JURAMENTO E MORAL MAÇÔNICA



"TUDO TEM SEU PROPÓSITO E RAZÃO DE SER - NADA É AO ACASO !!!"



Ninguém é obrigado a prestar Juramento, porém, se o faz, deve cumprir com sua Solene Promessa, pela sua Honra e pela sua Fé.

O JURAMENTO

Com os oolh.'. vvend.'. (que, ainda, não pode ver a Luz); ajoelh.'. com o joelh.'.d.'. (lado ativo, positivo, masculino, não somente em um sinal de submissão, respeito e devoção, como ainda, em tal posição, se põe em contacto com as correntes magnéticas terrestres que tendem a subir e com as que baixam - o Iniciando forma o ponto de união entre as duas); a p.'. esq.'. formando um Esq.'. como a preparação para libertar-se, sendo a p.'.esq.'. o lado passivo, e o Esq.'. o símbolo da fixidez, estabilidade e firmeza, que são os objetivos do Jur.'.; com a mão direita sobre o L.'. da L.'. (que simboliza a Verdade Revelada) e na mão esquerda um Comp.'. cujas pontas se apóiam no peito, símbolo do reconhecimento pleno da harmonia, presta-se o Juramento perante a Assembléia de MM.'..

O Jur.'. faz-se na presença do G.'.A.'.D.'.U.'. e dos IIr.'. reunidos em L.'.. A presença do G.'.A.'.D.'.U.'. no homem é a primeira condição que deve compreender o Iniciando a partir desse instante do Jur.'., os protetores invisíveis que se acham interior e exteriormente, vigiam-nos constantemente e protegem-nos sem que percebamos suas existências.

Esse jur.'. contrai-se livre e espontaneamente, com pleno conhecimento do Espírito, da Alma, ou seja, do âmago de Nosso Ser. Não se trata de uma Obrig.'. involuntária ou sob ameaça, porque o M.'. é livre, na maior plenitude da palavra e contrai assim sua Obrig.'. ou seu Jur.'., que o liga ao Ideal da Ord.'. com a maior espontaneidade e responsabilidade.

Nunca nos esqueçamos do valor de nossa palavra e do Juramento que voluntariamente prestamos.

I - O SILÊNCIO

Primeira obrigação do Juramento Maçônico, incontestavelmente a pedra de toque inestimável, que dá segurança ao caráter do M.'.. Não que seja necessário pela natureza dos assuntos tratados em L.'., mas porque habitua o M.'. à Prudência, corrige a leviandade e a tagarelice.

Pitágoras exigia dos postulantes longos mutismos, de anos, às vezes. Era a maneira de corrigir o pendor natural das palavras irrefletidas.

Pensar com segurança, meditar com paciência, julgar com imparcialidade, agir com firmeza, são preciosas qualidades que todo M.'. deverá esforçar-se infatigavelmente em adquirir.

As recompensas não existem para o M.'.. Ele trabalha por um grato e salutar dever consciente e silencioso; não pede aplausos, não almeja agradecimentos. Suas ações generosas, esquece-as; não as proclama. O ato de beneficência fica entre o que dá e o que recebe. Sabe o M.'. que ficará ignorado, e assim deve ser; o bem não é vaidade, é o móvel de suas ações.

No hermetismo, uma importante Lei é não revelar a ninguém os segredos da Ord.'.: "Não dê pérolas aos porcos". Ao penetrar o homem no T.'. Interno da Sabedoria e receber os fragmentos do Saber Divino, deve guardá-lo como um tesouro em seu coração por dois motivos basilares: um, porque ninguém os pode compreender, e para tentar compreendê-los, deve obter a devida instrução; o outro, porque, ao divulgá-lo, perderá com as palavras a energia interna, que é a levedura que fermenta o coração com aquela Sabedoria, da qual o Profano sem a devida instrução a pode deturpar, usurpando seus conhecimentos para fins diversos ou reprováveis pela Instituição.

A prática leva à perfeição. E o Silêncio praticado, assim como nossos rituais, que ao inconsciente pode parecer redundância ou desperdício de tempo, nos possibilita momentos de reflexão e exercício da necessária Tolerância e controle sobre si mesmo.

II - NÃO REGISTRAR SINAL REVELADOR

Como segunda obrigação de nosso Juramento está o dever de não escrever, gravar ou formar nenhum sinal que possa revelar. A P.'.S.'. é o Verbo Divino que se acha em todo o Ser, e, tirá-la para fora é como arrancar a semente da terra para ver o seu crescimento. O Verbo Divino ou Ideal Divino deve operar do interior para o exterior e nunca deve ser visto pelos olhos das paixões, como os que se vangloriam de seus poderes, sob pena de vermos a filosofia de nossa Nobre Ord.'. deturpada e zombada pelos incultos, com insanas e infundadas agressões, servindo aos mais injustos interesses e sórdidos objetivos.

