, eu e ele Te entregará a décima parte de tudo quanto me deres”. Jacó, pois tendo partido de Bersabé, ia para Haran. E como chegasse depois do sol posto a certo lugar, onde ele queria passar a noite, pegou numa das pedras que ali havia: e tendo-a posto por baixo da sua cabeça, dormiu ali mesmo.

Então viu ele em sonhos, uma escada, cujos pés estavam fincados sobre a terra, e o cimo tocava o céu; e os anjos de Deus, subindo e descendo por esta escada, viu também o Senhor firmado no cimo da escada, que lhe dizia: Eu sou o Senhor Deus de Abrão teu pai e o Deus de Isaac. Gên. 28;28

Dicionário Maçônico Cristão.

Gilberto Lyra Stuckert Filho.

 

22 DE FEVEREIRO - DIA INTERNACIONAL DO MAÇOM


 

Dia Internacional do Maçom, instituído em data de 22 de fevereiro por ocasião da Reunião Anual dos Grãos-Mestres das Grandes Lojas da América do Norte (Canadá, México e Estados Unidos) realizada nos dias 20, 21 e 22 de fevereiro do ano de 1994, quando o Grão-Mestre da Grande Loja Regular de Portugal, Irmão Fernando Paes Coelho Teixeira, sugeriu que no dia 22 de fevereiro fosse comemorado o Dia Internacional do Maçom em homenagem à data de nascimento de George Washington.


Por ocasião dessa reunião, que teve a presença, dentre outros, da Grande Loja Unida da Inglaterra, da Grande Loja Nacional Francesa, do Grande Oriente da Itália, da Grande Loja das Filipinas, Grande Loja Regular da Grécia, de Portugal, inclusive do Grande Oriente do Brasil pelo seu Grão-Mestre Geral, saudoso Irmão Francisco Murilo Pinto, ao encerramento da assembleia, houve a concordância de que ficasse estabelecido, a partir daí, o Dia Internacional do Maçom a 22 de fevereiro homenageando assim o Irmão George Washington, fato que seria então comemorado por todas as Obediências Regulares.

A criação do dia 22 de fevereiro como “DIA INTERNACIONAL DO MAÇOM”, representa uma justa homenagem a um grande maçom, que antes de tudo, após a sua luta pela Independência de seu país, preferiu como forma de governo, uma República Democrática, transformando-se num dos Grandes vultos da História Universal.

 

A ABERTURA DO LIVRO DA LEI NOS GRAUS SIMBÓLICOS


 

Em razão da grande maioria dos Maçons brasileiros praticarem o Rito Escocês Antigo e Aceito, muitos imaginam que todos os Ritos usam os mesmos textos bíblicos. Enganam-se!

Em alguns Ritos não há abertura nem leitura de trechos do Livro da Lei:

Ritos Moderno e Schröder, além do próprio REAA praticado no Brasil desde a sua introdução no país pelo Grande Oriente do Brasil, que assim procedeu até o final da década de 1950.

Em outros, abre-se aleatoriamente, sem leitura: Ritos de York e de Emulação (York-GOB).

*GRAU DE APRENDIZ*
A abertura mais conhecida é a do Salmo 133, usada pelo REAA e introduzida pelas Grandes Lojas estaduais, que importou tal prática de algumas Grandes Lojas americanas. Atualmente, com algumas exceções, é utilizada pela maioria das Potências Nacionais e também pelo Rito Brasileiro.

Dois outros Ritos fazem a abertura no Evangelho de João 1:6-9: O Rito Adonhiramita e o Escocês Retificado, além do próprio REAA de algumas Potências, como assim o é em alguns países, como na Espanha e Portugal, por exemplo.

*GRAU DE COMPANHEIRO*
No Grau de Companheiro, temos pelo menos três diferentes aberturas do Livro da Lei:
- Amós 7:7-8 para o Rito Escocês Antigo e Aceito.
- Atos dos Apóstolos 20:34 para o Rito Brasileiro;
- III Reis 3:7-12 (na tradução católica, correspondente a I Reis na protestante) para o Rito Adonhiramita.

