O termo
“Maçons Antigos, Livres & Aceitos” que, utilizando a abreviação maçônica do
REAA, fica “MM.AA.LL&AA” talvez seja, depois de “GADU”, o termo mais usado
na Maçonaria. Apesar disso, parece que poucos são os maçons que sabem seu
verdadeiro significado e o que se vê são muitos maçons experientes inventando
significados mirabolantes e profundamente filosóficos para um termo que teve
caráter político na história da Maçonaria.
O termo
geralmente é utilizado após o nome da Obediência ou, muitas vezes, faz
oficialmente parte do nome. Em inglês a sigla é AF&AM (Ancient,
Free and Accepted Masons), cujo significado é o mesmo do termo em
português: Maçons Antigos, Livres & Aceitos. Porém, os Irmãos também podem
em muitas Obediências se depararem com termo diferente, sem o uso do “Antigo”,
apenas: “Maçons Livres & Aceitos” ou “F&AM – Free and Accepted
Masons”.
Afinal de contas, o que
significa esse termo e qual o motivo da variação?
Em primeiro lugar, ao contrário
do que muitos possam pensar, o termo nada tem com o Rito Escocês. Pelo
contrário, foram os fundadores do Supremo Conselho do Rito Escocês em
Charleston que, influenciados pelo termo, resolveram pegar emprestado o
“Antigo” e o “Aceito”.
Na verdade, o termo e sua
variável surgiram do nome oficial das duas Grandes Lojas inglesas rivais,
historicamente conhecidas por “Antigos” e “Modernos”. O nome da 1ª Grande Loja
(1717) era “Grande Loja dos Maçons Livres e Aceitos da Inglaterra”. Já sua
rival (1751) foi fundada com o nome de “Grande Loja dos Maçons Livres e Aceitos
da Inglaterra de acordo com as Antigas Constituições” e por isso costumava ser
chamada de “Antiga Grande Loja da Inglaterra”.
Dessa forma, a mais nova se
proclamava “Antiga” e chamava a primeira, que era mais velha, de “Moderna”. A
partir daí, nos 60 anos de rivalidade entre essas duas Grandes Lojas, os maçons
da Grande Loja dos “Modernos” ou daquelas fundadas por essa usavam o termo
“Maçons Livres e Aceitos”, enquanto que os da Grande Loja dos “Antigos” ou
daquelas fundadas por essa eram tidos como “Maçons Antigos, Livres e Aceitos”.
Nesse período, a Grande Loja da Irlanda (1725) e a Grande Loja da Escócia
(1736) se aproximaram dos “Antigos” e de certa forma aderiram ao termo. As duas
Grandes Lojas inglesas resolveram se unir em 1813, porém, os termos
permaneceram nas Grandes Lojas constituídas por essas, que consequentemente
passaram àquelas que constituíram depois.
O maior reflexo dessa
“rivalidade” e o uso dos termos que a representam ocorreu nos EUA, que tiveram
Grandes Lojas fundadas pelos Modernos, pelos Antigos, e pelas Grandes Lojas da
Irlanda e da Escócia. Com isso, 26 Grandes Lojas Estaduais usam o termo COM
“Antigos” e outras 25 Grandes Lojas usam SEM “Antigos”:
F&AM (Maçons Livres & Aceitos) = 25 GLs: Alabama, Alaska,
Arizona, Arkansas, Califórnia, DC, Flórida, Geórgia, Havaí, Indiana, Kentucky,
Louisiana, Michigan, Mississipi, Nevada, New Hampshire, New Jersey, New York,
Ohio, Rhode Island, Tennesse, Utah, Vermont, Washington, Wisconsin.
AF&AM (Maçons
Antigos, Livres & Aceitos) = 26 GLs: Colorado,
Connecticut, Delaware, Idaho, Illinois, Iowa, Kansas, Maine, Maryland,
Massachusetts, Minnesota, Missouri, Montana, Nebraska, Novo México, Carolina do
Norte, Dakota do Norte, Oklahoma, Oregon, Carolina do Sul, Dakota do Sul,
Texas, Virgínia, West Virgínia, Wyoming, Pensilvânia.
Apesar de a rivalidade ter
acabado no início do século XIX, os termos permaneceram e podem ser vistos em
várias outras partes do mundo. Alguns exemplos:
COM “Antigos”: Bolívia, Chile, Cuba, Costa Rica, Equador,
Grécia, Guatemala, Honduras, Israel, Nicarágua, Panamá, Peru, África do Sul,
Espanha, Venezuela.
SEM “Antigos”: Argentina, China, Finlândia, Japão, Filipinas,
Porto Rico, Turquia.
Com o “Antigos” já desvendado,
cabe aqui compreender a expressão “Livres & Aceitos”:
“Livres” se refere aos maçons
que tinham direito de se retirarem de suas Guildas e viajarem para realizar
trabalhos em outras localidades, enquanto que os “Aceitos” seriam os primeiros
maçons especulativos que, apesar de não praticarem o Ofício, ingressaram na
Fraternidade.
Hoje, usar ou não o “Antigos”
não faz mais tanta diferença. O importante é que não esqueçamos que o “Livres
& Aceitos” é um elo, um registro histórico da transição entre a Maçonaria
Operativa e a Especulativa. Qualquer interpretação diferente é tentar jogar
nossa história fora.
Autor: Kennyo Ismail
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