COMPANHEIRO MAÇOM: O GRAU INJUSTIÇADO



Os seres vivos têm comumente seus ciclos de vida divididos em três etapas: nascimento, vida e morte. Quando divididos em fases, não é muito diferente: fase infantil, fase adulta, e fase senil.

É claro que cada etapa, cada fase tem sua importância, exercendo papel fundamental num ciclo de vida. Mas se você tivesse que escolher uma etapa da vida, uma fase preferida, qual seria? Creio que quase a totalidade das pessoas optaria pela vida, pela fase adulta.

A Maçonaria Simbólica nada mais é do que um ciclo de vida iniciático, também dividido em três etapas. Enquanto o Grau de Aprendiz simboliza o nascimento, quando o candidato que se encontra nas trevas recebe, enfim, a luz da Maçonaria, o Grau de Mestre simboliza a morte, e todos os ensinamentos que ela envolve. Então, o que seria o Grau de Companheiro, esse grau tantas vezes discriminado? O Grau de Companheiro simboliza a vida, a fase madura, entre o nascimento e a morte!

Mas a cultura que se sobressai no meio maçônico destaca apenas dois momentos importantes na vida de um maçom: quando de sua iniciação, que marca o início de sua senda maçônica, e quando galga o grau de Mestre, alcançando assim sua plenitude de direitos maçônicos.

O grau de Companheiro, além de marginalizado, é visto por muitos como um peso, um obstáculo, a fase ruim do desenvolvimento na Maçonaria Simbólica. A situação é agravada ainda mais pelos maçons “esquisotéricos”, que pregam o grau de Companheiro como um grau de indecisões e perigos, abusando da interpretação do número “2” para afirmar que o Grau 02 é arriscado, devendo os membros permanecer o mínimo de tempo possível como Companheiros. Balela!

É no grau de Companheiro que o maçom realmente aprende a ciência maçônica, passando a trabalhar com novas ferramentas de trabalho. É nesse grau que o maçom desenvolve os cinco sentidos humanos em sua plenitude para, então, aprender a dominar as sete artes e ciências liberais: Gramática, Retórica, Lógica, Aritmética, Geometria, Astronomia e Música. É no grau de Companheiro que o maçom atravessa a escada de 15 degraus e tem acesso à Câmara do Meio.

Talvez, o que falta explicitar a muitos maçons seja algo muito simples, já presente na sabedoria popular: “o importante na vida não é o ponto de partida, nem a chegada, e sim a caminhada”. Em outras palavras, o importante na vida maçônica não é quando se ingressa na Maçonaria ou quando se alcança o grau de Mestre ou o grau 33o. Não são momentos específicos, marcos.

O importante é aprender ao máximo em cada grau que se passa e viver a vida pelos preceitos maçônicos. Se não for para ser assim, não há o menor sentido em tudo que fazemos.

Autor Desconhecido

QUAL A VERDADE QUE INVESTIGAMOS?



Nós, maçons, somos investigadores da verdade. Assim aprendemos desde o dia que ingressamos na Ordem.

Vamos então definir a qual verdade nos referimos. Seria Deus? Seria qual o nosso papel neste planeta? Seria a vida após a morte?

Qualquer que fosse a nossa definição uma coisa é certa. Todas essas indagações a serem investigadas, deveriam ser absolutamente desprovidas de quaisquer imposições dogmáticas.

Os dogmas são colocações imutáveis e não sujeitas a contestações e indagações.

Não creio que seria possível investigar qualquer dos temas acima mencionados se esbarrarmos em dogmas que impeçam a nossa investigação.

Sou um agnóstico convicto e como tal não tenho reservas para qualquer tipo de investigação.

O agnosticismo diz que não existem provas concretas da existência de Deus da mesma forma que não existem provas da não existência.

O agnóstico é como os pratos de uma balança em movimento, oscilando de um lado para o outro.

E o que seria então realmente, o agnosticismo?

Segundo definição da Enciclopédia Digital Koogan-Houaiss, “o agnosticismo é a doutrina que declara inacessível o absoluto ao espírito humano ou que considera vã qualquer metafísica ontológica.”

Diante disto, já que estamos em uma sociedade nascida enquanto dos aceitos junto com o iluminismo e podemos observar que mesmo dentre os racionalistas puros do século XVII há grande divergências entre seus pensamentos, é de se afirmar que o espírito humano, com sua mente limitada a uma capacidade mínima de uso, não tem como explicar ou declarar o que é o supremo. Compete-nos, contudo, estudar e pesquisar. Ampliar nossos conhecimentos e separar o que é de César e dar a César.

Eu me posiciono mais pela existência de um princípio criador que sou impotente para defini-lo e acho razoável, apesar de não existirem provas, que estamos sujeitos a normas que regulam a nossa existência.

Às vezes eu me pergunto se a crença em um princípio criador não seria um dogma que impediria um aprofundamento maior nesta questão.

Não me tomem como um ateu, mas creio que devemos ouvir até mesmo os argumentos daqueles que definitivamente não admitem a existência de Deus.

Somente desta maneira estaremos realizando uma investigação honesta e imparcial.