*GRAU DE MESTRE*
Segundo o Ritual do R.’.E.’.A.’.A.’. adotado pelo Grande Oriente do Brasil, “O Grau de Mestre, terceiro Grau do Simbolismo, em sua significação superior, consagra o princípio de que a vida nasce da morte”.

No Grau 3, o Livro da Lei é aberto em Eclesiastes, recitando-se os versículos 1, 7 e 8 do capítulo 12 (Eclesiastes 12:1,7,8).

*Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento;*
*E o pó volte a terra, como o era, e o espírito volte a Deus que o deu*.
*Vaidade de vaidade, diz o pregador, tudo é vaidade*.

Na tradição judaica este livro é conhecido como Qohélet, a quem se atribui a autoria. Qohélet significa pregador.

Esse livro foi alvo de polêmica entre os rabinos durante muito tempo, havendo quem o considerasse indigno de pertencer às Sagradas Escrituras, em razão de certas passagens contradizerem a crença teológica predominante, especialmente aquelas em que o autor expressa um caráter pessimista: a nossa existência é consagrada à morte e ninguém pode liberar-se dela, desde o melhor até o pior dos homens; consequentemente a vida é “vaidade” e inclusive a sabedoria vale de pouco. E isso escrito pelo rei Salomão, que obteve de Deus sua afamada sabedoria.

O autor não apresenta um otimismo cego: existem muitos problemas sérios da vida para justificar otimismo; tampouco um otimismo cínico, pois o autor crê num Deus justo. Temos, em verdade, um profundo realismo, identificado inclusive com o tema central que se repete seguidamente: vaidade de vaidade, tudo é vaidade.

Todavia, paradoxalmente, a vida toda do homem deve ser direcionada em reverenciar e obedecer à Deus, a quem finalmente prestaremos contas.

Nos versículos recitados em Loja, é destacada a necessidade de se refletir quanto a transitoriedade da vida, lembrando-nos também que após o transporte para o Oriente Eterno, o ser material se decompõe e incorpora-se à terra, mais tarde reflorindo e, enquanto isso, o outro ser, o Espírito, retorna à eterna fonte da vida.

Do livro O que um Mestre Maçom deve saber do Irm.’. Almir Sant’Anna Cruz




A MALDIÇÃO DA SEXTA-FEIRA 13 E O FIM DOS TEMPLÁRIOS


 A história desse dia, que até hoje deixa qualquer supersticioso bem atento para que nada de mal lhe ocorra.

Alguns anos depois do fim da 1° cruzada (1096-1099), com iniciativa de um cavalheiro francês da região de Champanha, Hugues de Payens (1074-1136) foi fundada em 1119 uma milícia militar chamada “Os pobres Cavaleiros de Cristo”.

Composta por nobres, e voluntários católicos com a missão de proteger os peregrinos do ocidente, que iam ou que voltavam de Jerusalém, em visita aos locais sagrados por onde Jesus Cristo passou, e principalmente o Santo Sepulcro.

Os Templários.

A maldição da sexta-feira 13 e o fim dos Templários Hugues de Payens (1070-1136)

Graças a inúmeras vitórias de Hugues de Payens e seu exército cada vez mais numeroso, a milícia se tornou uma ordem militar e religiosa, chamada “Ordem dos Templários” ou “Ordem do Templo” ou “Cavaleiros do Templo de Salomão” ou “Cavaleiros da Santa Cidade” ou simplesmente “Templários”.

Oficializada em 1129, pelo Papa Honório II (1124-1130), no Concílio de Troyes (França), determinava que os Templários tinham total independência moral e financeira em relação aos reis do Ocidente, e que tinham como principal objetivo a expulsão total dos invasores muçulmanos das terras Santa, e a proteção da cristandade no Oriente.

Regras a seguir:

A Igreja considerava que fazer uma guerra por motivos materiais era ilícito, mas fazer a guerra para gloria e salvação de Cristo era justo e legal. Portanto foram criadas regras a serem seguidas aos soldados-monges Templários, defensores dos valores espirituais, morais e éticos da igreja católica, e de Deus.

A 1° estava baseada no conjunto de regras redigidas por São Bento (480-547) fundador da ordem dos Beneditinos, em 529, como:

Castidade, pobreza e obediência a igreja católica Romana do Ocidente e Oriente.

