À Glória do Grande Arquiteto do Universo!
Aqui estou entre colunas, de “Pé e à Ordem” enfrente Vós,
aproveitando este pequeno intervalo do meu tempo de silêncio na Coluna do
Norte, para Vos oferecer esta Peça de Arquitetura cujo tema é “Ferramentas do
Aprendiz até quando usá-las?”
Ao profano quando lhe é apresentando as ferramentas: maço, cinzel e
o esquadro, e lhe perguntado sobre a sua utilidade, a resposta será sem dúvida
alguma para o uso na construção civil e mais ainda, dirá também que tem mil e
uma utilidades.
Mas, quando esse profano recebe a Luz da Verdade Maçônica, iniciado
nos Augustos Mistérios da Maçonaria, e lhe é apresentado as mesmas ferramentas,
a resposta será revestida de muito simbolismo.
Certamente, o Iniciado Maçônico não terá toda a compreensão do real
significado das ferramentas que utilizará na sua caminhada como Aprendiz.
Outra questão a se colocar sobre as ferramentas do Aprendiz, é: o
Esquadro, o Maço e o Cinzel, dentro de toda a simbologia Maçônica, são
ferramentas exclusivas do recém-chegado, iniciado, ex-profano, Aprendiz?
A resposta a esta questão, poderá ser abstraída da leitura dessa
Peça de Arquitetura juntamente com a realidade evolutiva espiritual e moral de
cada I∴M∴.
Na histórica Maçonaria Operativa, em sua origem, que remonta a
idade média, as ferramentas mais utilizadas pelos construtores eram o maço,
cinzel e o esquadro. Dessas, surgiram lindas construções, Catedrais, Palácios,
Pontes e Castelos.
Esses construtores de sonhos, chamados pedreiros livres, tinham uma
organização muito bem concebida. Entre eles, tinha uma hierarquia de
conhecimentos os quais se respeitavam como irmãos, solidários e fraternos.
Dentro desse organograma têm-se o Aprendiz, o Companheiro e o Mestre, cada qual
com sua função; sendo que eles passaram a chamar a atenção de muitos
intelectuais, e suas reuniões de ofícios eram frequentadas por muitos daqueles.
Não demorou muito, para que os Maçons Operativos, se virem sugados
pela grande transformação que ocorria na Europa, a Revolução Industrial. Essa
trouxe uma nova forma de ferramentas, as máquinas, que substituíam o trabalho
manual. Assim, findando o século XVIII, o maçom operativo “não teve outra
escolha a não ser se tornar operário fabril e trabalhar uma média de 80 horas
por semana”. Desaparecendo em definitivo, restando a Maçonaria Especulativa que
manteve a tradição de seus ensinamentos, a qual passou para um novo tipo de
construção, “a construção de si mesmos!”. Surgem os Maçons Especulativos.
Isso mesmo, em vez de usar o cinzel e o maço nas pedras para erguerem
Catedrais, de agora em diante, irão usá-los em seu próprio corpo, representado
pela P∴B∴, a qual deverá ser desbastada, esculpida e cinzelada,
transformando em uma P∴C∴ (perfeição).
Finalizado esse ponto introdutório, chega-se ao simbolismo das ferramentas,
as quais o Aprendiz Maçom deverá de agora até o final de sua existência física,
(retornando para o Oriente Eterno, ao encontro do Grande Arquiteto do
Universo), utilizar constantemente na sua lapidação, “Levantando Templos à
Virtude e cavando masmorras ao Vício”.
As três ferramentas devem ser utilizadas em harmonia, pois, usadas
separadas, não se consegue chegar ao fim desejado, qual seja: P∴ C∴.
A primeira ferramenta Maçônica do Aprendiz é o esquadro o qual tem
como finalidade conferir a perfeição dos ângulos retos (virtuosos) da futura P∴C∴. Mas, o seu
simbolismo nos leva a compreender que esta ferramenta também representa a
equidade, a justiça e a retidão de caráter.
Já em relação as ferramentas maço e o cinzel, temos os instrumentos
de lapidação da P∴B∴ que será transformada em P∴ C∴, posto isto, o maço
sendo uma espécie de martelo, representa a força, o peso, o desejo de trabalhar
na dominação das paixões.
O cinzel sendo um instrumento pontiagudo e contundente, representa
a inteligência, pois direcionado nas imperfeições da P∴B∴, controla a força
do maço.
O Aprendiz sabendo de suas imperfeições, saberá utilizar o maço e o cinzel, direcionando este, nos pequenos como nos grandes vícios (morais). A força e a inteligência (maço e cinzel) e a retidão (esquadro) têm um poder transformador sobrenatural sobre as imperfeições humanas.
Mas, reportando a pergunta inicial dessa Peça de Arquitetura, na
qual indagamos, as ferramentas do Aprendiz são exclusivas deste? A reposta é
subjetiva a cada Ir∴, mas, podemos
responde-la também com outra pergunta:
Na passagem pelo Grau de Aprendiz, este não teve “boa-vontade” de
utilizar corretamente as suas ferramentas, poderá ele utilizar, quando receber
aumento de salário, passando ao o Grau de Companheiro? Mas, neste Grau, também
lhe faltou “boa-vontade” e não soube aproveitá-las, e agora já é M∴M∴, o que fazer? Posso
utilizar as ferramentas que ficaram lá atrás (muito tempo) no meu início de Maçonaria?
Não seria vergonhoso, agora um M∴M∴, usar um maço e cinzel? Mais ainda, já sou Grau 33, lembro ainda
daquelas ferramentas tão brutas?
Não esqueçamos meus IIR∴, antes de responder
a estas questões, na da abertura dos trabalhos da Loja, o V∴M∴ faz a seguinte pergunta:
“Para que nos reunimos aqui, Ir∴ 1° Vigilante? Para
combater a tirania, a ignorância, os preconceitos e os erros; para glorificar o
Direito, a Justiça e a Verdade; para promover o bem-estar da Pátria e da Humanidade,
“Levantando Templos à Virtude e cavando masmorras ao Vício”.
Este é o objetivo maior de todo Maçom!
O grande escritor russo Liev Tolstói nos traz importante crítica,
quando nos diz “Cada um pensa em mudar a humanidade, mas ninguém pensa em mudar
a si mesmo”, ou seja, a lapidação é individual. LAPIDEMOS!
Antônio Marcos Teodoro Silva
Aprendiz Maçom – CIM 333589
ARLS Adelino Ferreira Machado nº 1957
Referências Bibliográficas:
Artigo: PIRES, Aurélio Sampaio. PIRES, Anselmo Sampaio. GUEDES,
José Luciano.
CARVALHO, Rogério Batista. Levantar Templos a Virtude e Cavar Masmorras ao Vício, o que significa isso? 2017. Agenda Maçônica Brasil. Disponível em: https://agendamaconicabrasil.com.br/midias/trabalhos-maconicos/Aprendiz/levantar- templos-a-virtude-e-cavar-masmorras-ao-vicio.pdf
Artigo: ISMAIL, Kennyo. A História da Maçonaria para Adultos. No Esquadro. 2023. Disponível em: https://www.noesquadro.com.br/historia/historia-da-maconaria-para- adultos/
Artigo: RAIMUNDO, Nuno. Estar Aprendiz. A partir da Pedra. 2016. Disponível em: https://a-partir-pedra.blogspot.com/2016/11/estar-aprendiz.html Disponível em: https://www.freemason.pt/ferramentas-grau-aprendiz/
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