É bem difícil ser maçom e despojar-se muitas vezes de princípios que trazemos arraigados desde a mais tenra idade. Esta, porém é a única forma de investigarmos temas transcendentais e desta investigação tirarmos algum proveito.

As duas grandes sociedades secretas que precederam a Maçonaria atual, e que existiram na Inglaterra no início de 1700, foram a “Royal Society” e o “Invisible College” que geraram as Lojas Maçônicas inglesas. Estas sociedades secretas reuniam-se de forma reservada, pois eram compostas por investigadores da verdade e abrigavam no seu seio os grandes intelectuais da época. Caso os assuntos discutidos por eles chegassem ao conhecimento do Clero, corriam o risco de prisão, excomunhão e outros castigos porque a Igreja tinha em suas mãos o poder de Estado.

As Lojas Maçônicas que se originaram destas sociedades, formaram a Maçonaria como a conhecemos hoje em dia.

Existe uma corrente de maçons que diz sermos originários dos maçons operativos, que eram os antigos construtores dos templos. Eu, particularmente discordo desta afirmativa, pois esses maçons eram homens rudes, de pouca cultura e dificilmente teriam condições de discutir temas transcendentais. Descendemos sim, daqueles membros das antigas sociedades secretas, posteriormente transformadas em Lojas.

A Grande Loja da Inglaterra, originariamente Grande Loja de Londres,  nada mais era do que a reunião dessas Lojas e necessitava de uma Constituição para reger a Potência que ora se formava.

Naquela época por determinação superior as autoridades religiosas e os médicos tinham livre ingresso nas Lojas mesmo não havendo sido iniciados.

Assim foi que o Pastor Presbiteriano James Anderson sobre quem pairam dúvidas se foi ou não iniciado na Ordem, recebeu o convite, com mais catorze irmãos para escrever a Constituição Maçônica.

Tornou–se então a segunda Constituição Maçônica, mais conhecida como Constituição do Venerável  Pastor Presbiteriano James Anderson, publicada pela primeira vez no ano de 1723,  a primeira foi a Constituição francesa de 1523 que traduzia aquilo que continha a Constituição Gótica, mais simples talvez e sem motivações religiosas.

A Constituição de Anderson é impregnada pelo espírito místico-religioso, e mostra a Maçonaria como um sistema de ordem moral, um culto para conservar e difundir a fraternidade e união entre os homens e a crença na existência de Deus.·.

Sobre Deus e religião dizia o Pastor Anderson o seguinte:
 “Um Maçom é obrigado, por dever de ofício, a obedecer a Lei Moral; e se ele compreende corretamente a Arte, nunca será um estúpido atenuem um libertino irreligioso.”

Muito embora nos tempos antigos os Maçons fossem obrigados em cada país a adotar a religião daquele país ou nação, qualquer que ela fosse hoje se pensa mais acertado, somente obrigá-los a adotar aquela religião com a qual todos os homens concordam, guardando suas opiniões particulares para si próprios, isto é, serem homens bons e leais, ou homens de honra e honestidade, qualquer que seja a denominação ou convicção que os possam distinguir; por isso a Maçonaria se torna um centro da união e um meio de conciliar uma verdadeira amizade entre pessoas que de outra forma permaneceriam em perpétua distância.

Algumas das Lojas inglesas, revoltadas com a imposição de dogmas, migraram para a França e insurgiram-se contra essa Constituição Maçônica e também com a interferência de religiosos da época nos assuntos da Ordem.

Na França, criaram o Rito Moderno que não questionava a existência  de Deus e não obrigava que a bíblia estivesse presente nas sessões maçônicas. Foram chamados de ateus, mas justificavam que esta era uma questão de foro íntimo de cada um e que tal assunto não interessava para a Maçonaria.

Foi dessa Maçonaria francesa que se originaram as primeiras Lojas brasileiras, como hoje as conhecemos. Faço todo esse relato para que os irmãos sintam como foi e tem sido difícil para nós maçons livrarmo-nos de tudo aquilo que impede sermos verdadeiros investigadores da verdade mesmo que transitória.

Assim, esperamos que as nossas mentes continuem cada vez mais, sendo abertas, para que possamos cumprir o nosso papel na sociedade, combatendo os fanatismos e livrando-nos de dogmas que possam servir como empecilhos para a busca da verdade.

Que o G.˙. A.˙. D.˙. U.˙. a todos ilumine e guarde.
Autor: Ir.˙. Caio R. Reis

A IMPORTÂNCIA DO MESTRE DE HARMONIA



A música é uma das sete artes liberais. Tem o dom de preparar o ambiente para a meditação, para o culto espiritual, não só acalma, ameniza, conforta, como pode curar certos tipos nervosos e ajudar na cura de processos orgânicos. Esotericamente, os sons penetram de tal forma no íntimo dos seres humanos que lhes dão Harmonia e Paz.

Em função do ritmo, da melodia e da mensagem, o inverso é possível, ou seja, a desestabilização emocional, a afloração de sentimentos menos nobres. A Harmonia, em seu sentido mais amplo, é a ciência da combinação dos sons, o que forma os acordes musicais e tem por finalidade a formatação de uma das expressões na criação da Beleza.

