Na simbologia das
formas, o círculo é associado ao ponto e ambos podem ser considerados como
sinais supremos de perfeição, união e plenitude. O ponto simboliza o centro e a
divindade. O círculo é também sinônimo de movimento, expansão e tempo.
Representa ainda o céu, o firmamento e a ordem cósmica na astrologia.
Dissemos que o círculo
simboliza a totalidade original. Mais do que isso, ele representa os atributos
da divindade ou do absoluto. Estes são, como já dissemos, unidade,
perfeição, harmonia, universalidade, infinito, etc. Ou seja, todas as
qualidades que admitimos para o plano do absoluto. Em outro nível de
interpretação, o próprio céu torna-se um símbolo.
Não o céu físico, mas
o céu como representação da periodicidade perfeita e ritmada da natureza. O céu
foi percebido, em muitas gerações diferentes na antiguidade, como o local mais
próximo da perfeição que existia. Consequentemente, o céu estava bem próximo de
Deus, ou da Ordem Primordial (Cosmos) que regulava todas as atividades do
Universo.
Enquanto a terra era o
local da imprevisibilidade, da decadência, do perecível, da geração e da
mudança, o céu, por sua vez, parecia dotado de uma regularidade pura e de
luminosa beleza, onde tudo estava em perfeita harmonia com tudo e todos os
fenômenos se encadeavam num perfeito movimento.
Do céu emanava uma
ordem diferente e superior, que sugeria a própria eternidade e a perfeição de
leis inalteráveis. Tanto que os eventos celestes mais significativos eram
indicadores de correspondências com eventos terrestres, de modo que a
manifestação dos fenômenos na terra obedecessem inevitavelmente a uma ordenação
direta do mundo celestial.
Por este motivo, o céu
sempre foi percebido como a fonte de toda a perfeição, harmonia e luminosidade
próprias do plano divino. Desse modo, existiu uma associação direta entre o círculo
e o céu ou plano celestial.
O ponto e o
círculo simbolizam o início do Universo, a perfeição espiritual, a união dos elementos, a
energia e a plenitude do ser completo.
O círculo é também um
símbolo de movimento, como a roda e as habitações de todos os povos nômades que
dispunham os seus acampamentos também em forma de círculo protetor. Representa
ainda a atividade e os movimentos cíclicos dos planetas representados nos
horóscopos e no Zodíaco, à volta do Sol.
É a mesa redonda à
volta da qual se reúnem os Cavaleiros da Távola Redonda e é a forma do paraíso
e do ovo primordial. As mandalas orientais são símbolos mágicos e espirituais
em forma de círculo. A arquitetura muçulmana e romana utilizavam o arco, que é
uma secção do círculo, e que simboliza o céu e o divino. O arco é também um
símbolo de elevação e de triunfo. O sol, o ouro e o fogo são também representados
em círculos.
Por que o céu se move
com movimento circular? Por que ele imita a inteligência.
Em suas relações com a
terra, o círculo encontra-se estreitamente ligado às manifestações circulares e
periódicas da natureza. Isso se expressa pelo eterno ciclo contínuo natural, os
ciclos cósmicos e os ciclos terrenos. É a atividade do céu na terra, ou a maior
manifestação da perfeição na imperfeição, que é a circularidade do conjunto do
Universo. Este movimento circular natural é perfeito, imutável, sem começo e
nem fim.
Temos como exemplo,o
dia e a noite (movimento de rotação da terra), as estações (movimento circular
que o planeta faz ao redor do sol), o ciclo da água, etc. E num nível humano,
temos, por exemplo, as batidas do coração, nascimento e morte das células, a
digestão, a respiração e todas as funções orgânicas, pois tudo no corpo humano
só funciona obedecendo a um ritmo preciso e matemático. Isso está perfeitamente
expresso no Caibalion, onde vemos enunciado o chamado Princípio do
Ritmo. Este princípio está na base dos ciclos, que provém diretamente do
coração do significado universal do circulo:
“Tudo tem fluxo e
refluxo, tudo tem suas marés; tudo sobe e desce, tudo se manifesta por
oscilações compensadas; a medida do movimento à direita é a medida do movimento
à esquerda, o ritmo é a compensação.”
