Quando o Maçom do Rito
Escocês Antigo e Aceito passa ao Grau de Mestre, todos os seus Irmãos,
independente de Grau, identificam-no por um sinal visível externo; é um Chapéu,
que simbolicamente representa uma coroa.
Esta coroa une o que
está debaixo dela, o homem, com o que está acima, o divino, servindo de limite
entre quem a carrega com sua componente transcendental. E através desta coroa
que o Mestre Maçom alcança decisões racionais que estão muito acima da
escravidão sensorial.
Esta conexão propicia
capacidades que vão além do simples pensar. Se persistir, for dedicado e
estudar, este homem será capaz de desenvolver potencialidades elevadas até
então desconhecidas para ele.
A coroa do Mestre
Maçom sobre sua cabeça é um Chapéu de feltro de abas moles e caídas, sem o qual
ele não comparece em Câmara do Meio.
Quando em Sessões de
outros Graus é como se esta coroa ali estivesse, pois dentro do Templo, em Loja
constituída, é o local onde ele desenvolve sua capacidade de discernimento
e visão equilibrada, objetivo de todo Maçom que escala a escada de Jacó.
O chapéu faz de sua
aparência uma pessoa eminente, um Venerável Mestre, à semelhança do monge da
Idade Média que dirigia construções feitas em pedra. Por terminar em forma de
domo, o chapéu afirma uma soberania absoluta sobre si e confirma que ele
continua desenvolvendo em sua caminhada de Aprendiz.
Ao elevar-se acima da
cabeça, o Chapéu é insígnia de poder e luz, significando conhecimento. Comparar
o Chapéu a uma coroa é dar a este o significado de uma capacidade sobre-humana,
transcendente. Este paramento simboliza a obliteração do mundo material e
concentra simbolicamente capacidades na solução de problemas da humanidade, é o
persistir na tarefa de desbastar a Pedra Bruta.
A coroa é como uma
antena que simbolicamente se conecta a outra dimensão, uma potencialidade
construída na mente. Em sendo negro, sabe-se pelas leis da física que esta
ausência de cor absorve todos os comprimentos de onda do espectro da luz
visível e invisível aos olhos materiais. Isto permite especular que até linhas
de campos de força e outras manifestações energéticas mais sutis podem ser
atraídas por esta coroa.
O chapéu do Mestre
Maçom funciona assim qual antena que, simbolicamente, o conecta com aquilo que
lhe propicia o sopro de vida e que o faz igual a todos os seres viventes da
biosfera. Ciente de sua relação com o resto das formas de vida, em suas mais
diversas constituições e aparências, o Mestre Maçom se integra com a natureza e
desenvolve o amor fraterno para com os seus iguais, para com toda a vida
espalhada pelo Universo, inclusive com outras possíveis biosferas de galáxias
diversas da que abriga o Sol.
E importante estar
desperto e consciente que o Chapéu do Mestre Maçom é apenas um paramento, um
artefato material, um Símbolo; o que faz a diferença está debaixo do chapéu, a
cabeça, a capacidade intelectual do portador da coroa e o que este intelecto
constrói simbolicamente fora e acima do Chapéu.
Ela constitui a
recompensa justa da prova que o Maçom faz ao longo da vida, por Edificar
Templos à Virtude e Cavar Masmorras ao Vício. Simboliza dignidade, poder,
realeza, acesso a um nível de forças superiores, sobrenaturais.
Exige-se esforço pessoal
para superar, conhecer e mandar em si próprio, pois é apenas sobre si mesmo que
cada ser tem poder absoluto, incontestável. O iluminado subjuga sua mente e
corpo e, para progredir, bate implacavelmente nas nódoas que levam ao vício e
degradação. Mesmo que sucumba diante da tentação, o simbolismo do Chapéu o fará
voltar para a linha reta que conduz ao Oriente, em direção à luz, ao
conhecimento, à sabedoria.
O Chapéu representa o
verdadeiro poder que está dentro de si, a inclinação interna positiva, o coração
que ama fraternalmente, tudo em resultado da capacidade de pensar, afiada
constantemente por leitura, estudo e meditação.