No passado, a Coluna da Harmonia era composta por Irmãos músicos que tocavam, buscando propiciar a harmonia que deve reinar entre os Obreiros e equilibrar as emoções durante os rituais maçônicos. Hoje, os músicos foram substituídos por aparelhagem eletrônica, operada pelo Mestre de Harmonia.

Os discípulos de Pitágoras estudavam a música como disciplina moral, pois ela atuava no controle dos ímpetos das paixões agressivas e no afloramento dos sentimentos nobres e elevados; por meio da música buscavam desenvolver a união, pois entendiam que ela instruía e purificava a mente, desse modo eliminando, pela audição de melodias suaves e agradáveis, a angústia, anseios frustrados, agressões verbais e stress mental.

Portanto, em uma reunião Maçônica deve-se tocar a música que melhor traduza os sentimentos dos Irmãos em cada momento do ritual.

Correntes de Irmãos defendem a não programação de músicas de caráter religioso nas sessões ritualísticas, visto o caráter universal da nossa Ordem, evitando assim algum constrangimento de Irmãos que adotam outra religião. Corrente outra, sugere a não execução de músicas cantadas, salvo algumas entoadas por Coral, ou seja, na maioria das vezes deve se utilizar a música instrumental.

Outra corrente orienta que o fundo musical deve ser ouvido desde o início, quando da sala dos Passos Perdidos, com melodias que elevem os Irmãos aos mais nobres sentimentos, preparando-os para o início dos trabalhos, lugar onde devem estar paramentados e com as suas insígnias. A melodia pode ser de cunho religioso, de câmara, por ser um local onde todos se limpam mental e espiritualmente, deixando para trás as coisas do mundo profano, momentos de introspecção e a conscientização para a entrada no Templo, onde desenrolar-se-á a reunião de grande elevação espiritual.

Compreendem normas na Maçonaria que suas reuniões se realizem com músicas adequadas e propícias. As músicas são invariavelmente colocadas por hábito, por gosto ou por imitação, dificilmente associando o profundo trabalho de introspecção que é a litúrgica Maçônica a uma trilha sonora que estimule nos instantes de euforia, acalme nos momentos de meditação, espiritualize profundamente nos momentos de abertura e fechamento do Livro da Lei, que seja melodiosa e nos leve à profunda meditação do ato que fazemos quando os Irmãos Mestre de Cerimônias e Hospitaleiro circulam com a Bolsa de Proposições e Informações e a Bolsa para o Tronco de Solidariedade e, no momento do encerramento.

A música utilizada tem que ser analisada, em razão da mensagem que se pretende transmitir, como exemplo, deverá causar impressões inesquecíveis na mente do iniciado, pois nestas sessões se transmite a síntese filosófica da Instituição em que se ingressa, pois os ensinamentos seculares que são transmitidos, quando associados a uma música adequada, serão sempre recordados quando da audição de tal melodia.

Em função do discorrido, o Mestre de Harmonia deverá desenvolver o entendimento da psicologia da Harmonia na Maçonaria, pois assim auxiliará, influenciando na manutenção do estado de consciência espiritualmente limpa dos Irmãos que adentram ao Templo Sagrado colocando músicas melodiosas e suaves, convidativas à meditação.

Programando músicas cantadas, porque acha que são bonitas, muitas das vezes não está contribuindo para a Harmonia da sessão e a formação da concentração necessária, pois induz sentimentos outros que levam os Irmãos a fazerem imagens mentais que os tirem da manutenção da egrégora pelo efeito dos sons e do ritmo. Por esse motivo, as músicas devem ser de caráter neutro, pois a melodia maçônica deve ser aquela que induza o Irmão a entrar em Si, elevando-se à reflexão do seu Eu, e não propiciando o desvio dos pensamentos de Irmãos para ir ao ambiente externo no qual costumeiramente “aquela” melodia é ouvida.

Com a tenra idade que tenho na maçonaria e ainda com muito para aprender, concluo mui primariamente que muito há o que desvendar e de ser entendido numa preparação de Harmonia para um Templo Maçônico, pois os sons são energias que nos aproximam do G.’.A.’.D.’.U.’., estimulam-nos os sentidos e que devem ser conduzidas pelo Espírito com mãos hábeis e sensíveis para a devida sustentação do ambiente favorável ao trabalho dos Irmãos, mantendo o livre fluxo de energia que deverá circular, provendo-nos da Sabedoria, da Força e da Beleza, tríade que compõe as colunas que sustentam nossos intuitos de tornando-nos Homens de Bem, Harmoniosos, Justos e Perfeitos no nosso dizer e com os nossos passos do dia a dia.

DE VOLTA À ESCADA E À ABÓBODA DO TEMPLO


Durante minhas andanças e pesquisas sobre a História das Grandes Lojas, encontrei os raríssimos rituais editados em 1928 pelaTypographia “Delta, propriedade da Sociedade Anonyma Astréa, Rua Dias da Cruz, 123-A – Rio. Esses rituais foram registrados na Bibliotheca Nacional para "garantia dos direitos autoraes, de accôrdo com os dispositivos do Codigo Civil", segundo consta, na grafia da época, página 2 do referido volume reeditado em 1943. 

