REFLEXÕES MAÇÔNICAS


 

Ocupei a Secr. Est. de Orient. Ritual. do GOERJ, depois do GOB-RJ e também a Secr. Ger. de Orient. Ritual. do GOB... Quando ocupava o cargo de GM Est. Adj., participei das revisões dos rituais com o Irmão Marcos José.

Sempre fui ritualista e defendi a padronização das práticas ritualísticas, mas, sempre tem um ‘mas’, passei a observar a preocupação marcante dos Irmãos com esses procedimentos, em detrimento dos ‘PORQUÊS’...

Então me recordei do meu 1º Vig., ele obrigava que cada um de nós aprendizes, erámos 4, que descrevêssemos o que entendíamos de cada alegoria e símbolo maçônico encontrado no ‘Templo Maçônico’... Assim, erámos obrigados a estudar e interpretar a simbologia dos símbolos e alegorias, emitindo nossa interpretação e opinião.

Costumamos dizer que o conhecimento maçônico está oculto por símbolos e alegorias, VERDADE! Porém, a algum tempo, os maçons não estão descobrindo esse conhecimento... Estão muito preocupados em colocar o pezinho para frente depois para trás, medindo até com uma régua a distância, sem saber porque o pé vai para a frente depois volta...

Vejo os Irmão preocupados em repetir rigorosamente movimentos, posturas e palavras sem saber o porquê, como robôs, como máquinas repetindo movimentos e como papagaios repetindo palavras e frases, sem saberem o seu significado.

Estudando a história da Ordem, observamos que a primeira organização maçônica que estruturou a organização maçônica, a GL de Londres e Westminster, em 1717, depois GL da Inglaterra e posteriormente GL Unida da Inglaterra, foi fundada por Lojas Maçônicas que se reuniam em Tabernas.

Nessa altura vemos a primeira inconsistência da ordem atualmente, ao se reunirem em tabernas, antros de beberagem, comilança e promiscuidade, não seria possível a presença de qualquer livro sagrado, prática religiosa que só foi incluída nos locais que passaram a serem específicos para as reuniões maçônicas, os ‘Templos Maçônicos’, após 1717, quando o maçom James Anderson, ministro da Igreja Protestante da Escócia, incluiu a obrigatoriedade da presença bíblia nos Templos Maçônicos, na Constituição da GL, publicada em 1723, e que ficou conhecida como Constituição de Anderson.

Nós maçons, gostamos de nos proclamar ‘Livres Pensadores’, porém, um Livre Pensador é um inconformado, alguém que não aceita qualquer coisa sem questioná-la, alguém que busca o conhecimento através do estudo, da pesquisa, do questionamento e da interpretação permanente de fatos e dados disponíveis.

Somos realmente Livres Pensadores? Ou repetidores obstinados de movimentos, comportamentos, palavras e falas, sem questionar o porquê de fazer isso ou aquilo?

A ritualística é um “MEIO” para se alcançar um “FIM”, o “Conhecimento”, mas parece que a algum tempo os maçons a transformaram em um “FIM”! Segue-se o ritual rigorosamente, sem saber o porquê das práticas ali estabelecidas... O importante é cumprir rigorosamente o que determina o ritual, sem se importar em entender o porquê...

Fico preocupado ao ver a ritualística se transformar em um dogma... Pratique o que está escrito, sem questionamento ou reflexão, quando alguém erra ou questiona uma prática maçônica, parece que está blasfemando contra os céus maçônicos!

