Muito se discute sobre a decadência dos costumes na Maçonaria e a perda dos seus valores mais intrínsecos, assim como consequência o desinteresse pelas matérias éticas que envolvem a doutrina maçónica.
Dentro das definições que
encontramos, esta nos parece simples de entender:
A Ética é um ramo da
filosofia que lida com o que é moralmente bom ou mau, certo ou errado. As
palavras ética e moral têm a mesma base etimológica: a palavra grega ethos e a
palavra latina moral, ambas significam hábitos e costumes.
Para melhor explorarmos o tema,
usaremos as definições contidas na obra da Professora Adriana Farias,
Legislação e Ética Profissional:
Ser ético é agir de acordo
com “as regras” e com a moral. Nesse sentido, o que é moralmente correto é
estabelecido de acordo com cada sociedade, pois o que é certo em algumas
comunidades pode ser errado em outras. Em outras palavras, ser ético é ter
respeito e seguir os códigos de conduta do ambiente em que se vive.
A ética, como expressão única do
pensamento correto conduz à ideia da universalidade moral, ou ainda, à forma
ideal universal do comportamento humano, expressa em princípios válidos para
todo pensamento normal e sadio.
“É ético tudo que está em
conformidade com os princípios de conduta humana; de acordo com o uso comum, os
seguintes termos são mais ou menos sinônimos de ético: moral, bom, certo,
justo, honesto.”
A professora ainda cita as Fontes
fundamentais das Regras Éticas a saber:
Natureza do homem puro e sadio,
virtuoso e de ações éticas.
Princípios e pensamentos sãos que
regem o comportamento humano.
Busca refletida dos princípios do
comportamento humano.
Legislação e Códigos de Ética de
cada país.
Normas éticas provindas dos
Costumes.
A Maçonaria através dos seus
ritos e rituais procura enviar mensagens éticas aos seus membros, e que foram
colhidas e cultivadas ao longo do tempo da sua formação como sociedade.
Comum encontrarmos citações sobre
os USOS E COSTUMES da Maçonaria, como sendo um código de ética dos maçons.
Senão vejamos alguns exemplos de
tais usos e costumes que norteiam os comportamentos éticos ideais dos maçons
que extraímos dos seus rituais:
Levantar templos à Virtude e
cavar masmorras ao Vício.
Não impõe limites à livre
investigação da Verdade, e exige a todos a maior tolerância.
Obedecer às leis democráticas do
País.
Viver segundo os ditames da
Honra, praticar a Justiça.
Amar ao Próximo, trabalhar pela
felicidade do Género Humano.
Subjugar paixões e
intransigências.
Prestar fiel obediência aos
princípios da Fraternidade.
Tudo ser tratado sob os
princípios da Moral e da Razão.
Viver com Virtude, Honra e
Sabedoria.
Manter o mais absoluto sigilo
sobre tudo que ver ou ouvir.
Tornar-se um elemento de Paz,
Concórdia e Harmonia no seio da Maçonaria.
Agir sem ostentação: Que a mão
direita não saiba o que a esquerda faz.
Entregar-se ao Estudo e ao
Trabalho, nutrindo o seu coração com a Solidariedade.
Iluminar a sua Mente e tornar o
seu coração sensível a tudo que é Belo, Justo e Bom.
Aprendei a dominar-vos e fugi de
todo sectarismo.
Praticar a Virtude.
Parece-nos o suficiente para
exemplificar como a Maçonaria nos envia um Código de Ética e de Moral a ser
praticado e desenvolvido. E não faltam sugestões constantes nos seus escritos
sobre que nós devemos “Aperfeiçoar Moralmente.”