Eis que, 'não mais que de repente', topei com uma descrição do Templo segundo nossos fundadores, que transcrevo em grafia atualizada:

O teto do Templo representa o céu. Do lado do Oriente, um pouco por cima do Altar do 1º Vigilante, a Lua e do 2º Vigilante uma Estrela de cinco pontas. Estes emblemas, pintados ou em relevo, poderão ficar pendentes do teto. No centro do teto, três estrelas da constelação Órion. Entre estas e o nordeste, ficam as Plêiades, Híadas e Aldebaran. A meio caminho, entre Órion e o nordeste, Regulus da constelação do Leão; ao norte, a Ursa Maior; a nordeste Arturus (em vermelho); a leste, a Spica, da Virgem; a oeste, Antares; ao sul, Fomalhaut.

No Oriente, Júpiter; no Ocidente, Vênus; Mercúrio junto ao Sol, e Saturno, com seus satélites, próximo a Órion As estrelas principais são 3 de Órion, 5 Hiadas e 7 das Plêiades e da Ursa Maior. As estrelas, chamadas reais, são: Aldebaran, Arturus, Régulus, Antares e Fomalhaut”.
Vamos por partes:

1) A CONSTELAÇÃO ÓRION é fácil de ser contemplada a olho nu, pois dentre as estrelas que a compõem, destacam-se Mintaka, Alnilam e Alnitak, popularmente conhecidas como "As Três Marias", que formam o cinturão de Órion no centro desta constelação.

2) As PLÊIADES são um grupo de estrelas na constelação do Touro, visíveis a olho nu nos dois hemisférios.

3) As HÍADES (ou Híadas) são um aglomerado estelar também localizado na constelação de Touro.  

4) ALDEBARAN é a estrela mais brilhante da constelação Touro.

5) REGULUS é a estrela mais brilhante da constelação de Leão.

6) A URSA MAIOR é uma grande constelação do hemisfério celestial norte.

7) ARTURUS, ARTURO, ARCTURO ou ARCTURUS é a estrela mais brilhante da constelação do Boieiro e a quarta estrela mais brilhante no céu noturno. O Boieiro (Boötes ou Boo) é uma constelação do hemisfério celestial norte.

8) ESPIGA ou SPICA é uma estrela da constelação de Virgem, a décima quinta mais brilhante do céu, e todos os maçons sabem (ou deveriam saber) o motivo de ela estar representada na abóboda.

9) ANTARES é a estrela gigante vermelha na constelação de Escorpião, a décima sexta estrela mais brilhante do céu noturno.

10) FOMALHAUT é a estrela mais brilhante da constelação de Peixe Austral (Piscis Austrinus), uma das quatro estrelas reais dos persas juntamente com Antares, Aldebaran e Regulus já citados anteriormente (e aqui está outro significado velado pelo símbolo na Abóbada dos Templos Maçônicos). QUE ME CORRIJAM OS ASTRÔNOMOS ONDE EU ESTIVER ENGANADO.

Os Planetas da abóboda citados no Ritual são Mercúrio, Vênus, Júpiter e Saturno.
O Sol (estrela) e a Lua (satélite da Terra) são considerados "planetas" de acordo com os ensinamentos tradicionais oriundos da mitologia grega. 

Dito isto, não aconselho consultarem um astrólogo sobre a abóboda do Templo Maçônico, pois eles confundirão ainda mais nossas cabeças. Prefiro recorrer aos professores dos cursos de extensão ou iniciação à Astronomia ministrados nas várias Universidades do país. Sempre que não sei alguma coisa, vou perguntar a quem sabe.

Escrever ou pronunciar palestras sobre devaneios oníricos ocorridos nas as noites de verão só fica bem no "Midsummer Night's Dream" de Shakespeare. Em se tratando do Universo infinito, nossa ignorância é mais infinita ainda: quanto menos chute, melhor - ou as chuteiras entrarão em órbita.

Depreende-se dos textos do Ritual antigo que as únicas coisas que “poderão ficar pendentes do teto” são a Lua e uma estrela de cinco pontas, podendo ainda ser pintados ou em relevo. Em lugar algum encontrei, até agora, um documento que abone a prática (felizmente extinta) de se pendurar uma escada no centro da abóboda.

A escada do painel, que de forma alguma deve constar da decoração das Lojas, é uma alegoria referente à elevação moral do homem, e não à caminhada em direção à morada do Altíssimo ou ao Grau 33. Acrescento estas informações para aqueles que não leram meu artigo anterior e atendendo ao pedido de leitores sobre a decoração do Templo.

Ressalto o seguinte: os painéis dos Graus são instruções em forma de desenhos. Nem tudo o que está desenhado lá é para ser reproduzido na decoração do Templo. Se um dia toparmos com janelas desenhadas em painéis (ver as lustrações), ou determinado tipo de planta, isso não significa que tenhamos de quebrar as paredes do Oriente, do Sul e do Ocidente para instalarmos janelas (windowsfenêtres ou macarrônicas finestre) em sentido literal.