Espero que tenham entendido minha posição... O importante não é todos fazerem igualzinho, o importante é saber o que está fazendo e por quê! Por exemplo, na abertura da Loja o importante é questionar o 1º Vig. se o Templo está coberto, e isso é claro, ninguém é cego, e todos entraram juntos e trancaram as portas, então existe várias razões para o VM, fazer esse questionamento, que obviamente não é uma razão física, bem vamos em frente, a questão fundamental é o VM questionar o 1º Vig. sobre a cobertura, então, no meu ponto de vista, tanto faz a forma como o questionamento é feito – “Irmão 1º vig. qual o 1º dever do vigilante em Loja?”; “Irmão 1º Vig. qual é o 1º dever na abertura da Loja do vigilante?”; “Amado Ir. 1º Vig. qual o 1º dever do vigilante na abertura da Loja?”; “Ir. 1º Vig. o templo está a coberto”; “Irmão 1º Vig. qual é o 1º dever do vigilante na abertura da Loja?”; como os Irmãos podem observar, o mais importante foi feito pelo VM, apenas usando frases diferente, assim, o que é fundamental, o questionamento do dever do 1º Vig., foi feito!

No passado não existiam rituais, eram compiladores, que apenas traçavam as linhas básicas das sessões. Em nome dessa tão desejada padronização, os rituais foram ficando cada dia mais detalhados, incluindo falas e depois detalhando os procedimentos.

Hoje, com os rituais tão detalhados, um sujeito de inteligência mediana e que saiba ler, compra um ritual no sebo, dá uma olhada em alguns sites na internet, que explicam tudo sobre procedimentos maçônicos, entra em uma Loja, participa da sessão e se duvidar até ocupa um cargo. Pois os rituais e os sites na internet permitem que qualquer um acompanhe uma sessão e participe só acompanhando o ritual.

Mas, como os maçons faziam no passado se não existiam frases para repetir? “Frequentavam a Loja!” E aprendiam como se desenvolve a sessão, não decoravam falas, mas, sabiam o que deveriam falar, e quando deveriam falar, não existiam comandos no ritual, como – ‘Irmão M. Cer. faça isso, faça aquilo’, mas, o M. Cer. sabia o que fazer e quando fazer, assim, um invasor, mesmo que conseguisse um compilador, não iria entender nada e nem acompanhar a sessão... Maçonaria era ensinada e aprendida de “boca a ouvido!”, coisa que ouvi de um MM inglês!

Procurem estudar, pesquisar, perscrutar, questionar e descobrir os grandes ensinamentos e conhecimentos ocultos nos símbolos e alegorias maçônicos... Cabe a você, só a você, encontrar e decifrar o conhecimento oculto, pois, cada um descobrirá a mensagem que está oculta na simbologia, que foi oculta para você descobrir... Isso é desbaste da pedra, e um trabalho pessoal, unicamente seu!

Pensem nisso...

Eduardo G. Souza

 

COMO EU QUERO A MINHA QUERIDA LOJA


 

Não quero apenas mais uma Loja Maçônica. Quero uma Loja que seja um estado de espírito.

Quero um centro de solidariedade, onde todos sofram as aflições e comemorem juntos, o justo regozijo de cada um.

Quero um Templo que pode ser azul, carmim ou branco, não importa a cor desde que ele esteja ungido pelo orvalho de Hérmon, onde cada Irmão possa chorar quando quiser e sorrir com os olhos, tendo o coração franqueado à compreensão e a razão predisposta ao diálogo.

Quero ver os meus Irmãos todos os dias. Não só falar, mas também ouvir as suas opiniões e críticas às minhas ideias.

Não quero somente divergir e sim convergir no mesmo ideal.

Quero uma Loja dedicada à construção de um Templo diverso de um Templo profano: um Templo mais amigo, mais piedoso e sobretudo mais justo.

Não desejo uma loja de elite, insensível, presunçosa das suas próprias crenças, onde cada Irmão perdoe os defeitos alheios na mesma medida em que lhes são desculpados os próprios senões.

Não desejo uma Loja onde todos cumpram os seus deveres somente porque a lei assim o exige: quero uma Loja de cargos simbólicos, onde não haja apenas contribuintes, onde todos venham pelo puro prazer de vir, uma Loja que faça parte da vida de cada um, do credo de cada um, do modo de ser de cada um.