Nesse sentido, o
circulo também expressa o movimento, o devir eterno e perpetuo da natureza. O
movimento sem origem e infinito, que nunca teve um início. Porém, é preciso que
haja algo que produza esse movimento, mas este não pode ser, ele mesmo,
movimento.
Aristóteles e Platão
Nesse sentido,
Aristóteles fala do “Eterno e perpétuo motor cósmico”, que gerava todo o
movimento do mundo e este tinha a capacidade de imitar a essência do Grande Motor.
Vejamos o que Marcelo Gleiser, em seu livro “A Dança do Universo” nos fala
desta idéia em Aristóteles:
“Ao postular a
existência do éter, Aristóteles efetivamente dividiu o Universo em dois
domínios, o sublunar, onde o movimento “natural” era linear e os fenômenos
naturais, que envolviam mudanças e transformações materiais, eram possíveis, ou
seja, o domínio do devir, e o celeste, onde o movimento “natural”
era circular e nada podia mudar o domínio imutável do ser. Sem
duvida, se você quiser descrever “movimento sem mudança”, nada melhor do que
o movimento circular, já que sempre retorna ao seu ponto de partida.
Envolvendo a esfera das estrelas fixas, Aristóteles postulou a existência de outra
esfera, geradora primária de todo movimento do cosmo, a esfera do “Movedor
Imóvel”, o Ser que de certa forma sustenta todo o Universo.
O círculo não é esta
totalidade, mas sua representante no mundo físico, assim ensinava Platão.
Platão diz que as formas (eidos) têm uma realidade que vai além do mundo físico
devido a sua perfeição e estabilidade. Em grego, a palavra para “forma” tem o
mesmo sentido que “ideia”.
O mundo físico se
parece com as formas, mas devido a constantes mudanças inerentes a natureza
dele, nunca se chega a essa perfeição. Platão nos fornece um exemplo em que
utiliza o círculo para explicar a relação entre o Mundo das Formas Perfeitas e
o mundo manifesto.
Devido ao mundo das
formas temos a concepção de um círculo perfeito – totalmente redondo composto
de uma série de pontos que apresentam exatamente a mesma distancia do ponto
central. No mundo físico essa figura jamais pode ser vista, porque os círculos
nunca podem ser desenhados com perfeição.
Nesse sentido, o círculo
existe no Mundo das idéias e é eterno e imutável. Para Platão, este círculo só
pode ser conhecido pela Razão, e nunca pela experiência sensível. Portanto, o
que vemos é apenas um reflexo imperfeito de uma Forma Perfeita, que está
diretamente ligada a um Pensamento Original de Deus, no momento em que ele
concebeu o conjunto da Criação. A este respeito, escreveu Platão:
“Acaso não sabeis que
(os geômetras) utilizam as formas visíveis e falam delas, embora não se trate
delas, mas destas coisas de que são um reflexo, e estudam o quadrado em si e a
diagonal em si, e não a imagem deles que desenham? E assim sucessivamente em
todos os casos… O que realmente procuram é poder vislumbrar estas realidades
que apenas podem ser contempladas pela mente.” (Platão, A República)
Círculo representa a
perfeição na imperfeição
A Maçonaria é conhecida
por ser uma Sociedade Secreta que preserva um ensinamento iniciático durante
alguns séculos. Alguns maçons atribuem a origem de sua Ordem e a construção do
Templo de Salomão. Assim como as pirâmides do Egito, o Templo de Salomão é o
que podemos chamar de uma “bíblia em pedra”, ou seja, sua construção
arquitetônica transmite uma sabedoria a respeito dos princípios e leis
universais através das formas geométricas simbólicas com a qual ela foi
construída.
Outros falam de uma
origem mais recente, que veio com a herança da sabedoria da Ordem dos
Templários. A palavra maçom significa “construtor” ou “pedreiro”. Há
algumas interpretações que atribuem a origem do nome Franco-maçom a derivação
das palavras egípcias PhreeMessen, que significam “Filhos da Luz”. Apesar
dessas controvérsias, a Maçonaria é uma sociedade que se estabeleceu com o
ideal da construção de um novo mundo, no sentido dos termos Liberdade,
Igualdade e Fraternidade.