A tão festejada "escada de Jacó" é um dos temas mais fantasiosos do pseudossimbolismo maçônico. Melhor dizendo: as interpretações dessa escada são mitos e sincretismo que passaram de geração em geração pelo fato de os instrutores confundirem alegoriasímbolo e signo - coisas completamente diferentes.

Antes de tudo, precisamos saber quem foi Jacó e o que é uma escada em termos alegóricos. Jacó era filho de Isaac e conseguiu enganar o pai fazendo-se passar pelo irmão primogênito.

Eis a história: “Jacó saiu de Bersabéia e, ao se dirigir para Harã, alcançou um lugar onde se dispôs a passar a noite, pois o sol já se havia posto. Pegou uma das pedras do lugar, colocou-a como travesseiro e dormiu. Então, teve um sonho: Via uma escada apoiada no chão e com a outra ponta tocando o céu.

Por ela subiam e desciam os anjos de Deus. No alto da escada estava o Senhor que lhe disse: ‘Eu sou o Senhor, Deus de teu pai Abraão, o Deus de Isaac. A ti e a tua descendência darei a terra sobre a qual estás deitado. Tua descendência será como o pó da terra e te expandirás para o ocidente e para o oriente, para o norte e para o sul.

Em ti e em tua descendência serão abençoadas todas as famílias da terra. Estou contigo e te guardarei aonde quer que vás, e te reconduzirei a esta terra. Nunca te abandonarei até cumprir o que te prometi”. Ao despertar, Jacó disse consigo: “Como é terrível este lugar! Sem dúvida o Senhor está neste lugar e eu não sabia. “Isto aqui só pode ser a casa de Deus e a porta do céu”.

Atemorizado, levantou-se, tomou a pedra que lhe servira de travesseiro, e a erigiu em estela (monumento monolítico feito em pedra), derramando óleo por cima e chamando ao lugar de Betel (Casa de Deus). Jacó fez um voto, dizendo: “Se Deus estiver comigo e me proteger nesta viagem, dando-me pão para comer e roupa para vestir, e se eu voltar são e salvo para a casa de meu pai, então o Senhor será meu Deus. Esta pedra que erigi em estela será transformada em casa de Deus e dar-te-ei o dízimo de tudo que me deres”.

Todas estas passagens estão no livro de Gênesis, podem conferir – não estou inventando nada.

Aí está a origem e o significado da escada “de Jacó” que não é escada, nem “de Jacó”. Foi uma visão, um sonho sobre algo apoiado no chão, com a outra ponta tocando o céu. Em sonhos - repito - Jacó percebeu anjos de Deus que subiam e desciam. Mas Jacó não subiu nem desceu pela escada, pois, como ele mesmo disse amedrontado, aquele lugar era terrível, sem dúvida a casa de Deus e a porta do céu.

Todos conhecem o significado simbólico do "terribilis est locus iste" latino que faz parte da decoração de da igreja de Rennes-le-Château em Toulouse... mas isso é outra história. O certo é que Jacó não ousou prosseguir porta adentro nem subir escada acima. Apenas tomou a pedra que lhe servira de travesseiro e fez dela um altar comemorativo daquele acontecimento. E partiu dali ao encontro de Labão, “pai de Raquel serrana bela”.

Isto posto, pergunto aos meus botões: de onde os inventores de Maçonaria tiraram a interpretação de que a “escada de Jacó” significa a ascensão nos Graus? Que maçons ousam subir pela escada do local terrível, atravessarem a porta do céu, proeza da qual Jacó jamais pensou em realizar? Consta que Jacó lutou uma noite inteira com um anjo (Gênesis 33, 24 a 31), mas subir a escada... jamais!

Não pretendo escarafunchar toda a literatura maçônica para provar o que digo. Cito apenas o douto Irmão Joaquim Gervásio de Figueiredo em seu monumental Dicionário de Maçonaria (Editora Pensamento) que vê na escada uma representação da “hierarquia dos seres, potestades, mundos e reinos de vida”.

A escada de catorze degraus em Maçonaria é outra coisa, assunto de outros ritos que não o escocês. E de outros Graus que não os simbólicos. Portanto, nem toda escada deve ser confundida com aquela do sonho de Jacó, por mais que insistam nisso alguns textos de instruções destinados exclusivamente à inspiração dos neófitos.

Para complicar ainda mais, uma indevida simbiose com a Teologia Católica misturou o sonho de Jacó (hebreu) com as Virtudes Teologais apregoadas, pela primeira vez na História, por Santo Ambrósio de Milão, Santo Agostinho de Hipona, São Tomás de Aquino e São Roberto Belarmino. Essa interação entre simbolismo maçônico e elementos da fé Católica Apostólica Romana nasceu da tentativa dos padres Jesuítas em estabelecer um diálogo entre a fé e a razão. Mas não consta que esses Santos ou os piedosos Jesuítas tenham subido a escada “de Jacó”; nem que tenham sido iniciados na Maçonaria.