Não desejo uma Loja de maçons perfeitos; quero que o GADU anos livre dos homens perfeitos: eles nunca erram porque jamais acertam, ou nada fazem além das críticas destrutivas e maldosas. Eles nunca odeiam, porque jamais amam.

Não desejo uma Loja que mereçam a caridade que fazem a si próprio e ao próximo, porque ninguém é ainda uma pedra completamente polida.

Não desejo uma Loja completa: quero onde não haja erros e acertos, mas que se preocupe em cada vocábulo emitido, o quanto de amor transmite.

Quero uma Loja onde haja equívocos, contradições, e até mesmo ilusões. Quero uma opção de aprimoramento espiritual.

Não quero uma Loja de homens ricos: quero uma Loja onde ninguém se eleve senão pelo trabalho, onde ninguém se acomode, onde todos sejam eternos insatisfeitos e busquem incessantemente a Verdade.

Quero uma Loja onde o segredo não precise ser jurado e mesmo assim continue em segredo.

Quero uma Loja onde somente a promessa baste para configurar o compromisso de lealdade, onde todos se orgulhem dos progressos maçónicos obtidos por cada um dos Irmãos como se fosse o resultado do seu próprio desempenho.

Quero uma Oficina humana, social e voltada para o bem dos seus componentes e familiares.

Quero finalmente uma Loja de todos os dias, não somente uma Loja semanal, quinzenal, mensal ou anual.

Será que estou pedindo muito?

E você, também quer uma Loja assim?

Se é assim que você a quer, nós queremos a mesma Loja e poderemos juntos nela congregar. Construí-la só depende de nós!

Que a paz esteja convosco!

Ira Luiz Tadeu Nicolino em colaboração com Ira Odir Sampaio Chrisman

 


SER MAÇOM – DA CURIOSIDADE À SABEDORIA


 

Os termos “informação”, “conhecimento” e “sabedoria” são frequentemente utilizados com o mesmo sentido, o que traz muitas interpretações dúbias e até erróneas, principalmente no que diz respeito aos termos conhecimento e sabedoria.

A informação é o dado no seu estado bruto, captado pelos sentidos de todos os níveis: um odor, uma imagem, um pressentimento, etc. O conhecimento é a informação analisada, compreendida e incorporada. A sabedoria é o conhecimento submetido ao julgamento da Ética e da Moral. Desta forma, não há sabedoria sem conhecimento, e nem conhecimento sem informação.

No entanto, a informação que não é transformada em conhecimento é inútil. A inteligência é o dom humano capaz de “digerir” as informações, através da análise, e de a transformar em conhecimento útil. Para guardar uma informação, precisamos de retê-la na nossa memória; para guardar um conhecimento, devemos incorporá-lo na nossa mente e, consequentemente, na nossa maneira de pensar.

De forma semelhante, o conhecimento diferencia-se da sabedoria. O conhecimento que não é transformado em sabedoria está sujeito a se tornar alimento para o vício, um vício mental que, incorporado na nossa mente, passa a influenciar negativamente a nossa forma de desenvolver processos mentais.

A Sabedoria é a mãe de todas as virtudes, pois é dela que se origina a prática consciente dos bons hábitos que, incorporados na nossa forma de pensar, conduzem o homem à Verdade.

Sendo a ignorância a ausência de conhecimento, ainda que a mente possua informação em abundância, esta é menos perigosa do que o conhecimento que não é feito sabedoria, pois conhecer sem saber é como possuir uma espada sem os critérios que diferenciam a sua utilidade consagradora da sua capacidade mortal.

A ignorância é o estado original de todo o ser pensante, inicialmente desprovido de conhecimento por não ter sido alimentado pela informação obtida pela experiência e pela instrução. Sabe-se que não é possível dar conhecimento ao homem, pois este só pode ser construído por ele mesmo. No entanto, é possível fornecer-lhe informação, submetendo-o às experiências e instigando-o à busca. Para tanto, a curiosidade cumpre o seu papel de alavanca que impulsiona o homem a buscar a informação e, através desta, a construir o conhecimento.

