Escrevi muito sobre Maçons famosos ao longo dos anos. Passaram
pela nossa Fraternidade um número tremendo de indivíduos verdadeiramente
notáveis ao longo da sua longa história. Estudei muitos dos homens mais
notáveis da nossa Fraternidade.
A Maçonaria não pode receber todo o crédito pelos atributos de
muitos desses homens notáveis. Muitos deles eram notáveis muito antes de
baterem à porta de uma Loja Maçônica, mas a Loja Maçônica certamente focalizou
muitos destes homens e deu-lhes as competências que faltavam para alcançar os objetivos
que estabeleceram para si próprios.
Muitos homens famosos e
não tão famosos adquiriram valiosas competências em liderança, desenvolvimento
de caráter, moral e ética.
A Maçonaria serviu de trampolim para muitos encontrarem o seu
propósito e o seu verdadeiro chamado na vida. Isto foi certamente verdade para
mim.
A Maçonaria tem sido uma fonte de aprendizagem para mim. Ao
longo da minha vida adulta, a Bíblia foi sempre o meu “livro de cabeceira”, mas
a Maçonaria funcionou e funciona como o meu “laboratório de aprendizagem”.
Aprendi a organizar uma reunião. Aprendi como aplicar recursos
mínimos para obter o máximo impacto. Aprendi a relacionar-me e a
fazer networking. Ganhei competências de liderança e de discurso. O mais importante
é que consegui polir alguns aspectos do meu caráter e personalidade, através
dos ensinamentos da Maçonaria e da minha associação com homens que possuíam as
competências que me faltavam.
Eu não sou a mesma pessoa que era, e também não acho que já
aprendi tudo. A Maçonaria levou-me por um caminho que eu nunca pensei que
faria, e mudou-me de uma forma que nunca pensei ser possível. No último ano ou
dois, esse caminho levou-me a outra bifurcação na estrada – outra das aventuras
da vida que estou prestes a embarcar e que nunca teria encontrado se não fosse
pelos benefícios que obtive com a minha Fraternidade.
A Maçonaria ensinou-me o
que é possível. O que é possível como indivíduos. O que é possível como um
pequeno grupo. O que é possível como comunidade.
E eu sinto que estou apenas a começar. Como os maçons aprendem,
somos um projeto que nunca termina – uma pedra que nunca está verdadeiramente
aperfeiçoada na Terra, mas que, no entanto, continuamos a trabalhar até ao dia
final.
Entendi! Aprendi bem, aproveitei bem as lições oferecidas e
apliquei-as à minha vida. É disto que se trata.
Sei que muitos dos meus irmãos tiveram esta mesma experiência
porque conversamos bastante sobre isto. E todos nós parecemos ter a mesma
preocupação com o futuro. Que os homens que estamos a criar hoje na nossa Loja
não estão a receber a mesma qualidade de orientação que nós tivemos quando entramos.
Afastamo-nos de ensinar Maçonaria e de aplicar a Maçonaria.
Não estamos a conseguir transformar os nossos novos membros nos
líderes de amanhã. E na última década, aqueles homens que criados e que falhamos
ao ensinar, subiram na hierarquia sem o benefício de realmente entenderem o que
é realmente a Fraternidade.
Eu estava a conversar com um Maçom há alguns meses e ele fez uma
observação interessante. Ele disse que a Maçonaria é construída sobre um
conjunto de princípios morais e éticos, assim como uma igreja é construída
sobre a Bíblia. Então perguntou o que aconteceria se tirasse a Bíblia da
igreja. E tivemos uma longa e esclarecedora conversa sobre quais seriam os
resultados disso.
Bem, reunir-nos-íamos todas as semanas para uma sessão.
Provavelmente executaríamos o ritual da mesma forma de sempre, embora
tivéssemos esquecido por que o fazíamos assim. Se estivermos com pressa, podemos
até saltar partes do ritual. Poderíamos cantar um pouco ou ouvir as últimas.
Talvez conversar sobre pessoas doentes ou necessitadas e
organizar uma coleta. Almoçaríamos depois. Os membros começariam a diminuir
porque perceberiam que não tiravam muito proveito do culto a não ser ouvir
anúncios e colocar a esmola no prato todas as semanas.
Alguns dos membros mais velhos encontrariam outros lugares para
ir, porque se lembravam do que era a igreja. O próximo passo sabe seria o
dinheiro passar a ser um problema e os bancos da igreja ficarem cada semana
mais vazios.
A direção da igreja
ficaria certamente muito preocupada. Alguns poderiam até sugerir que
voltássemos a ensinar a Bíblia, pois foi assim que a igreja foi construída
originalmente, mas a maioria diria que os novos membros que aderiram desde que
deixaram de ensinar a Bíblia não têm interesse em aprender aquelas escrituras
antigas – eles aderiram pela camaradagem e pela angariação de fundos. Então, o
que fariam para atrair novos membros? Talvez planeassem um passeio de golfe ou
uma noite de cinema. E dinheiro? Temos aquele bom salão e a cozinha. Talvez
devêssemos criar um café da manhã com panquecas. . . ou um peixe frito.
Soa familiar? Isto é apenas um exemplo – a Maçonaria não é uma
igreja, mas seria a mesma história com qualquer organização construída com um objetivo
central. E se a Liga Contra o Cancro deixasse de financiar a pesquisa
do cancro. Ou a Protetora dos Animais se desinteressasse da gestão de abrigos
de animais.
A Maçonaria é uma organização construída com um propósito. . .
uma missão. Mas em muitos locais, afastarmo-nos desse objetivo, que é construir
homens fortes. Homens de caráter. Homens com fortes valores morais e éticos.
Quando se tira o objetivo principal de uma organização, tudo o
que resta é uma sala de reuniões vazia, cheia de cadeiras vazias.
Devemos voltar ao que realmente somos.
Todd E. Creason
Tradução de António Jorge
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