MAÇONARIA, A RELIGIOSIDADE E A FÉ



Estimados irmãos!

Muitas vezes, falta-nos uma maior reflexão ou estudos para nos apercebemos que a Ordem Maçônica não defende, não propaga, nem tem o condão de afastar o cidadão iniciado do seu melhor  convívio familiar, de sua religião e de sua fé.

Ao contrário, a Maçonaria proclama em sua norma maior - a Constituição – logo art. 1º, ser uma instituição essencialmente iniciática, filosófica, filantrópica, progressista e evolucionista e seus fins supremos são a liberdade, igualdade e a fraternidade.

Manifesta também a orientação a cada irmão, na difícil caminhada que tentamos galgar na Escada de Jacó, seja através nossos encontros ritualísticos regulares e nossa vida cidadã, busquemos sempre o aperfeiçoamento moral, intelectual e social, sob a tese maior da: prevalência do espírito sobre a matéria, e nos recomenda ainda deveres essenciais de amor à família, a pátria e a lei.

Mas não é só. A Maçonaria combate o sectarismo, em especial nas áreas (ato extremado) políticas, religiosas e raciais, por serem comportamentos absolutamente incompatíveis com a universalidade do espírito maçônico e seu ideário de liberdade, igualdade e  fraternidade, exercícios permanentes do verdadeiro iniciado.

Até aí, nada de novo! Mas, até que ponto a fé e a religiosidade de um maçom podem ser atingidas ou anuladas por mudanças/convicções culturais  vividas a partir da iniciação e vida maçônica regular? – Creio que não há interferência, até porque, trazemos em  nossa bagagem, para o ambiente maçônico  estruturas e convicções arraigadas em valores religiosos e no sentimento de fé no Deus de cada um professa.

Assim, a maçonaria,quando compreendida e bem exercitada, não pode nem  é geradora de nenhuma alienação social, religiosa ou familiar. Afinal, ao longo dos séculos, a Maçonaria nunca quis esse rótulo de ser religião, embora exigindo como condição “si ne qua non”  ao maçom,  acreditar num ser supremo, chamado em nossos templos universalmente de Grande Arquiteto do Universo (GADU). Para o cristão, a sua maior divindade, é Jesus Cristo.

Sabe-se que no inicio da caminhada maçônica, ainda como neófitos aprendizes em busca do  desbaste da pedra bruta, nem sempre se tem a compreensão exata do que buscar no Templo, nos trabalhos ritualísticos e na convivência com a Ordem Maçônica.

Os estudos, a ritualística e a compreensão dos landmarks, símbolos e alegorias, nos conduzem ao grande aprendizado - a prevalência do espírito sobre a matéria, a construção do templo interior, para que o “eu” bem estruturado, sirva ao nosso Deus, ao próximo e aos menos favorecidos.

E isso não se faz divorciado do sentimento de justiça, fé e da perseverança. A religiosidade é assim, ferramenta e fermento para isso.

A Maçonaria combate o materialismo, o ceticismo, o agnóstico, nessa mensagem maior da prevalência do espírito sobre a matéria  porque quer de cada maçom, um templo vivo de amor, justiça retidão  e tolerância. É uma verdade profunda que nos cabe assimilar e exercitar.

E nada obsta que o maçom tenha a sua fé e religiosidade, porque esse encontro com a sua divindade não o atrapalha e não concorre com a vida maçônica e os seus primados.

Ao contrario, a fé e uma vida religiosa normal, sem fanatismos, nos orientam e reforçam o que é pregado em nossa Ordem – os bons costumes, a justiça, retidão de caráter e o amor ao próximo. E, para os Cristãos, não há duvidas: o grande exemplo de humildade e amor ao próximo foi semeado, vivido e ofertado por Cristo a humanidade, há mais de 2 mil anos, com seus exemplos inigualáveis, diante de privações e humilhações, das mais aterrorizantes, cumprindo o seu desígnio irretocável, sendo fonte inesgotável de doação, tolerância, perdão e amor a humanidade ontem, hoje, agora e sempre.

Não é demais afirmar, que Jesus, o GADU, que segundo muitos, tem origem essênia, é o Mestre dos Mestres, por ser justo e perfeito na exata compreensão do termo, vestindo em todos os seus atos, a sandália da humildade e um avental imaculado.