Na iniciação Maçónica, mais precisamente na Câmara de Reflexões, existe a frase “Se a curiosidade aqui te conduz, retira-te”, que tem como objetivo alertar o candidato que este deverá desistir de ingressar na Maçonaria caso a sua motivação seja a mera curiosidade. Esta curiosidade, enquanto apenas desejo a ser saciado, age tão somente como elemento de busca da informação, não digerida e, possivelmente, mal interpretada.

No entanto, não devemos condenar a curiosidade, pois ela é parte integrante de qualquer ser pensante. Sendo um elemento útil à aprendizagem, a curiosidade é a força impulsionadora do espírito investigativo, necessário à busca do conhecimento e, consequentemente, da sabedoria.

É através da curiosidade que despertamos para a aprendizagem, lançando mão da fé – não aquela cega ao mundo e limitada aos dogmas – para perseverar na busca, utilizando a inteligência para analisar o mundo à nossa volta, colocando o conhecimento obtido sob o julgo da retidão Moral, da sinceridade de propósitos e da vigilância aos princípios universais presentes no íntimo do ser, que somos capazes de atingir a Sabedoria.

Murilo Juchem

 

VIVA A MORTE DE CADA DIA


 

Um jovem aprendiz foi procurar o seu mestre com um grande temor: ele temia a morte. Chegando ao templo, o aprendiz ajoelhou-se e abriu seu coração:

Mestre sinto-me envergonhado de dizer, mas temo muito a morte. O que devo fazer? Como posso superar esse medo?

O mestre, pacientemente, ajoelhou-se ao lado do discípulo e disse:

Nós estamos acostumados a ligar a palavra morte apenas à ausência de vida, e isso é um erro. Existem outros tipos de morte, e nós precisamos morrer todo dia.

Todo dia, mestre? Eu já tenho medo de morrer uma vez, quem dirá todos os dias – interrompeu o aprendiz.

O mestre:

A morte nada mais é do que uma passagem, uma transformação. Não existe planta sem a morte da semente, não existe embrião sem a morte do óvulo e do esperma, não existe borboleta sem a morte da lagarta, não existe um maçom sem a morte de um profano, Isso é óbvio! A morte nada mais é do que o ponto de partida para o início de algo novo. É a fronteira entre o passado e o futuro.

Vendo que o semblante do aprendiz tinha dado os primeiros sinais de alegria, o mestre continuou sua explicação:

Se você quer ser um bom universitário, mate dentro de você o secundarista aéreo que acha que ainda tem muito tempo pela frente.

Quer ser um bom profissional? Então mate dentro de você o universitário descomprometido que acha que a vida se resume a estudar só o suficiente para fazer as provas.

Quer ter um bom relacionamento? Então mate dentro de você o jovem inseguro ou ciumento ou solteiro solto que pensa poder fazer planos sozinho, sem ter de dividir espaços, projetos e tempo com mais ninguém.

Enfim, todo processo de evolução exige que matemos o nosso “eu” passado, inferior.

E qual o risco de não agirmos assim? – perguntou o jovem.

O mestre:

O risco é tentarmos ser duas pessoas ao mesmo tempo, perdendo o nosso foco, comprometendo nossa produtividade e, por fim, prejudicando nosso sucesso.

Muitas pessoas não evoluem porque ficam se agarrando ao que eram não se projetam para o que serão ou desejam ser. Elas querem a nova etapa, sem abrir mão da forma como pensavam ou agiam. Acabam se transformando em projetos inacabados, híbridos, adultos infantilizados.

Podemos até agir, às vezes, como meninos, de tal forma que não matemos virtudes de criança que também são necessárias a nós, adultos, como: brincadeira, sorriso fácil, vitalidade, criatividade etc. Mas, se quisermos ser adultos, devemos necessariamente matar pensamentos infantis, para passarmos a pensar como adultos.