Sinto decepcioná-los. Continuar batendo nessa mesma tecla (ou nessa mesma escada) é andar em círculos por desconhecer a História e a própria Maçonaria. A escada que aparece num dos painéis do Grau não é a escada dos sonhos de Jacó, embora muitos artistas inflamados delirem ao desenhar anjos no topo da mesma.

A Maçonaria, não sendo uma religião, há de permanecer à margem de quaisquer sectarismos. Um muçulmano, por exemplo, não entenderá o Jacó hebreu numa escada; nem os judeus haverão de curvar-se diante das ideias de fé, esperança e caridade desenhadas no painel pelos artistas devotos de Santo Ambrósio, Santo Agostinho, São Tomás de Aquino e São Belarmino.  Um budista menos ainda! Mas todas as religiões entenderão a escada como elevação, valoração e crescimento humanos.

 José Maurício Guimarães 


PADRES MAÇONS BRASILEIROS



Lista incompleta dos Irmãos e Sarcedotes de nossa história.

Bispo Azeredo Coutinho 33.`. (Escritor português prelado de Pernambuco.)
Bispo Conde de Irajá 33.`. (Sagrador, coroador e celebrante do casamento de Dom Pedro II.)
Cônego Dr. João Carlos Monteiro 3.`.
Cônego Francisco L. de Brito Medeiros Campos 3.`.
Cônego Ismael de Senna Ribeiro Nery 18.`.
Frei Antonio do Monte Carmelo 18.`.
Frei Candido de Santa Isabel Cunha 18.`.
Frei Carlos das Mercês Michelli 7.`.
Frei Francisco de Monte Alverne 33.`. (Maior pregador do século XIX.)
Frei Francisco de Santa Thereza Sampaio 7.`. (Grande polemista)
Frei Francisco de São Carlos 33.`.
Frei Joaquim do Amor Divino Caneca 7.`.
Frei Norberto da Purificação Paiva 33.`.
Monsenhor Pinto de Campos .`. (Escritor pernambucano.)
Padre Albino de Carvalho Lessa 3.`.
Padre Antonio Alvares Guedes Vaz 18.`.
Padre Antonio Arêas 3.`.
Padre Antonio da Immaculada Conceição 3.`.
Padre Antonio João Lessa 7.`.
Padre Auliciano Pereira de Lyra 33.`.
Padre Bartholomeu da Rocha Fagundes 30.`.
Padre Candido Ferreira da Cunha 33.`. ( 1º Presidente da Constituinte do Brasil.)
Padre Diogo Feijó 33.`. ( Regente do Brasil, na menoridade de D. Pedro II.)
Padre Ernesto Ferreira da Cunha 17.`.
Padre Francisco João de Arruda 3.`.
Padre Francisco José de Azevedo 18.`. (Inventor da primeira maquina de escrever.)
Padre Francisco Marcondes do Amaral 3.`.
Padre Francisco Peixoto Levante 15.`.
Padre Guilherme Cypriano Ribeiro 3.`.
Padre Januário da Cunha Barbosa 7.`. ( Orador sacro, fundador do Instituto Histórico Brasileiro. )
Padre João da Costa Pereira 3.`.
Padre João José Rodrigues de Carvalho Celeste 7.`.
Padre Joaquim Ferreira da Cruz Belmonte 33.`.
Padre José Capistrano de Mendonça 30.`.
Padre José da Silva Figueiredo Caramurú 32.`.
Padre José Luiz Gomes de Menezes 33.`.
Padre José Roberto da Silva 3.`.
Padre José Sebastião Moreira Maia 3.`.
Padre Lourenço de Albuquerque Loyola 3.´.
Padre Manoel Cavalcante de Assis Bezerra de Menezes 3.´.
Padre Manoel Telles Ferreira Pita 7.´.
Padre Paulo de Maia 3.´.
Padre Thomaz dos Santos Mariano Marques 3.´.
Padre Torquato Antonio de Souza 3.´.
Padre Vicente Ferreira Alves do Rosário 33.´.
Vigário Eutychio Pereira da Costa 33.´. ( Delegado do Grão Mestre no Pará em 1.877 - Bol G.O.B. 1.918 pág. 1.123.)
(Garantimos a autenticidade dos presentes nomes, pois se acham registrados na Grande Secretaria Geral da Ordem no Rio de Janeiro - Do Popular ( Victoria, de 16 de Maio de 1.908.)
Padre Vicente Gaudinieri ( Iniciado na Loja Modestia nº 0214, em Morretes, transferido para Palmeira-PR, onde, por coincidência em 1º/02/1.898 foi fundada a Loja Conceição Palmeirense, a qual mais tarde, mudou o nome para Loja Moriá. Participou como fundador da Loja Luz Invisível, está registrado no Livro de Obreiros nº 1, na página nº 23.)
Padre Guilherme Dias (A Loja Luz Invisível nº 33 - Curitiba possui correspondência deste irmão, quando passou a residir na cidade de Ponta Grossa.).
Padre Roberto Pratis Alvarenga, 33, Loja independência n1 e Cidade de Vila Velha n89 (GLMEES).

