No preâmbulo do Ritual
do Grau de Aprendiz-Maçom do Rito Escocês Antigo e Aceito, encontramos o
seguinte conceito sobre Maçonaria: “A Maçonaria, cujo objetivo é combater a
ignorância em todas as suas modalidades, se constitui numa escola mútua para
conhecimento do seguinte programa que impõe”:
I – obediência às leis
do país;
II – viver segundo os
ditames da honra;
III – praticar a
justiça;
IV – amar ao próximo;
“V – trabalhar
incessantemente em prol da felicidade do gênero humano, até conseguir sua
emancipação progressiva e pacífica, através da justiça que impõe respeito aos
direitos alheios e o cumprimento dos próprios deveres”.
A Maçonaria é,
portanto, uma escola na qual se ensina e aprende a arte de viver e de pensar,
cabendo àqueles que aprendem o dever de frequência e estudo! Eis os dois
deveres elementares do Maçom. O conhecer a tradição e a cultura maçônica por
meio do ensino e do estudo são, além de um dever, um direito do Maçom, que deve
ser respeitado e atendido pelas Lojas Maçônicas.
Assim, cumpre às Lojas
Maçônicas o dever de propiciar as condições necessárias ao progresso moral dos
seus Obreiros, por meio de um programa de estudos da ciência maçônica que lhes
permita adquirir os indispensáveis conhecimentos sobre a história, a
organização administrativa, os princípios jurídicos fundamentais e a legislação
obediencial, a filosofia, a simbologia e os Ritos e rituais da nossa Sublime
Instituição. Instruídos no combate às suas paixões, aos seus erros, aos seus
vícios e aos seus preconceitos mundanos poderão, então, vivenciar sua profissão
maçônica com Virtude, Honra e Sabedoria.
As Lojas, portanto,
são os instrumentos da Maçonaria na formação de verdadeiros, leais e sinceros
Maçons, porque é no recesso dos seus Templos que se forjam, em paz e harmonia, à
vontade, a força e o equilíbrio dos seus Obreiros para que possam conquistar da
vida a liberdade e a felicidade da humanidade e, desse modo, contribuírem,
efetiva e afetivamente, para a realização do ideal maçônico.
Na realidade, porém,
as Lojas Maçônicas, via de regra, limitam-se à realização de sessões econômicas
sem terem a mínima preocupação com a formação maçônica dos seus Obreiros. Sem
que sejam desenvolvidos trabalhos e projetos que possibilitem o surgimento de
novas ideias e, por via de consequência, o fortalecimento dos antigos ideais
que herdamos dos nossos antepassados. O que preservaria, desse modo, os bons
conceitos que a nossa Veneranda Ordem Maçônica sempre gozou entre os povos e em
todos os tempos. Isso acontece, muitas vezes, pela incapacidade daqueles que
possuem a vaidade de posição e quebram lanças para conseguirem ser eleitos para
determinados cargos, sem possuírem os necessários e indispensáveis
conhecimentos das leis que regem nossa Sublime Ordem.
Assim, muitas vezes,
encontramos um Irmão dedicado ao estudo da cultura maçônica ser mal visto e
julgado prepotente e arrogante por aqueles Irmãos que entendem ser o bastante frequentar
sua Loja para ser um Obreiro da Arte Real e que, por inveja e incúria, tentam,
a todo custo, desmerecê-lo perante os demais Irmãos.
Nisto reside, na
maioria dos casos, as causas do enfraquecimento das nossas Oficinas. Como nos
ensina René Joseph Charlier, em seu livro Pequeno Ensaio de Simbólica Maçônica:
“Na insipidez de nossas reuniões, na falta de estudo, na carência de cultura
maçônica, devemos, certamente, ver a fonte principal das ausências, das
deserções...”.
A respeito do pouco
que se tem feito da cultura maçônica, lembramos o que disse o Irmão João Nery
Guimarães, ao prefaciar a obra acima citada: “Maçons há que vivem trinta ou
quarenta anos dentro dos nossos Templos, sem nunca ter lido outra coisa além
dos Rituais, e assim mesmo, sem uma profunda meditação que eles exigem”.
Não, meus Irmãos! Não
basta frequentar os trabalhos de Loja, porque ser Maçom uma vez por semana é
muito pouco para quem pretende “ser um iniciado”. É preciso estudar, pesquisar!
É preciso saber, conhecer! É preciso pensar, pensar por si próprio! É preciso
agir, trabalhar o ideal de perfeição humana! É preciso participar, contribuir,
doar-se, servir e não, apenas, servir-se, como alguns! Mas o que se vê na
atualidade?
A frequência nos é
exigida sob pena de perdermos a nossa condição de Obreiro regular, mas, em
contrapartida, poucas são as oportunidades de estudo que as nossas Lojas nos
oferecem. Quando necessitamos nos ausentar dos trabalhos de nossas Lojas, somos
obrigados a justificar as razões e os motivos de nossa ausência, por escrito,
porque, em algumas Potências Maçônicas, a palavra do Maçom parece não merecer
mais crédito. No entanto, aqueles Irmãos que exercem o Governo da Fraternidade
não se justificam perante seus Irmãos pela ausência de biblioteca nas Lojas,
pela ausência de formação maçônica planejada e eficaz.
Entendemos isto sim, que
muito mais importante do que justificar nossas ausências em Lojas seria
justificar nossas presenças na Maçonaria, dentro e fora dos seus Templos.
Será, meus Irmãos, que
estamos justificando isto? Que o Gr.·. Arq.·. do Univ.·., nos conceda, e a
todos os nossos entes queridos, Saúde, Paz e Prosperidade!
Fonte: Revista Palavra
Maçônica
Por Joaquim Farias de Oliveira
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