Um dos conceitos mais completos
sobre o que é Maçonaria é-nos fornecido na Enciclopédia Maçônica Coil que
reproduzimos a seguir:
Maçonaria, no seu sentido mais
amplo e abrangente, é um sistema de moralidade e ética social, e uma filosofia
de vida, de carácter simples e fundamental, incorporando um humanitarismo amplo
e, embora tratando a vida como uma experiência prática, subordina o material ao
espiritual; é moral, mas não farisaica; exige sanidade em vez de santidade; é tolerante,
mas não indiferente; busca a verdade, mas não define a verdade; incentiva os
seus adeptos a pensar, mas não diz a eles o que pensar; que despreza a
ignorância, mas não reprova o ignorante; que promove a educação, mas não propõe
nenhum currículo; ela abraça a liberdade política e de dignidade do homem, mas
não tem plataforma ou propaganda; acredita na nobreza e utilidade da vida; é
modesta e não militante; que é moderada, universal, e liberal quanto a permitir
que cada indivíduo forme e expresse a sua própria opinião, mesmo sobre o que a
Maçonaria é, ou deveria ser, e convida-o a melhorá-la, se puder (Coil’s Masonic
Encyclopedia, COIL & BROWN, 1961, p. 159).
Pressupõe-se, portanto, que sendo
a Maçonaria um sistema de moralidade e ética social, espera-se que os seus
membros, os seus líderes internos ou externos, sejam no mínimo e essencialmente,
morais e éticos.
E claro está que a partir dos
seus líderes é que toda a comunidade se espelha. Podemos afirmar sem sombra de
erro que o Venerável Mestre da Loja é a liderança mais próxima que um Maçom
possa ter e conviver.
Muitas são as prerrogativas e
qualidades para que um Maçom possa alcançar o trono de Salomão e se tornar um
Venerável Mestre.
William Preston na sua
obra Illustration of Masonry, descreve parte do juramento de um Venerável
Mestre com os pressupostos explícitos:
Concorda em ser um homem bom e
verdadeiro, e estritamente obedecer às leis morais? Concorda em ser cauteloso
no comportamento, cortês com os seus irmãos e fiel à Loja? Concorda em promover
o bem geral da sociedade, a cultivar as virtudes sociais, e a propagar o
conhecimento da Arte Maçónica, tanto quanto a sua influência e capacidade possa
alcançar? (Illustrations of Masonry, PRESTON, 1867, p. 59)
Cabe ainda pressupor que um líder
ético, como o Venerável Mestre também incentive e desenvolva os seus liderados
para que alcancem maior responsabilidade moral e ética e, finalmente, sejam
exemplos morais na sociedade. Uma das máximas da Maçonaria é a de que um Maçom
não precisa de se identificar como tal na sociedade, pois será reconhecido como
tal por suas atitudes morais elevadas assim como éticas.
Este tema como podemos deduzir é
infindável, mas finalizamos com uma avaliação pessoal sobre a liderança ética
de um Venerável Mestre. Você responderia sim a estas perguntas?
Meu Venerável Mestre é confiável.
Confio o bastante no meu
Venerável Mestre que defenderia e justificaria a decisão dele, mesmo se ele não
estivesse presente para fazê-lo.
Meu Venerável Mestre disciplina
os membros que violam padrões éticos.
Acredito plenamente que meu
Venerável Mestre conduz a sua vida pessoal de maneira ética.
Meu Venerável Mestre sempre pensa
nos interesses dos membros da Loja.
Meu Venerável Mestre toma
decisões justas e equilibradas.
Meu Venerável Mestre ouve o que
os membros da Loja têm a dizer.
Creio plenamente que meu
Venerável Mestre se sacrificaria para me ajudar.
Meu Venerável Mestre discute
ética e valores maçónicos conosco.
Meu Venerável Mestre é um exemplo
de como fazer as coisas de forma correta, no sentido ético.
Meu Venerável Mestre reconhece
meu potencial e desenvolvimento.
Meu Venerável Mestre pergunta “o
que é a coisa certa a fazer?” ao tomar decisões.
Pesquisa por Alberto Feliciano
Bibliografia
COIL, Henry Wilson; BROWN,
William M. Coil’s Masonic Encyclopedia. New York: Ed. Macoy,1961.
FARIAS, Professora Adriana –
Legislação e Ética Profissional – apost_eticaccr.pdf
ISMAIL, Kennyo Mahmud Soares
Oliveira – A influência da liderança na identidade e comportamento maçónico –
2013.
PRESTON, William. Illustrations
of Masonry. New York: Masonic Publishing and Manufacturing Co., 1867.
YATES, Frances A., The
Rosicrucian Enlightenment. Londres: Routledge & Kegan Paul, 1972.
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