O Mestre Maçom tem o
ministério de ensinar Aprendizes, Companheiros e outros Mestres Maçons. Aquele
Mestre Maçom que desta obrigação se esquiva não é merecedor da coroa. O Irmão
que se desenvolveu em sapiência, aprendeu na prática que, ao ensinar
outros, o seu próprio conhecimento fixa-se mais, os conceitos e princípios
morais que despertam em sua mente agarram-se mais firmemente ao coração e à
memória.
Na sua missão de
ensinar deve constantemente provocar, instigar, distribuir os seus pensamentos
em palavras e participar de forma proativa, conciliadora e entusiasta de todos
os debates com temas com os quais a Maçonaria, nos diversos Graus, o provoca.
Debaixo do Chapéu, o
Mestre Maçom ouve atentamente as peças de arquitetura, oratórias e discussões
de temas com os quais os Irmãos se presenteiam e provocam. É o Chapéu que o
freia prudentemente em todas as ocasiões em que fica ordeiramente esperando os
outros Irmãos falarem. E nestas ocasiões que treina a arte de ouvir do líder.
Debaixo do chapéu ele fica concentrado, calado, ouvindo e anotando o que os
outros Irmãos dizem.
Depois ele analisa e
absorve o que está ao seu alcance para suprir seu autoconhecimento, monta
estratégias e colabora empaticamente no tema com seu parecer, postura e
comentário. E ao auxiliar a assembleia de Irmãos com a força do seu
pensamento, transmitido por sua capacidade de oratória, além de ajudar aos outros,
ele ajuda principalmente a si próprio.
Servir no ensinar não
é apenas mais uma razão para tornar-se merecedor do prêmio, a coroa que está
sobre sua cabeça, o Símbolo do seu poder, é a principal razão de ele lecionar
na escola de conhecimento da Maçonaria. Não existe magia ou mistério; é o
servir e a presença constante no grupo que lhe dá poderes que ele nunca
imaginava existirem. E este é um poder natural que ninguém usurpa.
O Chapéu representa
uma estrutura educacional apoiada em Três Pontos: racional, emocional e
espiritual; um apóia o outro, formando um tripé. E do equilíbrio propiciado
pelo que simboliza o Chapéu que desabrocha a pessoa completa. Esta educação e o
condicionamento elevam o portador do Chapéu à realeza dos Iniciados nos
diversos Graus do Rito Escocês Antigo e Aceito, onde é livre para pensar e
ajudar seus Irmãos através de uma razão esclarecida.
E pelo estudo
diligente, pelo treinamento dos sentidos, pela convivência constante que
ele atinge o ideal, e este lhe confere realeza, da qual o Chapéu, apesar de sua
aparência grosseira, é o Símbolo mais expressivo. Debaixo do Chapéu é a maneira
mais nobre de viver o amor fraterno, a única ação capaz de salvar a humanidade
de um existir miserável. Debaixo do Chapéu aflora a capacidade de ouvir,
ensinar e treinar em Loja, o que faz do Mestre Maçom um líder natural.
Primeiro é importante
cuidar de si, porque quem não estiver forte, como ajudará aos outros? Quem não
se ama como amará ao próximo? Na relação com outros e consigo mesmo
desenvolve a capacidade de tornar-se o amigo sincero e serve ao Irmão no que
deve ser feito e não no que aquele deseja; o contrário seria escravidão. E
servindo que aflora o líder. Amor fraterno é ação, não sentimento.
O Mestre Maçom que
desonra o Chapéu e trata seus Irmãos de forma infame e autoritária, suas ações
podem até estar alicerçadas na lei escrita em papel, mas ele não é um líder
nato, é um tirano. O líder natural é semelhante ao poder que tem uma mãe sobre
seus filhos, ela não precisa impor sua vontade e apenas faz o que deve ser
feito para seus rebentos; ela é o melhor exemplo do líder natural. A mãe que
tem necessidade de usar do chicote para dirigir sua casa já não tem mais
capacidade de liderança natural e exerce poder despótico.
O Mestre Maçom que
alcança este Grau de entendimento e perfeição, em sua capacidade de liderança,
tem no seu Chapéu a representação simbólica do poder que ele exerce sobre a
comunidade.
