Havia em um lugar
distante, num tempo que se perde na história da antiguidade, um povo que
enfrentava os mesmos problemas existenciais, que acontecem no enfoque dos
padrões morais, intelectuais e éticos que vivemos nos dias atuais.
A Viúva do Mestre
Hiram, A Grande Mãe Maçônica, Senhora dos Augustos Mistérios, mantinha também
naquele lugar, vários Templos consagrados ao Grande Arquiteto do Universo, para
que Ele fosse glorificado, e desta forma, transmitisse aos Seus filhos, sob a
égide do Livro da Lei,
Havia ali, apesar dos
propósitos da virtude que cava profundas masmorras aos vícios, muitos conceitos
e preconceitos, deliberadamente direcionados ao poder puramente material,
temporal e passageiro, como, a política corrupta, e os conchavos, que acontecem
sempre para o favorecimento dos grupos economicamente poderosos, excludentes
dos mais fracos, dos oprimidos, e dos inocentes que não tendo utilidade aos
seus propósitos, eram sempre descartados e desprezados.
Para que houvesse um
notável e digno exemplo que se traduzisse na construção dos Templos que melhor
dignificassem, valorizassem o trabalho que edifica a virtude, surgiu ali
naquele lugar, junto daquele povo, alguém, alguns, capazes de reestruturar,
ordenar, disciplinar, hierarquizar, de forma Justa e Perfeita, os antigos
preceitos da Arte Real.
E assim aconteceu.
Surgiu uma nova
Potencia.
Jovem, Esperançosa,
bem Comandada.
A região que este povo
vivia era muito vasta, e ao sul, depois de um breve tempo, foi sagrado um
Templo da nova Potencia Maçônica.
Os obreiros que ali
foram iniciados, elevados e exaltados, logo se aproximaram de outros homens de
bons costumes, que residiam em povoações vizinhas, e os iniciaram com seus
conhecimentos maçônicos, para que também se tornassem seus irmãos maçons.
Tudo transcorria bem,
sessões ritualísticas eram sempre trabalhadas. Faltou-lhes, porém, na
continuidade do exercício viver maçônico, a grande e imprescindível virtude do
fraterno amor, que aliada à humildade, proporciona em qualquer ocasião, a justa
e perfeita integração de todos os irmãos.
De repente tudo se
desestabilizou, irmãos que foram para outras lojas e Potencias, e depois jamais
conseguiram serem admitidos por elas (foram enganados, o objetivo era destruir
a novel Potencia e sua loja naquele lugar); outros, que se perderam pelas
promessas dos primeiros.
O Grão Mestre,
perplexo com tudo que aconteceu de forma abrupta, inesperada, convocou um velho
obreiro, que residia ali, para que este fosse o Venerável Mestre Interventor e
assim, o responsável pela reestruturação de um novo quadro de obreiros.
O início de qualquer
tarefa é sempre difícil, o reinicio é mais complicado, e mais difícil ainda, é
desgastante, pois sempre ficam as sequelas da desarmonia, das perdas dos irmãos
inocentes que se deixaram enganar, enfim, a quebra da Egrégora produzida no
Templo, - luminosa, aconchegante, produtora da paz e da perfeita união, se
esvai, somente o tempo, com a fraterna e amorável participação dos novos irmãos
admitidos em Loja é que irão se mesclando, se sublimando e se unificando,
gerando, formando, as novas energias que suprirão, substituirão as que
anteriormente haviam se perdido.
O velho obreiro se
empenhou se esforçou, e quando transferiu o malhete da sabedoria ao seu
sucessor, não havia mais os aparentes vestígios dos tristes acontecimentos ali
registrados.
Passado um tempo,
novamente surgiram acontecimentos desagregadores, tudo indicava que haveria um
novo motim, e com ele, uma inevitável debandada de irmãos.
O velho obreiro
convocou uma reunião no Templo, depois de reunidos, chamou a todos os irmãos
que fossem até o átrio; contentes, descontes surpresos, indecisos, culpados e
inocentes, e em alto e bom tom, lhes disse:
- Meus irmãos!
- Tomastes
conhecimento da missão que tendes com a vossa pedra bruta, desde a vossa
iniciação! Eu vou agora fazer com o Compasso um círculo do tamanho que caiba
todas as vossas pedras, colocai cada um de vós, dentro do circulo traçado, a
vossa pedra.
Todos, um tanto
surpresos e desconfiados, foram depositando suas pedras.
