Nossa
Ordem vive hoje, infelizmente, na mais profunda obscuridade intelectual e
espiritual. Alguns Irmãos estão tentando transformá-la, rebaixando seus
propósitos de tal forma que, praticamente, pessoas sem os quesitos necessários
para compor o quadro de Obreiros das Lojas acabam tendo ingresso em suas
Oficinas, até mesmo os ateus, e nela permanecem.
Sei, e com muita
convicção, que a Instituição não é o que praticam nela, e o pior, existem
Irmãos que acreditam que a Maçonaria é aquilo que vêem, que ouvem e, muitas
vezes, aquilo que fazem…
São esses Irmãos que
ignoram seus maiores feitos e nomes. É por isso que faço questão de tratar
daquilo que é um dos fatores mais sublimes no ser humano: a sua
espiritualidade, fator este que está intimamente ligado à Maçonaria, a começar
pelas cerimônias de Iniciação.
Mas antes de tratarmos
do tema central de nosso artigo, creio ser relevante, até mesmo para
conhecimento dos leitores profanos, lembrarmos o que é, afinal, a Maçonaria. Ela
é uma Ordem Universal, formada por homens livres e de bons costumes, não
importando sua raça, sua cor, seu credo e sua nacionalidade. Nela, os seres são
acolhidos por suas diversas qualidades com a finalidade de evoluírem, física e
espiritualmente. Essa Ordem foi fundada sob o Amor incondicional, na esperança
da construção de uma sociedade humana mais justa e perfeita. Por isso mesmo, é
Investigadora da “Verdade” e combate a ignorância. Seus princípios são a
Tolerância, a Virtude, a Justiça e a Sabedoria, sob a tríade Liberdade,
Igualdade e Fraternidade.
Ao contrário do que
muitos pensam a Maçonaria não é uma sociedade secreta. Nossa história tem sido
divulgada em diversos livros, os quais estão à venda em todas as livrarias.
Nossos documentos são registrados em cartório. Temos endereço certo, como toda
pessoa jurídica legalmente constituída. Também não é uma religião. Não promove
nenhum dogma, deixando o ser pensar como bem entender. Não é ateísta, muito
menos um partido político, como alguns tentam conduzi-la. Para muitos, e eu me
incluo entre estes, a “política é uma introdução à guerra”.
Além de combater a
ignorância em todas as suas modalidades, constitui-se em uma escola, impondo-se
o seguinte programa:
I — Obedecer às leis democráticas do país;
II — Viver segundo os ditames da honra;
III — Praticar a justiça;
IV — Amar ao próximo;
V — Trabalhar pelo progresso do homem.
A par dessa definição e da declaração formal da aceitação dos Landmarks, codificados por Albert Gallatin Mackey, proclama, também, os seguintes princípios:
I — Amar a Deus, a pátria, a família e a humanidade;
II — Praticar a beneficência, de modo discreto, sem humilhação;
III — Praticar a Solidariedade Maçônica, nas causas justas, fortalecendo os laços de fraternidade;
IV — Defender os direitos e as garantias individuais;
V — Considerar o trabalho lícito e digno como dever do Maçom;
VI — Exigir de seus membros boa reputação moral, cívica, social e familiar, pugnando pelo aperfeiçoamento dos costumes;
VII — Exigir a tolerância para com toda a forma de manifestação de consciência, de religião ou de filosofia, cujos objetivos sejam os de conquistar a verdade, a moral, a paz e o bem social;
VIII — Lutar pelo princípio da equidade, dando a cada um o que for justo, de acordo com sua capacidade, suas obras e seus méritos;
IX — Combater o fanatismo, as paixões, o obscurantismo e os vícios.
II — Viver segundo os ditames da honra;
III — Praticar a justiça;
IV — Amar ao próximo;
V — Trabalhar pelo progresso do homem.
