Figuras importantes da loja maçônica, se não houvesse aprendizes
não haveria companheiros ou mestres e, a bem da verdade, o maçom nunca deixa de
desbastar a “pedra bruta” interior, estando sempre em constante aperfeiçoamento
como ser humano. A simbologia maçônica é rica, e ensina muito a quem se propõe
a desmistificá-la, assumindo, assim, o ofício de pedreiros da obra do
S.'.A.'.D.'.U.'.
De origem simbólica no hermetismo – base das ciências ocultas dentre elas a alquimia – a pedra bruta é a síntese do aprendiz e um ícone importante da simbologia maçônica. A pedra é a matéria prima no mundo. Forma os relevos, cerca os oceanos e sustenta as casas. Os solos, que sustentam os vegetais, base de todas as cadeias alimentares são formados pelo desgaste das rochas, assim, não é exagero dizer que as pedras estão na origem de tudo.
Nas ciências não ocultas a pedra também está presente. Na história das civilizações, a idade da pedra representa o surgimento do ser humano, e as tecnologias que o permitiram avançar do paleolítico (idade da pedra lascada) ao neolítico (idade da pedra polida) e à idade dos metais (bronze e ferro) só fora desenvolvidas após o homem trabalhar exaustivamente na pedra bruta. Paralelamente a esta evolução tecnológica, o crânio dos hominídeos foi evoluindo, comportando e permitindo uma atividade cerebral cada vez mais elaborada e racional, e os grupos humanos passaram a desenvolver as artes, os comportamentos sociais e os primitivos credos transcendentais.
Nas pedras estão contidas todas as formas e possibilidades, desde as mais bizarras, imperfeitas e insignificantes às mais sublimes, harmoniosas e imponentes. Algumas já trazem em si marcas que irão interferir em seu entalhe, ajudando ou atrapalhando, outras pela sua sinuosidade, material e origem definirão melhor o seu acabamento; mas todas hão de ter em seu íntimo as formas úteis ao grande projeto da humanidade. A quem se propõem desbastar a pedra bruta cabe o trabalho de esculpir descobrindo a perfeição escondida em sua forma primitiva.
Antes de iniciar o entalhe de sua obra, o escultor para em frente à pedra, analisa-lhe cada detalhe, e para compô-la tem que enxergá-la dentro da pedra. O tamanho, a cor e a forma, alongada, cuboide ou arredondada são importantes, mas tem muito mais. Ele examina calmamente, e nenhuma depressão ou aresta de sua superfície lhe passa despercebida, mesmo aquelas escondidas sob a pedra podem aflorar como a característica dominante de sua escultura. A solidez do material, assim como sua maleabilidade e homogeneidade também são pesquisadas, para então o trabalho ser iniciado.
Na natureza, a pedra traz em sua superfície as marcas que o tempo lhe imprimiu. Algumas conservam as características de quando se separou da rocha, sua pedra mãe. Outras, já não se percebem que outrora fizeram parte de um todo, de tão modificada que a superfície se encontra pela ação do vento, das águas, dos micro-organismos e da temperatura. Às vezes, é possível rastrear todo o percurso percorrido por aquela pedra até chegar ao lugar em que a encontramos, pois ao rolar ela imprime as marcas de sua passagem no solo, ou ainda, deixa lascas de sua superfície nos entes com que tem contato.
Em algumas pedras, de tão sólidas o cinzel não lhe conseguirá penetrar, ou ainda ao penetrar-lhe poderá comprometer-lhes toda a estrutura minando o projeto, ao contrário há aquelas, que de tão maleáveis, qualquer toque pode deixar impressões profundas e aberrantes. Há ainda outras que apesar de sua aparente solidez são ocas, contando com um vazio perigoso que pode inviabilizar a obra.
O termo desbastar é bem mais amplo do que se percebe ao primeiro exame, e é esta abrangência que dá luzes sobre o trabalho da Ordem. A Maçonaria não acrescenta nada à matéria prima, as colunas estão contidas em cada maçom, a Ordem fornece as ferramentas necessárias para desnudá-las e depois aproveitá-las para o bem da humanidade. Ao ser iniciado então devemos nos dedicar ao trabalho para sejamos uma coluna bela, forte e sábia como esperam os irmãos que nos iniciaram.
As marcas deixadas ao longo da vida são infinitas e de infinitas características, algumas evidentes, mas facilmente aparadas, outras embora discretas, representam passagens delicadas de nossa história exigindo, portanto, mais atenção do obreiro. Os vícios são fissuras recorrentes que enfraquecem a coluna e serão sempre obstáculos ao entalhe perfeito.
