É um prazer estar aqui para compartilhar uma jornada em busca do
conhecimento.
Acredito que essa busca seja fundamental para o crescimento pessoal e
profissional. Nesta palestra, exploraremos os caminhos para expandir os nossos
horizontes e obter um conhecimento mais abrangente e significativo.
A palavra conhecimento vem do latim ‘cognoscere’, que significa ato
de conhecer e da sua raiz linguística “gno”, presente também no grego
antigo, da palavra “gnose”, que significa conhecimento, ou “gnóstico”,
aquele que conhece.
Conhecer é apreender e compreender algo.
É uma capacidade exclusiva dos seres humanos, pois podemos elaborar,
codificar e decodificar o conhecimento por meio da linguagem e do raciocínio.
O conhecimento permite-nos entender, apreender e compreender as coisas
além de criar e experimentar o novo.
Ele é abstrato, mas de grande valor e é celebrado em muitas sociedades. Ao
longo dos tempos, a humanidade tem aprimorado a sua capacidade de conhecer,
aprender e transmitir exigindo entrega, dedicação, coragem e força.
Ao longo dos séculos, a humanidade precisou aprender a viver na Terra,
visando à manutenção da espécie, num ambiente hostil, com seres monstruosos e
com intempéries naturais.
Na era antiga, que abrange um tempo significativo e várias civilizações em
diferentes partes do mundo, o conhecimento variava consideravelmente,
dependendo da região geográfica e da cultura específica que consideramos. No
entanto existem algumas áreas, amplas de conhecimento que eram comuns em muitas
sociedades antigas.
A Matemática e a astronomia foram desenvolvidas por civilizações, como a
Mesopotâmica, a Egípcia, a Grega e a Chinesa. Criaram sistemas numéricos,
técnicas de cálculo e conhecimentos astronômicos. Elas desenvolveram métodos
para medir o tempo, acompanhar os movimentos dos corpos celestes e
desenvolveram a geometria básica.
A Filosofia também teve grande destaque na Grécia antiga, com pensadores
como Sócrates, Platão e Aristóteles. Eles buscavam entender a natureza do mundo,
a existência humana, a ética e a política. As suas ideias influenciaram
significativamente o pensamento ocidental.
Na área da Medicina, desenvolveram sistemas médicos baseados na observação
e experiência. Por exemplo, os egípcios tinham conhecimentos sobre anatomia,
tratamentos e cirurgias básicas. Na Índia, a medicina ayurvédica desenvolveu-se
com o seu foco na saúde holística.
A Engenharia e a arquitetura também foram áreas em que as civilizações
antigas se destacaram. Elas construíram estruturas arquitetônicas
impressionantes, como as pirâmides do Egito, os zigurates da Mesopotâmia e os
templos gregos. Além disso, desenvolveram técnicas avançadas de construção,
como o uso de arcos, cúpulas e colunas.
A Literatura e a mitologia também desempenharam um papel importante.
Muitas civilizações produziram obras literárias que forneciam insights (ter
uma intuição, olhar por dentro) sobre a sua cultura, valores e crenças. A
epopeia de Gilgamesh na Mesopotâmia, a Ilíada e a Odisseia na Grécia, e o
Mahabharata na Índia.
A Agricultura e a tecnologia foram desenvolvidas para cultivar e colher
alimentos. Além disso, criaram ferramentas e tecnologias, como a roda, a
metalurgia e a construção de navios.
É importante lembrar que o conhecimento na era antiga era limitado em
comparação com o conhecimento científico e tecnológico atual. No entanto,
as descobertas e realizações dessas civilizações estabeleceram as bases para
muitos campos de estudo que continuaram a se desenvolver ao longo dos séculos,
mostrando assim que o conhecimento é uma crescente e se utiliza de várias áreas
para o seu aperfeiçoamento.
Acompanhando as transformações que ocorreram no tecido social, novas
tecnologias surgiram como consequência do acúmulo de conhecimento que a
humanidade ia descobrindo. Os manuscritos e, por conseguinte, os livros foram
instrumentos utilizados como suporte para a transmissão de teses, orientações,
aperfeiçoamento, comunicação científica, entre outros fins.
No contexto da dinâmica social do século XXI, em que pessoas separadas por
oceanos e vastos territórios continentais conseguem estabelecer uma comunicação
instantânea ao toque dos dedos ou comandos mentais, basta que elas disponham de
instrumentos tecnológicos similares.
O conhecimento é imprescindível para o estabelecimento de novas formas de
gerenciamento empresarial, novas tecnologias comunicacionais, e até mesmo
avanços no campo da ciência, voltados à manutenção da vida humana na Terra.
Com a emergência de novas tecnologias e a aceleração da vida pós-moderna,
o ato da leitura (uma das formas de adquirir conhecimento) tornou-se uma ação
vista como algo de outro mundo, especialmente quando se trata de pessoas que
aproveitam qualquer oportunidade para sacar os seus livros e dispositivos
electrónicos e dar uma adiantada na leitura.