Quer ser alguém (líder, profissional, pai ou mãe, cidadão ou cidadã, amigo ou amiga) melhor e mais evoluído? Então, o que você precisa matar em si, ainda hoje, para que nasça o ser que você tanto deseja ser?

Pense nisso e morra! Mas não se esqueça de nascer melhor ainda!

Do livro: “As mais belas parábolas de todos os tempos vol. II” – Alexandre Rangel (Adaptado Luciano José Antunes Urpia)

 

 

MAÇONARIA NO BRASIL – BREVE HISTÓRICO DA MAÇONARIA BRASILEIRA:




 

Mesmo na ausência de qualquer registro a respeito, é sabido que as primeiras Lojas Maçônicas surgiram no Brasil no final do século XVIII. Nessa época, os pequenos levantes voltados para libertação da colônia do jugo português estavam aflorando com bastante maturidade, tendo por base a “Independência dos Estados Unidos” e a “Revolução Francesa”.

Os grandes historiadores brasileiros, que não fazem parte da Ordem Maçônica, afirmam que a Inconfidência Mineira foi toda articulada pela Maçonaria da época, além de que, a grande maioria daqueles que conspirou contra a coroa portuguesa eram Maçons.

Dessa forma, leva-se a crer que Tiradentes, o mártir de tão importante movimento libertacionista, chegou a erguer um Templo Maçônico na cidade de Diamantina ou num local indeterminado, na tentativa de arregimentar pessoas interessadas.

Entretanto, o primeiro movimento de cunho maçônico que se tem comprovado no Brasil, surgiu no Estado de Pernambuco, na cidade de Itambé, no ano de 1796, sendo conhecido como “Areópago de Itambé”, o qual teve como um dos fundadores, o naturalista e Padre Manuel Arruda Câmara, nascido em 1752, na Vila de Pombal, na então província da Parahyba.

Arruda Câmara estudou em Portugal e na França, vindo a falecer em 1811, na cidade pernambucana de Goiana, perto de Itambé, aos cinquenta e nove anos de idade. Teve ele um papel preponderante na capital da província onde nascera, à época denominada de Parahyba do Norte.

O surgimento do “Areópago de Itambé”, que, diga-se de passagem, por motivos da política da época, usou o disfarce de uma agremiação literária e cultural, exerceu efetiva influência nos acontecimentos insurgentes no Estado de Pernambuco, quando fomentou os movimentos revoltosos de 1817 e 1824, denominados, respectivamente, de “Revolução Pernambucana” e de “Confederação do Equador”.

Ainda no final do século XVIII começaram a surgir as primeiras Lojas Maçônicas na cidade do Rio de Janeiro, as quais, posteriormente, viriam a deixar fortes registros na história maçônica brasileira, pois o seu grande objetivo estava em apoiar, de forma incontestável, os interesses britânicos na então Colônia.

Mas passado algum tempo, e depois de muitas reflexões, aliada à chegada da corte portuguesa ao Brasil, no ano de 1808, as ideias liberalizantes começaram a fluir, cujo ápice foi a fundação do Grande Oriente do Brasil, que representa a primeira Potência Maçônica em nosso país, o qual exerceu um relevante papel em pelo menos três grandes episódios da nossa história: A Independência; a Abolição da Escravatura; e, a Proclamação da República.

Porém, no ano de 1927, com o advento de novas filosofias, bem como acompanhando uma tendência mundial, surgiram às Grandes Lojas Brasileiras, dentre as quais se incluem a Grande Loja Escocesa do Estado da Parahyba, atualmente denominada Grande Loja Maçônica do Estado da Paraíba.

Deve-se ressaltar, por uma questão de justiça, que na realidade a primeira Grande Loja fundada no Brasil foi à do Estado de Amazonas, no ano de 1904, em plena época do apogeu do denominado “Ciclo da Borracha”, a qual mantinha direto relacionamento com as Grandes Lojas Americanas, apenas vindo a se unir às Grandes Lojas do Brasil, várias décadas depois.