A 2° regra determinava que todo o homem, nobre ou não, rico ou pobre, que participasse a pelo menos uma cruzada em sua vida estaria livre de todos os pecados cometidos na terra, e puro para entrar no reino do Senhor.

A 3° regra era lutar até a morte em nome de Jesus, para encontrar as riquezas de Deus, no céu.

Derrotas e riquezas dos Templários, na terra.

Os Templários, depois de serem expulsos da palestina pelos inimigos muçulmanos 200 anos mais tarde, se estabeleceram em países da Europa, liderados por uma organização bem articulada de Mestres e Grandes-Mestres. Corromperam-se das suas ações divinas e sagradas do Oriente, para os aspectos econômicos e financeiros do Ocidente.

A Ordem dos Templários após receberam doações consideráveis da igreja, tesouros, propriedades e dinheiro de toda corte da Europa, não estavam mais preocupados e interessados em defenderem os ideais cristãos e o poder temporal da igreja, e sim em acumular o máximo de riquezas, para controlarem as autoridades reais, que os procuravam para o financiamento de guerras particulares e expansões territoriais, sem nenhuma ligação com a Igreja.

Ricos e poderosos se transformaram em uma das principais instituições financeiras do ocidente, uma espécie de banqueiros de Deus.

Emprestaram muito dinheiro a vários monarcas como aos reis; da Espanha, Jaime I de Aragão (1213-1276); da Inglaterra, Henrique III (1216-1272); e principalmente ao rei da França, Filipe IV, o belo, (1285-1314). Também conhecido como o “cruel”.

Como Papa nem tomou conhecimento, Filipe IV começou uma campanha difamatória pesada contra ele, ao ponto enviar um pequeno exército para capturá-lo, em Roma.

O rei exigia sua imediata renúncia, pois considerava que seu poder temporal que recebeu diretamente de Deus, no dia da sua coroação era superior ao poder espiritual da Igreja e seu pequeno representante na terra, o Papa.

Bonifácio VIII, que pensava exatamente o contrário, sabendo disso, fugiu de Roma.

Punição Papal.

Encontrado em Anagni (Itália) foi espancado e torturado. Somente sobreviveu graças a população local que o liberou dos seus agressores.

Mas em 1303, Bonifácio VIII, um mês depois da agressão, e ter excomungado Filipe IV e seu principal ministro, chefe da guarda real, Guilherme de Nogaret, (1260-1313) acabou morrendo devido aos ferimentos sofridos.

Novo Papa e dívidas perdoadas.

Um novo papa foi eleito, o italiano Bento XI (1303-1304), mas como também não colaborou com a política de Filipe IV, foi encontrado morto (provavelmente envenenado) oito meses depois de ter sido eleito.

Em 1305, Filipe IV, consegue finalmente indicar e forçar a eleição de um Papa francês, Clemente V (1305-1314), e mudar a residência papal, do Vaticano (Roma), para Avinhão (“Avignon”). Podendo agora controlar a igreja conforme suas intenções.

O rei ainda muto endividado e interessado em recuperar para suas próprias finalidades, as riquezas dos Templários, como: moedas, pedras preciosas, jóias, propriedades, terras, (por exemplo, a região do Marais, em Paris) buscava por todos os meios uma forma de atacá-los.

Com ajuda do Papa Clemente V tentou ser introduzido na Ordem dos Templários, pleiteando ser escolhido como Grande-Mestre, a título honorário, e na esperança de manipulá-los pelo interior. Mas foi categoricamente recusado por Jacques de Molay (1243-1314), o verdadeiro Grande-Mestre do Ocidente, que sabia das más intenções e principalmente o desejo de não pagar a enorme dívida que possuía com a Ordem.

Uma perseguição implacável.

Desde então servindo do Papa Clemente V, como uma fiel amigo, Filipe IV começa sua rede de intrigas pela França. Mandou subornar e liberar de uma prisão um renegado Templário, Esquieu de Floyran, com o intuito que ele divulgasse pela população, mentiras, heresias e falsos testemunhos a respeito da Ordem dos Templários, e seus seguidores.

Filipe IV organizou minuciosamente seu plano, após inventariar todos os bens, tesouros, propriedades, e os principais nomes franceses, envolvidos na Ordem, mandou que seu ministro, e homem de confiança, Guillaume de Nogaret prendesse a todos.

