Na visão acadêmica, ele pode ser desenvolvido sob diversos aspectos: antropológico, sociológico, filosófico etc. Entretanto, para efeito deste artigo, podemos simplificar o seu entendimento adotando uma definição mais ecumênica: cultura é o termo genérico usado, basicamente, para significar duas acepções diferentes.
De um lado, o conjunto integrado de usos e costumes, de comportamentos, valores, regras morais, e de instituições que permeiam e identificam uma sociedade ou uma época; e, de outro lado, artes, erudição e demais manifestações mais sofisticadas do intelecto e da sensibilidade humana, consideradas coletivamente.
A cultura explica e dá sentido à cosmologia social, portanto, é impossível de se desenvolver individualmente. Resumindo, podemos dizer que cultura é a identidade própria de um grupo humano em um território e num determinado período.
A maçonaria, como todo grupamento humano, possui identidade própria. E reduzindo o conceito de ‘cultura’ a um universo específico, podemos chamar de cultura maçônica a esse sistema de símbolos compartilhados com que se interpreta a realidade e que conferem sentido à prática da maçonaria, formando um conjunto de respostas de o que é aprendido e partilhado pelos maçons e que lhes confere essa identidade própria.
Há os que tratam a cultura maçônica como um
sistema de conhecimento da realidade, como o código mental dos maçons, não como
um fenômeno material, mas cognitivo; e há os que entendem a cultura maçônica
como um sistema simbólico que só poderá ser apreendido por meio de
interpretação e não por mera descrição.
Na verdade o conceito de cultura maçônica deve congregar a interpretação de seus símbolos, a prática de tradições maçônicas e suas lendas míticas; não somente aquelas que foram incorporadas dentro dos rituais e são exemplificadas em suas cerimônias, mas também aquelas que, embora não figurem nas instruções das lojas, foram transmitidas oralmente como partes de sua história e enunciam em seus cânones de instrução verdades fundamentais e pensamentos sobre a natureza humana, através do frequente uso de arquétipos, sem se referir à veracidade dos relatos.
A filosofia da maçonaria incentiva o homem a buscar o autoconhecimento, despertar no maçom o seu pensar em sua própria existência, independentemente dos agrupamentos sociais a que pertençam individualmente. Não cerceia o seu adepto ao estudo de qualquer ciência (esotérica ou exotérica) como cultura auxiliar, mas pretende que a base dos ensinamentos maçônicos esteja sempre presente, para que não venhamos a perder o equilíbrio sobre os alicerces em que se levanta a Ordem.
Assim sendo, o futuro da maçonaria está diretamente ligado ao desenvolvimento cultural do maçom. E, de um modo geral, o maçom deve estar consciente de que se cultura é informação, isto é, um conjunto de conhecimentos teóricos e práticos que se aprende e transmite aos contemporâneos e aos vindouros, a cultura maçônica deverá ser o resultado da forma como os maçons receberam e transmitem seus ensinamentos; se cultura é criação, é importante estar atento que ele não só recebe a cultura dos seus antepassados como também cria elementos que a renovam; e se cultura é um fator de humanização, deve compreender que esta transformação só ocorrerá porque ele é parte de um grupo em constante aperfeiçoamento cultural.
Irm.’. Ubyrajara de Souza Filho
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