Existe uma turma mais
conservadora na Maçonaria que acredita ser a Internet a decadência da
Maçonaria. Para esses, a Internet vem promovendo uma “banalização” da tradição
e ensinamentos maçônicos ao tornar acessível todo tipo de material literário
maçônico que se possa imaginar.
O engraçado é que, enquanto a
Internet é algo relativamente jovem, tendo mal alcançado sua maioridade, faz
pelo menos três séculos que a Maçonaria tem enfrentado ataques, através
principalmente de livros e bulas papais. A Internet é apenas um meio de
comunicação. Não é a Internet que causa algum mal à Maçonaria, senão a
ignorância, a intolerância e o fanatismo dos homens.
Faça um exercício simples: vá
até um parente ou amigo que não seja maçom e pergunte se ele já visitou algum
site ou blog de maçonaria. Provavelmente você escutará um não, por não ser um
assunto de interesse dele.
Na Internet, assim como em qualquer outro meio, a
literatura não cai no seu colo, você tem que procurar. E só procura por um tema
aquele que se interessa por ele. Aqueles que leem sobre Maçonaria na Internet
são, quase que em totalidade, maçons. Os curiosos são pouquíssimos, e para
esses há também uma infinidade de livros nas livrarias e bibliotecas de todo o
país. A culpa definitivamente não é da Internet.
Faça um outro exercício:
pesquise os sites antimaçônicos na Internet. Esses sites argumentam de forma
intolerante contra a maçonaria e realizam interpretações literais distorcidas e
equivocadas de frases isoladas de obras maçônicas. Verifique se as fontes
maçônicas usadas por esses movimentos fanáticos são sites da Internet ou se são
livros. Você irá descobrir que utilizam uma densa bibliografia maçônica de
autores consagrados como Pike, Mackey e Oliver. Mas nenhum site ou blog
maçônico.
Mesmo assim, o preconceito dos
mais conservadores para com a Maçonaria na Internet e os Irmãos que a promovem
ainda é forte. E por conta disso, pode-se ver um grande contraste de
conceitos dentro da instituição: Por um lado, você tem os maçons escritores de
livros, cujos livros estão disponibilizados nas livrarias de qualquer Shopping
do país, acessíveis a qualquer um disposto a pagar. Esses são considerados pelos
conservadores como os intelectuais de maçonaria, imortalizados pelas páginas
impressas.
Por outro, você tem os maçons blogueiros, cujos blogs proporcionam
literatura maçônica diária, gratuita e de qualidade aos irmãos. Esses últimos
são considerados pelos conservadores muitas vezes como os traidores da Ordem.
Mas a verdade é que tanto o
autor de livros como o blogueiro fazem a mesma coisa: escrevem. Ambos são
escritores, apenas publicando em formatos diferentes. Não se deve julgá-los
pelo meio de publicação e sim pelo conteúdo que produzem.
Há ainda outros pontos a serem
considerados:
No caso dos livros maçônicos
publicados, seus preços são relativamente altos, visto a leitura ser
específica, não havendo economia de escala; há a necessidade do Irmão se
deslocar até uma grande livraria ou comprar pela internet, o que gera um custo
de frete e demanda tempo; são poucas as editoras que publicam o gênero, o que
faz com que as obras demorem muito a serem publicadas. Em contrapartida, as
editoras servem como “filtro”, em que grandes aberrações não costumam ser
publicadas, além dos livros serem mais densos, proporcionando conteúdo mais
completo sobre o tema abordado.
Já no caso dos blogs maçônicos,
o prazo entre a produção e a publicação é praticamente inexistente, assim como
o prazo para acesso ao conteúdo; os escritores não são reféns da boa vontade de
editoras; o conteúdo é gratuito e a publicação e distribuição não ficam
restritas geograficamente. Em contrapartida, não existe um “filtro de
qualidade”, o qual deve ser feito pelo próprio leitor, e o conteúdo é,
necessariamente, resumido.
Enfim, cada meio possui os seus
prós e contras. O sociólogo canadense McLuhan estava certo em sua afirmação de
que “o meio é a mensagem”, pois o meio impacta diretamente no formato e modo de
transmissão da mensagem, e consequentemente sua absorção. Mas até McLuhan
manteve o conteúdo isento de tal conceito.
O que o maçom de hoje precisa
ter em mente é que esse é o mundo em que vivemos. Blogueiros são convidados
para cobrirem grandes eventos, entrevistam presidentes da república e dão
entrevistas para rádios, revistas e programas de TV. Um curioso não descobrirá
mais ou menos sobre maçonaria com um blog do que visitando uma livraria ou
biblioteca pública. Seja livro, blog, revista, site ou jornal, todos são
escritores, e quase nunca se restringem a um único meio.
Por isso, valorize o escritor
maçônico. Valorize aqueles Irmãos que se preocupam em compartilhar conhecimento
com os demais. O meio pouco importa, desde que o conteúdo chegue aos Irmãos,
faça-os refletir e colabore em seus desenvolvimentos.
Kennyo Ismail
Fonte
Portal Brasil Maçom
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