Os caminhos que percorremos em nossa vida trazem as marcas de nossa caminhada, às vezes de nossas qualidades, mas muitas destas de nossos defeitos, pois estas marcas são mais evidentes. Para desbastar a pedra é preciso rever e, se possível, reparar os estragos e pagar pelos prejuízos, para que estes não voltem a nos marcar futuramente, como se fosse uma prova de um crime que tentamos ocultar.
A solidez de algumas almas, por vezes é sustentada por preconceitos e mentiras que formam um campo de força de difícil transposição, mas que uma vez quebrado revela incrível fragilidade. A maleabilidade excessiva também é um risco, pois pode demonstrar dificuldade de aglutinação, seleção e organização das informações recebidas, não formando uma base confiável, mesmo com ferramenta e tecnologia adequadas à disposição. O estudo que é sempre fundamental, nestes casos é primordial, para não se correr os riscos de apenas trocar de preconceitos, ou ainda, impressionar erroneamente com falsos conceitos sobre a Ordem, jogando ao fogo todo o método e o mérito desta milenar instituição.
As lascas que se desprendem do trabalho do A.'.M.'. também são importantes, e não deves ser abandonadas com desprezo, tornando-se pedras nos caminhos alheios. As britas são fundamentais ao concreto, e são os erros os maiores professores da virtude, ignorá-los é arriscar-se a repeti-los. Se tomadas como exemplos, as imperfeições que vão se desprendendo da rocha desbastada formarão o solo de onde crescerão as virtudes, que são a base da cadeia alimentar da Maçonaria.
Trabalhar a pedra bruta é permitir que, assim como os hominídeos da pré-história, o aprendiz crie em sua alma um ambiente propício à sua evolução, para compreender e permitir os trabalhos nos sucessivos graus de companheiro (neolítico) e mestre (a idade dos metais).
Sim senhores, somos pedras brutas, e está contida, em cada um de nós, a coluna que à sublime obra maçônica irá: enfeitar, com sua beleza, sustentar, com sua força, e, ou, ensinar, com a sabedoria gravada em seus entalhes. Assim, o Grau I da maçonaria é dedicado ao aprendiz, e para nos tornarmos colunas confiáveis, devemos desbastar nossas imperfeições com inteligência, firmeza e objetividade. Mas antes de desbastar devemos reconhecer as imperfeições em nossa estrutura, e, antes ainda, para reconhecê-las devemos primeiro conhecê-las à luz da Maçonaria.
Warner Luiz de Oliveira
Loja Maçônica Luz Amor e Vida 2079
Grande Oriente do Estado de Goiás
Grande Oriente do Brasil
De origem simbólica no hermetismo – base das ciências ocultas dentre elas a alquimia – a pedra bruta é a síntese do aprendiz e um ícone importante da simbologia maçônica. A pedra é a matéria prima no mundo. Forma os relevos, cerca os oceanos e sustenta as casas. Os solos, que sustentam os vegetais, base de todas as cadeias alimentares são formados pelo desgaste das rochas, assim, não é exagero dizer que as pedras estão na origem de tudo.
Nas ciências não ocultas a pedra também está presente. Na história das civilizações, a idade da pedra representa o surgimento do ser humano, e as tecnologias que o permitiram avançar do paleolítico (idade da pedra lascada) ao neolítico (idade da pedra polida) e à idade dos metais (bronze e ferro) só fora desenvolvidas após o homem trabalhar exaustivamente na pedra bruta. Paralelamente a esta evolução tecnológica, o crânio dos hominídeos foi evoluindo, comportando e permitindo uma atividade cerebral cada vez mais elaborada e racional, e os grupos humanos passaram a desenvolver as artes, os comportamentos sociais e os primitivos credos transcendentais.
Nas pedras estão contidas todas as formas e possibilidades, desde as mais bizarras, imperfeitas e insignificantes às mais sublimes, harmoniosas e imponentes. Algumas já trazem em si marcas que irão interferir em seu entalhe, ajudando ou atrapalhando, outras pela sua sinuosidade, material e origem definirão melhor o seu acabamento; mas todas hão de ter em seu íntimo as formas úteis ao grande projeto da humanidade. A quem se propõem desbastar a pedra bruta cabe o trabalho de esculpir descobrindo a perfeição escondida em sua forma primitiva.
Antes de iniciar o entalhe de sua obra, o escultor para em frente à pedra, analisa-lhe cada detalhe, e para compô-la tem que enxergá-la dentro da pedra. O tamanho, a cor e a forma, alongada, cuboide ou arredondada são importantes, mas tem muito mais. Ele examina calmamente, e nenhuma depressão ou aresta de sua superfície lhe passa despercebida, mesmo aquelas escondidas sob a pedra podem aflorar como a característica dominante de sua escultura. A solidez do material, assim como sua maleabilidade e homogeneidade também são pesquisadas, para então o trabalho ser iniciado.