A par dessa definição e da declaração formal da aceitação dos Landmarks, codificados por Albert Gallatin Mackey, proclama, também, os seguintes princípios:
I — Amar a Deus, a pátria, a família e a humanidade;
II — Praticar a beneficência, de modo discreto, sem humilhação;
III — Praticar a Solidariedade Maçônica, nas causas justas, fortalecendo os laços de fraternidade;
IV — Defender os direitos e as garantias individuais;
V — Considerar o trabalho lícito e digno como dever do Maçom;
VI — Exigir de seus membros boa reputação moral, cívica, social e familiar, pugnando pelo aperfeiçoamento dos costumes;
VII — Exigir a tolerância para com toda a forma de manifestação de consciência, de religião ou de filosofia, cujos objetivos sejam os de conquistar a verdade, a moral, a paz e o bem social;
VIII — Lutar pelo princípio da equidade, dando a cada um o que for justo, de acordo com sua capacidade, suas obras e seus méritos;
IX — Combater o fanatismo, as paixões, o obscurantismo e os vícios.
Comungo da verdade de
que a Maçonaria é uma Ordem tradicional, muito mais antiga do que a data que
lhe é atribuída: 1717. Baseia-se essa informação pela estrutura da Ordem, a
prática mecânica de nossos rituais, os símbolos, a transmissão das ciências
secretas aos Iniciados, as diversas teorias místicas, ocultistas, metafísicas,
espirituais e filosóficas. Enfim, somos uma entidade muito mais antiga, mas,
infelizmente, os livros de História não podem nos dar uma data precisa de nosso
surgimento. Não nos esqueçamos de que a história é narrada e criada pelos
vencedores e que muitos dos vencedores, diversas vezes, não têm interesse de
que a verdade seja revelada.
Sejamos, ao menos,
justos. Se debitarmos à Maçonaria, em geral, todos aqueles casos particulares,
ponhamos-lhe a crédito, em contrapartida, os benefícios que dela temos recebido
em iguais condições. Beijem-lhe os jesuítas as mãos por lhes ter sido dado
acolhimento e liberdade na Prússia, no século XVII — quando expulsos de toda
parte, o próprio papa os repudiava —, pelo maçom Frederico II. Agradeçamos-lhe
a vitória de Waterloo, pois Wellington e Blucher eram maçons. Sejamos-lhe
gratos por ter sido ela quem criou a base na qual veio a assentar a futura
vitória dos Aliados — a Entente Cordiale, obra do maçom Eduardo VII. Pensando
na América, podemos citar a Independência do Brasil e a Abolição da
Escravatura. Na França, a Maçonaria teve influência na Revolução Francesa. E
não nos esqueçamos, finalmente, de que devemos a essa Ordem as maiores obra da
arte moderna — Fausto, do maçom Goete, e a memorável A Flauta Mágica, do maçom
Mozart.
Isso é apenas um pouco
da nossa história que não foi apagada nem esquecida… Mas vamos falar de
espiritualidade. Ao abordarmos este tema, surge outro infinitamente ligado a
ele — A MORTE.
E começamos por citar
algumas palavras de um Lama, sacerdote tibetano: “Não há uma pessoa, na
verdade, nenhum ser vivo que não tenha retornado da morte”. De fato, todos nós
morremos várias mortes antes de virmos para esta encarnação; e aquilo que
chamamos nascimento é apenas o lado inverso da morte, como um dos dois lados de
uma moeda, ou, ainda, como uma porta que chamamos de “entrada” a partir do lado
de fora, e de “saída”, a partir do lado de dentro.
É ainda mais
surpreendente que nem todos se lembrem de sua morte anterior. E, em decorrência
desse lapso de memória, a maioria das pessoas não acredita que tenha havido uma
morte anterior. Mas também não se lembram de seu mais recente nascimento,
embora, nesse caso, não duvidem de terem nascido. Tais pessoas esquecem-se de
que a memória ativa é uma pequena parte de nossa consciência normal e que nossa
memória inconsciente registra e preserva cada impressão e experiência passadas,
que a nossa mente despertada não consegue se lembrar.