A despeito de tudo, sabemos que um dos
principais símbolos da maçonaria é o compasso. Este instrumento de medida
serve para traçar círculos com medidas exatas de tamanho e proporção.
Dentre outras interpretações, sabendo-se que o
círculo representa a perfeição na imperfeição, aquele que usa o compasso
está criando medidas divinas de perfeição e harmonia dentro do mundo da
dualidade e da forma. Assim, os maçons seriam os arquitetos menores que ajudam
a construir um reino de perfeição na Terra. Eles seriam os encarregados de
expressar a harmonia do Grande Arquiteto do Universo num mundo de formas e de
limites.
Na China, o compasso e
o esquadro são respectivamente o símbolo do céu e da terra. O esquadro traça o
quadrado, que representa o mundo tridimensional e objetivo. A interação entre
compasso e esquadro é a harmonia entre o céu e a terra, e aqueles que usam
esses instrumentos são considerados os mediadores entre ambos. A expressão
compasso e esquadro (kuei-kin) indica a boa ordem, as boas normas e a harmonia
da complementação dos opostos céu e terra.
O Símbolo
O Círculo com um ponto
central é, inegavelmente, um símbolo místico e remonta à mais alta antiguidade.
Ele faz parte até das cerimônias e ritos de adoração ao Sol predominante entre
os antigos. Este símbolo foi interpretado de várias maneiras. Simbolizou o Sol,
o Universo, Deus e o Todo), a Unidade e o zero, o princípio (o ponto) no
centro da eternidade (o círculo linha sem início e fim), porém sempre
relacionados a Deus e à criação.
Os corpos celestes
foram a base sobre a qual se inspiraram os sábios da Antiguidade para definir as
primeiras formas geométricas. Nos primórdios da Humanidade, o Ser Supremo, o
Criador, não tinha nome nem símbolo algum que o representasse. O mesmo não
acontecia em relação à sua obra, à criação, o Universo, cujo símbolo já era
então o Círculo com o Ponto Central.
Na Índia, os Vedas
ensinam que Deus é um Círculo, cujo centro está em toda a parte e cuja
circunferência não está em parte alguma. Outra interessante semelhança entre o
pensamento antigo e moderno, pois, voltando a falar da geometria do espaço-tempo
e da expansão universal, não se concebe esta expansão de forma regular, melhor
dizendo, não há, atualmente, um centro determinado desta expansão.
O Círculo
O Círculo, sem começo
nem final, é um símbolo da divindade e eternidade e, portanto, o Compasso deve
ser tomado como o meio pelo qual esta figura perfeita pode ser traçada. Em toda
a parte e em todas as épocas, atribuiu-se ao Círculo propriedades mágicas e,
particularmente, o poder de proteção contra o mal exterior de tudo que
estivesse nele circunscrito.
O folclore traz-nos
inúmeros exemplos de pessoas, casas, lugares etc. sendo protegidos pelo simples
traçado de um círculo em volta deles. As virtudes do Círculo foram também
atribuídas aos anéis, braceletes tornozeleiras e colares usados desde épocas
primitivas, não só como ornamentos, mas como meio de proteção contra
influências malignas.
Há uma pintura famosa
da época da Renascença que é sugestiva de uma correlação entre Homem e
totalidade, envolvendo o simbolismo do círculo. O Homem Vitruviano de
Leonardo Da Vinci é considerado um símbolo da Renascença, pois agrega todo o
ideário renascentista do surgimento do antropocentrismo, ou do “Homem como a
medida de todas as coisas”.
Essa famosa pintura
mostra uma figura masculina sem roupa separadamente e simultaneamente em duas
posições sobrepostas com os braços inscritos em um circulo e em um quadrado.
Essa pintura tem
medidas de proporções muito significativas. A cabeça é do tamanho de um décimo
da altura total. Algumas vezes o desenho e o texto são chamados de Cânone das
Proporções. As posições com os braços e os pés em forma de cruz é inscrita
acompanhando a posição do quadrado. Já a posição dos braços e das pernas, que
estão acima e parecem estar em movimento, são desenhados acompanhando a forma do
círculo.
Temos uma perfeita
representação do Homem dentro de uma Mandala sob uma perspectiva de
universalidade. O quadrado desenhado e a forma do homem imitando uma cruz
parecem estar parados e fixos no chão. Já o Homem inscrito dentro do círculo,
parece estar fora do chão e sua posição nos dá a impressão de movimento. Nesse
sentido, o quadrado implica a estabilidade e o círculo o movimento e a
dinâmica.
