Fraternidade! Linda palavra! Meiga, doce e suave! Ao expressá-la tem-se
a impressão de sentir-se mais humano, mais espiritualizado, mais justo na
presença de Deus. Analisados com a razão, de modo sincero e honesto,
observam-se dois ângulos distintos de análise. De um lado, quando ouvimos ou
lemos algo sobe fraternidade, ficamos sensibilizados pelo seu profundo
conteúdo, é tão altruístico e harmonioso, e seu poder de amar pode amenizar, e
talvez, acabar com as tantas guerras que assolam o mundo.
De outro lado, de uma ótica prática, deixa muito a desejar. Não é
ousadia afirmar que ela pouco funciona. Muito pouco! E isto porque o homem
ainda não a compreendeu, ou ainda não penetrou fundo na essência maravilhosa da
fraternidade humana.
Repetidas vezes o homem afirma que somos irmãos, na prática, porém, ele
julga-se diferente dos outros. Dá a si um ar de superioridade, considera-se
mais inteligente, mais sábio ou mais esperto que seu próximo. Ao misturar-se
com seus semelhantes, o faz apenas em sentido de respeito ou de educação,
jamais no aspecto lato de igualdade ou de fato irmão.
Exemplos de verdadeira fraternidade são raros.
Existe uma parábola que transmite uma maravilhosa lição e ilustra o que
poderia ser verdadeira fraternidade: Numa fazenda, onde havia vasta plantação
de milho, recém germinada, cujos pés não passavam de um metro de altura, e onde
trabalhavam centenas de camponeses, certo dia, uma criança de apenas três anos
de idade, filha de um dos casais de colonos, perdeu-se naquele imenso deserto
verde da plantação.
Os pais, ao terem conhecimento do fato, desesperados,
puseram-se a procurá-la. Porém, como a plantação era muito grande e a criança
pequena, tornava-se difícil encontrá-la.
Imediatamente, ao serem informados da dificuldade do e perigo, pois
algum animal poderia atacar e matar a criança, todos os trabalhadores, cada um
a seu modo, invadiram a plantação efetuando buscas.
Infelizmente, todas as investigações resultaram infrutíferas.
Ao lado da fazenda havia outra propriedade rural, também com centenas de
trabalhadores. Infelizmente entre as duas comunidades havia permanente clima de
desentendimento e rusga. Mas, ao saberem do acontecido não vacilaram um
instante em abandonar as rivalidades, e a uma só voz de fraternidade, para lá
se dirigiram entrando na plantação para também, cada um a seu modo, encontrar a
criança.
Todos os cantos foram vasculhados, porém sem êxito. O dia foi passando,
a noite se aproximando e a criança não era encontrada.
Em dado momento, todos reunidos, lamentando a falta de sorte por não
terem conseguido salvar a criança, aumentado com o desespero dos pais, um dos
trabalhadores, como se tivesse recebido uma mensagem de uma entidade superior,
em voz firme e enérgica ponderou:
- Da maneira que estamos fazendo não encontraremos a criança. Vamos dar
as mãos uns aos outros. Formemos uma ala compacta, em toda extensão da
plantação, e todos, de mãos dadas, marcharemos para frente. Assim agindo, um de
nós vai com certeza esbarrar com a criança.
A ação foi rápida. Imediatamente começaram a marcha todos de mãos dadas.
Não é preciso dizer que o milagre aconteceu. Marchando lentamente, mas
bem seguros, depois de meia hora, alguém esbarrou com a menina, e logicamente,
sã e salva.
Logo depois, todos estavam reunidos fora da plantação, jubilosos pelo
êxito alcançado. Naquele momento comovente, involuntariamente, formou-se um
profundo silêncio, como se todos tivessem caído em profunda meditação, todos
analisavam o acontecido.
A mãe da criança, olhando ara o alto em louvor a Deus, exclama:
- Benditas sejam as mãos dadas, só assim minha filha foi salva!
Em seguida, seu esposo, ouvindo aquelas palavras, grita também:
- Benditas sejam as mãos dadas!
E analisando o profundo amor fraterno e mais especialmente o altruístico
efeito prático, de ímpeto, com grande entusiasmo fraternal, dirigiu-se a todos
os companheiros dizendo-lhes:
- Por que não andamos e vivemos sempre de mãos dadas?
Reparem meus caríssimos irmãos, as contradições referentes à humanidade
apresentadas atualmente no mundo. De um lado avaliemos a parábola em que
centenas de pessoas se uniram fraternalmente para salvar a vida de uma criança.
De outro, alguns dirigentes de nações que ordenam o massacre de milhares de
inocentes e indefesos seres humanos. Cada qual defende suas razões, pouco
convincentes em sua maioria. Cabe aqui uma pergunta: quando e como acabarão as
desumanas guerras?
Uma andorinha só não faz verão, reconhecemos e afirmamos, até de forma
melancólica, que só através da fraternidade e do amor Universal poderá aportar
a paz entre os seres humanos. Mas isto só será possível se a humanidade, de
mãos dadas, aprender, praticar e viver de fato a verdadeira fraternidade!
Ewald Boller, auditor e maçom de nacionalidade brasileira. Nasceu em 11
de setembro de 1925 em Corupá, Santa Catarina. Faleceu em 6 de abril de 2002 em
Curitiba, Paraná, com 76 anos de idade, desastre rodoviário.
Grau do Texto: Aprendiz Maçom.
Área de Estudo: Comportamento, Espiritualidade, Filosofia, Maçonaria,
Tolerância.
Loja Apóstolo da Caridade 21 Grande Loja do Paraná.
Local: Curitiba.
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