Ele serve ao Irmão não
porque aquele é Maçom e o juramento o exige, mas porque ele próprio é
Maçom e depende igualmente dos confrades. O Chapéu representa a capacidade de
liderança, é o Símbolo da autoridade que não outorga poder de comando sobre os
outros, pois ele próprio fica sujeito a Obediências que lhe são impostas. O
Chapéu traduz a perfeita igualdade que deve pairar entre seus pares.
Mas como falar em
igualdade nos diversos Graus entre pessoas desiguais? Todos são iguais quanto à
essência, por estarem providos do mesmo sopro de vida. Na Maçonaria, quanto
mais o Maçom cresce, mais ele se conscientiza que deve servir aos que estão
degraus mais baixos da simbólica escada de Jacó.
E o exercício da
humildade que lhe dá o devido valor, e é transmitida pela rota, mole e disforme
coroa, confeccionada a partir de um tecido ordinário. Ela poderia muito bem ser
produzida em aço e cravejada de jóias preciosas, entretanto, de que vale um bem
material que pode ser subtraído pelo ladrão ou destruído pela ferrugem? As
preciosidades estão debaixo do Chapéu, na forma de pensamentos e ações, valores
que ladrão algum deseja e apenas a morte destrói.
O Chapéu induz seu
portador a naturalmente usar do dever de governar de acordo com a necessidade
da coletividade. O Chapéu representa que seu usuário está fortalecido e não se
curva perante desmando, futilidade ou arbitrariedade. E o Chapéu que impede aquele
que o usa de transformar-se em déspota. Isto é muito bem retratado quando em
sua Loja o bom Mestre Maçom ouve e serve aos outros. E o Chapéu que inspira o
propiciar dos meios de concentrar forças para produzir os nobres e elevados
anseios dos Irmãos do Quadro.
Longe de exercer a
autoridade emanada do Chapéu de forma cruenta, o humilde e prudente Mestre
Maçom torna-se líder natural. Ao obter poder servindo ao próximo, ele já é
parte da realeza que representa o seu Chapéu, e isto lhe dá a distinção de
participar da natureza celeste de seus dons sobre- -humanos, transcendentes. E
do Símbolo do Chapéu, do que está debaixo deste, que provém a ação e a
capacidade de influenciar os outros a fazerem o que precisam fazer para se
tornarem felizes. E a ação do amor em benefício da humanidade. E a ação de
construir Templos à Virtude.
E a ação 4ª vivência do amor fraterno debaixo da
orientação dos eflúvios provenientes da coroa, do poder que emana do Chapéu do
Mestre Maçom servidor.
A sapiência é a busca
das energias e coisas mais elevadas; algo bem diferente de sabedoria. Enquanto
a sabedoria pode ser confundida com prudência, pois diz respeito apenas aos
assuntos materiais e de como o homem age, a sapiência é muito mais importante.
A Maçonaria trabalha a sabedoria que leva à luz da sapiência. A filosofia
maçônica é sapiente.
A Coluna da Sabedoria
é a antena simbólica de onde emana uma luz de modo que cada um que porta um
reles chapéu mole, cada um a sua maneira, desenvolve sua sapiência para as
coisas mais elevadas.
O Chapéu como paramento, Símbolo que o Mestre Maçom usa
qual coroa em câmara do meio, torna-o igual aos demais, nivelando-o a
todos os Irmãos Maçons espalhados pelo Universo, para honra e à glória do
Grande Arquiteto do Universo, de onde todos recebem a luz da sapiência.
Autor: Charles
Evaldo Boller
Fonte: Revista A
Trolha
Bibliografia
BAYARD, Jean-Pierre. A
Espiritualidade na Maçonaria: Da Ordem Iniciática Tradicional às Obediências.
Tradução: Julia Vidili. I a ed. São Paulo: Madras, 2004; BENOÍT, Pierre; VAUX,
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Samuel Martins Barbosa. I a ed. São Paulo: Paulinas, 1973; BOUCHER, Jules. A
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título original: La Symbolique Maçonnique. Tradução: Frederico Ozanam Pessoa de
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James C.. O Monge e o Executivo: Uma História Sobre a Essência da Liderança,
título original: The Servant, tradução: Maria da Conceição Fornos de Magalhães.
I a ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2004; PARANÁ, Grande Loja do. Ritual do Grau
de Mestre Maçom do Rito Escocês Antigo e Aceito. I a ed. Grande Loja do Paraná.
Curitiba, 2004.
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