Surpreendentemente as
pedras formaram uma só pedra de um tamanho bem grande, disforme e de aparência
feia, sem as marcas da lapidação que todos afirmavam em sessões, estarem
realizando.
Isto feito, o velho
obreiro convidou-os a sair do Templo e estendeu o seu braço e apontou o seu
dedo na direção de uma elevação do terreno que formava uma íngreme subida,
pedregosa, difícil até o topo de um monte, e disse-lhes:
- Meus irmãos, vejo
que todos estão paramentados de mestres. Conheceis as ferramentas mais
apropriadas para que possais com vossa força, com a beleza dos vossos ideais
maçônicos, com a sabedoria que suplicais desde o vosso ingresso em nossa ordem,
levardes até o topo do monte a pedra disforme, que se formou da unificação das
vossas pedras, estais dispostos a cumprir esta missão?
Houve ali um grande
silencio.
Havia entre os irmãos,
um que se considerava o irmão astuto, que afoitamente falou:
- Eu não aceito isto, pois cada um é responsável
pela sua própria pedra, a minha eu garanto que levo sem dificuldades a qualquer
lugar por onde vou. Vamos meus irmãos, este velho é um bruxo, é sempre o irmão
terrível, quer nos fazer sofrer e nos humilhar.
E repetiu:
- Irmãos! Eu sempre facilitei tudo para vocês, é
certo que peço sempre vos tenho pedido algo em troca, mas sempre vos dou mais
do que peço, e sempre fui irmão e amigo de todos, vamos pegar cada um de nós a
nossa pedra, e nos retirarmos daqui, já tenho um novo lugar, amplo, bem
construído, retiremo-nos daqui, para que todo este esforço, esta forma
antidemocrática e impositiva de comandar.
Qual não foi a
surpresa do irmão astuto, ao retornar ao átrio e entrar no círculo para apanhar
a sua pedra, esta se desmembrou da maior, e caiu bem em cima do seu pé.
Neste meio tempo, os
que nele acreditaram, afoitamente também foram pegar as suas. O irmão astuto
reclamava da injustiça havida, seu pé doía demais, a dor subia até a cabeça, e
coitado, sapateava, pulava num só pé, repetia:
- Que fiz para merecer isto?
Os demais que lhe eram
simpáticos, solícitos, o ergueram e o colocaram assentado em um banquinho que
foram buscar, diga-se de passagem, sem permissão, na Câmara de Reflexões.
O irmão astuto pensou
consigo: “ora bolas, para quê reflexão, eu sou o cara!”
Quando a metade dos
irmãos ali reunidos retiraram suas pedras da pedra unificada, obedecendo
ao irmão astuto, que lhes pediu que dois deles, lhe carregassem no colo, juntos
foram saindo de mansinho, sorrateiramente, olhando os irmãos que ficaram ali,
de um modo estranho, como quem diz, - coitados.
Acontece que com o
passar das horas, as pedras que carregavam juntos na caminhada com o irmão
astuto, começaram a se tornar cada vez mais pesadas, quentes, com as suas
arestas a lhes ferir os dedos, a lhes machucar as mãos, judiar, a produzir um
grande incômodo.
O irmão astuto que já
não suportava a sua própria pedra, não poderia naquela ocasião culpar alguém,
ou pedir que um dos irmãos que o seguia a carregasse, pois certamente seria
cobrado pela decisão que tomou, então parou um pouco a sua caminhada, pensou,
refletiu, e disse todo faceiro:
- Para que pedra bruta, meus irmãos?
E disse mais:
E disse mais:
- O que vale é a força do pensamento. Joguem
fora estas pedras, as nossas verdadeiras pedras já estão polidas,
esquadrejadas, prontas, esperando por nós no novo templo.
Foi um alívio geral,
todos jogaram rapidamente suas pedras na beira do caminho.
Imediatamente, a mesma
venda que cobriu a visão de cada um deles quando de suas iniciações, lhes
cegou, e o pior, não conseguiam tirá-la.
Ouviram a voz do irmão
astuto que lhes prometia salvar daquela terrível situação, no meio de uma
gritaria horrorosa de cobranças e arrependimento.
De repente o irmão
astuto se calou, a força do seu pensamento que ele tanto apregoava, não
funcionava como ele tanto havia se gabado. Rengueando, tremendo, estendeu o
braço e apoiou sua mão no ombro de um dos seus irmãos, e silencioso, quieto, a
cabeça doendo. Esperava sair daquela incomoda e malfadada situação, pois
sempre se aproveitava de alguém para se socorrer, em qualquer situação.