Daí o sábio conselho de W. L. Wilmshurst, ilustre M.'. inglês:

"Convém enfatizar, logo no início, que a Maçonaria é um sistema sacramental que, como todo sacramento, tem um aspecto externo e visível, consistente de seu cerimonial, doutrinas e símbolos, e outro aspecto interno, mental e espiritual, oculto sob as cerimônias, doutrinas e símbolos, o qual é acessível só aos maçons que hajam aprendido a usar sua imaginação espiritual e sejam capazes de apreciar a realidade velada pelo símbolo externo". (The Meaning of Masonry, p.21).

III - UNIÃO COM A FRATERNIDADE ESPIRITUAL

Terceira obrigação do Juramento, com seus ideais, aspirações e tendências, compromete-se o M.'. a ajudar seus IIr.'. a cada momento. Assim, compreenderá que a Fraternidade é um corpo e que ele é uma célula desse mesmo corpo, que deve cumprir seus deveres, inclusive para com seus IIr.'..

MORAL MAÇÔNICA

Cumprindo com os preceitos do Juramento prestado, que liga o M.'. ao Ideal da Ord.'., deve o iniciado perceber e assimilar a Moral Maçônica, sobre a qual peço vênia para acompanhar os conhecimentos e pensamentos do Ilustre Ir.'. Oswald Wirth, que teceu Introdução à obra do Ir.'. francês Armand Bédarride, ao desbastar aquela Pedra Bruta, no Oriente da França, em 1988.

Segundo o espírito de seus fundadores, de 1717 a 1723, a então chamada moderna Franco-Maçonaria estava predestinada a ser uma imensa escola de moral prática. Seus adeptos foram convocados a exercer a Arte Suprema, qual a de bem viver. 

Considerando-se como obreiros do G.'.A.'.D.'.U.'., devem dedicar-se a desempenhar a tarefa que lhes compete na obra da criação, pois o mundo não está terminado: construiu-se, mas, no domínio humano, somos seus construtores. Cada ser, de início, se constrói psicologicamente a si mesmo e, em ponto pequeno, sua própria obra, tanto quanto, em ponto grande, a sociedade humana é a obra comum dos Companheiros que aprenderam a trabalhar.

Aprender a trabalhar, eis o ponto crucial !!! A iniciação na Grande Arte é uma perpétua aprendizagem da Vida. Não saberemos viver, enquanto, dela, ignorarmos o bom emprego, enquanto pretendermos viver por viver e não para preencher o objetivo da vida.

Não criamos nossa vida; quer o queiramos ou não, ela nos abandona, após ter vindo a nós, sem nos consultar. Longe de dominá-la e possuí-la, é ela que nos domina e possui. Somos, não senhores, mas joguetes da vida: ela é superior a nós e nos mantém sob sua dependência.

Nessas condições, o que mais nos importa é nos iniciarmos nos Mistérios da Vida. Cada um de nós é convocado a compreender sua participação numa vida mais vasta do que esta, cuja duração se mede desde o instante da concepção ao da morte. Esta vida limitada e transitória é a manifestação de outra mais extensa e durável, pois os indivíduos vivem a vida da espécie, tanto quanto as células do organismo vivem a vida orgânica comum: quando estas deixam de funcionar, o edifício psicológico desmorona e as células que o compõem perecem.

Essas noções nada têm de místico; são positivas e acordes com a ciência que é oficialmente ensinada. A Iniciação não se baseia no veredicto da ciência atual, pois viver; agir e trabalhar sempre foram sinônimos para os Iniciados. A inércia é não apenas a morte, mas a inexistência. Repouso absoluto significa niilismo (redução a nada).

Tudo quanto existe, trabalha desempenhando uma função. É sabido que o mineral não é inerte, que energias muito potentes se agitam no seio dos átomos que o constituem. O trabalho é, pois, a condição da vida: vivemos para trabalhar, ajustando-nos com a razão de ser de nossa existência. Toda a moral maçônica decorre dessa constatação.

Esta moral se distingue pela extrema sobriedade de suas prescrições. Sua grande regra prática se limita a exigir do M.'. uma conduta que o torne, em tudo e por tudo, digno da estima de seus concidadãos. Respeitador das Leis e dos costumes estabelecidos, deve dar exemplo de probidade, honradez, generosidade, grandeza d'alma com relação ao próximo e ao devotamento das coisas públicas. A Maçonaria lhe impõe a Tolerância e lhe proíbe desprezar e odiar a quem quer que seja, pois todos os homens são seus irmãos, ainda que seja vítima da mais anti-fraternal conduta.