Pesquisa realizada por: Hiran Luiz Zoccoli modificado por Leonardo Loubak

REFLEXÕES DE UM MAÇOM



Parece ser bastante comum relutarmos em trazer à luz o que verdadeiramente somos, pensamos, cremos e sentimos. Relutamos em dizer a alguém, não gosto, não gostei, não quero, não concordo, não acredito, não vou, não consigo, estou machucado, estou cansado, caí...

Agimos assim, em parte, porque nos condenamos a nós mesmos - somos alvo de nossos próprios preconceitos, exigências e legalismos , em parte, também, porque tememos a exposição, a incompreensão, a rejeição, o julgamento, a crítica e a confrontação que vêm dos outros.

Esta atitude, em primeiro lugar, nos impede de viver na plenitude a experiência da comunhão. Sem transparência, sem confissão, não é possível experimentar a plenitude da comunhão, porque comunhão implica aceitação e quando eu não sou verdadeiro, inteiro diante do outro, o outro não me aceitará, porque nesse caso, a aceitação se torna uma impossibilidade; o máximo que o outro poderá fazer, enquanto me esforço para parecer ser o que de fato não sou, é aceitar aquilo que eu quero parecer ser.

Só quem se expõe sabe o que é ser querido. Apenas quem se expressa com autenticidade pode conhecer a genuína experiência de ser aceito. Se eu me escondo, me disfarço, dissimulo me protejo, no fundo sempre saberei que o amor que porventura alguém me dedique é, na verdade, dirigido à outra pessoa, virtual, ilusória, falsa, inexistente.

Quando confiamos no amor do GADU e nos lançamos à aventura de ser o que realmente somos nos expomos, na verdade, a real possibilidade de sermos transformados segundo a vontade DELE e descobrimos que o amor das pessoas por nós não é reflexo do que elas pensam que somos, mas é reflexo do que ELE é.

Outra consequência da nossa resistência a sermos verdadeiros e transparentes, mesmo que isto implique expor facetas do nosso caráter, do nosso temperamento e da nossa história, das quais não nos orgulhamos, é que adoecemos.

Adoecemos na alma, ficamos cansados, esgotados mesmo, perdemos a alegria, o prazer de viver, de conviver, tamanha a energia dispensada para parecer o que não somos tamanho o esforço mental exigido para forjarmos uma atitude, um tom de voz, uma expressão, um sorriso, tamanha a fortaleza que precisamos erguer e defender para manter fora do alcance e da vista dos outros e, portanto, nas trevas, aquilo que, julgamos, seria motivo de nos rejeitarem, desprezarem e deixarem de confiar em nós.

Esquecemos que pessoas perfeitas não são confiáveis; não são confiáveis simplesmente porque não existem. Verdadeiramente atraentes são as pessoas perdoadas. Tornam-se atraentes por terem a leveza de quem se libertou da "opressão da opinião humana", atraentes por estarem livres do pecado do orgulho, atraentes por causa alegria de simplesmente ser, atraentes porque livres do medo que acua, intimida e gera agressividade, atraentes, pois, na medida em que simplesmente são, permitem que os outros simplesmente sejam.

NESTA ESCOLA DA VIDA...TODOS SERÃO ETERNOS APRENDIZES !!!

EVARISTO RIBEIRO

TFA

DE UM MESTRE MAÇOM PRA OUTRO



Novos Mestres:

Foi longo o tempo que mediou entre a vossa iniciação e este dia. É assim que deve ser, porque o Tempo também é construtor e as mudanças perenes não se fazem de um dia para o outro. No dia da vossa Iniciação, simbolicamente terminaram a vossa vida profana e iniciaram a vossa vida maçônica. Hoje, renascem Mestres, em perpétua continuidade do trabalho dos que vos antecederam e em esperançosa construção do futuro que porão à disposição dos que vos sucederem.

Tiveram um longo tempo de aprendizagem, estudo e preparação. A partir de hoje, têm a vossa “carta de condução” de Mestres maçons, que vos possibilita ensinar os que trilham o caminho por vós já percorrido, mas, sobretudo testemunha a vossa capacidade para estudar, meditar, trabalhar, melhorar, por vós próprios, segundo as vossas escolhas, os vossos critérios, os vossos métodos.

A Sabedoria da Maçonaria, a sua Força, igualmente a sua Beleza, consistem também nesta absoluta, pujante e entusiasmante Igualdade: a todos os que se juntam nesta Instituição é-lhes mostrado um método, apontado um objetivo, proporcionado um meio; quando se dá por terminada a formação de cada um, é-lhe reconhecido, sem reservas, o direito de trilhar o seu caminho em busca do seu objetivo, pelos seus meios e com os métodos que entenda mais adequados.

Porque não há respostas unívocas, caminhos certos, percursos exclusivos. Vós sois agora Mestres maçons, é-vos por todos nós reconhecida a vossa plena capacidade de prosseguirem a vossa via sem tutelas, sem reservas, sem limites. Apenas vos dizemos, nós, os Mestres mais antigos: estamos aqui para que, se assim o quiseres, continues a aprender conosco e também para aprendermos contigo, naquilo em que o teu contributo nos seja útil. Simples, afinal!

