As instruções maçônicas se utilizam de uma metodologia de
aprendizagem muito especial. Muitas vezes não é suficiente lê-las para
compreendê-las.
O processo é mais que analítico e envolve, além da instrução
escrita, um conjunto de outros fatores para que possamos captar sua verdadeira
essência.
Observa-se que toda instrução deve ser ministrada dentro de
nossos Templos, em Loja aberta. Se tivéssemos que nos ater apenas no que está
escrito em nossos rituais, bastava apenas lê-las em nossa casa e fazermos peças
de arquitetura e enviarmos à Loja, como monografias.
Essa possibilidade de ensino à distância não existe na Maçonaria,
justamente porque se fazem necessários, além da instrução escrita, outros
aspectos importantíssimos que compõem o processo pedagógico maçônico.
Um desses aspectos é o Símbolo, que no significado lato, é a
representação de um aspecto da verdade, que independe da estática da fé, mas,
decorre da cinética do raciocínio. É certo dizer, portanto, que símbolo, à luz
da Ciência Iniciática das Idades, é a síntese de um aspecto da Verdade Única.
E, por esta mesma razão, sua forma gráfica, numérica, pictórica
ou qualquer outra, atravessa incólume os tempos sem sofrer, intrinsecamente com
as modificações aparentes das ideias, descobertas e invenções, pois, como
síntese de algo real e imutável, assim permanece através dos séculos.
Os símbolos existentes em nossos templos têm uma finalidade
maior que a decoração. Todo símbolo, através de seu arquétipo, é uma vertente
de energia. O Maçom interage com essa energia, essa informação oculta que o
símbolo emana.
O estudo de nossas instruções, por si só, tem apenas uma atuação
no aspecto físico, enquanto que o decifrar de um símbolo provoca,
paulatinamente, um desenvolvimento no aspecto psíquico. As instruções
ministradas no Templo, em Loja aberta, sob a influência da Egrégora milenar de
nossa Ordem, completam o processo, atuando no plano espiritual.
Esse entendimento foi se perdendo e hoje é pouco percebido por
nossos Mestres. Infelizmente, o cargo de 1º e de 2º Vigilantes, muitas vezes,
passou a ser apenas mais um trampolim para o Veneralato e as preocupações
daqueles que deveriam ser diretamente responsáveis pelas instruções,
lamentavelmente, são bem outras.
Para alcançarmos o perfeito entendimento de uma instrução
maçônica precisaremos nos conscientizar e fazer uso desse conjunto de fatores
que compõe esse especial processo pedagógico. Assim procedendo nos tornaremos
portadores das Chaves que abrirão as portas do perfeito entendimento. As
chamadas Chaves do Conhecimento Iniciático.
Em uma instrução do primeiro Grau, no diálogo do Venerável
Mestre e o Irmão 1º Vigilante, explicando, passo a passo, a decoração do Templo
no que se refere à abóbada celeste e as doze colunas zodiacais, que são seus
sustentáculos, ao ser perguntado o que essas colunas representam o Irmão 1º
Vigilante responde: “Os doze signos do zodíaco, isto é, as doze constelações
que o Sol percorre no espaço de um ano solar”.
A resposta está certa e coerente, isso no aspecto físico. Se
aplicarmos a metodologia pedagógica maçônica completando com isso os aspectos
psíquicos e espiritual seremos merecedores de tais Chaves e poderemos adentrar
profundamente em seu significado. Vejamos:
A Iniciação maçônica se expressa no caminhar do Iniciado nessas
Casas Zodiacais, nascendo em 0º, em Áries, percorrendo o lado norte até libra,
símbolo da balança e do equilíbrio, concluindo o Grau de Aprendiz e retornando
a 0º. Daí tem início o Grau de Companheiro que perpassará as colunas do lado
sul, iniciando em 0º, atingindo o seu ápice e chegando a Peixes em 0º
novamente, chegando então ao Mestrado.
É o início de um ciclo, começo de um grande trabalho de
transformação moral. Os primeiros raios da Luz da Sabedoria começam a iluminar
a mente do Aprendiz. Com essa Luz, nele se projetando, poderá observar em sua
silhueta as deformações morais e iniciar o infinito trabalho de desbaste da Pedra
Bruta.
No norte do Templo não existe janela, pois a Luz vai e não vem
daquela direção. No período do Equinócio de Outono e do Solstício de Inverno
temos pouca incidência de Luz, com dias menores e noites longas. Com isso, o
Aprendiz tende a meditar, (diria eu, me ditar) a conversar consigo mesmo.
Refletindo, poderá iluminar a trilha da Iniciação com a sua Luz
Interior, embora ainda de muito pouco brilho. Essa fria e tenebrosa trilha
produzirá os reflexos de sua própria imperfeição.
O lado Sul do Templo contém janela que permite que alguns raios
de Luz iluminem mais diretamente a mente e o coração do Companheiro,
revelando-lhe os primeiros mistérios da fonte inesgotável do saber maçônico. As
Colunas deste lado do Templo estão ligadas as Casas Zodiacais de Escorpião a
Peixes, o que nos dá o perfeito entendimento da palavra Geração, (Escorpião)
conforme a figura simbólica do Zodíaco.
