OS “SACRIFÍCIOS NO TEMPLO”



Quando a Torah nos fala no oferecimento de sacrifícios no Templo, temos como destaque o fogo perpétuo sobre o altar.
Segundo o Zohar, o fogo é sempre uma manifestação da energia de Guevurá (Julgamento). O sacerdote, em contrapartida, representa Chessed (Misericórdia).
Por que cabe ao sacerdote o acendimento e manutenção do fogo sobre o altar? Porque somente alguém isento de julgamento pode despertar no fogo os seus atributos mais elevados – a energia de Shechiná.
Aqui temos duas manifestações do fogo: o fogo da má inclinação, que consome internamente aquele que peca diante do Eterno, e o fogo do altar (a Shechiná), que purifica o pecador – fogo consumindo fogo.
O fogo do altar deve permanecer sempre aceso porque a contrainteligência não descansa e nos conhece melhor do que nós mesmos. Por isso dizemos que a espiritualidade deve ser um exercício constante, e não uma atividade de uma ou duas vezes por semana. Manter a fogo do altar aceso representa o nosso compromisso com a retidão, a integridade baseada nos ensinamentos da Torah.
Essa é a única forma de se manter amparado pela Shechiná.
E da mesma forma que o fogo do altar é renovado todas as manhãs, devemos ficar atentos com a mitsvá (mandamento) do Shacharit – a conexão que realizamos assim que acordamos.
É pela manhã que a energia de Chessed está mais forte. Nós somos o templo e os únicos responsáveis por manter o fogo do nosso altar interno (a presença da Shechiná em nossas vidas) permanentemente aceso.
E mais: sempre repetimos que a Torah é um livro de códigos. Seria um grande engano imaginar ser possível transferir os nossos erros para um animal e que a sua cremação é a solução de todos os nossos problemas. Não restariam animais sobre a terra e, ainda assim, não encontraríamos a paz.
Quando alguém oferece um sacrifício por suas faltas, duas correntes de energia se manifestam: a primeira, ascendente, é representada pela elevação do aspecto animal/instintivo desse indivíduo por meio do sacrifício entregue ao fogo; a segunda, descendente, se faz presente nas bênçãos geradas pelas orações do sacerdote que testemunha o sacrifício.
Em outras palavras, devemos identificar nossos defeitos e fraquezas e, conscientemente, sacrificá-las no fogo do altar.
Enquanto outras tradições buscam trazer a espiritualidade para o mundo físico, o cabalista trabalha para elevar a matéria para o mundo espiritual.

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