Foi a maior operação de polícia nunca antes organizada no país, milhares de Templários foram presos por todas as partes da França.
Sexta-feira 13 e o fim da Ordem dos Templários.

Este dia, 13 de outubro de 1307, sexta-feira, ficou marcado na história como um dia amaldiçoado pelos seguidores da Ordem.

Em Paris, dos 140 presos pessoalmente por Guillaume de Nogaret, 134 confessaram (sobre tortura) que renegavam Cristo, que praticavam rituais de magia negra em reuniões noturnas e secretas, que recusavam o sacramento, que praticavam idolatria, sodomia, rituais obscenos…

Muitas outras prisões se seguiram por toda França.

A maioria dos presos quando na presença das autoridades do rei confessavam crimes inventados, mas na presença dos enviados do Papa se retratavam, pois acreditavam que somente Clemente V poderiam pleitear inocência e defendê-los das acusações, já que ainda faziam parte de uma Ordem Eclesiástica protegida e financiada pelo Papa, chefe supremo deles, na terra.

Mas se enganaram, pois o Papa deixou-os abandonados em suas prisões.

O processo de Jacques de Molay.

A maldição da sexta-feira 13 e o fim dos Templários Jacques de Molay e Geoffroy de Charnay.

O processo do julgamento para a condenação do Grã-Mestre, Jacques de Molay e companheiros seguiu conforme as diretrizes ordenadas pelo rei Filipe IV, e não pelo Papa como deveria ter sido.

Todos sabiam dos interesses que o rei tinha em recuperar os tesouros deixados pela Ordem e liquidação das dívidas. Apesar de Filipe IV, até ter conseguido recuperar muitas terras e propriedades por toda França, o cruel rei, e nada belo pelo que ordenou fazer, nunca encontrou nenhum “SONHADO TESOURO”, nas sedes do Templários.

Irritado e decepcionado pela pouca das riquezas encontradas pressionou o Papa que ordenasse a abolição total da Ordem na França. Que acabou acontecendo, em 22 de março de 1312.

Em 18 de março de 1314, Jacques de Molay e seu companheiro Geoffroy de Charnay foram queimados vivos na ilha dos Judeus (l’Île aux Juifs), ligada posteriormente a atual Ilha “de La Cité”, e onde se encontra atualmente a praça “Square Vert-Galant”, junto a Ponte Neuf, Paris.

A maldição de Jacques de Molay.

Conta a legenda que Jacques de Molay um pouco antes de morrer na fogueira olhou fixamente para o Papa Clemente V, e ao rei Filipe IV dizendo a seguinte frase:

Papa Clemente! Rei Filipe! Antes de um ano, e os cito a comparecerem ao tribunal de Deus para receber seus justos castigos! Malditos! Malditos! Todos malditos até a decima-terceira geração de suas raças!

Tradução do livro “Os Reis Malditos”, de Maurice Druon.
Maldição ou não, o Papa Clemente V acabou morrendo por asfixia em abril 1314, e o rei Filipe IV, em novembro do mesmo ano, de um AVC numa caçada. Seus três filhos: Luís X (1314-1316), Filipe V (1316-1322), Carlos IV (1322-1328), e o neto João I, (1316), morreram num período de 12 anos, sem deixarem descentes ao trono.

Fim da maldição de Jacques de Molay.

Fim da dinastia Capetiana, início da dinastia Capetiana-Valois.

Cristina Migliavacca‎ - Arqueologia & História das Religiões

SER RECONHECIDO MAÇOM…


 

Para alguém ser considerado maçom, primeiramente terá de ser reconhecido por outro como tal. Depois terá de passar por um conjunto de processos após os quais será aceito (ou não) por uma Respeitável Loja e a sua consequente Iniciação.

Mas não é tão fácil como o parágrafo anterior se apresenta, mas também não será tão difícil como se poderá supor.

Nas Maçonarias tipicamente anglo-saxónicas é usual a célebre afirmação “2B1ASK1”, ou seja, “To Be One, ask One” (Para ser Um, Pergunte a Um; numa tradução literal), o que permitirá mais facilmente atrair mais gente a esta Augusta Ordem.

