A Maçonaria nos
Estados Unidos da América teve uma evolução diferente da Maçonaria Européia.
Para além das especificidades e idiossincrasias do grande País da América do
Norte serem claramente diferentes da mentalidade européia (esta conformada por
uma história milenar, algo que os americanos, com paciência, também virão a
ter: basta-lhes aguardar uns oitocentos anos...).
A Maçonaria Americana
não se desenvolveu confrontada, como sucedeu com a Maçonaria Européia, com a
existência, muito precocemente criada (no primeiro século da
institucionalização da Maçonaria Especulativa), de dois ramos diferentes: a
Maçonaria Regular, centrada no estilo britânico da Grande Loja Unida de
Inglaterra, e a Maçonaria Liberal, oriunda das concepções que vieram a
prevalecer no Grande Oriente de França e, a partir deste, para diversas
Obediências Maçônicas Liberais, com significativa existência em diversos países
europeus e na América do Sul.
Com efeito, não tendo vivido de perto as incidências do grande conflito ocorrido nos finais do século XVIII e primeira metade do século XIX entre a tradicional, monárquica, mas constitucional, potência marítima européia - a Inglaterra - e a potência continental, que se tornou revolucionária, instável, oscilando entre a República, o Império e a Monarquia Constitucional - a França -, os Estados Unidos da América desenvolveram a maçonaria segundo os princípios da Regularidade, diretamente herdados da sua Potência Colonizadora, sem presença importante da maçonaria de pendor Liberal.
Enquanto na Europa a Maçonaria Liberal se expandiu ao ritmo do avanço dos exércitos napoleônicos e das idéias saídas da Revolução Francesa, sob a trilogia Liberdade-Igualdade-Fraternidade e a Maçonaria Regular seguiu os caminhos mais institucionais da ligação às monarquias constitucionais, sob a trilogia Sabedoria-Força-Beleza, o espírito prático dos americanos (Nação construída desde o berço da sua Declaração de Independência sobre os pilares da Liberdade-Igualdade-Fraternidade, princípios fundamentais da sua identidade coletiva, que a sua Maçonaria não precisou reivindicar), pouco virado para as abstrações da Sabedoria-Força-Beleza, erigiu como lema da sua Maçonaria Regular o lema Fraternidade-Auxílio-Verdade (Brotherly Love- Relief-Truth).
A Maçonaria Regular americana desenvolveu-se, assim, sem concorrência de outras orientações, privilegiando a Fraternidade entre os seus membros e a Solidariedade.
Mas as últimas décadas têm revelado problemas. Registou-se, entre os anos 60 e 80 do século passado um acentuado declínio de interesse pela Maçonaria, expresso numa significativa diminuição da entrada de novos elementos.
Com efeito, não tendo vivido de perto as incidências do grande conflito ocorrido nos finais do século XVIII e primeira metade do século XIX entre a tradicional, monárquica, mas constitucional, potência marítima européia - a Inglaterra - e a potência continental, que se tornou revolucionária, instável, oscilando entre a República, o Império e a Monarquia Constitucional - a França -, os Estados Unidos da América desenvolveram a maçonaria segundo os princípios da Regularidade, diretamente herdados da sua Potência Colonizadora, sem presença importante da maçonaria de pendor Liberal.
Enquanto na Europa a Maçonaria Liberal se expandiu ao ritmo do avanço dos exércitos napoleônicos e das idéias saídas da Revolução Francesa, sob a trilogia Liberdade-Igualdade-Fraternidade e a Maçonaria Regular seguiu os caminhos mais institucionais da ligação às monarquias constitucionais, sob a trilogia Sabedoria-Força-Beleza, o espírito prático dos americanos (Nação construída desde o berço da sua Declaração de Independência sobre os pilares da Liberdade-Igualdade-Fraternidade, princípios fundamentais da sua identidade coletiva, que a sua Maçonaria não precisou reivindicar), pouco virado para as abstrações da Sabedoria-Força-Beleza, erigiu como lema da sua Maçonaria Regular o lema Fraternidade-Auxílio-Verdade (Brotherly Love- Relief-Truth).
A Maçonaria Regular americana desenvolveu-se, assim, sem concorrência de outras orientações, privilegiando a Fraternidade entre os seus membros e a Solidariedade.
Mas as últimas décadas têm revelado problemas. Registou-se, entre os anos 60 e 80 do século passado um acentuado declínio de interesse pela Maçonaria, expresso numa significativa diminuição da entrada de novos elementos.