Na natureza, a pedra traz em sua superfície as marcas que o tempo lhe imprimiu. Algumas conservam as características de quando se separou da rocha, sua pedra mãe. Outras, já não se percebem que outrora fizeram parte de um todo, de tão modificada que a superfície se encontra pela ação do vento, das águas, dos micro-organismos e da temperatura. Às vezes, é possível rastrear todo o percurso percorrido por aquela pedra até chegar ao lugar em que a encontramos, pois ao rolar ela imprime as marcas de sua passagem no solo, ou ainda, deixa lascas de sua superfície nos entes com que tem contato.
Em algumas pedras, de tão sólidas o cinzel não lhe conseguirá penetrar, ou ainda ao penetrar-lhe poderá comprometer-lhes toda a estrutura minando o projeto, ao contrário há aquelas, que de tão maleáveis, qualquer toque pode deixar impressões profundas e aberrantes. Há ainda outras que apesar de sua aparente solidez são ocas, contando com um vazio perigoso que pode inviabilizar a obra.
O termo desbastar é bem mais amplo do que se percebe ao primeiro exame, e é esta abrangência que dá luzes sobre o trabalho da Ordem. A Maçonaria não acrescenta nada à matéria prima, as colunas estão contidas em cada maçom, a Ordem fornece as ferramentas necessárias para desnudá-las e depois aproveitá-las para o bem da humanidade. Ao ser iniciado então devemos nos dedicar ao trabalho para sejamos uma coluna bela, forte e sábia como esperam os irmãos que nos iniciaram.
As marcas deixadas ao longo da vida são infinitas e de infinitas características, algumas evidentes, mas facilmente aparadas, outras embora discretas, representam passagens delicadas de nossa história exigindo, portanto, mais atenção do obreiro. Os vícios são fissuras recorrentes que enfraquecem a coluna e serão sempre obstáculos ao entalhe perfeito.
Os caminhos que percorremos em nossa vida trazem as marcas de nossa caminhada, às vezes de nossas qualidades, mas muitas destas de nossos defeitos, pois estas marcas são mais evidentes. Para desbastar a pedra é preciso rever e, se possível, reparar os estragos e pagar pelos prejuízos, para que estes não voltem a nos marcar futuramente, como se fosse uma prova de um crime que tentamos ocultar.
A solidez de algumas almas, por vezes é sustentada por preconceitos e mentiras que formam um campo de força de difícil transposição, mas que uma vez quebrado revela incrível fragilidade. A maleabilidade excessiva também é um risco, pois pode demonstrar dificuldade de aglutinação, seleção e organização das informações recebidas, não formando uma base confiável, mesmo com ferramenta e tecnologia adequadas à disposição. O estudo que é sempre fundamental, nestes casos é primordial, para não se correr os riscos de apenas trocar de preconceitos, ou ainda, impressionar erroneamente com falsos conceitos sobre a Ordem, jogando ao fogo todo o método e o mérito desta milenar instituição.
As lascas que se desprendem do trabalho do A.'.M.'. também são importantes, e não deves ser abandonadas com desprezo, tornando-se pedras nos caminhos alheios. As britas são fundamentais ao concreto, e são os erros os maiores professores da virtude, ignorá-los é arriscar-se a repeti-los. Se tomadas como exemplos, as imperfeições que vão se desprendendo da rocha desbastada formarão o solo de onde crescerão as virtudes, que são a base da cadeia alimentar da Maçonaria.
Trabalhar a pedra bruta é permitir que, assim como os hominídeos da pré-história, o aprendiz crie em sua alma um ambiente propício à sua evolução, para compreender e permitir os trabalhos nos sucessivos graus de companheiro (neolítico) e mestre (a idade dos metais).
Sim senhores, somos pedras brutas, e está contida, em cada um de nós, a coluna que à sublime obra maçônica irá: enfeitar, com sua beleza, sustentar, com sua força, e, ou, ensinar, com a sabedoria gravada em seus entalhes. Assim, o Grau I da maçonaria é dedicado ao aprendiz, e para nos tornarmos colunas confiáveis, devemos desbastar nossas imperfeições com inteligência, firmeza e objetividade. Mas antes de desbastar devemos reconhecer as imperfeições em nossa estrutura, e, antes ainda, para reconhecê-las devemos primeiro conhecê-las à luz da Maçonaria.
Warner Luiz de Oliveira
Loja Maçônica Luz Amor e Vida 2079
Grande Oriente do Estado de Goiás
Grande Oriente do Brasil
Excelente texto.
ReplyDelete