No período do Equinócio de Primavera e do Solstício de Verão
temos maior incidência de Luz, com dias maiores e noites mais curtas. A Luz
representa a retirada dos primeiros véus, desvelando um mundo de
espiritualidade.
Afastada a ignorância moral pelos raios de Luz da Sabedoria,
cada vez mais intensos, o seu caminhar não mais palmilha o solo, nem lhe exige
uma só direção, porém a alvura do seu avental ainda lhe recorda constantemente
que ainda ignora, por certo, o caminho que deve seguir.
Após perpassar por todas as Casas do Zodíaco, o iniciado vence o
quarternário dos elementos, aos quais estes signos estão diretamente ligados. Com
isso, ele encontra o Quinto Elemento que tanto buscava.
Vencer o quaternário dos elementos e chegar ao Mestrado,
transformando-se em um Sol para iluminar o caminho de novos Aprendizes e
Companheiros, está muito bem relacionado à entrada triunfante do Mestre Jesus,
em Jerusalém, montado em um animal, um jumento. Nessa alegoria, Ele, como uma
5ª Coisa mostra o domínio sobre o quaternário da matéria.
O Mestre é o Sol Interior que surge iluminando as doze Casas
Zodiacais, assim como Jesus o foi, iluminando com os seus sublimes ensinamentos
os seus doze Apóstolos e, consequentemente, o mundo. Podemos ainda fazer uma
analogia da Iniciação maçônica ao Iniciado Hércules que para encontrar o seu
Mestre interno precisa passar pelas doze provas – Os Doze Trabalhos de
Hércules.
A saga de Hércules, que foi imortalizado ao realizar com sucesso
12 árduas tarefas, é uma das passagens mais conhecidas da mitologia da antiga
Grécia. O herói enfrentou a ira dos deuses e lutou contra seres horríveis para
transcender sua condição de simples mortal.
Hércules não aceitava a imperfeição de sua condição humana e
saiu em busca de algo maior, transcendental, assim como muitos de nós fazemos
hoje. À primeira vista, o mito parece apenas um relato fantástico, mas por meio
dele podemos descobrir formas de superar desafios.
O mito de Hércules ensina que nós também podemos vencer nossos
defeitos e nos tornarmos pessoas melhores, mais éticas e dignas. Esse caminho
exige esforço, persistência e coragem, principalmente para encarar monstros internos,
como a agressividade, o egoísmo e a falta de respeito ao próximo.
Apesar de
Hércules ser retratado como um homem extremamente musculoso, muitas de suas
vitórias foram fruto não de sua força, mas do uso da inteligência e da
sabedoria.
O Mestre Maçom despertará dentro de nós após perpassarmos, como
o Sol, às colunas que ladeiam nosso Templo. Em nosso caminhar maçônico, nos
iluminaremos com as instruções pertinentes aos dois primeiros graus, dando
condições para que nossa Centelha Divina, cada vez mais, transforme-se em Luz.
Com o Mestrado nos tornaremos um Sol a fim de iluminar novos Aprendizes e
Companheiros.
Bem, poderemos até adentrar um pouco mais neste assunto, se o
leitor nos permitir. O que significa um ano solar?
Devido à inclinação do eixo do globo terrestre em 23º 27′, o
Sol, em seu caminhar aparente, uma vez por ano, tem sua posição coincidente com
um ponto chamado vernal ou gama da esfera celeste, que corresponde à interseção
da linha da eclíptica com a linha do equador celeste. Isto acontece no momento
que o Sol passa do hemisfério Sul para o hemisfério Norte.
O Sol na posição do ponto vernal ocorre no dia 21 de março, é o
zero ou marco de referência da astronomia nas definições de tempo e das quatro
estações. Corresponde ao equinócio de outono no hemisfério Sul.
21 de março é o início do calendário astrológico, representado
pela coluna zodiacal de Áries, localizada ao lado do Irmão 1º Vigilante, no
REAA. É o início do calendário judaico religioso, próprio do rito Adonhiramita.
Devido a essa inclinação as duas extremidades do eixo terrestre
se comportam como dois cones opostos entre si pelos vértices. Essas
circunferências atrasam seu movimento anualmente em 50 segundos de arco,
resultando num tempo enorme para se completarem: 25.920 anos.
Esse número de anos é o tempo em que o sol percorre todo a
cinturão zodiacal composto pelas 12 constelações que é o que se chama de um ano
solar.
Diz a 2ª lei de Hermes – o Trismegisto, a lei da
correspondência: “O que está em cima é como o que está embaixo, o que está
embaixo é como o que está em cima.” O Macrocosmo tem estreita correspondência
com o Microcosmo.
O homem, em um ciclo de um minuto respira, em média, 18 vezes.
Um dia tem 24 horas que multiplicadas por 60 minutos teremos em um espaço de um
dia 1440 minutos. Se multiplicarmos os 1440 minutos por 18 respirações (1440 x
18 = 25.920) teremos um total de 25.920 respirações em um dia,
“coincidentemente” igual ao número de anos que o sol precisa para completar seu
giro pelo cinturão zodiacal.
Autor: Francisco Feitosa da Fonseca
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