Existe uma resposta ritualística
para esta pergunta. Com facilidade, qualquer maçom a recita de cor, comprovando
que está a par dos conhecimentos básicos para se fazer reconhecer. A pergunta,
porém, contém uma significação mais profunda, específica, que podemos analisar
antes de adotarmos a resposta como real e sincera.
VENCER AS PAIXÕES
Ao declarar que deseja vencer
suas paixões, o maçom está assumindo o compromisso de descobrir quais são
aquelas que assolam o seu espírito e, mais ainda, como pretende removê-las ou
substituí-las. Para isso, ele deve ter plena consciência do que é, como está
procedendo no seu meio e o que faz por si, pelos irmãos e pela humanidade. Conhecer-se
intimamente é o primeiro passo para derrotar os impulsos menos nobres e fazê-lo
transformarem-se em movimento na direção do bem.
Tal como Teseu, que se internou
no labirinto para aniquilar a besta - o Minotauro - também nós temos que
percorrer esses caminhos escuros e sombrios do nosso espírito, para de lá
extrair as bestas que devemos combater - nossos vícios - ou seja, nossos
defeitos de caráter, a fim de vencida a porfia, de lá podermos assomar mais
fortes, mais limpos, mais aptos para o trabalho social a que nos propomos.
Então, para declarar que
vencemos uma paixão identificada, é necessário que tenhamos a certeza de que
ela não mais existe e, se não se manifesta, não é por ter sido amordaçada, e
sim, porque deixou de compor o nosso eu interior, definitivamente. Esse é o
primeiro passo.
SUBMETER A VONTADE
A vontade é a capacidade que os
seres vivos animados têm de determinarem o seu procedimento de acordo com o que
lhe dita à consciência ou o instinto. Nossa vontade humana pode ser controlada
pela inteligência, que escolhe os recursos de que disporá para manifestar-se.
Assim, à luz dos costumes e leis, somos obrigados a restringir a manifestação
da nossa vontade àquilo que pode ser feito ou representado, sem ofensa à lei ou
aos bons costumes.
Isso, no entanto, não impede
que, às vezes, procedamos em desacordo com essas leis e costumes, para
satisfazer uma necessidade ou desejo. Esta violação das normas e usos vigentes
representa um emprego volitivo das nossas capacidades sem o controle adequado
da nossa consciência e da nossa mente, representando a fuga do ser de dentro
dos limites impostos pelo contexto social.
É por isso que, na Maçonaria,
exercitamos a nossa capacidade de fazer a nossa vontade ficar contida dentro
dos limites dos nossos landmarks, leis usos e costumes, que são suficientes
para assegurar que seremos pessoas capazes de viver dignamente em qualquer
contexto legal. Esse domínio sobre o exercício da vontade depende de intenso
treinamento ininterrupto e diuturno, pois sempre há alguma dessas manifestações
de indisciplina intelectual e mental pronta para aparecer e nos vencer.
No labirinto, Teseu guiou-se
pelo fio que Ariadne lhe deu e que ficou segurando, à saída, para que o herói
pudesse achar o caminho de volta. É esse fio que representa a submissão da
vontade a um traçado pré-concebido e pré-existente: as leis os costumes e os
usos da sociedade a que pertencemos. Enquanto não pudermos seguir esse fio
dourado, não teremos dominado a nossa vontade, para que nos leve ao
aperfeiçoamento que almejamos.
FAZER PROGRESSOS NA MAÇONARIA
Esta típica expressão maçônica
nos mostra que somos maçons para aumentarmos nossos conhecimentos da Arte Real
continuadamente, sem interrupção por qualquer motivo. Se frequentarmos
regularmente a nossa loja, fazê-mo-lo para continuar esse progresso, através do
convívio, da reflexão no silêncio e na meditação impostas pela austeridade
ambiental e da atividade intelectiva provocada pelas ações que ali se
desenrolam.
Cada sessão é uma aula sui
generis específica, cujo conteúdo tem significado diferente para cada um dos
irmãos. As lições lá aprendidas e exercitadas devem se tornar nosso patrimônio
intelectual e emocional exclusivo, formador da nossa personalidade maçônica e
garante do aprendizado que se segue. Nada substitui, em eficiência, no nosso
método de aprendizado, o convívio dos diferentes, com a troca benfazeja e
enriquecedora das experiências e opiniões de cada um com todos os outros.
Acumulando essas ricas experiências em loja, certamente seremos melhores como
cidadãos e como integrantes da Maçonaria e estaremos em condições de propagar
essa cultura multicentenária para os nossos pósteros.
Fica deste modo, respondida a
pergunta em epígrafe.
Tomara que possamos ao
respondê-la em alto e bom tom, quando inquiridos, ter consciência do grande
significado que oculta, aos não iniciados, as verdades dos nossos trabalhos
maçônicos. Que todos possamos refletir sobre ela e criarmos, nós próprios, as
nossas respostas, de modo a que sejamos, todos, construtores de um mundo
melhor.
Irm.’. José Prudêncio Pinto de
Sá, MI
ARLS SINARCHIA Nº 52 Coronel do
Exército Brasileiro - da Reserva
Or de Santa Maria - RS
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