ESTOU EM FAMÍLIA, MAS NÃO ESTOU NA MINHA CASA

Meus irmãos, trago para vossa apreciação uma dúvida que cultivei durante muito tempo, melhor dizendo, desde a minha primeira visita a uma loja que não era do meu rito. Logo no início dos trabalhos notei que eu efetuei a bateria do grau de maneira diferente dos demais, bem como a aclamação. Também lembro que outro visitante fizera o sinal de ordem de maneira um tanto diferente.

Fiquei perturbado com aquilo, pois era à época, um inexperiente aprendiz. O mestre de cerimônias veio em meu socorro e disse que eu ficasse a vontade e procedesse conforme meu rito. Ao final da sessão pedi ao irmão que me ensinasse acerca daqueles procedimentos para que eu me comportasse de acordo com aquele rito em uma futura visita, o que lhe causou admiração. acredito que ali compreendi ou comecei a compreender o que significa fazer progresso na maçonaria. 

É ponto pacífico em maçonaria que, quando em loja que não é do seu rito, o maçom proceda de acordo com o seu, mantendo os  sinais, bateria, aclamação, toques, movimentação, etc. sem prejuízo ao andamento da sessão. porém, é inegável que tal proceder em certos momentos do desenvolvimento do ritual, pode causar algumas confusões (este é meu ponto de vista) e algum prejuízo para a egrégora.

Senão vejamos: imaginemos uma sessão em uma loja do REEA, depois de todo o empenho do mestre de cerimônias de distribuir os cargos, ordenar o cortejo, etc.  em que estejam presentes irmãos do rito Adoniramita, moderno, brasileiro, Schoeder e de York e tomemos como exemplo a abertura dos trabalhos na hora da bateria e da aclamação como já citei. ouviríamos um "bater de palmas" tão diverso e uma coisa parecida com um pregão na feira livre, em vez do uníssono levantar das vozes dos irmãos. qual seja, pela bateria: o-o-o, oo-o, o-oo... pela aclamação: H.'.H.'.H.'., l.'.I.'.F.'., G.'.G.'.G.'., V.'.V.'.V.'....( aqui deixo minha homenagem ao rito brasileiro, que instrui, na sala dos passos perdidos, aos irmãos que estão tendo seu primeiro contato com o rito). esta ligeira confusão ainda seria precedida por um "bater de cabeças" entre os aprendizes e companheiros, dado o fato de que as colunas são invertidas em alguns ritos, em particular o de schroeder em que os aprendizes sentam-se nas fileiras mais ao centro da loja.

Comparando com a vida profana, a convivência em sociedade e vida profissional nota-se que o comportamento muda ou se convenciona de acordo com o local que adentramos ou pretendemos frequentar. por exemplo: em visita a um parente ou amigo, manda a boa educação que nos comportemos de acordo com os hábitos daquela casa, deve-se se trajar adequadamente de acordo com o local de trabalho, não se deve falar alto em um templo religioso, ainda que seja uma filial da empresa que trabalhamos não é como se estivéssemos em nossa filial, um profissional do esporte ( que trabalha labuta de short e camiseta) não compareceria em um tribunal trajado desta maneira, mas de acordo com o que rege as normas para tal situação. 

Não é razoável impor nossos usos e costumes e como sinal de respeito nos adequamos aos locais e situações. seguindo este raciocínio, exponho a vossa apreciação a seguinte reflexão: não seria mais sadio, educado e instrutivo que o maçom, mormente os mestres, adotassem o costume de se instruir sobre o procedimento ritualístico quando em seu primeiro contato com  rito adverso ao que pratica?

A maçonaria, que tanto prima pela uniformidade, posto que se influencia nas ordens de cavalaria e militares, talvez deixe este ponto aos cuidados da liberdade, mas imaginemos agora uma sessão aonde os irmãos fossem previamente instruídos ou tomassem o cuidado de se instruir sobre os pontos aludidos neste trabalho, que, diga-se de passagem, não tem o intuito de se instituir como verdade, mas de instigar a pesquisa e enriquecer o conhecimento maçônico.

Certamente o maçom deve, primeiro saber e tomar a maior intimidade possível com o rito que pratica para não se tornar um especialista em generalidades, mas conscientizar-se que está deixando de lado uma excelente oportunidade de aprimorar seus conhecimentos a partir desta simples iniciativa.

A harmonia, junto com a paz e a concórdia formam a argamassa mística que nos une e foi pensando nisso me inspirei em trazer à baila este meu pensamento, que torno a dizer, não pretende se instituir como verdade absoluta, mas um ponto a mais a ser observado e estudado. por fim, faço minhas as palavras de João Guilherme Ribeiro quando afirma que “ maçom que  não conhece outros ritos não sabe o que está perdendo”. 

Deixo convosco a reflexão e espero de todo o coração que este acanhado trabalho venha a nos instigar a estudar mais e assim fazer novos progressos na maçonaria. 

Luiz Fernando Corrêa M.’.I.’. CIM 301.513

ARGBLS Philantropia e Ordem II – GOB-RJ

 

 

 

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