Em todo o mundo há inúmeras construções de caráter
religioso que foram elaboradas segundo os princípios da geometria sagrada. São
igrejas, templos, monumentos, altares e jardins destinados a transmitir de
maneira visual ensinamentos de natureza superior, já que tiveram sua
constituição determinada por formas e proporções geométricas dotadas de
especial significado místico.
Ao longo da história espiritual da humanidade,
números e formas geométricas sempre foram considerados entidades especiais
dotadas de um poder de criação e sustentação da vida. Enquanto os números são
mais abstratos e conceituais, as figuras geométricas carregam maior apelo
emocional, já que podem ser vistas e usadas para a construção de objetos no
mundo físico.
Uma das formas geométricas mais
interessantes, mais antigas e que atualmente é muito usada em práticas místicas
e para facilitar a transmissão de ensinamentos de certos movimentos
espiritualistas é a chamada Flor da Vida.
Este é o nome moderno dado à uma figura geométrica
composta de vários círculos de igual diâmetro, sobrepostos de maneira
padronizada, formando uma estrutura semelhante à uma flor composta, em seu
núcleo, por seis pétalas simétricas.
Numa cadeia infinita de círculos que formam uma
teia harmoniosa dentro da qual emergem figuras geométricas sagradas para muitas
tradições espirituais antigas, o centro de cada círculo está posicionado
exatamente sobre a circunferência dos seis círculos que o cercam.
Muitos consideram a Flor da Vida como um dos mais
importantes símbolos da geometria sagrada, pois dentro dela estariam
codificadas as formas fundamentais que constituem aquilo que conhecemos como
tempo e espaço. Estas formas seriam as estruturas conhecidas como a Semente da
Vida, o Ovo da Vida, o Fruto da Vida e a Árvore da Vida.
Portanto, ela contém em si mesma as diversas etapas
do desenvolvimento da vida, desde o surgimento com a Semente, sua expansão
através do Ovo, sua proteção através do Fruto, a manifestação de sua beleza
através da Flor e sua expressão final na Árvore, de onde nascerão as novas
sementes, retomando assim o ciclo natural de expansão da natureza.
A vida tem sua origem nas águas e toda a vida na
Terra requer a presença deste elemento para a sua manutenção. Ao contemplarmos
a forma da Flor da Vida, com seus raios que partem do centro formando um
hexágono, encontramos outro aspecto simbólico que reforça a mensagem
transmitida por esta figura geométrica, pois sua forma básica é igual ao modelo
estrutural do floco de neve, a água cristalizada.
Por este motivo a Flor da Vida é reverenciada desde
tempos imemoriais, tendo servido como elemento de construção simbólica para
muitas culturas antigas e alguns dos mais ilustres sábios da humanidade. Com
muito pouca pesquisa é possível encontrar a Flor da Vida em muitos templos,
obras de arte e manuscritos de culturas antigas espalhados por diversas partes
do mundo.
Ela está espalhada por Israel, no interior das
antigas sinagogas da Galileia e de Massada, e na região do Monte Sinai. Foram
encontradas em mesquitas no Oriente Médio, em antigos sítios arqueológicos
romanos localizados na Turquia, bem como no Marrocos e em obras de arte
italianas datadas do século XIII.
Muitos templos japoneses e chineses, além da
própria Cidade Proibida, ostentam diversos exemplares da Flor da Vida. Na
Índia, ela pode ser vista no Harimandir Sahib, o Templo Dourado, e nos templos
localizados nas Grutas de Ajanta. Ela também foi encontrada na Bulgária, na
Hungria e na Áustria, assim como no México e no Peru.
Por muito tempo se pensou que a representação mais
antiga da Flor da Vida havia sido gravada nas paredes do Templo de Abidos, no
Egito, um lugar sagrado dedicado à Osíris, divindade crística que representa os
ciclos de vida, morte e ressurreição. Contudo, o exemplar mais antigo estava
num dos palácios do rei assírio Assurbanípal, e hoje pode ser encontrado no
Museu do Louvre, em Paris.