Poderia citar também a
lagarta; o que ela chama de morte, chamamos de BORBOLETA.
Na realidade, nem todos
têm a sensibilidade de perceber determinadas vibrações, ou melhor, freqüências
vibratórias, o que dificulta, e muito, os contatos que são feitos com
habitantes de outro plano ou outra dimensão. Muitas pessoas que fazem parte de
nosso grupo de estudos tentam desenvolver essa sensibilidade por diversos
meios, um deles seria o que chamamos de “viagem astral”, em que, por meio de
exercícios, as pessoas conseguem entrar em um estado de relaxamento (transe)
profundo e contatar esses habitantes de outros planos, em outras dimensões ou
na mesma dimensão.
Esse processo é muito
semelhante ao da sintonia de um rádio, quando vamos sintonizar uma determinada
estação. As ondas estão ali, no mesmo lugar, passando por nós, mas se não
sintonizarmos na “freqüência” certa, se não entramos em sua sintonia, não
conseguiremos captar a estação.
Obviamente, o que parece
ser tão fácil, não é. Todo trabalho, de qualquer Escola Iniciática séria, tem
de preparar o discípulo para a morte, para que ele tenha a oportunidade de se
iluminar no tempo certo, por meio da integração com a sua própria essência.
Para que o leitor tenha uma compreensão mais vasta do tema, recomendo a leitura
de duas obras verdadeiramente herméticas: O Livro dos Mortos do Antigo Egito e
O Livro dos Mortos Tibetano, lançados pela Madras Editora. Ambos dão um
registro muito claro e preciso “da arte de viver e da arte de morrer”.
Vejamos, agora, como
grandes personalidades da História vislumbravam o fenômeno morte.
Primeiramente, vou descrever parte de um texto de Fedro, livro de autoria de
Platão:
“Nenhum poeta jamais
cantou nem cantará a região que se situa acima dos céus. Vejamos, todavia, como
ela é. Se devemos dizer sempre a verdade, quanto mais obrigados o seremos ao
falarmos da própria verdade? A realidade sem forma, sem cor, impalpável, só pode
ser contemplada pela inteligência, que é o guia da alma. E é na idéia Eterna
que reside à ciência perfeita, aquela que abarca toda a verdade.
“O pensamento de um deus
nutre-se de inteligência e de ciência puras. O mesmo se dá com todas as almas
que buscam nutrir-se do alimento que lhes convém quando a alma, depois da
evolução pela qual passa, atinge o conhecimento das essências. Esse
conhecimento das verdades puras a mergulha na maior das felicidades.
“Depois de haver
contemplado essas essências, volta à alma ao seu ponto de partida. E, ao longo
da evolução pela qual passou, ela pôde contemplar a Justiça e a Ciência — não
esta que conhecemos sujeita às mudanças e que é contingente aos objetos, mas a
Ciência que tem por objeto o Ser dos Seres. Quando assim contempla as
essências, quando sacia a sua sede de conhecimento, a alma mergulha novamente
na profundeza do céu e volta a seu pouso. Aquela (alma) que mais Verdades
contemplou gerará um filósofo, um esteta ou um amante favorito das Musas.
“A beleza era visível em
todo o seu esplendor quando, na corte dos bem-aventurados, deparávamos com o
espetáculo ridente em que seguiam a Zeus (Deus na mitologia grega) e alguns
entre nós a outros deuses. Iniciados nos mistérios divinos, nós os celebrávamos
puros e livres, isentos das imperfeições em que mergulhamos no curso ulterior
do nosso caminho. A integridade, a simplicidade, a imobilidade, a felicidade
eram as visões que a iniciação revelava ao nosso olhar, imersas numa pura e
clara luz. Não tínhamos mácula nem contato com esse sepulcro que é o nosso
corpo, ao qual estamos ligados como a ostra à sua concha.”