Toda uma geração se
desinteressou da Maçonaria! A partir da década de 90 do século XX, a situação
começou a alterar-se, o declínio cessou. Um pequeno aumento de novas adesões é registrado.
A geração do século XXI redescobriu o interesse na Maçonaria! Mas isso veio pôr
novos problemas.
A diferença de idades
entre os "velhos" e os "novos" é importante. A diferença de
experiências (os "novos" não viveram a II Guerra Mundial, nem a da Coréia
e têm uma vaga idéia da aventura militar no Vietnam...; os "velhos"
mostram-se avessos a qualquer mudança, ao que quer que altere, por pouco que
seja, o que sempre fizeram) e de mentalidades (os "velhos" defendendo
com unhas e dentes a concepção da Maçonaria como clube social e fraternal,
dedicado à filantropia; os "novos" sedentos de estudo e análise, de
obtenção de conhecimentos, de debate e aprofundamento e entendimento das lições
dos rituais e dos autores maçônicos, aspirando a um trabalho mais ao jeito da
Maçonaria Européia) cavou um fosso entre estas duas gerações que nem sempre
está a ser fácil de ser ultrapassado.
Os conflitos vão surgindo, as incompreensões aparecem. Para quem está de fora, é visível que as tensões se acumulam e que alguma mudança vai ter que haver, de forma a que um novo e saudável equilíbrio, minimamente confortável para ambos os lados, "velhos" e "novos", se alcance.
Os conflitos vão surgindo, as incompreensões aparecem. Para quem está de fora, é visível que as tensões se acumulam e que alguma mudança vai ter que haver, de forma a que um novo e saudável equilíbrio, minimamente confortável para ambos os lados, "velhos" e "novos", se alcance.
Os mais ponderados, de
uma e de outra geração, vão aconselhando calma e paciência e apontando, por um
lado, que os "novos" têm muito a ganhar se atenderem à experiência
dos mais antigos, ainda que isso implique retardar um pouco os passos da
mudança por que anseiam (afinal de contas, os mais velhos já não conseguem
andar com a vivacidade da juventude...) e, por outro, que os mais
"velhos" têm de conseguir adaptar-se às mudanças e à evolução dos
tempos, que o imobilismo não é solução e que o mais assisado será deixar a nova
geração conduzir a Maçonaria para os carris do século XXI, ainda que isso lhes
cause alguma desorientação e dificuldade na assimilação de novas referências.
Os mais ponderados, em suma, assumem que nem o imobilismo nem a mudança brusca
são desejáveis.
Esta evolução é, obviamente, um processo lento, doloroso, algo conflitante, por vezes. Mas tem de ocorrer. Quanto mais cada geração conseguir dialogar com a outra, procurar entender os seus anseios e receios e buscar harmonizá-los com os seus próprios receios e anseios, mais fácil a jornada se tornará menos perigos haverá menos derivas ocorrerão.
Para já, a Maçonaria Liberal está aproveitando a brecha e acabou de ser anunciada a criação do Grande Oriente dos Estados Unidos da América, em articulação com a "Maçonaria Moderna" (ou Liberal) de França e do resto da Europa e do Mundo ("traduzindo": do Grande Oriente de França e das Potências Maçônicas da Maçonaria Liberal agrupadas na CLIPSAS.
Não me incomoda nada. Há lugar para todos e a Maçonaria Liberal, sendo um ramo diferente da Maçonaria Regular com ela partilha o essencial dos princípios. Em democracias estabilizadas, as diferenças são mais de postura do que de fundo e resumem-se a questões que não devem fazer com que cada uma das tendências incompatibilize ou memorize a outra (aceitação ou não de ateus na Obediência, diferentes modos de intervenção na sociedade, diferentes posturas quanto às organizações mistas e femininas que se reclamam dos princípios maçônicos, e pouco mais, se é que algo mais...).
Esta evolução é, obviamente, um processo lento, doloroso, algo conflitante, por vezes. Mas tem de ocorrer. Quanto mais cada geração conseguir dialogar com a outra, procurar entender os seus anseios e receios e buscar harmonizá-los com os seus próprios receios e anseios, mais fácil a jornada se tornará menos perigos haverá menos derivas ocorrerão.
