O imortal compositor brasileiro Herivelto Martins, numa das suas mais
belas criações musicais (Cabelos brancos), ao usar a frase “… Não falem
dessa mulher perto de mim!”, certamente queria dizer que se sentiria
indignado se alguém se arvorasse ao direito de falar mal de certa mulher pela
qual era apaixonado.
Parafraseando o grande compositor brasileiro, quero dizer com a mesma
indignação: Não falem mal da Maçonaria perto de mim…
Muitos oradores e escribas são contumazes em falar e escrever as mais
variadas queixas contra a instituição maçônica. Estas atitudes nada constroem e
exercem um efeito negativo devastador, principalmente sobre os Irmãos
Aprendizes, ainda na tenra idade de formação maçônica.
As críticas são as mais variadas:
- “…
Ela está inerte”;
- “…
Não é mais como antigamente”;
- “…
Não tem mais discurso”;
- “…
Não tem mais representação política”;
- etc…
Ouvi, ainda como Aprendiz, do grande mestre Ambrósio Peters, que a
instituição maçônica sempre permaneceu fiel aos seus princípios. Os maçons é
que, provavelmente, não cumprem os seus desígnios.
A Maçonaria tem sido coerente com as necessidades dos povos na busca das
suas realizações. Além disto, os seus feitos são silenciosos e duradouros.
Muitas das suas ações, nos níveis comunitário, regional, nacional ou mundial,
apresentam resultados de longo prazo.
Podemos fazer muitas autocríticas quanto a diversos procedimentos das
nossas Instituições, mas nunca olvidar que a Maçonaria somos nós mesmos e que a
sua grandeza dependerá única e exclusivamente das nossas ações.
Hoje, não temos mais Independência nacional por fazer nem República a
proclamar. Os problemas da pátria, no entanto, são outros e muito graves,
dentre eles, a luta pela cidadania plena do nosso povo, se é que queremos falar
de participação social e política.
A prática maçônica no Brasil abrange, pelo menos, três grandes áreas. A
primeira é a prática da fraternidade e da benemerência; a segunda é o estudo e
a prática do esoterismo e a terceira é a participação social e política nos
processos de transformação do mundo profano.
Dificilmente encontraremos estes três perfis reunidos em cada Maçom. A
maioria deles se dedica prioritariamente às práticas inerentes à fraternidade,
à benemerência e ao aperfeiçoamento individual sempre de forma discreta, como
convém.
Dado o exposto e abstraindo as incorreções e/ou equívocos, proclamamos a
todos os Irmãos a assumirem a postura de indignação contra os discursos
meramente reclamatórios sobre a nossa sagrada Instituição. Deixemos para os
nossos tradicionais e desinformados detratores o papel de críticos da
nossa existência.
Ao invés de críticas, vamos sugerir projetos de atuação.
A compreensão da verdadeira Filosofia Maçônica, por exemplo, exige
previamente um ferramental esotérico capaz de abrir as nossas mentes à
compreensão. Por que não lutar por isto?
A organização e a disciplina da Ordem Maçônica, com núcleos espalhados por
todo o território nacional, são qualificações inéditas entre as organizações
não governamentais do nosso país. É evidente que a Maçonaria poderia fazer um
trabalho bem maior em prol do crescimento da qualidade de vida do nosso povo e
da modernização do país.
Irmãos de diversas lojas e potências têm encontros marcados nas inúmeras
instituições públicas, governamentais ou não, para influir com espírito maçônico
no processo da verdadeira evolução do nosso povo, em direção à liberdade,
fraternidade e igualdade.
Nas democracias modernas, faz-se necessário que a nossa instituição adopte
um padrão ideológico para situar as propostas de ação da Maçonaria. Não é
necessário receber um rótulo como os aplicados aos partidos políticos. O
inadmissível é que ela seja ideologicamente conservadora.
Nos momentos históricos em que a Ordem foi mais visível, no auge do
iluminismo, os maçons assumiram a ideologia liberal. Guardadas as diferenças
históricas, aquela insurgência foi mais radical do que uma opção ao Marxismo no
tempo atual.
Sem tecer julgamento de valor e sem apresentar qualquer crítica, é bom
lembrar que a Maçonaria brasileira sempre foi frequentada maioritariamente
pelas elites da pequena burguesia, com perfil político conservador, com nuances
de liberalismo.
Alguém poderá dizer que a Maçonaria não precisa de ideologia, que ela
admite a liberdade de todos os credos religiosos, políticos e muito mais.
Como já dissemos, não estamos falando de ideologia política stricto
sensu, mas de uma linha de pensamento político-filosófico que abrigue
o nosso discurso que é essencialmente de mudanças e progressista.
Concluindo, poderíamos dizer que a Maçonaria brasileira atual vai bem,
obrigado, na sua tradicional prática da fraternidade e da benemerência. Como
não há mais Independência nem República para proclamar, aqueles irmãos com
ânsias de participação sociopolítica devem olhar para frente. O momento
brasileiro é fertilíssimo e carente de grandes brasileiros que desejem, efetivamente,
salvar o nosso país do desmando, da corrupção e do atraso a que nós temos
submetido.
Alguém me disse que esse sonho começa com uma revolução na educação, para
proporcionar condição de igualdade na busca da plena cidadania. Educação com
igualdade, somente será possível por meio do ensino público, laico e de
qualidade – há bem pouco tempo atrás, esta era uma bandeira de luta dogmática
da Maçonaria. Esta bandeira de lutas continua atual. Vamos retomá-la?
Santo Zacarias Gomes, ARLS Acácia da Ilha nº 31- Florianópolis – SC
– Grande Oriente de Santa Catarina (GOSC)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
É livre a postagem de comentários, os mesmos estarão sujeitos a moderação.
Procurem sempre se identificarem.