Mesmo assim muitos autores afirmam que os desenhos
da Flor da Vida no interior do Templo de Abidos possuem entre 6000 e 12000 anos
de idade. Existem cinco Flores da Vida desenhadas em cada uma das duas colunas
que sustentam o Templo de Osíris, todas desenhadas de forma muito precisa, mas
não gravadas na pedra, e tão apagadas que quase não se pode notar sua presença.
Em regiões como a Polônia e outras culturas
influenciadas pelos eslavos era costume esculpir a Flor da Vida em diversos
tipos de arte feita com cerâmica. Além disso, foram encontradas muitas
representações esculpidas nos caibros de madeira que serviam de sustentação
para os telhados das casas destes povos, como uma forma de proteção contra
relâmpagos.
Um dos maiores gênios da humanidade, o
renascentista italiano Leonardo da Vinci realizou estudos a respeito da Flor da
Vida e de suas propriedades matemáticas. Através da Flor da Vida, Leonardo
desenhou de próprio punho diverso de seus componentes geométricos, como é o
caso dos cinco sólidos platônicos e da Semente da Vida.
Assim como toda flor, a Flor da Vida nasce de uma
semente, que neste caso é a Semente da Vida, uma figura geométrica formada por
sete círculos dispostos segundo uma simetria hexagonal, formando um padrão
composto por círculos e lentes, e que serve como componente básico estrutural
da Flor da Vida.
Segundo algumas tradições judaicas e cristãs, os
estágios de construção da Semente da Vida correspondem aos seis dias da Criação
descritos no livro do Gênesis. E logo nas primeiras etapas desta construção
podem ser encontrados outros dois símbolos religiosos antigos, que são a Vesica
Piscis, símbolo do eterno feminino, e os Anéis Borromeanos, correspondentes à
trindade divina.
Acrescentando seis círculos à estrutura básica da
Semente da Vida, temos a forma mais elementar da Flor da Vida. Esta, por sua
vez, pode ser convertida no Ovo da Vida, um símbolo composto por sete círculos
tomados do desenho da Flor. O formato do Ovo da Vida é semelhante ao formato do
embrião nas primeiras horas de sua criação.
Por sua vez, o Ovo da Vida é o fundamento para a
formação de diversas outras figuras geométricas. Uma delas é o Cubo, um dos
cinco sólidos platônicos, e outra é o Tetraedro, outro sólido platônico, um
pouco mais complexo que o Cubo. De extrema importância para a mística judaica é
a Estrela de Davi, outro símbolo que pode ser extraído do Ovo da Vida.
Ampliando um pouco mais o Ovo da Vida podemos
extrair o Fruto da Vida, que é formado por treze círculos tomados da Flor da
Vida. Muitos consideram o Fruto da Vida como a própria planta arquitetônica do
universo, pois conteria os fundamentos para a estrutura de todo átomo, de toda
molécula e de toda forma de vida existente.
O Fruto da Vida contém a base geométrica do Cubo de
Metatron, desde o qual é possível extrair os cinco sólidos platônicos. Se o
centro de cada círculo for considerado um nó, e cada nó for conectado ao outro
por uma linha, haverá um total de 78 linhas formando uma espécie de cubo, que é
o próprio Cubo de Metatron.
Seguindo o desenvolvimento natural da Semente, da
Flor e do Fruto da Vida, encontramos a Árvore da Vida, um conceito presente em
várias teologias e filosofias herméticas, e uma metáfora muito importante
para o conjunto de ensinamentos místicos de origem judaica, conhecido como
Cabala.
A ideia cabalista da Árvore da Vida é usada
para compreender a natureza de Deus e a forma como ele emana seus atributos de
forma a constituir todo o universo. Ela pode ser entendida como um mapa da
Criação e das energias presentes nos seres humanos, e corresponde tanto
biblicamente como esotericamente à Árvore da Vida mencionada no livro do
Gênesis.
Na busca pela compreensão de natureza mística da
origem da vida, todos estes elementos geométricos derivados da Flor da Vida
podem servir como instrumento fundamental e completo. Ela pode servir como
amparo didático para o entendimento do esoterismo dos números, do fluxo de
desenvolvimento da energia divina através do macrocosmo e do microcosmo, bem
como uma mandala através da qual certos estados míticos elevados podem
ser alcançados.
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