Um monte de “lambe-botas”, bajuladores, que precisam “se
dar bem” com os graus superiores para poder subir e alcançar cargos?
Ou querem uma Maçonaria composta de homens livres e de bons
costumes, que sejam livres-pensadores e busquem incessantemente a Verdade, sem
restrições?
Quem quiser impor Respeito, Disciplina e Hierarquia estão
no lugar errado, devia procurar e se inscrever na caserna.
Aí estão os três dogmas, de uma Maçonaria que se diz, e
deveria ser antidogmática.
RESPEITO
O que é o Respeito?
É a deferência, obediência, submissão, acatamento; também
pode incluir medo, temor e receio.
É comum, dentro de nossa Ordem, ver e ouvir irmãos de graus
superiores exigindo respeito – obviamente para os graus superiores – dos graus
inferiores.
Ou ver irmãos, que não se dão conta que estão “temporariamente”
em cargos de Grandes Oficiais ou Grandes Luzes, exercendo um
pseudo-poder de mando de forma a humilhar e a se sobrepor aos outros irmãos.
Aí perguntamos: devemos respeitar os irmãos de graus
superiores?
Claro que devemos, principalmente, – ou seria tão somente?
– àqueles que sabem se dar ao respeito de seu alto grau, porque muitos são
traídos em seus belos, laudatórios e esotéricos discursos pelos seus próprios
atos, por sua ação.
Então vem a pergunta que não quer calar.
A quem devemos
respeitar mais, um Aprendiz, que é o futuro da Ordem, ou a um irmão do Grau
33º?
Quem optou por qualquer um dos dois errou, e feio!
O início dos trabalhos ao meio-dia iguala os irmãos
presentes na sessão.
Ou alguém duvida?
Será que nós temos
irmãos que são mais iguais que os outros?
Se nós perguntarmos a dez irmãos de graus superiores, o que
fazer se um irmão Aprendiz levantar em Loja e disser: “Eu
exijo respeito”, nove vão responder: “Esse sujeitinho tem que ser posto pra
fora”.
Todos os irmãos, independente de grau, merecem o respeito
de todos.
Respeito se conquista respeitando os outros, e a
política de respeito pela imposição de medo e terror só leva a se conseguir
acabar com um dos três pilares básicos da maçonaria que é a Igualdade.
DISCIPLINA
O que dizer da Disciplina?
Disciplina é um regime de ordem imposta e a relação de
subordinação entre um superior e seu inferior, com imposição de limites.
A maçonaria não prega
e não impõe limites à livre investigação da verdade?
Se em algum momento tivemos que impor limites é porque
falhamos em nossa missão.
A palavra “limite” evoca outra que lhe é próxima: disciplina.
A palavra “limite” evoca outra que lhe é próxima: disciplina.
Como uma entidade,
como a maçonaria, pode ser evolucionista e progressista impondo limites?
Pode-se afirmar sem medo de errar que os guias e sua
autoridade são fatores degenerativos, em qualquer civilização.
Ao seguirmos outra pessoa não há compreensão, mas só medo e
submissão, de quem resulta, por fim, a crueldade do Estado e o dogmatismo da
religião organizada.
Ao mencionar “medo e submissão”, deixo claro que chamo de
“autoridade” aquele poder que busca impor-se com autoritarismo, sem fundamento
real na aceitação e na compreensão, sendo assim um instrumento de perpetuação
das estruturas da sociedade.
Vemos que a autoridade como instrumento de submissão não é
bem-vinda, até porque seus efeitos se limitam à presença do agente repressor.
É preciso deixar claro que tanto o irmão que segue outro,
quanto o que é seguido, abre mão de sua liberdade.
O que segue porque deixa de ser livre e passa a “comer
na mão do outro”. O que é seguido porque passa a ter a
responsabilidade de pensar por dois, e a agir conforme agrade seus seguidores.
E aí se vai mais um dos três pilares básicos da
maçonaria que é a Liberdade.
HIERARQUIA
Hierarquia pode ser definida como ordem e subordinação de
poderes.
Graduação da autoridade, correspondente a várias categorias, classes, escala de valores ou castas.