Podemos observar que,
a despeito do movimento, o umbigo do homem permanece imóvel. O Umbigo, que é o
verdadeiro centro de gravidade, é o ponto central do homem que está posicionado
precisa e matematicamente no centro do círculo. O desenho também é considerado
freqüentemente como um símbolo da simetria básica do corpo humano e das
proporções matemáticas do ser humano perante o Universo.
Outra maneira bastante
conhecida dentro do misticismo onde se aplica o simbolismo do círculo é aquilo
que os Budistas e Hinduístas chamam de a “roda do samsara”. A Roda do Samsara é
a condição de nascimento e morte a que todas as coisas estão sujeitas.
O círculo é também um
símbolo de movimento, como a roda e as habitações de todos os povos nômades que
dispunham os seus acampamentos também em forma de circulo protetor. Representa
ainda a atividade e os movimentos cíclicos dos planetas representados nos
horóscopos e no Zodíaco, à volta do Sol.
É a mesa redonda à
volta da qual se reúnem os Cavaleiros da Távola Redonda e é a forma
do paraíso e do ovo primordial. As mandalas orientais são símbolos mágicos e
espirituais em forma de círculo. A arquitetura muçulmana e romana utilizavam o
arco, que é uma secção do círculo, e que simboliza o céu e o divino. O arco é também
um símbolo de elevação e de triunfo. O sol, o ouro e o fogo são também
representados em círculos.
Para a cultura do islão, o círculo é
a forma mais perfeita que existe e, por esse motivo, os movimentos de oração e
adoração são feitos em forma de círculo à volta do cubo negro Ka'ba, que
está dentro do um círculo branco em Meca. Na literatura persa, o círculo é um símbolo do destino.
Na tradição sufi, celebrada pelo poeta Mevlana, a dança dos Derviches Giróvagos,
ou rodopiantes, é feita em círculo, simbolizando o movimento dos planetas em
volta do Sol e também o movimento cósmico da espiral.
Enquanto relacionado com o Céu, o círculo é um símbolo do mundo espiritual e do cosmos na
sua relação com a Terra.
No budismo, os
círculos concêntricos são uma representação do aperfeiçoamento interior e da
evolução espiritual. Entre os Celtas, o círculo é um símbolo mágico de
proteção, defesa e poder. O círculo mágico é também utilizado nos rituais de
magia e feitiçaria, segundo as lendas antigas.
Muitos dos antigos e
atuais adereços e joias, provavelmente descendentes dos antigos amuletos, são
de forma redonda, como é o caso de brincos, braceletes, colares e anéis. Mais
do que amuletos de proteção, são também considerados estabilizadores da energia
e da união entre o corpo e o espírito.
O círculo pode também
ser considerado um sinal de expansão a partir do ponto inicial e o ponto pode
ser considerado o resultado de uma contração a partir do círculo. O
infinitamente grande e o infinitamente pequeno.
O círculo é também uma
forma de medir o tempo. O tempo circular e cíclico da tradição e da Antiguidade opõe-se ao comum e
moderno conceito de tempo linear. Tanto na Babilônia, como na antiga Grécia ou nos primeiros tempos da cristandade, o círculo
simbolizava a eternidade.
Entre os índios
da América do Norte, o tempo também era
expresso em círculos, acompanhando o movimento do Sol, da Lua e dos ciclos das estações.
Na Umbanda e
Candomblé, o círculo traçado no chão é um espaço sagrado para as entidades.
Entre os budistas, representa o ciclo contínuo da vida: nascer, morrer e
renascer.
Tantas interpretações
do círculo em diversas culturas e doutrinas comprovam como esse símbolo vem
influenciando a humanidade desde antes da Era Cristã. Mas você sabe o
significado de círculo? Vamos dar literalmente uma voltinha ao redor do tema.
ORIENTE DO RIO DE
JANEIRO, RJ.
A.·. R.·. L.·.M.·.
FLAUTA MÁGICA DO RIO DE JANEIRO, Nº 170
M.·.M.·. SANDRO
PINHEIRO
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