Perdem-se na noite dos tempos, as origens do Painel do Grau de
Aprendiz, sendo que, com a finalidade de representar os mais importantes
Símbolos de nossa Ordem, o painel era desenhado a giz e carvão no chão dos
locais onde se realizavam as reuniões, que geralmente eram realizadas em
tabernas, sendo que após as mesmas, tinha-se o inconveniente de ter que apagar
e refazê-los, o que acabou levando algumas Lojas a desenhá-los sobre um
tapete ou um pano, expostos nas sessões.
A origem da palavra painel provém do espanhol,
significando “pano”, pois eram desenhados neste material, ou ainda pintado
ou bordado em um tapete. Foi o irmão John Harris, que em 1820, desenhou os
primeiros Painéis, que, existem até hoje, salvo pequenas modificações.
Nos graus simbólicos, existe um painel para cada um deles, ou
seja, no Gral de Aprendiz, no Grau de Comp. e no Grau de Mestre, sendo eles,
síntese dos mistérios de cada grau.
No Painel encontram-se presente todos os símbolos maçônicos,
lembrando que os símbolos são essenciais para a nossa Ordem, sendo eles síntese
dos mistérios de cada grau, sendo que o estudo da simbologia é uma obrigação do
Maçom.
No nosso rito, o painel adotado pela grande loja, onde se vê as
três colunas e a escada de Jacó, de acordo com Ir.·.Benone Rodrigues de
Farias MMI – 196.200 Or.·.de Aracaju – SE, Jul 2012 é original
do Ritual de Emulação.
Ocorre que, quando da criação das Grandes Lojas, Mário Behring,
à frente do Supremo Conselho do Grau 33 do REAA, necessitava fornecer os
Rituais dos Graus Simbólicos para que as recém-criadas Grandes Lojas pudessem
trabalhar. Como se desejava uma aproximação com as Grandes Lojas Brasileiras da
Grande Loja Unida da Inglaterra e das Grandes Lojas Americanas, Mário Behring
incluiu diversas características do Ritual de Emulação e do Rito de York aos seus rituais do REAA.
Existem, vários painéis do Grau de Aprendiz, pertencentes aos
diversos ritos e mesmo no REAA. No entanto, sem entrar na discussão qual o real
painel do Rito, vamos nos ater ao nosso, ou seja, da GLMG que, de acordo com
vários estudiosos, não é o original.
Como pode se observar, nosso painel possui vários símbolos que
passaremos a estudar, resumidamente.
A PEDRA BRUTA E A PEDRA CÚBICA
A esquerda do Painel do Aprendiz figura a PEDRA BRUTA, que
simboliza as imperfeições do espírito e do coração que o Maçom deve se esforçar
para corrigir, simbolizando a matéria a ser trabalhada, as imperfeições e
nossos defeitos.
Ressalte-se, que o trabalhar na pedra bruta é um caminhar
ininterrupto na busca do ideal da perfeição, de nos tornamos melhores do que já
somos.
O fim precípuo ao desbastarmos a PEDRA BRUTA, é
lapidá-la para chegarmos a PEDRA POLIDA. Esta conquista representa a
passagem do Grau de Aprendiz para o Grau de Companheiro.
A PEDRA POLIDA, encontra-se a direita do painel,
próximo a segunda coluna. Essa pedra, sobre o qual os Companheiros devem aferir
e afiar seus instrumentos simboliza o progresso que eles devem fazer na
instituição e em seus relacionamentos com os Irmãos.
No entanto, para desbastar a Pedra Bruta, é preciso fazer
uso do compasso, do esquadro, do nível, e do fio de prumo.
O COMPASSO E O ESQUADRO
O ESQUADRO como joia do Venerável Mestre, simboliza a
retidão, e indica que ele deve ser o Maçom mais reto e mais justo da loja,
devendo servir de exemplo para todos os obreiros. Ele representa a
conduta ética e moral que deve pautar a todos os maçons.
Em nossa simbologia, representa a matéria, a vida
justa e correta, ou ainda o equilíbrio. Daí ser a joia utilizada pelo o
Venerável.
No caso dos Ex-Veneráveis essa joia tem ainda pendurado entre os
dois braços a demonstração do Teorema de Pitágoras, sendo que o próprio
Esquadro, os braços estão na relação de três por quatro, como os dois catetos
do triângulo retângulo dos Pitagóricos.
Enquanto isso, o COMPASSO representa a
espiritualidade. No Grau do Aprendiz, ele está embaixo do Esquadro,
indicando que a Matéria predomina sobre o Espírito.
A conjugação destes dois instrumentos, constitui o símbolo mais
conhecido da Maçonaria.
O esquadro, com as pontas viradas para cima, e o compasso, com
as pontas viradas para baixo, simboliza a união do espírito com a matéria, o
equilíbrio que deve reger o Universo.
O PRUMO E O NÍVEL
O NÍVEL representa a igualdade fraterna que deve reger
todos os maçons, sendo a joia do 1º Vigilante.
