AS ARTES LIBERAIS


 

INTRODUÇÃO

Irmãos, escrever sobre as Artes Liberais e a Maçonaria, tornou este trabalho desafiador, não pela necessidade de estudos e leituras, mas porque, como Companheiro, devo me ater aos ensinamentos do meu grau.

Sair do material, tátil e visual, para o espiritual e abstrato, sem cair na espiral das frases que não significam nada ou dizem o que significam de uma forma não clara, não é fácil, mas graças ao GADU, me foram colocados nesta caminhada, Irmãos que me orientaram nesse desbaste.

DESENVOLVIMENTO

As sete artes liberais são um conjunto de disciplinas que, na Antiguidade e na Idade Média, eram consideradas essenciais para a formação de um indivíduo culto e preparado para a vida pública.

Temos Platão, que trabalhava as artes livres, onde o aluno tinha o direito de pensar. Aristóteles e Isócrates (Pai da Oratória), tinham como meta a gramática, a retórica, a dialética, a geometria, a aritmética, a astronomia, a música e a arquitetura.

A maçonaria, por sua vez, valoriza o conhecimento, a moralidade e a busca pela verdade e utiliza essas artes no ensino aos seus membros.

Dentro desse contexto maçônico, as sete artes liberais são frequentemente referenciadas, como um símbolo do conhecimento e da educação que os maçons buscam cultivar, promovendo a ideia de que o desenvolvimento intelectual e moral, é fundamental para a formação de um bom cidadão e para a construção de uma sociedade justa.

Assim, as sete artes liberais e a maçonaria compartilham uma conexão profunda, pois ambas enfatizam a importância do aprendizado e do aprimoramento pessoal. Somos incentivados a estudar como essas disciplinas, não apenas servem para enriquecer nosso conhecimento, mas principalmente para aplicar esses conhecimentos em nossas vidas e nas interações com outros Irmãos. Essa busca pelo saber, é vista como um caminho para a iluminação e a evolução espiritual, valores centrais na filosofia maçônica. 

As Sete Artes Liberais estão divididas em duas categorias: o Trivium e o Quadrivium.

  1. Trivium:
    • Gramática: O estudo da língua e da estrutura das palavras.
    • Lógica: O raciocínio e a argumentação.
    • Retórica: A arte de falar e escrever de forma persuasiva.
  2. Quadrivium:
    • Aritmética: O estudo dos números e suas propriedades.
    • Geometria: os limites para o conteúdo relacionado às formas e aos espaços.
    • Música: O estudo das proporções e harmonias sonoras.
    • Astronomia: O estudo dos astros e dos movimentos celestes. 

A Gramática envolve a aprendizagem de verbos, adjetivos, substantivos e as demais características ortográficas, incluindo o significado das palavras, suas nuances, e como elas podem ser usadas de maneira correta.

A Retórica, é uma tarefa cotidiana em nossa sublime ordem. Aprender a falar em público com fluência e oratória, é uma das bases da instrução desde o grau de AM. Falar em público é aterrorizante para alguns, mas para os maçons é tarefa cotidiana, pois aprendem tanto de falar como ouvir o discurso dos outros.

A Lógica é a terceira etapa do Trivium, ela consiste em uma sequência regular de argumentos, ela treina nossa mente a pensar com clareza, usando as nossas faculdades de conceber, julgar e raciocinar, evitando que tiremos ou façamos conclusões baseadas em achismos.

A Aritmética que deve lembrar-nos de agir sobre o material, porém, com a beleza da aritmética e da matemática, é que descobrimos a simetria e a proporção. Ela nos mostra que retas e curvas podem ter seus significados expandidos a níveis esotéricos superiores, nos levando à conceitos e ideias abstratas.

A Maçonaria coloca especial ênfase na geometria como sinônimo de autoconhecimento, como compreensão da substância básica do nosso ser.