Cegos,
sofrendo, todos ouviram uma voz que conheciam muito bem.
Era o Grão Mestre que
tendo sido avisado pelo velho obreiro, de toda a situação, veio o mais rápido
que pode, para lhes falar, mesmo que esta fosse a última vez:
- Irmãos! Abris os vossos olhos!
- Antes que vos percais por caminhos escabrosos,
vos perdoo, porém, tendes que retornar ao Templo, vos darei um prazo, de que lá
vos encontreis em nossa próxima Sessão mas, se derdes um passo em direção
do irmão astuto, no intuito de segui-lo, será tardio e não mais aceito o vosso
arrependimento, pois deste momento em diante, o irmão astuto está expulso de
nossa Potencia, e vós como disse, não mais podereis retornar ao encontro dos
irmãos que lá ficaram em nosso Templo, e assim, também, do velho obreiro, que
jamais vos mentiu, ou se aproveitou de nenhum de vós!
Os irmãos que haviam
ficado no Templo, junto com o velho obreiro, constataram que após a debandada
dos irmãos que buscaram as facilidades que imaginaram encontrar, que agora a
pedra tomara uma nova forma, ela agora era cúbica, e era perfeitamente visível
que precisava dos desbastes que só o trabalho bem feito, dos verdadeiros
mestres, através do tempo a poderá aperfeiçoar.
Um dos irmãos falou ao
velho obreiro:
- Somos mestres, mas
sabemos das nossas limitações, podemos buscar as nossas alavancas de
companheiro maçom, para levarmos a nossa pedra única, pois somos um, e juntos,
unidos, haveremos de chegar até o cimo do monte, para lá erigirmos o nosso novo
Templo?
O velho obreiro,
sorrindo lhes afirmou positivamente.
Contentes e
satisfeitos os irmãos começaram a conduzir juntos, unidos, a pedra única,
persistindo, ajudando-se mutuamente, sinceramente, ninguém se esquivando da
doação do seu próprio esforço, iniciaram a caminhada rumo ao topo do monte,
para o futuro assentamento da pedra que será o fundamento, no lugar ideal para
o inicio da construção de um Novo Templo da Virtude. Mestres que são, farão uso
da Trolha para os retoques finais, quando a Grande Obra estiver sendo
concluída.
O Velho obreiro,
explicou-lhes que o Tempo, Senhor da Verdade e da Razão, sempre privilegia os
bons maçons, e mostrou-lhes uma representação simbólica:
O compasso traça o circulo
que internamente nesta ocasião, se subdivide em espaços iguais, no traçado das
horas, minutos e segundos;
O esquadro, que ali se
insere, completa a figura alegórica, formando os dois ponteiros do conjunto
simbólico, que representa o Relógio do Tempo, que a Maçonaria Universal usa
para a Gloria do Grande Arquiteto do Universo, e assim a Verdade e a Justiça
sempre se estabelecem, num tempo alheio ao nosso, e, é justamente por isso
que se mantem Viva, Atual, Fraterna, Vigilante, Forte, Bela e Sábia, para
que seja enquanto o mundo existir, o apanágio da Liberdade, do Trabalho, e da
Fraternidade, e desta forma sempre conceda aos Seus filhos que se mantêm
fieis, o bom, o justo e o perfeito viver.
O velho obreiro deu
conta do trabalho realizado com seus irmãos, ao amado Grão Mestre que ali
retornou dizendo-lhe:
- Meu Sereníssimo
Grão Mestre, agradeço-lhe pelo Seu permanente e constante cuidado, pela sua
prudência, pelas suas sábias recomendações e pelos seus ensinamentos maçônicos;
também pelo seu amor sincero e fraterno, por todos os irmãos.
- O seu exemplo sempre
há de nos fortalecer, nos unir e nos animar nos passos maçônicos, que um dia
nos foi oportunizado conhecer, aprender e praticar.
Finalizando o velho
obreiro anunciou as demais Lojas Irmãs Maçônicas:
- Ao oriente da minha
região, agora;
Tudo está J.’.P.’.
Autor
Ir.’. Orlei Figueiredo Caldas, MI, 33º
Ir.’. Orlei Figueiredo Caldas, MI, 33º
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