Maior e mais perfeito arquiteto e construtor de todos os templos, nessa missão da edificação da paz e do perdão aos homens.  Esse é, sem dúvida, o GADU que nós Cristãos, evocamos no L.: da Lei, na abertura e fechamento dos trabalhos ritualísticos maçônicos.

E a Arte Real, com a sua sapiência, preserva o postulado da universalidade Maçônica, com o natural respeito e devoção de cada um  as divindades, escolhidas por convicção ou religião.

Até hoje, infelizmente, várias religiões vêem o maçom de forma equivocada, cingindo-lhes atributos e estigmas injustos e inaceitáveis, muitos por desconhecimento, fanatismo e intolerância, comportamentos que a Maçonaria combate como qualquer sectarismo.

Afinal, as convicções maçônicas são muito diversas de tendências religiosas de qualquer natureza. Longe da idade média, da inquisição e suas marcas e aberrações inaceitáveis, o nosso compromisso maior deve ser com exemplos de justiça, virtude e retidão.

Um novo olhar deve contemplar a maçonaria, não como seita satânica, como culto ao anticristo ou outros predicados iguais, mas como uma instituição secular séria, voltada ao respeito e ao aperfeiçoamento do homem, membro de uma família e filho de Deus.

É muito caro o que a Maçonaria paga por esse simbolismo típico de uma instituição silenciosa, secular, iniciática, arraigada nos melhores conceitos de liberdade, igualdade e fraternidade e que preserva os seus segredos ritualísticos, em símbolos, gestos e sinais exclusivamente para o seu público-alvo - os iniciados.

Ao contrário de muitos outros setores humanos, maçonaria incomoda a muitos porque prefere o silencio de suas boas obras, ao exercício da retórica e pregação midiática tão comum em outros segmentos.  Infelizmente, incautos, desinformados e oportunistas, preferem conceitos simplistas e errôneos a que somos e o que fazemos em nossa caminhada.

É um preço elevado pelo silencio e anonimato maçônico na obra de fraternidade, tolerância, liberdade, harmonia e na busca do crescimento interior dos seus membros. Porque isso incomoda a muitos!

E é de se perguntar: - Qual o melhor remédio para isso?– Estamos longe do conceito do homem justo e perfeito, mas cabe a cada um, através de atos, estudos, conhecimentos e a busca da verdade, o exercício permanente dos valores do maçom e do cidadão, com a prática do amor a si mesmo, a família, a sua pátria e ao próximo. 

Não há que se fazer comparações entre a religiosidade de cada um com a vida maçônica regular.  São conceitos e coisas diametralmente diversas e que não se chocam.

Queridos Irmãos: - ao desenvolver essa reflexão, o fiz pensando em cada irmão, seus valores e virtudes, como verdadeiros filhos de Deus.

E no crepúsculo deste ano de 2013, que paradoxalmente para os cristãos é Tempo do advento porque preparamo-nos para viver o nascimento de Jesus,  cabe-nos agradecer ao GADU por tudo que passamos em nossa vida pessoal, familiar, profissional e no convívio maçônico, sejam eles de sofrimentos ou provações, de conquistas e êxitos, de sonhos, frustrações ou realizações. 

O Natal é o momento ideal para compreendermos que os nossos planos humanos são diminutos e efêmeros diante da grandeza do projeto que o GADU nos reservou.

Que irmãos e familiares possam transformar este Natal que se avizinha num verdadeiro Advento – a vida nova – o tempo Novo e de boas vindas – sempre mais próximo de Deus, professando a fé e o crescimento interior dentro da convicção religiosa que melhor aprouver a cada um, volvendo as súplicas em favor daqueles que nos cercam como os nossos familiares e os mais necessitados.

Que Ele nos ensine a superar com perseverança, fé, espírito puro e construtivo os muitos obstáculos que certamente sempre teremos pela frente, a partir da nossa pequenez humana. Que Deus conceda  a cada um de nós, muita saúde, harmonia e paz em 2014.

Que tal reforçarmos a nossa fé, religiosidade e espírito maçônico com o exercício da tolerância, respeito, solidariedade e o amor ao próximo?

Que tal entendermos que a verdadeira felicidade não pode se limitar ao “eu”, mas ao “nós” e a todos que amamos:- familiares, amigos e irmãos?

A fé em Deus, o amor fraternal a cada  irmão foram à grande inspiração neste humilde trabalho.


Mario Natali 

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