Existem diversas teorias
a respeito da morte; entre elas, há os que dizem que sentem muito frio ao
desencarnarem.
O poeta Ovídio dizia que
a Noite, mãe do Sono e do Falecimento, habitava além do país dos cimérios, que
o Sol jamais ilumina. Nela, os galos nunca anunciaram a volta da aurora. Os
cães e os gansos que vigiam as casas nunca turbaram com seus gritos o silêncio
que reina eterno. Nessa época fabulosa de poesias eternas e encantos nunca
vistos, também se sabia que a Morte, irmã gêmea do Sono, era implacável, mesmo
tendo sido ludibriada poucas vezes, como aconteceu com Sísifo, que, como nos
relata a mitologia, burlou a Morte acorrentando-a de tal modo, que ninguém
morria na Terra. Mas foi punido pelo Deus Marte, que o levou ao inferno após
livrar a Morte, para continuar a ordem no Universo.
Podemos notar que os
castigos para os pecadores no inferno são severos e eternos. Sísifo, por
exemplo, tinha o dever de rolar uma grossa pedra até o pico de uma montanha,
mas sempre que chegava próximo, uma força maior fazia com que a pedra rolasse
até o chão, e novamente ele se esforçava para tentar levá-la até o pico da
montanha.
Para as Denaides,
protagonistas de um belíssimo poema em que matam seus maridos, pelo pecado
foram condenadas a carregar jarros de água de uma fonte e encher um poço sem
fundo.
Pela mitologia grega,
sabe-se que o inferno, formado pelos rios Estige e Aqueronte, tem um vigia, um
barqueiro chamado Caronte, que escolhe os mortos que serão levados ao seu
eterno lar na escuridão. Ao chegar do outro lado, os mortos condenados ao
inferno encontram o cão vigia de Caronte, chamado Cérbero, que tem três cabeças
e impede qualquer das almas de voltar ao mundo normal.
Ao longo de toda a sua
história, o homem sempre soube que o inferno é um lugar onde impera o calor, em
que se queima enxofre eternamente. Conforme algumas teorias, lugares quentes,
como o inferno, têm pouquíssima energia; logo, o Céu, oposto ao inferno, tem
muita energia, e por isso é muito frio.
Se as almas dos mortos
que se destinam ao inferno não podem voltar, impedidas por Caronte e seu cão
Cérbero, não se pode dizer o mesmo das almas que vão para o céu, às quais Deus
sempre dá outra oportunidade. São almas não pecadoras, normalmente vítimas de
algum maltrato, mas que simplesmente não conseguiram achar seu aposento no céu.
Ao voltarem a Terra para pedir ajuda, trazem o frio celeste consigo, causando o
tremor de quem as vê ou se aproxima.
Sócrates (469-399 a.C.)
já dizia: “Porque morrer é uma ou outra destas duas coisas. Ou o morto não tem
absolutamente nenhuma existência, nenhuma consciência do que quer que seja, ou,
como se diz, a morte é precisamente uma mudança de existência e, para a alma, uma
migração deste lugar para outro”.
Então, talvez morrer não
seja de todo desagradável. Será que viver é que seria a nossa “condenação”? Eis
um autêntico paradoxo. Viver implica várias formas de sofrimento e uma busca
incessante pela felicidade. Ademais, viver implica morrer um pouco a cada dia,
de forma que o evento terminal de uma “vida”, ao qual chamamos “morte”, é
apenas o cessar do processo de morte. Deveríamos, então, ter medo da vida e não
da morte.
O corpo físico do homem,
com seus cerca de 1.028 átomos, troca aproximadamente 98% desses átomos todos
os anos. A mucosa do estômago se renova em uma semana; a pele inteira, em um
mês; os ossos, em três meses; o fígado, em seis semanas; etc., de forma que, em
aproximadamente cinco anos, todos os nossos átomos retornaram ao “pó” e outros
foram colocados no lugar. Diante disso, podemos concluir que o corpo físico
“morre” a cada cinco anos. Assim sendo, o que permanece do nosso corpo original
com toda essa metamorfose?