Estando assim formulada a regra geral, o M.'. é convidado a responder, individualmente e por suas próprias virtudes, aos três quesitos que lhe foram dirigidos durante sua iniciação. Segundo a tradição, tais questões se fundamentam nos deveres do homem com relação a Deus, a si mesmo e a seus semelhantes.

Ao longo dos tempos, os Sábios se colocavam sempre acima dos cultos cerimoniais prestados aos deuses; mas, por piedade, esquivavam-se de escandalizar as massas e de as confundir com seus conhecimentos e reflexões; daí o silêncio do qual resultava uma Lei rigorosa. Consideravam ser mais efetivamente proveitoso ou religioso, levar uma vida de estudo e reflexão, inspirada no desejo de agir sobre todas as coisas de acordo com o móvel do poder construtivo do Mundo, contribuindo na medida de suas existências.

Esse poder disciplinador que ordena o caos age por intermédio de todos os seres, mesmo inconscientes. Ele se identifica com a Vida, à qual atribuímos um objetivo, porque cremos no Progresso. Se a atividade geral tem por fim o aperfeiçoamento, é porque não age cegamente: um olho está aberto no centro do triângulo luminoso conhecido, sem qualquer exceção, de todos os Franco-Maçons.

Os Símbolos nos são oferecidos para nos incitar a refletir em profundidade. O papel dos Símbolos é o de nos forçar a pesquisar sem descanso o que significam, sem nos conceder qualquer repouso, pois nenhuma forma verbal, à qual pudéssemos ser tentados a nos prender, poderia substituí-los. Os Símbolos se destinam aos pensadores que não se cansam de pensar, aos insaciáveis de meditação, que se esforçam para penetrar nas concepções geradoras de nossas imagens representativas.

Acaso todos se aperceberam do Esq.'. e Comp.'. entalhados nos capitéis das colunas ? E da razão da respectiva disposição?

Se nossas provas iniciáticas nos preparam para pensar nos sábios, que atitude toma o Grande Arquiteto com relação a nós, Operários do Progresso? Fazemos a pergunta para que cada um a responda segundo sua cultura filosófica, sem se deixar influenciar por frases feitas.

Construtores, que devemos ao nosso Grande Arquiteto? Admiração, elogios, salamaleques? É isso que o mais vulgar dos arquitetos pergunta a seus obreiros? Provavelmente, na maioria das vezes, contenta-se em ser bem conhecido deles e não tem outra preocupação, senão a de que o trabalho seja bem executado.

Cada qual tem o direito de expor suas convicções pessoais, por mais subversivas que sejam. A discussão fraternal que se sucede visa o bom equilíbrio mental. As opiniões contraditórias que se trocam iluminam as inteligências que sopesam os argumentos, retendo, dentre os opostos, aqueles que melhor lhes convêm.

"Visita o interior da Terra e encontrarás !!!": entra dentro de ti mesmo; faz o recenseamento, o inventário de tuas faculdades, sentimentos e paixões; conhece-te a ti mesmo, isto é, toma contato com tua verdadeira personalidade, que está sob a personalidade transitória e variável da qual foste revestido pela tua origem, teu meio, tua educação, tua posição social; sob o homem particular, procura o homem geral, a mentalidade humana por excelência, o que há de mais geral, permanente, fundamental na qualidade de homem, de que não és mais que um exemplar acidental e contingente. 

Toma, assim, contato com a raiz de teu ser pensante e consciente, com a corrente de vida espiritual que jorra em ti mesmo e da qual sentes a existência própria e ativa.

Nós, M.'., pesquisamos e realizamos as melhores condições para praticar a Arte da vida que nossas tradições ensinam; sigamos o caminho que sabemos ser o bom, sem nos desviarmos dos objetivos, trabalhando pelo Templo, sem que o salário seja o objetivo da obra e, sim, a recompensa.

"A ação satisfaz, não pelo ganho do fruto, mas pelo caminho que se percorre !!!"

Todos devem ser verdadeiros Homens Livres, que fazem da defesa da Liberdade de Consciência e da Liberdade de Pensamento, a luta constante de suas vidas.

"A Maçonaria convoca todos os homens de boa vontade e de consciência reta a trabalhar pelo aperfeiçoamento intelectual e moral da humanidade, franqueando-lhes os seus Templos para a prática de uma vida superior."
Pedro Henrique Lopes Casals, 33º

As Lojas são oficinas onde o cérebro trabalha. Avancemos com a Acácia de Avaré, na sua segurança, clareza, inocência e pureza, buscando instrução para o melhor proveito de nossas vidas, visando tornarmos melhor preparados para melhor compreender a Maçonaria, que não tardará a realizar integralmente seu admirável programa filosófico. Ainda não estamos todos elevados à pura Iniciação, mas a instrução iniciática se propaga e a Maçonaria está muito longe de ter dito a última palavra.

Marcelo Bezerra

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