No entanto, é importante lembrar que a avaliação do conhecimento na
melhoria da vida das pessoas deve considerar múltiplas perspectivas e não se
restringir apenas a aspectos quantitativos. É necessário levar em conta as
desigualdades sociais, acesso equitativo e a capacidade da utilização do que
foi adquirido.
A evolução do conhecimento desde a era antiga até a atualidade é um
processo fascinante e complexo. Ao observar essa evolução, de forma geral,
destacamos alguns marcos importantes ao longo do caminho.
Antigamente, o que se conhecia era transmitido principalmente oralmente,
de geração em geração. Surgiu então a escrita cuneiforme na Mesopotâmia,
enquanto os egípcios utilizavam hieróglifos. Na Grécia, grandes pensadores como
Sócrates, Platão e Aristóteles, exploraram temas como filosofia, ética, lógica
e ciência.
Durante a Idade Média, a disseminação do conhecimento foi influenciada
principalmente pela Igreja Católica e pelas instituições religiosas. A educação
e o conhecimento estavam concentrados em mosteiros e escolas catedrais. Nesse
período, ocorreu uma fusão entre o conhecimento clássico greco-romano e a
teologia cristã. As universidades começaram a surgir na Europa, proporcionando
uma estrutura para a educação e a pesquisa.
Um exemplo de fácil verificação está nas obras de Platão e Santo Agostinho
(dr. da Igreja Católica) onde, o mundo das ideias, filosofia formulada por
Platão, é convertida e por assim dizer, santificada/cristianizada na Cidade de
Deus.
O Renascimento, a partir do século XIV, marcou uma mudança significativa
na forma como o conhecimento era abordado. Houve um ressurgimento do interesse
pela cultura clássica e uma ênfase na observação direta e na experimentação.
Grandes nomes como Leonardo da Vinci, Michelangelo, Galileu Galilei e Nicolau
Copérnico impulsionaram a arte, a ciência e a astronomia. A invenção da
imprensa por Johannes Gutenberg permitiu uma disseminação mais rápida do
conhecimento por meio de livros impressos.
O século XVIII foi marcado pelo Iluminismo, uma época de grande progresso
intelectual e científico. Filósofos como Voltaire, Montesquieu e Rousseau
promoveram a ideia do pensamento racional e da liberdade individual. A ciência
tornou-se mais sistemática, e figuras como Isaac Newton e Carl Linnaeus fizeram
avanços significativos nas suas respectivas áreas.
A Revolução Industrial, que teve início no século XVIII e se estendeu até
o século XIX, trouxe avanços tecnológicos e científicos sem precedentes. A
mecanização da produção, a invenção de máquinas a vapor e o desenvolvimento do
motor a combustão abriram caminho para um rápido progresso industrial. A
ciência e a tecnologia se tornaram motores importantes do conhecimento, levando
a avanços nas áreas da física, química, medicina e engenharia.
Na era Moderna e Contemporânea desde o final do século XIX até os dias atuais,
houve uma rápida expansão do conhecimento em diversas áreas. A revolução da
informação, com o desenvolvimento de computadores e a criação da internet,
transformou a forma como compartilhamos e acessamos informações. A ciência e a
tecnologia continuaram a se desenvolver rapidamente, levando a descobertas
fundamentais na física quântica, na genética, na biotecnologia, na inteligência
artificial e em muitos outros campos.
Além disso, o conhecimento se tornou mais globalizado, com uma maior interação
entre culturas e uma abordagem mais inclusiva na produção de conhecimento, buscando
diferentes perspectivas e contribuições de diversas partes do mundo.
Em suma, toda esta evolução desde a era antiga até a atualidade foi
impulsionada por uma combinação de fatores, incluindo avanços tecnológicos,
descobertas científicas, mudanças sociais e filosóficas, além da interação
entre diferentes culturas. Este processo continua em andamento, e é empolgante
imaginar as possibilidades futuras que o conhecimento poderá trazer.
No entanto meus irmãos, um desafio significativo surge em relação à
essência da nossa instituição: o conhecimento de nós mesmos, o nosso interior,
estimulando o crescimento do “eu” individual.
A Maçonaria é uma ordem fraterna que valoriza princípios éticos, morais e
filosóficos. Embora a Maçonaria utilize simbolismo e rituais baseados na
tradição da pedra e da construção, o conceito de lapidar o interior não é uma
prática literal ensinada pela Ordem.
No contexto maçónico, o ato de lapidar é simbólico e refere-se ao processo
de aperfeiçoamento pessoal e moral. Como maçons somos incentivados a buscar o autoaperfeiçoamento,
desenvolver virtudes e aprimorar as nossas habilidades intelectuais e morais.
Através do estudo dos rituais, símbolos e ensinamentos maçónicos, somos
encorajados a refletir sobre as nossas ações, buscar a verdade, a justiça e a
fraternidade, e nos tornarmos pessoas melhores.
A Maçonaria valoriza a busca pela sabedoria e pela verdade, bem como a
prática de princípios morais elevados. Somos incentivados a cultivar virtudes
como honestidade, integridade, tolerância e compaixão, a fim de nos tornarmos
cidadãos exemplares e contribuir positivamente para as nossas comunidades.