Pode-se pegar um atalho
conceitual e afirmar que morte é ausência de vida. Mas o que é vida? Existe
vida após o nascimento? Realmente se vive, somente pelo fato de termos nascido?
Afinal, o que é que nasce e o que é que a morte faz cessar? Desde que o
“cérebro se tornou capaz de investigar o cérebro”, uma pergunta é repetida e
respondida pelo homem: existe alguma forma de consciência após a morte do corpo
físico? A neurociência não consegue, ainda, responder a essa questão. Não há
nenhuma evidência que sim, nem que não.
A vida é algo que está
além do corpo físico e que em algum momento passa a “habitá-lo” ou
“preenchê-lo”, a “dar-lhe vida”. Partindo do conceito científico moderno de que
não existe algo como um corpo individual delimitado no espaço, pois todos os
corpos são interdependentes, processos vivos compartilhados, e de que a vida e
a consciência devem estar de alguma forma escondidas no mundo quântico, pode-se
afirmar que a vida é uma propriedade do Universo em geral, ligada a tudo e a
todos. Se a vida é Una, algo que está imerso em toda a manifestação, nós
podemos concluir que, para que algo morra, é necessário que tudo morra. Somos
todos UM!
Há, ainda, grandes
vultos da História que proferiram frases relevantes a respeito do assunto, e
que faço questão de mencionar:
“A morte de qualquer homem diminui-me, porque eu estou englobado
na humanidade.”
Carl Gustav Jung (1875-1961)
Carl Gustav Jung (1875-1961)
“Eu, enquanto homem, não existo somente como criatura
individual, mas me descubro membro de uma grande comunidade humana.”
Albert Einstein (1879-1950)
Albert Einstein (1879-1950)
“A vida é aquilo que acontece enquanto fazemos planos para o
futuro.”
John Lennon (1940-1980).
John Lennon (1940-1980).
“O que é oposto à morte?… É o nascimento, pois a Vida é
eterna!”.
Sidarta Gautama, o Buda (563-483 a.C.).
Sidarta Gautama, o Buda (563-483 a.C.).
Fernando Pessoa já dizia
que “a morte é a curva da estrada; morrer é só não ser mais visto”. Diante
disso, é possível termos uma visão da morte com mais serenidade, como ponto de
partida para uma nova vida. Sobretudo, de modo transcendente, ou seja, sublime.
É como se adormecêssemos com a plena convicção de que continuaremos vivos no
dia seguinte, junto àqueles que amamos. Porém, estaremos em outra dimensão,
convivendo com seres que já convivemos um dia, que foram nossos entes queridos
em outras vidas, ou mesmo na atual, e estaremos prosseguindo nossa jornada
evolutiva nessa nova fase da existência. A vida é assim: feita de reencontros,
aqui ou em qualquer lugar. Não entraremos, aqui, no mérito da questão de que a
alma poderá não ir para esse paraíso, e sim para o inferno. É o que muitos
podem estar pensando neste momento. Mas, afinal, quem somos nós, seres humanos,
para julgarmos os destinos das almas ou espíritos?
É comum ouvirmos a
expressão “a morte é a única certeza que temos na vida”. Ocorre que a
civilização ocidental materialista se amoldou à idéia de que tudo acaba com a
morte. Dessa forma, ela é tratada por muitos como um tabu, algo que não se deve
comentar ou investigar. O maior desejo do ser humano é a imortalidade, e esse
desejo está intimamente relacionado ao medo da morte. Mas, de onde vem esse
medo? Pode ser que venha do medo que se tem do desconhecido, do instinto de
auto-preservação que estimula o medo da própria extinção. Ou será que viria de
uma experiência antiga, guardada na memória, já vivida e não mais desejada?
Se desejarmos viver
indefinidamente, por que insistirmos em acreditar que morrer é o fim?