É o NÍVEL que nos faz tratarmo-nos como Irmãos uns aos
outros, fazendo-nos sentar lado a lado, sem diferença de classe social, de
instrução, seja rico ou pobre, fazendo que não exista dentro de loja, as
distinções que existem no mundo profano.
Assim, o NÍVEL é o símbolo da igualdade, com que todos
os Maçons se reconhecem.
O PRUMO, conhecido como perpendicular no passado, é o
símbolo da Retidão, da Justiça e da Equidade, simbolizando também o equilíbrio.
Se o NÍVEL representa a Igualdade entre os homens,
o PRUMO nos informa que o Maçom deve possuir uma retidão de julgamento.
Sendo também considerado o símbolo de profundidade e do
conhecimento.
Quando o Aprendiz completa o seu tempo e após apresentar seu
trabalho sobre o Grau, diz-se que está apto para passar da “Perpendicular ao
Nível”. É a Jóia do 2º Vig.’.
A RÉGUA DE 24 POLEGADAS
A RÉGUA, que se encontra ainda em nosso painel, é um
instrumento de medida, onde através dela, pode-se conseguir a informação sobre
a dimensão espacial.
Ela é de 24 polegadas, no sentido associado às horas do dia.
Em número de 24, divididas em três períodos iguais de oito horas, alerta
que o homem deve ocupar com equilíbrio o seu dia dividindo-o em descanso,
trabalho, e a serviço de Deus ou de um irmão necessitado.
A lição que o Aprendiz deve extrair da régua de 24 polegadas é
da proporcionalidade e retidão com que deve ocupar o seu tempo.
Quando o irmão se desculpa de não ter tempo para ir as nossas
reuniões ou atividades, demonstra um total descaso com os nossos princípios.
O MAÇO E O CINZEL
Estes instrumentos utilizados pelo Aprendiz são apresentados no
Painel de forma associada, localizada acima da Pedra Bruta, indicando que
quando se utiliza a inteligência, a força física com a força intelectual, mais
o talento, e sempre aplicada na medida correta, permite o desbaste da Pedra
Bruta, transformando em Pedra Cúbica.
Essa associação, do Maço e do Cinzel, indica a
vontade e a inteligência, a força e o talento, a ciência e a arte, a força
física e a força intelectual, quando aplicadas em doses certas, permitem que a
Pedra Bruta se transforme em Pedra Polida.
O Maço simboliza a força de vontade do Aprendiz,
indicando que ele deve ser firme e perseverante.
Mas o homem não pode agir desbastando a Pedra Bruta, se não
tiver o auxílio do Cinzel.
A PRANCHA DE TRAÇAR
Na PRANCHA DE TRAÇAR, que se faz presente no painel, está
gravado o esquema para a chave do alfabeto maçônico.
O esquema alfabético, que consta na Prancha de Traçar
lembra ao maçom que ele deve sempre traduzir seu pensamento de uma forma justa
e perfeita, realizando seu trabalho com retidão. Ela constitui um dos símbolos
maçônicos, e indica que o Maçom deve traçar seus objetivos e lutar para
conquistá-los, sem prejudicar a ninguém.
O SOL, A LUA E AS ESTRELAS
O Sol a Lua e Estrelas se fazem presentes nos Painéis,
bem como também na decoração do Templo, simbolizando o Universo.
O Sol e a Lua representam o antagonismo da natureza, o
dia e noite, positivo e negativo, masculino e feminino, presente na nossa vida
maçônica ensinando-nos que tudo é equilíbrio, apesar de contrários.
O Sol é a fonte de luz e vida, o princípio ativo,
a Lua, à noite, o princípio passivo, surgindo quando o Sol se
põe e reina no céu da noite estrelado, não com sua própria luz, mas refletindo
a luz solar.
O Sol, ativo, fica à esquerda, e a Lua, passiva, fica à direita
do Painel.
Na Loja, os trabalhos são abertos simbolicamente ao Meio-Dia,
quando o Sol esta em Zênite, e fechados à Meia-Noite, quando ele está no Nadir;
nesse momento, supõe-se que a Lua esteja em seu pleno esplendor.
As ESTRELAS, vistas no painel simbolizam o infinito e
o universo que está representado em nosso templo. Ressalta-se que são
27(vinte) as estrelas dispostas no painel e, pela numerologia, é o
equivalente ao número 9, ou seja, 3X9, número da trindade que carrega consigo a
representação divina dos 3 planos existenciais: o mundo da alma, do espírito e da
matéria.
O PISO MOSAICO
O Piso Mosaico é composto por quadrados que se
alternam nas cores brancas e pretas, como se fosse tabuleiro de xadrez. Tem
como significado, a união íntima que deve existir entre todos os Irmãos Maçons.
O Piso representa os contrastes existentes na vida, os opostos,
a presença do Bem ao lado do Mal; o Corpo e o Espírito, Ativo e Passivo,
Masculino e Feminino.
