Durante toda a vida
estamos aprendendo, seja de forma deliberada, quando nos inscrevemos em curso,
ou quando entramos em contato com pessoas que mesmo sem ter essa intenção nos
ensinam as mais diversas coisas, às vezes muito mais valiosas do que as
aprendias nos bancos escolares.
A criança, campo
fértil para o ensino e aprendizagem, vai dia a dia conhecendo o mundo que a
cerca e aprende a interagir com ele, por mais inóspito que seja. Com o decorrer
da idade nosso aprendizado vai mudando, algumas vezes aprendemos na escola,
outras vezes com os mais velhos, amigos e até com estranhos.
Entretanto algumas
vezes deliberadamente nos colocamos no caminho do aprendizado, um momento
especial é quando aceitamos ingressar na Maçonaria.
Uma pergunta que
ouvi mais de uma vez foi “O que você ganha fazendo parte da maçonaria?”, de
fato ganhar no sentido material da expressão nós não ganhamos nada, talvez até
percamos uma vez que a ordem nos impõe algumas obrigações de ordem pecuniária,
no entanto o “ganho” em fazer parte da Ordem Maçônica é justamente o
ensinamento que recebemos diariamente, quando nos confrontamos com a moral
maçônica. Os valores morais da ordem são sólidos a ponto de modificar nossa
visão do mundo.
Ao ingressar em uma
sociedade que tem por fim aprimorar o homem, não é possível ficar indiferente,
e a primeira coisa que nos vem à mente é fazer uma autocrítica para saber por
onde começar essa mudança. Quem de nós não reconhece seus próprios defeitos,
mesmo que não tenha a coragem de admiti-los publicamente.
Recentemente tive a
oportunidade de reunir-me com alguns irmãos para tratar de assuntos de nossa
Loja e em determinado momento um irmão me perguntou seu o ingresso na Ordem me
havia modificado de alguma maneira, confesso que embora no momento não tivesse
dificuldade em admitir que eu houvesse mudado nesse período, somente depois,
pensando melhor é que pude avaliar o quanto foi grande essa mudança.
Apesar de
ter ingressado há alguns poucos anos na instituição meus valores hoje são
outros, quando olho para outra pessoa consigo ver além da imagem material que
essa pessoa possui.
Isso não se obtém facilmente, mas com muito estudo e
perseverança, hoje tomo decisões com mais tranqüilidade e com melhor avaliação
de todos os aspectos envolvidos, o conhecimento nos traz a serenidade para
tomar decisões, isso evidentemente não impede que erremos, mas certamente
erramos menos.
A Maçonaria, dado a
seu aspecto universal e ecumênico, onde convivem pessoas de todos os povos,
raças e religiões, é possivelmente a única entidade com condições de realmente
levar a fraternidade a todos os recantos da terra, seus ensinamentos permeiam a
sociedade em diversos níveis, visto que temos em nossas fileiras Irmãos de
todas as classes sociais.
Se isso, no entanto é um privilégio, por outro lado
nos impõe uma obrigação, pois de nada serviria uma organização com essas
características se ela não tiver o poder de transformar o mundo.
Hoje vemos
diariamente nos meios de comunicação atrocidades sendo cometidas em várias
partes do planeta, e parece que isso não consegue mais nos indignar.
Em que
momento deixamos que isso ocorresse conosco?
Como pode um pai de família ouvir
com indiferença que uma criança foi molestada sexualmente dentro de sua própria
casa pela pessoa que devia protegê-la, em que momento perdemos nossa capacidade
de revolta e indignação?
Onde estão os
milhões de maçons espalhados pela terra, quando essas ações se perpetuam?
Há
pouco tempo ouvi de um eminente maçom uma frase que no primeiro momento me
chocou, mas depois percebi que ele tinha a mais completa razão; dizia ele que a
Maçonaria é respeitada por todos os setores da sociedade, menos pelos próprios
maçons. Ele dizia isso no sentido de que o maçom não percebe a força que tem e
não age por que não acredita em seus próprios méritos.
Nossos irmãos em
outros tempos modificaram a face deste mundo, derrubaram monarquias
absolutistas, interviram decisivamente na independência de vários países,
inclusive o nosso, libertaram escravos e tornaram o mundo mais humano. E nós no
conforto de nossos lares não temos a coragem de organizar uma ação que
modifique esse estado de coisas em que vivemos.
A criança que hoje
nasce espera receber de nós o exemplo e a sinalização do caminho a ser seguido,
se o que ensinarmos for indiferença e inércia, não podemos esperar que eles
aprendam coisa diversa.
A oportunidade que
temos de reunirmos, semanalmente em um ambiente reservado, onde podemos tratar
livremente de qualquer assunto, é um privilégio que não podemos desperdiçar,
lembrem-se que os nossos irmãos de outrora chegaram a ser mortos simplesmente
por serem maçons.
De que vale o
conhecimento e o aprimoramento pessoal que adquirimos se isso não for o motor
de algo maior que nós mesmos?
Acredito que a solução de graves problemas estão
mais próximas da solução do que nós imaginamos, basta vencermos alguns vícios,
como orgulho e vaidade e unirmos em torno de um objetivo comum.
Já dizia o
filósofo “Você pode escolher o que plantar, mas será obrigado a colher o fruto
de seu trabalho”
Álvaro Rodriguez Perez
M.’. M.’. ARLS Morada do Sol 227
Oriente de Araraquara–SP
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