Provavelmente, se o contrário estivesse acontecendo, se o homem tivesse certeza
de sua imortalidade, ele procuraria a própria extinção. Será que o inconsciente
coletivo do homem já tem essa certeza da imortalidade? Será que os atos humanos
destrutivos, contra a natureza e contra si mesmos, não são formas veladas (e
doentias!) de se buscar atingir esse estado?
Mesmo assim, a morte
assusta, talvez pelo apego que temos às coisas materiais, as quais perderemos
definitivamente quando morrermos, e pelo apego que temos à própria vida. Talvez
um apego à nossa persona, nossa “individualidade” que irá se desfazer, voltar
ao “pó” (Eclesiastes 12:7). Na realidade, o nosso medo vem de uma fonte mais
profunda: não sabemos quem realmente somos. Somente após a morte do corpo é que
se pode experimentar a possibilidade de uma outra vida, caso ela exista. Por
outro lado, não se pode comprovar a possibilidade contrária (a inexistência de
uma outra vida), afinal, não se terá consciência dela.
Para os materialistas, o
dia da morte de uma pessoa deveria ser uma data inerte; afinal, tudo acaba com
esse fenômeno e não há razão para homenagear quem não existe mais. Ocorre,
porém, que a maioria das pessoas homenageia a memória de seus entes queridos,
até mesmo os ateus; mas, no fundo, estão apenas dando vazão à dor da própria
ferida não curada, gerada pela falta que sentem dos seus entes queridos:
saudades.
Quem de nós nunca sentiu
saudades? Aquele que já a vivenciou sabe o quanto ela dói, causa um estado
profundo de melancolia, faz chorar, provoca um desejo imenso de querer ter de
volta aquilo ou alguém que um dia nós “possuímos”; pode, enfim, levar uma
pessoa à “loucura”. E no momento em que qualquer ser humano perde um ente
querido, seja ele espiritualista ou ateu, a saudade daquele que partiu mexe com
os mais profundos sentimentos. Assim sendo, pergunto a um ateu se a morte seria
mesmo o fim da vida. Por que, então, ele sente saudades de quem se foi, se a morte
acaba com tudo? Qual a razão de homenageá-los?
Já ouvi muitos
espiritualistas dizerem que, apesar de acreditarem na eternidade da vida, não
se conformam quando a morte chega a sua família; então sofrem e choram a perda
de seu ente querido. A dor da perda é a visita da morte à vida, e sem dor não
há vida, porque nos apegamos demais a tudo o que possuímos, ou seja, pensamos
que possuímos; na verdade, apenas nos foi emprestado, inclusive a carne, e,
como tal, um dia teremos que devolvê-la ao Universo.
Flua como um rio
desapegue-se de situações e de pessoas, transcenda…
A Teosofia afirma que
essa homenagem remonta à época dos Atlantes, raça de “gigantes” (Gênesis 6:4),
os enacim e os emim, presentes na Bíblia Sagrada (Números 13:33 e Deuteronômio
1:28, 2:10).
Historicamente, o culto
aos antepassados é tão antigo quanto a história do Antigo Egito. Seu povo,
longe do conhecimento de sua avançada espiritualidade, restringia o seu culto à
veneração de imagens dos antepassados, ou de alguma divindade menor, por meio
de diversas superstições, incluindo o uso de amuletos.
Na Índia védica, os
filhos do Sol buscavam a ciência pura do fogo sagrado, a adoração ao Deus
Supremo e a honra aos antepassados por meio de orações. Ao milenar povo chinês,
afastado dos ensinamentos elevados acerca do Tao, restava um culto mágico aos
antepassados e uma adoração aos espíritos.