Graduação da autoridade, correspondente a várias categorias, classes, escala de valores ou castas.
A maçonaria, atualmente, pode ser definida, em várias
obediências, como uma entidade dividida em castas.
Todo irmão exaltado é imediatamente rotulado pelos mais
velhos de “mestre novo” ou “mestrinho”.
Mas um dia, esse mestre chega ao Grau 33º,
e aí é apresentado o velho jargão que “na maçonaria, antiguidade é posto”.
Quer parecer que os mais velhos, que usam esse artifício,
têm medo de ser contrariados em seus desatinos e ditames.
São “mestres velhos” e
não “velhos mestres”.
Eles se entregam e deixam aparentes, sem sombra de dúvida,
a sua total insegurança.
Pode-se afirmar que, um aprendiz que domina completamente seu grau, está no topo de sua escala hierárquica.
Pode-se afirmar que, um aprendiz que domina completamente seu grau, está no topo de sua escala hierárquica.
A hierarquia deve se dar-se pelo conhecimento do grau em
que o irmão está, e pelos atos e fatos praticados pelos irmãos (exemplo e
trabalho), em prol da sua Loja, da sua Obediência e da Maçonaria em Geral e da
Sociedade.
De que adianta ser Mestre, e não se lembra de seus
juramentos e seus compromissos assumidos, tanto no seu grau atual quanto nos
graus anteriores?
Têm muitos MM.•. II.•. (Ex-Veneráveis) que não passariam
por um exame simples da sua classe, entre os Mestres.
Quer me parecer que a excessiva militarização da nossa
Ordem, de meados do século passado até agora, tem feito muitos Irmãos
confundirem maçonaria com caserna.
Talvez sejam militares frustrados. Afinal, tem gente que
adora uma farda.
Muitos Irmãos têm se mostrado ávidos por graus, só para
chegarem mais rápido ao topo da “hierarquia”.
Dá pena desses Irmãos. Nem sabem o que estão fazendo na Ordem.
Como dizia meu avô, quando era criança, e minha mãe me
arrumava todo para passear:
“Aunque de seda se
vista el mono, mono se queda”.
Ou seja: “Ainda que se vista o macaco de seda,
ele continua macaco”.
E vamos subir de grau!
Afinal, os comerciantes de joias e paramentos precisam
sobreviver.
Com a divisão em castas, os Irmãos de graus superiores
evitam conversar, e até mesmo cumprimentar, os Irmãos dos graus ditos
inferiores.
Sentar na mesma mesa desses em um ágape, dito “fraternal”,
nem pensar!
E ai se vai o último dos três pilares básicos da
maçonaria, a Fraternidade.
DOGMAS DE UMA MAÇONARIA ANTIDOGMÁTICA
Entende-se por dogma o ponto fundamental e indiscutível de
uma doutrina religiosa e, por extensão, de qualquer doutrina ou sistema.
A palavra “dogma”, em grego,
significa “opinião”, mas, em
filosofia, é empregada no sentido de opinião explicitamente formulada como
verdadeira.
Daí serem chamados dogmáticos aqueles que oferecem uma
filosofia fundada em dogmas, ou que a apresentam dogmaticamente.
No Cristianismo, porém, chamam-se dogmas as verdades
reveladas e que são propostas pela suprema autoridade da Igreja, como artigos
de fé, que devem ser aceitos por todos os seus membros.
Pejorativamente, também são chamados “dogmas” as afirmações
que expressam opinião, sem os necessários fundamentos, mas que são proclamadas
como verdades indiscutíveis.
A Maçonaria não
professa nem impõe dogmas maçônicos, visto que ela não se proclama depositária de
nenhuma “Revelação”; ela só
tem princípios.
Como, porém, não existe uma religião sem dogmas, a
Maçonaria não condena o pensamento dogmático em si, deixando a cada Maçom o
direito de ser dogmatista, fora da Maçonaria. Não obstante, o ensinamento
maçônico não é dogmático.
O dogmatismo era, entre os gregos, a posição filosófica que
se opunha ao cepticismo. Enquanto os defensores desta posição negavam a
possibilidade do conhecimento, os dogmáticos afirmavam-na plenamente.
