A tradição do Olho dentro do Triângulo, visto
sobre o altar-mor da maioria dos templos cristãos, tem a sua origem nos
primeiros padres apostólicos do Cristianismo que a recolheram em Alexandria,
herança do Egito faraônico, cujo Sol Central (Ra) resplandecente viria a ser
substituído pelo Olho da Divina Providência envolto numa luminosa aura de
glória, inclusive cobrindo o Triângulo Divino ou Delta Luminoso, conforme ficou
registado nas escrituras persas.
Esta figura geométrica pode ser configurada
como triângulo equilátero ou como triângulo isósceles, também chamado triângulo
sublime, que é o que forma a ponta do pentagrama cujo ângulo, no ápice, tem
36º, e cujos ângulos da base possuem 72º cada um. A designação de “sublime”
foi-lhe dada pelos geómetras pitagóricos da Antiguidade.
Se para os antigos egípcios o triângulo
equilátero representava a Tríade Osiriana (Osíris – Hórus – Ísis), para os
cristãos passou a assinalar a Trindade Divina (Pai – Filho – Espírito Santo)
como um só Ser indivisível assinalado no “Olho Que Tudo Vê”, muitas vezes
substituído pelo Nome de Deus, Jehovah, geralmente decomposto nas quatro letras
hebraicas Iod-He-Vau-He que configuram o Tetragramaton pelo qual o Logos Eterno
se manifesta pelas suas Três Prosapas ou Hipóstases: Poder da Vontade –
Amor-Sabedoria – Atividade Inteligente.
A marca da Trindade e do triângulo está presente na maioria das religiões tradicionais.
Na Trimurti (Trindade) Hindu
aparece expressa em Brahma – Vishnu – Shiva, antropomorfização da anterior
Trimurti Védica Prana – Vayu – Tejas, ainda assim sendo sobretudo no Antigo Egito
ele aparece nas várias fases da sua História, pelo que além da Tríade Osiriana
havia a Tríade Menfita (Ptah – Nefertoum – Sekhmet; Pai – Mãe – Filho), e a
Tríade Tebana (Amon – Khonsou – Mout), todos deuses primordiais do panteão do
povo do Nilo. Na Pérsia, havia Ahura Mazda – Vohu Manô – Asha Vahista, ou seja,
o “Mestre Sábio”, o “Bom Pensamento”, a “Perfeita Justiça”, e foi por esta
primitiva Trindade que os cristãos conceberam a sua.
No século XVIII, com o aparecimento da
Maçonaria Especulativa (Londres, 24 de junho de 1717), rapidamente os maçons
adotaram este símbolo apelidando-o de Delta Luminoso, com um Sol, um Olho ou só
um G ao centro radiante, designando o Grande Arquiteto do Universo, a Divindade
Criadora de tudo e de todos, o Geômetra Supremo.
Por vezes os maçons substituem o triângulo por
três pontos triangulados, significando o Passado, o Presente e o Futuro,
enquanto o triângulo inteiro representa a Eternidade ou Essência Eterna como
Substância Absoluta que na Manifestação triparte-se em Omnipotência (1.º
Aspecto), Omnisciência (2.º Aspecto) e Omnipresença (3.º Aspecto). Os três
ângulos expressam as três fases da revolução perpétua da existência: Nascimento
– Vida – Morte… e Ressurreição, centralizada no Olho Providencial.
Em suma, o Olho no Triângulo resplandecente é o
emblema da Divindade Una em Essência e Trina em Manifestação, unanimemente
considerado representativo do Espírito Perfeito e do Iniciado verdadeiro unido
à Essência Eterna que lhe confere a Iluminação.
V.M.A.
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