Por fim, a partir do ano de 1970, foram criados os chamados Grandes Orientes Independentes, formando, assim, a tríade das Potências Maçônicas Brasileiras Regulares.

Dicionário Maçônico Cristão.

Gilberto Lyra Stuckert Filho.

 

FERRAMENTAS DO APRENDIZ ATÉ QUANDO USÁ-LAS?


À Glória do Grande Arquiteto do Universo!

Aqui estou entre colunas, de “Pé e à Ordem” enfrente Vós, aproveitando este pequeno intervalo do meu tempo de silêncio na Coluna do Norte, para Vos oferecer esta Peça de Arquitetura cujo tema é “Ferramentas do Aprendiz até quando usá-las?”

Ao profano quando lhe é apresentando as ferramentas: maço, cinzel e o esquadro, e lhe perguntado sobre a sua utilidade, a resposta será sem dúvida alguma para o uso na construção civil e mais ainda, dirá também que tem mil e uma utilidades.

Mas, quando esse profano recebe a Luz da Verdade Maçônica, iniciado nos Augustos Mistérios da Maçonaria, e lhe é apresentado as mesmas ferramentas, a resposta será revestida de muito simbolismo.

Certamente, o Iniciado Maçônico não terá toda a compreensão do real significado das ferramentas que utilizará na sua caminhada como Aprendiz.

Outra questão a se colocar sobre as ferramentas do Aprendiz, é: o Esquadro, o Maço e o Cinzel, dentro de toda a simbologia Maçônica, são ferramentas exclusivas do recém-chegado, iniciado, ex-profano, Aprendiz?

A resposta a esta questão, poderá ser abstraída da leitura dessa Peça de Arquitetura juntamente com a realidade evolutiva espiritual e moral de cada IM.

Na histórica Maçonaria Operativa, em sua origem, que remonta a idade média, as ferramentas mais utilizadas pelos construtores eram o maço, cinzel e o esquadro. Dessas, surgiram lindas construções, Catedrais, Palácios, Pontes e Castelos.

Esses construtores de sonhos, chamados pedreiros livres, tinham uma organização muito bem concebida. Entre eles, tinha uma hierarquia de conhecimentos os quais se respeitavam como irmãos, solidários e fraternos. Dentro desse organograma têm-se o Aprendiz, o Companheiro e o Mestre, cada qual com sua função; sendo que eles passaram a chamar a atenção de muitos intelectuais, e suas reuniões de ofícios eram frequentadas por muitos daqueles.

Não demorou muito, para que os Maçons Operativos, se virem sugados pela grande transformação que ocorria na Europa, a Revolução Industrial. Essa trouxe uma nova forma de ferramentas, as máquinas, que substituíam o trabalho manual. Assim, findando o século XVIII, o maçom operativo “não teve outra escolha a não ser se tornar operário fabril e trabalhar uma média de 80 horas por semana”. Desaparecendo em definitivo, restando a Maçonaria Especulativa que manteve a tradição de seus ensinamentos, a qual passou para um novo tipo de construção, “a construção de si mesmos!”. Surgem os Maçons Especulativos.

Isso mesmo, em vez de usar o cinzel e o maço nas pedras para erguerem Catedrais, de agora em diante, irão usá-los em seu próprio corpo, representado pela PB, a qual deverá ser desbastada, esculpida e cinzelada, transformando em uma PC (perfeição).

Finalizado esse ponto introdutório, chega-se ao simbolismo das ferramentas, as quais o Aprendiz Maçom deverá de agora até o final de sua existência física, (retornando para o Oriente Eterno, ao encontro do Grande Arquiteto do Universo), utilizar constantemente na sua lapidação, “Levantando Templos à Virtude e cavando masmorras ao Vício”.

