A VISITA MAÇÔNICA


O termo visitar significa o ato de ir ver alguém em cortesia, dever ou afeição. Na maçonaria, é um dever de todo maçom visitar as Lojas coirmãs, estejam elas localizadas no mesmo Oriente, perto ou longe dele.
É uma das grandes incumbências dadas a todo aquele que iniciou na Arte Real, com a finalidade única de estreitar cada vez mais, os laços de fraternidade que unem todos os maçons espalhados pela superfície da terra.

De acordo com o que preceitua o Landmark XIV da Ordem Maçônica, o direito de todo Maçom visitar e tomar assento em qualquer Loja é um dos inquestionáveis Landmarks da Ordem. É o consagrado “direito de visitação”, reconhecido e votado universalmente a todos os Irmãos que viajam pelo orbe terrestre.
É a consequência do modo de encarar as Lojas como meras divisões da família maçônica. Conforme o Landmark XV determina, nenhum irmão desconhecido dos irmãos da Loja pode a ela ter acesso como visitante sem que primeiro seja examinado, conforme os antigos costumes, e como tal reconhecido. Este exame somente pode ser dispensado se o irmão visitante for conhecido por algum irmão da Loja, que por ele se responsabilizar.

A visita além de representar a exercitação da cortesia tem ainda uma grande vantagem para aqueles que querem se aperfeiçoar, se aprimorar na arte de se fazer a maçonaria nos seus mais puros sentimentos. É uma forma daquele que a faz estar sempre aprendendo, podendo fazer comparações sadias quanto ao desenvolvimento dos rituais de cada Loja, da forma de administração de cada Venerável e, de poder trocar ideias e manter contatos com outros irmãos também ávidos para conseguirem o tão almejado aperfeiçoamento.

Este tão salutar hábito, da costumeira visita, não deve ser utilizado para comparações maldosas, com críticas que não levam a nada e sim, para reavivar a cada dia este intercâmbio onde esteja sempre presente a face da verdadeira amizade que deve reinar sempre entre aqueles que estão conscientes dos ideais maçônicos.

O irmão que sente prazer em visitar outras Lojas, também deverá senti-lo em visitar hospitais onde estejam internados irmãos ou seus familiares, levando a palavra amiga, o consolo tão importante nestes momentos de aflição que, forçosamente, todos passaremos um dia.
Como é bonito chegar a um quarto de hospital onde está um irmão e lá encontrar outros levando o seu calor humano tão benéfico e tão fraterno.
Além de ser um sentimento de um dever cumprido, representa a crença em um ente superior que, com a sua força, faz com que aquele que ali esteja em dificuldade, possa acreditar ser possível sua plena recuperação e uma breve volta ao convívio com daqueles que lhe são muito caros.

Conforme a palavra já define, a visita não deve nunca ser um ato forçado, uma obrigação e sim, ser feita, de forma espontânea, prazerosa e que, além de agradar àqueles que a recebem, primeiramente fazer com que o que a faz, possa se sentir realizado em poder praticá-la na sua essência. Como é gostoso ao chegar a uma Loja, ver tantos rostos já conhecidos e, em lá estando, receber os mais calorosos abraços daqueles que muitas vezes, não vemos há longo tempo.

È muito agradável sairmos de nossas casas para visitar um parente próximo, uma filha ou filho, um neto, uma neta que há muito tempo não vemos e sabermos que eles sempre fazem falta quando estiverem distantes de nós. O abraço na chegada tem um valor inestimável para aquele que o oferece, como também, para aquele que o retribui.
Assim deve ser e acontecer sempre que fizermos uma visita aos irmãos de outra Loja Maçônica, qualquer que seja a sua Obediência, pois, com certeza, todos que ali estiverem, são irmãos que um dia foram iniciados nos nossos Augustos Mistérios, apenas com pequenas diferenças ritualísticas e, que por nós deverão ser eternamente respeitados e amados.

Muitas vezes ficamos preocupados e até decepcionados com alguns irmãos que, querendo fazer do hábito da visita uma obrigação sem limites, quando sabemos que ela deve partir sempre daquele que tem a intenção de efetivá-la, até ofendem outros irmãos quando querem impor os seus pontos de vistas, tentando forçá-los a participarem de uma comitiva. Esse tipo de comportamento para mim além de ser inteira e frontalmente inadequado, não será nunca recomendável para que não se fira o direito de liberdade individual, da igualdade de direitos e da fraternidade própria dos irmãos mais sensíveis.

