O edifício social é construído para que o cidadão possua o
atributo humano para desenvolver a sua dignidade e desde era remota vem
desenvolvendo a sua humanidade em sociedades cada vez mais organizadas e
complexas.
Na Maçonaria o Maçom destaca a honra e nobreza já perseguidas
desde sociedades mais antigas e combate os inimigos da dignidade humana: a
falsa liberdade, aquela que transforma a vida para o mal em resultado de vida e
procedimentos dissolutos como desregramento moral; promoção da falsa ordem que
redunda em anarquia, a falsa humanidade como consequência do despotismo das
massas.
Estas ideias de combate surgiram no iluminismo alemão e foram
introduzidos nas leis e dispositivos legais hodiernos.
Com o crescimento da população e conspiração ideológica, o
estabelecimento destas leis colocou fora do controle a sua aplicação. O
progresso tecnológico deu lugar a guerras de dominação sem lutas armadas e onde
passaram a figurar povos dominantes e dominados em larga escala.
Desapareceram as classes dos escravos e homens livres; hoje
todos estão de alguma forma presos ao um nefasto sistema onde uma minoria
explora a maioria nos seus próprios prejuízos, em detrimento do edifício social
que vai desfalecendo. Presa de paixões e vícios a sociedade humana derruba
constantemente a soberania da igualdade e da justiça.
Aquela dignidade que era respeitada de forma natural pelos
antigos passou a ser aviltada e desrespeitada no edifício social hodierno que
obriga aos miseráveis e oprimidos a se escravizarem de forma indigna para
sobreviver.
Negam-se às pessoas os direitos mais rudimentares de liberdade,
desviando-os do estado de direito e gerando homens desesperados que enveredam
ao crime organizado, quebrando uma cultura natural que também tinha os seus
defeitos, mas preservava valores hoje esvaziados e ridicularizados.
A instituição familiar está de tal forma arruinada que, para
coibir o crescimento populacional os governos permitem, e até incentivam, a
união conjugal de pessoas do mesmo sexo. A violência não é combatida de forma
eficaz apenas para manter o terror e a submissão. A saúde é negligenciada para
reduzir a sobrevida do cidadão e diminuir a população.
O Maçom estuda as diferenças entre orgulho, vaidade e egoísmo
para esta época marcada pelo avilte da dignidade humana onde ele se levanta
contra a tendência de desestruturação do edifício social, inspirado na lenda da
Torre de Babel descrita na bíblia judaico-cristã e que representa a confusão e
desestruturação da sociedade.
O mundo civilizado vive em permanente atividade para
desconstruir a sociedade, gerando conflitos sociais e derrubando o edifício
social na sarjeta; é do interesse das classes dominantes manter os mais fracos
submissos ao seu sistema de domínio. Grandes humanistas como Joaquim Nabuco e
Rousseau, no seu tempo, já apontavam para esta degradante situação e nos seus
trabalhos filosóficos buscam resgatar a humanidade do retorno à barbárie.
O Maçom é inspirado a levar para a sua célula social a devida
reação contra toda e qualquer injustiça promovida pelos grandes e poderosos.
Prove auxílio para os que sofrem alguma forma de tratamento
desigual pela justiça, delatando juízes e políticos prevaricadores e corruptos.
Auxilia aos que foram aviltados por extorsões, abusos e violências. É inspirado
a estabelecer justiça humana condizente com as necessidades para estabelecer a
dignidade humana e estabilizar as bases da sociedade ordeira e progressista.
Incentiva-se a integridade mantida a semelhança de Noé, quando
este foi justo e modesto fugindo ao orgulho que vitimou o planejador do projeto
da edificação que deveria alcançar as nuvens e ficou conhecida como torre de
Babel, símbolo da confusão hoje representado pelo sistema que oprime e
escraviza.
A dignidade humana com liberdade é o meio necessário para que o
homem construa o edifício social assentado nos valores da natureza humana. O
respeito pela liberdade faz o homem equilibrado constituir a sociedade
organizada no humanismo, valorizando o homem.
Dignidade só aflora com liberdade. E isto só se conquista quando
se reconhecem os valores internos do homem e não as suas posses materiais ou
dotes intelectuais. A vaidade é a pior componente do avilte do homem por outro
homem.
Descendente do sentimento social e do desejo de aprovação que
condiciona os homens a se tornarem agradáveis como exercício de falsidade e
hipocrisia; faz com que um homem queira ser mais importante que o outro, é
quando o orgulho, a auto-estima em demasia o leva a promover a submissão de
outros homens pela força. A consequência disto leva ao desmontar do edifício
social.
