É esse o segredo da
vida dotada de força. Apenas com a inteligência não se pode ser um ser moral,
nem fazer política. A razão não basta, as coisas decisivas passam-se para além dela.
Os homens que fizeram grandes coisas amaram sempre a música, a poesia, a forma,
a disciplina, a religião e a nobreza. Iria mesmo ao ponto de afirmar que só as
pessoas que assim procedem conhecem a felicidade! São esses os chamados
imponderáveis que dão o cunho próprio ao senhor, ao homem; aquilo que ainda
vibra na admiração do povo pelos atores é um resto incompreendido disso.
“Há quem muito se deu,
dele muito se exigirá; e há quem muito se entregar, muito se lhe pedirá”
Um templo
maçônico é construído, unindo-se tijolo a tijolo com a argamassa reparada pelo
pedreiro, que assim levanta suas paredes e verifica a sua perfeição com o
auxílio do Prumo e do Nível, tornando a aparência rude em lisa com a Trolha,
utilizada para estender o reboco e cobrir todas as irregularidades, para
anunciar que está tudo correto, proclamando: tudo está justo e perfeito,
fazendo parecer o edifício como formado por um único bloco e por isso, a Trolha
pode ser considerada como um emblema de tolerância e indulgência com que todo Maçom
deve dissimular as faltas e defeitos de seus Irmãos.
Porém é o mestre quem
diz que sua obra está perfeita. Dentro deste templo construímos uma Loja. Uma
Loja é construída com a energia dos Irmãos, ela encerra todas as virtudes
dos seus membros, mas também todos os seus vícios. Se permitirmos que as
virtudes prevaleçam, ela se enche de brilho e reflete em seus criadores a aura
de felicidade, de paz, de harmonia, de satisfação, de bem estar físico e
espiritual.
Vício é o hábito mau,
oposto à virtude, que é o hábito bom. Vício é tudo quanto se opõe à natureza
humana e que é contrário à ordem da razão; um hábito profundamente arraigado,
que determina no indivíduo um desejo quase doentio de alguma coisa, que é
ou pode ser nocivo. É tudo o que é defeituoso, o que se desvia do bom caminho.
Sendo coisas extremas, os vícios estão em oposição não só com a virtude, senão
também entre si; as virtudes, pelo contrário, concordam sempre entre si.
Quando permitirmos que
os vícios, os erros, o egoísmo, o individualismo, dominem, isso nos devolve a
sensação de opressão, angústia, desânimo, desilusão.
Mas quem é o filtro
que se coloca diante de nossos defeitos de modo a não permitir que eles se
amplifiquem dentro do templo e transformem a Loja?
Quem é que amplia
nossas qualidades, tornando os trabalhos justos e perfeitos?
Quem é que com
suas críticas ajuda Loja a crescer?
Quem é que com
seus elogios nos enche de orgulho, mas nos alerta que nas Lojas Maçônicas, os
ótimos são apenas bons?
Quem é que
diante de nossas divergências nos lembra de que os motivos que nos unem são
maiores do que aqueles que nos separam?
É o Venerável
Mestre, este Irmão que no decorrer de sua administração, deve saber filtrar as
queixas, saber amplificar as qualidades; que se cala como um sábio para evitar
desavenças, fala como profeta aos que sabem ouvi-lo.
Juiz por
Instalação… Salomão por mérito, manifestação de respeito, fidelidade,
subordinação e digno de reverência.
O peso que
exerce o Venerável Mestre na administração da Loja, é decisivo. Ele é o que
suas ações exemplificam.
Em Maçonaria,
como em qualquer outra instituição humana, são comuns as homenagens a Maçons
que se distinguem por seus méritos; essas homenagens, todavia, devem ser
prestadas com parcimônia e recebidas com humildade; a parcimônia, para que elas
não se transformem em moeda vil, em balcão de comendas; a humildade, para que o
homenageado tenha em mente que o dever está acima das galas momentâneas.