A ORLA DENTADA
A Orla Dentada simboliza a união e o amor fraternal
que os Maçons devem ter um para com o outro, sendo que em forma de triangulo,
tem correlação com a trindade divina, tendo as mesmas cores da orla dentada, alternando-se
o preto com o branco, significando a diversidade de nossa Ordem.
Seus múltiplos dentes, entre várias interpretações, significam
os planetas que gravitam em torno do Sol, os Maçons unidos e reunidos no seio
da Loja.
AS TRÊS COLUNAS
As três Colunas que vemos no painel, significam a Sabedoria, a
Força e a Beleza, representando, respectivamente, o Rei Salomão, Hiram, rei de
Tiro e Hiram Abiff e são colocadas no Oriente, no Ocidente e no Sul, ás quais
foram atribuídas às três ordens da Arquitetura Clássica:
A Coluna
Jônica para, simbolizando a Sabedoria, representada pelo Venerável Mestre,
correspondendo ao Rei Salomão;
A Coluna Dórica,
simbolizando a Força representada pelo Ir.’. 1º Vigilante, correspondendo ao
Rei de Tiro;
A Coluna
Coríntia simbolizando a Beleza, representada pelo Ir.’. 2º Vigilante, que corresponde
ao Mestre Hiram-Abib por seu dedicado trabalho de ornamentação do Templo.
Aos pés de cada coluna, encontram-se as jóias das luzes da Loja,
sendo o esquadro na coluna Jônica, joia do VM, na coluna Dórica, o Nível, joia
do 1 Vig. e o Prumo, jóia do 2º Vig. na coluna Coríntia
O ALTAR DOS JURAMENTOS
O Altar dos Juramentos que se vê no painel, é onde está
depositado o Volume da Lei Sagrada, tendo na posição do Grau, o Esquadro e o Compasso,
sendo que acima do Altar começa a Escada de Jacó.
A ESCADA DE JACÓ
A Escada simboliza o caminho do céu, a que todo maçom.
tem direito. Ela sugere como alegoria, o verdadeiro caminho iniciático do
Maçom, para se atingir a perfeição, sendo que suas escadas, representa as
virtudes que um verdadeiro maçom deve ter.
Como se percebe, aparecem na Escada, vários símbolos. São eles:
A CRUZ, ladeada pela Estrela de David, símbolo do judaísmo, e a Meia Luz,
símbolo do islamismo, mais
A ÂNCORA e o CÁLICE.
A CRUZ, bem como a Estrela de Davi e a Meia Lua, símbolos
das três religiões monoteístas, significa a FÉ, ou seja, os sentimentos de
confiança e certeza e a crença na existência de um ente superior, uma entidade
divina, ou seja, no Grande Arquiteto do Universo.
A ÂNCORA simboliza a ESPERANÇA, nos indicando que
quando passamos por adversidades, devemos lançá-la para podermos nos fixar e
não sermos carregados pelas adversidades. Sugere aos Irmãos a real segurança
para alcançar os verdadeiros objetivos da vida. Tendo Fé, termos Esperança de
dias vindouros melhores.
Já o CÁLICE ou a Taça indica a caridade a ser
praticada pelo Maçom, significando ainda o verdadeiro amor que o Maçom deve ter
não só aos necessitados, mas a toda humanidade, indicando que sempre deveremos
auxiliar aos nossos semelhantes.
Ao alto, temos o HEPTAGRAMA: Estrela de Sete Pontas,
representando os sete dias da criação, citado na Bíblia, ou a perfeição de
DEUS. Os sete caminhos para a evolução ou iluminação, dos Budistas. A Estrela é
um símbolo de integração espiritual.
E por último, podemos ver as pontas ou bordas da corda de 81
nós, em número de quatro, que representam as quatro virtudes do maçom:
Temperança. Justiça Coragem e Prudência.
E, assim, terminamos por brevemente descrever o Painel de
Aprendiz e sua simbologia.
Autor: Dermivaldo Colinetti Leonel Ricardo de Andrade
ARLS Rui Barbosa, Nº 46 – GLMMG - Oriente de São Lourenço
Referências
Os painéis da Loja de Aprendiz – Rizzardo Da Camino – Ed.
Maçônica “A Trolha”
O Aprendiz Maçom – Rizzardo Da Camino – Ed. Madras
Revista “A Trolha” nº 201 – Trabalho: O Simbolismo do
Esquadro e do Compasso - Ir\
José César B. De Souza – páginas 39 a 41 – Ed. Maçônica “ATROLHA”
Revista “A Trolha” nº 193 – Trabalho: A Simbologia Maçônica
do Painel de Aprendiz - Ir.'.Alcides Pereira Filho – páginas 38 a 41 – Ed. Maçônica “ATrolha”
Ritualista Maçônica – Rizzardo Da Camino – Ed. Madras
Simbologia Maçônica dos Painéis – Almir Sant´anna
Cruz - Ed. Maçônica “A Trolha”.
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