Para o Xintoísmo, a alma
dos que morrem permanece poluída, conservando sua personalidade de quando
estava em vida, necessitando, assim, de rituais de purificação para que assuma
um aspecto benevolente e pacífico. Dessa forma, ela atingirá o grau de guardiã,
ou deidade (kami), protetora da família. Assim, enquanto religião, a
divinização das energias cósmicas foi acompanhada da divinização dos espíritos
dos antepassados (considerados deuses tutelares da família), dos sábios
ancestrais, dos imperadores, de alguns animais e de forças elementares da
natureza.
A Psicologia
Transpessoal fala da existência de outros pacotes de inconsciente, além do
Inconsciente Coletivo descrito por Jung. Um deles seria o inconsciente
familiar, responsável pela repetição de padrões de comportamento presentes no
seio familiar. Alguns pesquisadores defendem que essas memórias estariam
impressas em nosso DNA e, dessa forma, acessíveis à nossa mente inconsciente.
Essa tese explicaria também a ocorrência de memórias novas, em transplantados,
de fatos ocorridos na vida do doador do órgão. O culto aos antepassados, de
forma que se libere essas energias de sua influência sobre nós, seria uma forma
de se trabalhar no inconsciente familiar.
Para os celtas, o ano
era dividido em quatro períodos de três meses e, no início de cada um, havia um
grande festival. No primeiro dia do ano celta, celebrado em 1º de novembro, era
comemorada a mais importante das quatro festas: o Samhain, conhecido como
“Noite dos Ancestrais” ou “Festa dos Mortos”, pois os celtas acreditavam que
nesse dia o véu entre os mundos estaria bem fino. Hoje, essa festa está
associada com o Hallows Day e é celebrada na noite anterior ao Halloween. O
mundo cristão assimilou essa festa pagã e passou a comemorá-la em dois de
novembro (Dia de Finados).
Concluindo nosso
pensamento, podemos dizer que a crença generalizada na existência da morte,
como aniquilação individual, fez sumir a visão de longo prazo e afetou o
planeta inteiro. Não se prepara mais o futuro, apenas se vive em busca de
prazeres e desejos pessoais do ego, teoria de vida pregada pelo capitalismo,
que é uma forma geradora de desejos. O homem está destruindo o planeta e a si
mesmo. Definitivamente, não há morte como a concebemos. A morte existe apenas
porque não se sabe o que a vida é, porque ainda estamos inconscientes da Vida,
da sua ausência de morte.
Assim, os que perguntam
o que acontece após a morte o fazem por não lhes ter acontecido nada durante a
vida. É necessário um nascimento espiritual para que a Vida nos permeie em sua
abundância. Quando se conhece a Vida, conhece-se a morte. A morte é apenas uma
transição de um estado de consciência para outro, e a única coisa que morre é a
morte. A morte é apenas uma PASSAGEM, e essa passagem deve ser o triunfo de uma
existência, seu mais glorioso momento.
Preparar-se para morte,
sem exageros, conscientes de que, assim como nascemos, todos passaremos por
ela, coloca-nos em sincronicidade com as Leis do Universo.
Somente quando formos
capazes de entender a chave iniciática contida nas palavras de São Francisco de
Assis, quando dizia que “… é morrendo que se nasce para a vida eterna”, ou a
declaração proferida pelo Faraó, no final da quinta etapa da iniciação egípcia,
“Sebek Ur Sebek”, que afirma: “Só a Morte pode Vencer a Morte”, estaremos, de
fato, preparados para ela.
E esse entendimento somente será completo até mesmo em certas
iniciações, em que a “LUZ É DADA DEPOIS DA MORTE”, e “QUE SE FAÇA A LUZ…! E A
LUZ FOI FEITA!”.
A Luz é a sua recompensa…
A Luz é a sua recompensa…
Eu Sou Apenas isso,
Eu Sou Você,
Você Sou Eu,
Eu Sou a Sua Manifestação…
Eu Sou, Wagner Veneziani Costa.
Eu Sou Você,
Você Sou Eu,
Eu Sou a Sua Manifestação…
Eu Sou, Wagner Veneziani Costa.
Pelo Ir.’.Wagner Veneziani Costa
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