O que se espera
do dirigente:
O Venerável
Mestre não é apenas um condutor de reuniões. (Se bem que de cada reunião deva
nascer o encaminhamento para a solução dos problemas propostos. Se uma reunião
for estéril e o seu resultado ineficaz, estarão comprometidas e desacreditadas
as reuniões seguintes). Sem sombra de dúvidas, podemos afirmar que o Veneralato
é uma investidura que impõe ao Maçom importantes e sérias responsabilidades,
cuja incumbência deve ser efetuada com galhardia, zelo e satisfação, ainda que
sejam as tarefas difíceis e a jornada árdua. É, pois, um sacerdócio e uma magistratura
à altura do Rei Salomão.
Lembremo-nos que
todo o Maçom possui um compromisso com o futuro da Ordem e deve ter facilitado
os meios de participar das atividades da Loja. Cada um a seu nível, dentro de
suas condições e capacidade, mas é tarefa do Venerável orientar, coordenar e
comandar (= mandar com), cabendo-lhe a execução e o esforço em procurar todos
os recursos para:
1. Buscar a satisfação
dos IIr.·., de suas atividades ritualísticas, filosóficas e sociais;
2. Manter e melhorar o
desempenho da Oficina, funcionando de modo pleno, inteiramente voltada para
cumprimento do programa estabelecido pela Constituição e Regulamento Geral;
3. Procurar sempre
fazer mais e melhor, capacitando a Oficina para:
- que haja vida, trabalho, ação e comunhão de ideias com seus Irmãos;
- manter os Irmãos unidos e integrados para que se completem e complementem as partes, ouvindo todos e procurando concordância de ideias, de opiniões, num trabalho conjunto, harmonioso e produtivo de todos os Irmãos.
- que haja vida, trabalho, ação e comunhão de ideias com seus Irmãos;
- manter os Irmãos unidos e integrados para que se completem e complementem as partes, ouvindo todos e procurando concordância de ideias, de opiniões, num trabalho conjunto, harmonioso e produtivo de todos os Irmãos.
4. Estimular a participação,
o raciocínio e a reflexão de todos os Obreiros, inclusive dos Companheiros e
Aprendizes, nas tarefas que executam. Dando-lhes objetivos e solicitando-lhes o
auxílio, ganhando com isso benefícios de toda ordem. Todos os Irmãos devem
pensar, questionar, raciocinar e procurar os meios de otimização das
atividades. É privilégio de o Venerável elogiá-los por isso, ou cobrar-lhes
atuação e maior empenho.
Diversos são os
caminhos para se fazer alguma coisa:
Em que pareça o
sistema gerencial da Loja Maçônica ser um conjunto de elementos, materiais ou
ideais, nitidamente participativos, entre os quais se possa encontrar ou
definir alguma relação, os Obreiros de uma maneira geral reagem à participação.
Daí, os atributos e qualificações que o Venerável Mestre deve ser naturalmente
dotado para vencer o primeiro obstáculo de sua administração, que é a
incapacidade natural que o homem tem para conseguir e obter compreensão,
cooperação e auxílio dos outros.
Sempre existirão
diferentes formas de se compreender e solucionar um problema ou melhorar alguma
coisa. É preciso buscar a solução que satisfaça aos objetivos fixados, às
necessidades do momento e a opinião sensata dos Mestres e da maioria dos
envolvidos. Cooperar, trabalhando para que todos sejam beneficiados; com o
cuidado para não enveredar pelo caminho do individualismo – valorizando as
qualidades peculiares – suas e também dos ouros, lembrando, porém, que não é
ele, por “estar” Venerável Mestre, o valor mais elevado, mas sim, que juntos os
atributos e conhecimentos que habilitam alguém a desempenhar essa honrosa
função, adquirem mais forças.
Ao Venerável
Mestre cabe continuar servindo, direcionando a ação e fomentando a cooperação
entre todos, porque seu papel é interpretar os fatos e tomar as decisões mais
eficazes. Com seu exemplo, outros, em igualdade de condições farão o mesmo.
Assim teremos melhores dirigentes, e consequentemente, uma Maçonaria mais em
concordância com seus fundamentos originais.
Rogamos,
humildemente, a bênção divina para que um dia, em isso acontecendo, daremos
como alcançado, o nosso intento.
Permita Senhor do Universo, a realização dos sonhos que acalentamos!
Valdemar Sansão
– M.’.M.’.
Originalmente
publicado no blog MS Maçom em 28 de maio de 2010.
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