MAÇONARIA – SEM DOGMAS



O primeiro olhar que o franco-maçom deve alterar é aquele que ele tem a seu próprio respeito. A abordagem iniciática pode ser resumida pela fórmula de Sócrates, “Conhece-te a ti mesmo”. Mas a frase completa é “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo e os deuses”.

Para reunir pessoas de religiões e culturas diferentes, os franco-maçons tomaram emprestada de Voltaire a ideia de um Grande Relojoeiro, mas permanecendo fiel à tradição de construtor – a expressão franc-maçom quer dizer “pedreiro livre”, em francês. Daí a concepção do Grande Arquiteto do Universo, traduzida pelo princípio que não se opõe nem aos deuses das religiões nem ao materialismo científico.

Na maçonaria não há doutrina nem dogma, o que permite a todos, crentes, ateus ou agnósticos, compartilhar uma concepção de mundo. O Grande Arquiteto do Universo é representado pelo triângulo no centro do qual se localiza um olho, o olho da consciência, o Princípio Criador. É o olho que tudo vê, que protege ou julga, dependendo do caso. 

Esse símbolo já podia ser visto antes do surgimento da maçonaria, como representação divina nas pinturas pré-renascentistas e na antiga arte egípcia – no caso, aludindo a Hórus, filho de Ísis e Osíris.

O mais conhecido dos símbolos maçônicos, o esquadro e o compasso associados, apareceu em 1725. O esquadro remete a terra, ao número quatro e ao quadrado. O compasso alude ao céu, à unidade e ao círculo. Combinados, encontra-se a matéria (esquadro) e o espírito (compasso) indissociavelmente ligados.


Frequentemente se critica certo caráter “secreto” da maçonaria, a esconder talvez boa dose de perigo. Percepção errada. Desde a criação da primeira grande loja maçônica, em 1717, em Londres, começaram a circular textos detalhando seus ritos. 

O conhecimento verdadeiro, porém, está inscrito na vivência de cada maçom e é dificilmente transmissível.

Iniciado em 1750, Casanova exprimia com perfeição a ideia: “O segredo da franco-maçonaria é inviolável por sua própria natureza, já que o maçom que o conhece só o conhece por tê-lo adivinhado. Ele não o aprendeu de ninguém ele o descobriu à força de ir à loja, de observar, raciocinar e deduzir”

Philippe Benhamou


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