Kant emprega o termo em sentido pejorativo, e o considera
não apenas oposto ao cepticismo, mas também a critica, por ele estabelecida.
Chama-se “dogmatismo moral” a concepção que explica
legítima a certeza pela ação. Emprega-se em geral para indicar a afirmação de
doutrinas que não admitem em si mesmas nada de imperfeito ou errado.
O “dogmatismo moral” opõe-se ao “dogmatismo intelectual”.
Aquele afirma que nossos conhecimentos espontâneos são a expressão de nossos
desejos, e que as nossas atitudes intelectuais, em suma, dependem dos
interesses humanos.
O “dogmatismo intelectual” afirma a independência do nosso
conhecimento quanto aos nossos interesses.
Dogmatismo negativo? é o nome que se dá geralmente ao cepticismo, porque ao afirmar a impossibilidade do conhecimento verdadeiro, faz uma afirmação dogmática, enquanto se chama de positivo o dogmatismo contrário.
Dogmatismo negativo? é o nome que se dá geralmente ao cepticismo, porque ao afirmar a impossibilidade do conhecimento verdadeiro, faz uma afirmação dogmática, enquanto se chama de positivo o dogmatismo contrário.
Chama-se “dogmatismo intelectual”, genericamente, as
doutrinas que afirmam a capacidade de nossa mente, de nossa intelectualidade,
para alcançar a verdade no problema crítico.
Entre essas doutrinas, podem ser salientadas: a teoria
mista, fundada na evidência abstrata e na evidência sensitivo-intuitiva, que
admitindo o problema crítico, afirma, ainda mais, que os princípios ideais são
objetivamente certos, e que a intuição sensitiva e a demonstração fundam-se em
termos reais.
Outra teoria é a de dinamismo intelectual, que também
admite o problema crítico, mas aceita certos postulados kantianos de condições
a priori, não adquiridas, mas inatas, que é a tendência a afirmar.
Há, ainda, a teoria da intuição intelectual, que admite
haver intuições intelectuais suficientes para dar soluções necessárias.
Se a maçonaria é composta por livres-pensadores que buscam a Verdade, obviamente ela
não pode ser dogmática. Mas o que é verdade?
A definição de Verdade é das mais complexas, por isto cada
filósofo a apresenta de uma forma diferente.
Os dicionaristas a apresentam apenas como a qualidade pela
qual as coisas aparecem tais como são; realidade, exatidão, sinceridade, etc.
E por ser definida segundo pontos de vista tão variados, a
Verdade em filosofia é um dos problemas mais espinhosos.
Em metafísica, define-se a Verdade como “o que realmente
é”. Em Lógica, “a conformidade do pensamento com o seu objetivo”, por oposição
ao erro. Em Moral, “conformidade de uma afirmação com o pensamento”, por
oposição à Mentira.
A verdade tem por caráter a evidência e produz no espírito
que a possui a certeza. A coordenação das verdades constitui a ciência.
A Verdade dos conhecimentos humanos é a base de toda
Filosofia, a Verdade moral é a base de toda vida social.
Para os antigos, a verdade era uma divindade alegórica,
filha de Saturno, isto é, do Tempo, e a mãe da Justiça. Representavam-na,
geralmente, sob a figura de uma mulher segurando na mão um espelho ou um facho,
e algumas vezes saindo de um poço.
O verdadeiro objetivo
da Maçonaria é a busca da Verdade, quer no sentido filosófico, quer no sentido
religioso.
Para o Maçom, a investigação da Verdade é contínua, é algo
que se começa com a sua entrada em Loja como Aprendiz, mas não acaba quando
atinge os graus mais elevados.
Por meio de símbolos e alegorias, a Maçonaria ensina aos
seus adeptos que a Verdade constitui um atributo da Divindade, sendo ela a
busca de todas as virtudes, sem, contudo apontar-lhes o que ela considera como
Verdade, nem a definindo.
Deixa esta tarefa, e isto constitui a principal
característica da Instituição Maçônica, aos seus adeptos, para que, por meio do
estudo, da pesquisa e da meditação, possam chegar, neste particular, a
“Conclusões” que satisfaçam em tudo a Moral e a Razão.
ARLS Obreiros de Irajá
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