Conhecer a si mesmo é um processo contínuo de exploração interna e
autoconsciência. É uma jornada pessoal que envolve compreender as nossas
emoções, pensamentos, valores, crenças, habilidades, desejos e limitações.
À medida que evoluímos e aprendemos a aceitar a nós mesmos como somos, com
todas as falhas e imperfeições podemos trabalhar nesses pontos fracos saindo da
nossa zona de conforto e experimentando coisas novas.
Os nossos desafios são como pedras brutas que podem ser lapidadas para
revelar o nosso verdadeiro potencial. Quando aprendemos a desbastar essas
pedras, somos capazes de transformar obstáculos em oportunidades de crescimento
e sucesso.
Polir a Pedra Bruta exige esforço, resiliência e uma mudança de
perspectiva, mas é um processo que nos permite crescer, aprender e alcançar os
nossos objetivos.
Todo Maçom deve perseverar na busca do seu próprio conhecimento, por meio
de um processo de introspecção. O conhecimento deve ser acima de tudo, um
propulsor da evolução do Maçom e, consequentemente, um inimigo da tirania que
busca escravizar a inteligência e o espírito do homem.
Todos nós conhecemos a frase escolhida por Sócrates, o grande filósofo e
pensador grego, que serviu como norte, tanto para a sua trajetória, quanto para
a sua pregação filosófica CONHECE-TE A TI MESMO.
A verdade é que a atividade de pensar confere asas ao Maçom para se
movimentar e raízes para se aprofundar na realidade do mundo em que vivemos.
René Descartes, renomado filósofo francês, expressou o seguinte
pensamento: Se duvido, penso; se penso, existo ou seja: COGITO, ERGO SUM
– penso, logo existo.
Portanto, não se alcançará o conhecimento sem a observância dessas
premissas, que precedem até mesmo o primeiro passo.
Acreditamos que os maçons são os próprios sujeitos da formação do
conhecimento maçônico. Daí a necessidade de realizar profundas reflexões sobre
o seu conteúdo. As formulações da tese (proposição que se difunde como
verdadeira), da antítese (proposição que se contrapõe à tese, ou a sua negação,
gerando conflito) e da síntese (resolução do confronto entre a tese e a
antítese, por meio da fusão ou superação das oposições entre elas) são
indispensáveis para a aquisição e compreensão de qualquer conhecimento,
especialmente no que se refere à Maçonaria.
O Maçom é, sem dúvida alguma, o agente e, ao mesmo tempo, o sujeito do seu
próprio conhecimento. Ele não pode prescindir da verdade dos factos, que nem
sempre estão aparentes ou visíveis.
Desta forma, a busca do conhecimento é, na verdade, um dever e um direito
de todo Maçom, sendo muito mais um dever do que um direito, uma vez que os
deveres do Maçom devem sempre preceder os seus direitos.
O primeiro passo para a essa busca resume-se, portanto, no CONHECE-TE A TI
MESMO, ou seja, desde o primeiro estágio da Ordem devemos aprender a pensar,
pois é por meio dessa aprendizagem que adquirimos o conhecimento necessário
para discernir e expressar as nossas ideias. Afinal, aquele que melhor desbasta
a sua Pedra Bruta, é aquele que melhor se conhece.
Sejamos, portanto, buscadores do conhecimento maçónico, sem jamais
deixarmos de ser corretos nas nossas atitudes e fraternos com os nossos Irmãos.
Lembremos que o crescimento interior é uma jornada contínua. Não há um
destino final, mas sim um processo constante de aprendizagem e evolução.
Sejamos gentis durante essa jornada e estejamos todos, meus irmãos e
convidados, abertos a explorar diferentes caminhos que ressoem dentro de nós.
Maurilo Humberto, A∴R∴L∴S∴ Marrey Jr e A∴R∴L∴S∴ de Estudos Luz do Oriente – GOP – COMAB
Bibliografia
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Identidade e Comportamento Maçônico – Fundação Getúlio Vargas – Escola
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O Poder do Aprendizado e Busca pelo Conhecimento – Thomaz Halter – 2017
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Em Busca do Conhecimento – O mito como forma de conhecimento – Mundo da
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Os quatro diferentes tipos de conhecimento – Beatriz Coelho – 2021 – https://blog.mettzer.com/tipos-de-conhecimento/
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Teoria do Conhecimento Maçónico – Charles Evaldo Boller – Teoria do conhecimento Maçônico – Maçonaria e Maçom(s)
(freemason.pt)
A Cidade de Deus de Agostinho – Podcast – Estado da Arte – https://oestadodaarte.com.br/a-cidade-de-deus-de-agostinho/
A Cidade de Deus de Santo Agostinho – Gisele Leite – Jornal Jurid – novembro
de 2020 – https://www.jornaljurid.com.br/colunas/gisele-leite/a-cidade-de-deus-de-santo-agostinho
A Cidade de Deus de Santo Agostinho – Biblioteca Católica – maio 2023
– https://bibliotecacatolica.com.br/blog/formacao/a-cidade-de-deus-de-santo-agostinho/
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