A Música é parte de nós, ela faz com que nossa audição seja melhorada pela música, em seus tons e amplitudes. As vibrações dos sons de determinada frequência, nos ensina que é preciso disciplina para alcançar a harmonia e escutar os sons do universo.

A Astronomia, nos faz pequenos, contemplar as estrelas nos faz perceber a glória do GADU, nos ensina a admirar e estudar o universo.

Os globos terrestre e celeste sobre os capitéis das colunas das Lojas nos ensinam a compreender a rotação da Terra em torno do Sol. Temos a visão interior da eterna renovação do universo, onde os recomeços, são uma jornada sem fim, como nos mostram os diversos ciclos que a astronomia nos ensina e faz com que sejamos cada vez melhores observadores.

Essas artes, são fundamentais para a formação do ser humano, promovendo o autoconhecimento e a busca pela verdade. O domínio do conhecimento e das habilidades ensinadas pelas artes liberais contribui para a construção de um caráter sólido e ético, elementos essenciais para a prática da maçonaria, além disso, muitos símbolos e rituais maçônicos fazem referência a essas artes, reforçando sua importância no caminho do aprendizado e da iluminação pessoal.

Considerações finais:

As ferramentas do Aprendiz e do Companheiro, nos remetem ao trabalho comportamental, descobre áreas não trabalhadas dentro do nosso ser, nos direcionando à retidão de caráter e veracidade com que tratamos os assuntos maçônicos.

Nos estudos do C, a essência das artes liberais repousa na sequência e ordenamento delas. Somos constantemente confrontados com o começo e o fim do saber conceitual e o significado simbólico, onde a presença das artes liberais, tão adaptada pela maçonaria especulativa, tem em seu cerne dois níveis, que são o material e o espiritual.

Vemos essa condição, no Livro da Lei, em Provérbios 9:1, que diz: “A sabedoria já edificou a sua casa, já lavrou as suas sete colunas”.

Considerando apenas a sua importância na maçonaria, veremos uma sequência onde os graus especulativos seguem com a sua sequência descritiva, dentro do Trivium e do Quadrivium, que nos levam a um crescimento, onde o entendimento espiritual e abstrato é a base para se tornar um MM.

Transcrevo abaixo pequeno trecho de Paulo Edgar Melo, para nossa reflexão:

“Se compreendermos melhor o uso da música e da arte nas nossas vidas, se usarmos a matemática e a geometria, se observarmos a perfeição do Universo, se expandirmos a nossa redação e vocabulário, tudo isso ao longo da nossa vida, vamos nos tornar melhores seres humanos e merecedores das graças e da bondade do Altíssimo.”

Que o GADU nos mantenha com o propósito de sermos uma escola de virtudes e sabedoria, onde o sistema moral baseado em alegorias e ilustrada por símbolos, seja nosso objetivo espiritual na maçonaria.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Artigo: A Origem das Artes liberais na Idade média, 2017. Revista de História Antiga e Medieval, MYTOS

Artigo: As artes liberais na Idade Média, 1975. Revista de História Ano XXVI, Editora Sociedade Filosófica.

MARTINS, Orlando, NOGUEIRA-SIMÕES, Pedro, O papel da maçonaria na contemporaneidade: Princípios e valores universais na criação de uma sociedade inclusiva, solidária e ética social, 2022. EUROPEAN Review of Artistic Studies.

CAMINO, Rizardo da. Simbolismo do segundo grau, 2021. Editora Madras.

JOSEPH, Irmã Miriam. O Trivium: As Artes Liberais da Lógica, da Gramática e da Retórica, 2002. Ed Realizações.

MARTINEAU, John, Quadrivium: As quatro artes liberais clássicas da Aritmética, da Geometria, da Música e da Cosmologia. 2010, Ed Realizações.

C.'. M.'.  JOSE LUIZ GARCIA VILLAR

ARGBLS Philantropia e Ordem II Nº 1664 - GOB-RJ

 

 

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