Mas por norma, qualquer Obediência (Potência Maçônica) tem um domicílio físico, isto é, uma porta onde se poderá bater no caso de que algum potencial candidato que se interesse ou identifique com os princípios e causas maçônicas se poderá dirigir caso não tenha nenhum conhecido que seja maçom na sua lista de contatos ou esfera de influência. Ou também, o que sucede bastantes vezes, não tenha sido reconhecido ainda por algum outro maçom.

Mas que “reconhecimento” é esse que acabei de falar?!

Nada mais nada menos que tal como os maçons afirmam, que se reconheça em alguém que seja uma pessoa “livre e de bons costumes”, com um comportamento probo e honesto; que seja alguém considerado com bom “pai de família” e um bom colega de trabalho pelos seus pares; que esteja inserido na sociedade onde viva e que tenha vontade em aprender e partilhar o que sabe com outrem; bem como ter também a vontade em auxiliar o seu semelhante.

Todavia, e aqui algo que poderá criar confusão na mente de algumas pessoas, o candidato terá de ser alguém com defeitos, ou seja, alguém que identifique e reconheça os seus defeitos pessoais e tenha a vontade e ambição de mudar o seu comportamento para melhor – “vencer os seus vícios e paixões”. – evoluindo como pessoa e ser humano que é, através de uma via espiritual e iniciática que neste caso preciso é a Maçonaria.

Em geral, na minha opinião, não é a simples pertença na Maçonaria que tornará “homens bons” em “homens melhores”, antes pelo contrário, serão os homens que poderão tornar a instituição maçônica em algo melhor; pois as suas atitudes estarão sob o escrutínio da Sociedade. Os maçons são os seus próprios “juízes e carrascos”, o resto é conversa…

A Maçonaria através das suas “ferramentas filosóficas e espirituais” é que pode auxiliar na evolução pessoal de cada um em direção a um aperfeiçoamento moral e comportamental. Por isso é que é hábito em maçonaria se afirmar que “a Ordem não procura homens perfeitos”, pois esses já trilharam o seu caminho…

À Maçonaria interessa sim, quem deseja mudar, mas mudar para melhor…

Somente atuando assim, é que alguém pode um dia esperar ser reconhecido como maçom. Mas não lhe bastará apenas ter sido reconhecido, há que continuar nesta senda de perfeição, caso contrário, as palavras, as atitudes, os comportamentos serão vãos e apenas tudo culminará numa perda de tempo para ambas as partes, tanto para a Respeitável Loja e Obediência que o acolha, quanto para o próprio, que será passível de perder um reconhecimento que por regra não é atribuído a qualquer um!

Tanto que por isso, sempre após uma possível “identificação maçónica” num profano ou após a submissão de um pedido de candidatura de adesão a uma Respeitável Loja, é desencadeado um conjunto de diligências, nomeadamente um processo de inquirição, para que se possa averiguar qual a conduta do suposto candidato a iniciar. Seja através de conversas com o próprio ou com seus familiares e/ou amigos, para que se possa aferir quais as reais intenções de quem deseja que “a porta lhe seja aberta”.

É que fortuitamente e como em qualquer instituição ou associação onde entre o bicho-homem, também por vezes a Maçonaria tem alguns erros de casting que acabam por manchar a reputação dos demais maçons e influenciar negativamente a opinião profana sobre a Maçonaria e os seus membros. E geralmente são estes casos que vêm a público, pois o bem que a Maçonaria faz, apenas fica resguardado para ela…

E, mesmo depois de ter terminado o processo de inquirição respeitante a um candidato, o mesmo ainda terá de ser sufragado pela Respeitável Loja que o irá cooptar no futuro. E somente após essa decisão da loja, será ou não iniciado.

Por isto tudo, é que afirmei no início que não seria difícil entrar na Maçonaria, mas que por sua vez também, não será tão fácil assim como se poderia supor.

Finalizando e em jeito de conclusão, tenho para mim que antes de se entrar na Maçonaria e se obter qualquer tipo de reconhecimento, já a Maçonaria “entrou dentro de nós”.

Nuno Raimundo

Publicado no Blog “A partir pedra”

 

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