As três ferramentas devem ser utilizadas em harmonia, pois, usadas separadas, não se consegue chegar ao fim desejado, qual seja: P C.

A primeira ferramenta Maçônica do Aprendiz é o esquadro o qual tem como finalidade conferir a perfeição dos ângulos retos (virtuosos) da futura PC. Mas, o seu simbolismo nos leva a compreender que esta ferramenta também representa a equidade, a justiça e a retidão de caráter.

Já em relação as ferramentas maço e o cinzel, temos os instrumentos de lapidação da PB que será transformada em P C, posto isto, o maço sendo uma espécie de martelo, representa a força, o peso, o desejo de trabalhar na dominação das paixões.

O cinzel sendo um instrumento pontiagudo e contundente, representa a inteligência, pois direcionado nas imperfeições da PB, controla a força do maço.

O Aprendiz sabendo de suas imperfeições, saberá utilizar o maço e o cinzel, direcionando este, nos pequenos como nos grandes vícios (morais). A força e a inteligência (maço e cinzel) e a retidão (esquadro) têm um poder transformador sobrenatural sobre as imperfeições humanas.

Mas, reportando a pergunta inicial dessa Peça de Arquitetura, na qual indagamos, as ferramentas do Aprendiz são exclusivas deste? A reposta é subjetiva a cada Ir, mas, podemos responde-la também com outra pergunta:

Na passagem pelo Grau de Aprendiz, este não teve “boa-vontade” de utilizar corretamente as suas ferramentas, poderá ele utilizar, quando receber aumento de salário, passando ao o Grau de Companheiro? Mas, neste Grau, também lhe faltou “boa-vontade” e não soube aproveitá-las, e agora já é MM, o que fazer? Posso utilizar as ferramentas que ficaram lá atrás (muito tempo) no meu início de Maçonaria? Não seria vergonhoso, agora um MM, usar um maço e cinzel? Mais ainda, já sou Grau 33, lembro ainda daquelas ferramentas tão brutas?

Não esqueçamos meus IIR, antes de responder a estas questões, na da abertura dos trabalhos da Loja, o VM faz a seguinte pergunta: “Para que nos reunimos aqui, Ir 1° Vigilante? Para combater a tirania, a ignorância, os preconceitos e os erros; para glorificar o Direito, a Justiça e a Verdade; para promover o bem-estar da Pátria e da Humanidade, “Levantando Templos à Virtude e cavando masmorras ao Vício”.

Este é o objetivo maior de todo Maçom!

O grande escritor russo Liev Tolstói nos traz importante crítica, quando nos diz “Cada um pensa em mudar a humanidade, mas ninguém pensa em mudar a si mesmo”, ou seja, a lapidação é individual. LAPIDEMOS!

Antônio Marcos Teodoro Silva

Aprendiz Maçom – CIM 333589

ARLS Adelino Ferreira Machado nº 1957

Referências Bibliográficas:

Artigo: PIRES, Aurélio Sampaio. PIRES, Anselmo Sampaio. GUEDES, José Luciano.

CARVALHO, Rogério Batista. Levantar Templos a Virtude e Cavar Masmorras ao Vício, o que significa isso? 2017. Agenda Maçônica Brasil. Disponível em: https://agendamaconicabrasil.com.br/midias/trabalhos-maconicos/Aprendiz/levantar- templos-a-virtude-e-cavar-masmorras-ao-vicio.pdf

Artigo: ISMAIL, Kennyo. A História da Maçonaria para Adultos. No Esquadro. 2023. Disponível em: https://www.noesquadro.com.br/historia/historia-da-maconaria-para- adultos/

Artigo: RAIMUNDO, Nuno. Estar Aprendiz. A partir da Pedra. 2016. Disponível em: https://a-partir-pedra.blogspot.com/2016/11/estar-aprendiz.html Disponível em: https://www.freemason.pt/ferramentas-grau-aprendiz/

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