Na maçonaria aprendi uma coisa durante os meus quase trinta anos de permanência na mesma Loja. Devemos sempre fazer as coisas com satisfação, com prazer e com o mais nobre dos nossos sentimentos, mas nunca obrigados, para satisfazer a vaidade ou para atender a intempestividade de alguns irmãos que considero despreparados para trajarem a nossa roupa preta. Esses irmãos devem “visitar”, sim, com mais frequência as nossas bibliotecas maçônicas e de lá retirarem os conhecimentos necessários para que se priorize a convivência sempre sadia entre todos nós.

Um fato que deixou profundas marcas de gratidão em meu coração foi quando meu pai, irmão-maçom, já adormecido e com 80 anos de idade, estava doente em nossa casa em Belo Horizonte, e eu estando lá, chegaram alguns irmãos da sua Loja-mãe, União Cosmopolita, do Oriente de Ponte Nova para nos visitar. Embora, eu já acostumado com esses momentos, percebi nos olhos e no tom de voz de cada um deles, brotar a emoção.
O meu pai-irmão ficou paralisado ao vê-los entrando no seu quarto e dirigindo-se a ele para o abraço cuidadoso que o momento recomendava. Ali ficou vivamente caracterizada e concretizada a importância da visita fraterna fora de Loja.

Mesmo sabendo que não se impõe o dever de se fazer visitas, não comungo com inúmeros irmãos, que estando na Maçonaria há muito tempo, nunca tiraram uma parte do seu tempo para visitar uma Loja sequer e, raramente os vemos num corredor de hospital visitando alguns dos nossos.
 Maçonaria, a meu ver, não se faz desta maneira por sabermos que sendo ela uma instituição iniciática, tem em todos os seus símbolos, capacidade de mostrar que devemos ser tolerantes, amigos sinceros que devem respeitar os laços muito estreitos que nos unem em todos os momentos de nossas vidas.

Meus irmãos façamos como Chico Xavier quando disse, “abençoemos aqueles que se preocupam conosco, que nos amam, que nos atendem as necessidades… valorizemos o amigo e o irmão que nos socorre que se interessa por nós, que nos escreve que nos telefona para saber como estamos indo… A amizade é uma dádiva de Deus… mais tarde haveremos de sentir falta daqueles que não nos deixam experimentar a solidão…

Partindo destes ensinamentos, podemos afirmar que a visita maçônica não se efetiva somente com a presença física do irmão, mas, e principalmente, com a sua presença espiritual.
O simples fato de nos manifestarmos da maneira que for, com certeza, ali estaremos presentes levando o consolo, o apoio, estendendo a mão amiga àquele que já não espera recebê-la, terá as suas energias exauridas, novamente revigoradas e que servirão de alento para os seus dias futuros.

Desta maneira meus irmãos, procurei em singelas palavras, passar para vocês um pouco daquilo que penso ser ou significar “a visita maçônica”, respeitando sempre o ponto de vista daqueles que não gostam ou não querem cultivar tão nobre comportamento, mas, pedindo para que revejam os seus conceitos para obter as muitas satisfações que por meio delas, com certeza, serão constantes e verdadeiras.

Para encerrar entendo como oportuno recordar um ensinamento que recebemos todas as vezes que estamos em uma Loja Maçônica e que tanto bem nos faz ouvir, sempre enaltecido na voz do Orador: Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união! É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla de suas vestes; como o orvalho do Hermon, que desce sobre os montes de Sião; porque ali o Senhor ordena a sua benção e a vida para sempre.
Em qualquer Loja que chegar, lembre-se de que outro grande e profundo ensinamento estará à sua disposição: “pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á, pois todo aquele que pede recebe; o que busca encontra; e, a quem bate abrir-se-lhe-á. Paremos meus irmãos para refletir sobre estas duas grandes lições que estão e estarão sempre à nossa disposição.



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\ Adalberto Rigueira Viana
JB News – Informativo nr. 1.855 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 29 de outubro de 2015 Pág. 22/33 

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