Para já, a Maçonaria Liberal está aproveitando a brecha e acabou de ser anunciada a criação do Grande Oriente dos Estados Unidos da América, em articulação com a "Maçonaria Moderna" (ou Liberal) de França e do resto da Europa e do Mundo ("traduzindo": do Grande Oriente de França e das Potências Maçônicas da Maçonaria Liberal agrupadas na CLIPSAS.
Não me incomoda nada. Há lugar para todos e a Maçonaria Liberal, sendo um ramo diferente da Maçonaria Regular com ela partilha o essencial dos princípios. Em democracias estabilizadas, as diferenças são mais de postura do que de fundo e resumem-se a questões que não devem fazer com que cada uma das tendências incompatibilize ou memorize a outra (aceitação ou não de ateus na Obediência, diferentes modos de intervenção na sociedade, diferentes posturas quanto às organizações mistas e femininas que se reclamam dos princípios maçônicos, e pouco mais, se é que algo mais...).
Na Europa, é pacífica a implantação dos dois
ramos da Maçonaria e é até existente, nalguns lados, ou encarada, noutros, a
colaboração em assuntos profanos ou para o mundo profano, das Obediências de
uma e de outra tendência. Cada uma das tendências procura contribuir para
melhorar os seus membros e a Humanidade, à sua maneira.
Talvez até se revele
bom que a Maçonaria Liberal também se implante nos EUA.
Talvez cada uma das
tendências funcione como catalisador para o crescimento e melhoria da Maçonaria
e, por conseguinte, também da outra Obediência. Mas que a Maçonaria Liberal
soube aproveitar o momento para "meter uma lança... na América", lá
isso é verdade! E só há que registá-lo...
Quanto à Maçonaria Regular americana, se é que de fora algum conselho é admissível, esta evolução será talvez um bom pretexto para refletir que o imobilismo geralmente só impede mudanças harmoniosas, gerando mudanças tempestuosas e causando efeitos inesperados. Talvez esta brecha explorada pela Maçonaria Liberal na fortaleza Regular que era a Maçonaria Americana seja um exemplo disso mesmo... E, quanto aos mais "novos", talvez devam também ter em atenção que, se é necessário lavá-lo, convém não deitar fora o bebê com a água do banho... Ou, neste caso, será bom não deitar fora os "velhos" juntamente com a água corrente no desaguar da Maçonaria no século XXI...
Entendam-se! Afinal de contas, são Irmãos! Enquanto estão tão entretidos a brigar pelo tabuleiro do jogo, os "primos" já vos entraram em casa e também querem ficar com algumas das peças...
Rui Bandeira
Quanto à Maçonaria Regular americana, se é que de fora algum conselho é admissível, esta evolução será talvez um bom pretexto para refletir que o imobilismo geralmente só impede mudanças harmoniosas, gerando mudanças tempestuosas e causando efeitos inesperados. Talvez esta brecha explorada pela Maçonaria Liberal na fortaleza Regular que era a Maçonaria Americana seja um exemplo disso mesmo... E, quanto aos mais "novos", talvez devam também ter em atenção que, se é necessário lavá-lo, convém não deitar fora o bebê com a água do banho... Ou, neste caso, será bom não deitar fora os "velhos" juntamente com a água corrente no desaguar da Maçonaria no século XXI...
Entendam-se! Afinal de contas, são Irmãos! Enquanto estão tão entretidos a brigar pelo tabuleiro do jogo, os "primos" já vos entraram em casa e também querem ficar com algumas das peças...
Rui Bandeira
Prezado Ir.:
ReplyDeleteFico extremamente triste quando leio um artigo que trata a ordem Maçonica Liberal ou Mista da maneira como foi tratada, não somos uma escória e muito menos oportunistas! Antes de mais nada, deve lembrar quais são os princípios da Maçonaria, o que busca a Maçonaria? Não é um tanto contraditório, não reconhecer os irmãos da ordem mista? Igualdade? Onde ela foi parar? Só porque a ordem mista aceita mulheres em seus templos, não quer dizer que a mesma não trabalha os verdadeiros ideias maçons. Devo lembrar também que, em épocas mais remotas, onde todo cargo de poder e influência estava nas mãos dos homens, diferente de hoje, em que, seu País, sua pátria é governada por uma mulher!
Bom, como você mesmo disse, acho que a maçonaria tradicional deve evoluir, sem perder seus ideias, abrir os olhos para os novos tempos, aceitar que hoje, a sociedade de influência, é composta por homens e mulheres,e somente assim, nossos trabalhos serão coroados em sucesso!
TFA
Ir.: Gustavo