A escravidão nos antigos moldes é rara nos dias de hoje. A
subjugação do homem é parcial, mas tão repugnante como a antiga, onde um ser
humano podia ser conduzido a uma condição de propriedade de outro.
O que avilta os alicerces do edifício da sociedade de hoje é a
ultrajante desigualdade social que pode ser resolvida por vontade política.
Existem recursos financeiros, humanos e tecnológicos suficientes para eliminar
a mácula da servidão e miséria em questão de pouco tempo.
Mas como hoje as pessoas são dominadas pela economia, tecnologia
e falta de acesso aos bens de consumo e oportunidades em virtude da presença de
imensos e intransponíveis vales do desnível social, esta realidade parece
querer perpetuar-se.
O edifício social humano melhorou em artificialidades e técnica,
mas não em valores sociais; nisso a degradação e desmonte é visível – existe
uma grande opressão à dignidade humana em virtude da dificuldade de acesso a
melhores oportunidades e suporte de condições de vida em decorrência do
manipulado descontrole econômico ao sabor dos interesses de uns poucos grupos
de poder mundial.
Na Maçonaria busca-se a presença da premente necessidade do
despertar da consciência individual, de consciência universal para obter
liberdade necessária para nutrir a dignidade e construir uma sociedade liberta
em sentido lato.
Não é o caso de nova ideologia político partidária, mas de
marcha em sentido de restaurar valores e elevar o respeito à dignidade humana num
pedestal onde o egoísmo humano não a possa tocar. Isto faz aflorar uma nova
organização social.
É pela reorganização dos pilares que suportam a justiça social
que o homem adquire a liberdade necessária para obter dignidade de vida e de
onde obtém forças para construir um edifício social digno para si e seus
descendentes. Com o aparecimento e desenvolvimento da liberdade individual
despertará a consciência social e a vontade de servir às causas comuns da
sociedade.
As palavras na constituição são lindas e poéticas, mas a sua
consecução é um desastre em virtude da falta de força e do interesse alienígena
de fazer do povo escravos para o sistema aviltante que escraviza. Tem a
dignidade humana como fundamento, mas esta é apenas teoria. Fala-se em
erradicação de pobreza, que poderia ser eliminada num soco só, bastaria, para
tanto, apenas vontade política.
Ao invés disto criou-se uma geração de dependentes e indolentes
sem vontade alguma de trabalhar para construir e manter os valores do edifício
social. Inclusive contém nos seus artigos previsão que coíbe tratamento
degradante e aviltante, mas a realidade dos corredores de hospitais, escolas e
lares estão recheadas de péssimos exemplos de má gestão da coisa pública,
quando não desvio de verbas e outros crimes de lesa-pátria.
Arrogam-se proteção aos desamparados e esta não passa de mero
ensaio, de um faz de conta que não tem fim. Propala-se a base da ordem social e
do bem estar e justiça social e isto não passa de teatro, encenação até bem
pobre, pois é notória até ao mais simples cidadão.
Dispositivos legais existem em profusão, mas não protegem a
dignidade humana, antes, degradam-na e aviltam de forma ultrajante. Leis
existem, mas faltam força e vontade na sua aplicação.
Para o edifício social existir na sua plenitude, a ação conjunta
da sociedade deve fortalecer os direitos fundamentais do homem com liberdade;
só então este poderá conquistar vida digna. O que impede a aplicação do
diversificado cabedal de boas leis é ganância, vaidade, orgulho e outros
pecados.
Apenas o amor é capaz de tornar os homens mais modestos e
livres.
Longe de paixões e desejos exagerados passarão a enobrecer a
pratica de virtudes, obedecerão às leis, respeitarão os direitos dos outros e
cumprirão os seus deveres de forma aceitável e natural.
A educação estará em primeiro plano no planejamento dos
governantes. Liberdade de imprensa e da palavra possibilitará correção de
rumos.
Assim que o Maçom acorda em si esta disposição ele fará a
diferença no mundo em que vive. Se o fizer no seu lar já é bom. Se obtiver o
privilégio de dirigir a política e chegar ao ponto de poder influenciar nas
decisões de poder e com a sua atuação construir o edifício social, então
dar-se-á glória ao Grande Arquiteto do Universo e o homem escravo recuperará
naturalmente a sua dignidade.
Charles Evaldo Boller
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