Mas, se um último conselho me admite Mestres, aqui deixo à vossa consideração o seguinte: o tempo decorrido até aqui é muito menor do que o tempo que decorrerá daqui até à vossa meia-noite. Em cada momento deveis fixar novos objetivos, escolher novas tarefas, fixar novas metas.

Tendes à vossa frente umas dezenas de anos em que, pese embora percursos que porventura façam complementarmente, não obstante ofícios que vireis a desempenhar serão fundamentalmente aquilo que hoje sois: Mestres maçons. Nem mais, nem menos, nem diferente.

Porventura dias vivereis em que vos interrogareis sobre a continuidade do vosso interesse na Arte Real. É normal, natural e talvez até inevitável. Todos têm momentos de dúvida, de fraqueza, de necessidade de nos repensarmos.

É para esses momentos, para esses dias, que devem estar prevenidos com esta essencial mensagem: o que importa acima de tudo é o que buscais. E o que buscais não está na Loja, está no local mais importante do Mundo: dentro de vós próprios.

O que buscais é aquela inefável partícula do Arquétipo Primordial da Perfeição, cuja busca é quiçá o verdadeiro sentido da Vida. A Maçonaria, a Loja, a Mestria, tudo o que aqui fizerdes ou construirdes, são simples meios dessa vossa busca.

Lembrai-vos: por mais importante, indispensável, precioso, que seja o trabalho que desempenhardes em Loja, é sempre menos importante do que o trabalho que deveis desempenhar fora da Loja – e não estou, obviamente, a falar das vossas profissões. 

Falo-vos do trabalho de construção do Templo, do vosso Templo de que hoje fostes reconhecidos como Arquitetos. Sois vós que dirigis esses trabalhos. Sois vós que o executais. Todos os dias. Aqui e fora daqui. Sobretudo fora daqui. Especialmente dentro de vós.

E quando tiverem momentos de dúvida, de desalento, quando vos perguntardes por que vir à Loja, lembrai-vos: os espaços de tempo em que estamos em Loja não são os momentos em que trabalhamos. São os nossos momentos de lazer, o premio que nos atribuímos pelo nosso esforço diário, o momento em que convivemos em que mostramos aos demais o resultado, naquele preciso momento, do nosso trabalho, da nossa evolução, em que detectamos e apreciamos a evolução dos demais, em que, em conjunto, executamos sempre e sempre os mesmos gestos, dizemos as mesmas palavras, temos as mesmas posturas, no que é afinal uma pausa, um recarregar de baterias em união de espíritos e de vontades, para seguidamente voltarmos a executar o interminável e solitário trabalho da construção do nosso Templo.

Mestres, assumam com o orgulho que, na justa medida, também é qualidade: sois agora Mestres Maçons, mas, mais do que aqui, sois Mestres Maçons lá fora e, sobretudo, dentro de vós. Aqui sois apenas – e basta, e é muito! – reconhecidos como tal!

Rui Bandeira

INTERPRETAÇÕES, PARÁBOLAS E SENTIMENTOS MAÇÔNICOS



Há pouco mais de 2000 anos, Nicodemos perguntava ao mestre dos mestres, como poderia o homem nascer de novo? Naquela ocasião, Jesus explicara que o homem para ver o reino dos céus deveria nascer mais uma vez.
 No rudimentar pensamento arcaico os interlocutores do Mestre não entendiam como poderia um homem adulto adentrar novamente ao ventre materno. Obviamente nesta passagem bíblica como em muitas outras há metáfora, vista por ângulos diferentes e com prisma adaptado a evolução de cada um de nós. E disse o avatar que quem não nascesse da água e do espírito não poderia desvendar-se da matéria, porém, no tempo certo a humanidade teria um esclarecimento, viria o tempo apropriado e a verdade afloraria no amanhecer de novas épocas.
A Maçonaria é uma instituição que tem como matéria-prima o próprio homem, um sistema peculiar de moralidade, velado por alegorias e ilustrado por símbolos. O caráter objetivo de um símbolo é de ser compreendido pela mente infantil, quer a de um indivíduo de pouca idade, quer a de um povo em estado primitivo. Este é símbolo, tem sua grandeza por ter toda uma universalidade de interpretações, símbolo é algo que substitui alguma coisa, ou melhor, é algo que se refere a uma coisa que está no lugar de outra.
Nós, os homens são um grande símbolo divino, e quando lemos o início desse artigo, devemos sim considerar a Maçonaria como tendo grande importância no contexto humano de nascermos para uma “nova vida”, não vejamos sectarismo espírita nas palavras de Jesus, mas também não vamos negar a espiritualidade latente que a mensagem nos inspira. Se fizermos uma analogia dessa passagem com nossa iniciação, veremos claramente que para nossa vida nos é dado essa oportunidade, um divisor de águas, somos clamados a nascermos de novo, mesmo sendo velhos.
Eis aí a grandeza do Criador, o resumo alquímico dos hermetistas. Transformarmos essa carcaça de ossos em ouro puro, sedimentado pelo amor indissolúvel e inquebrantável, transmitindo-nos unicamente pelo Verbo.
Aqui meus irmãos, temos essa oportunidade. Está aí o incognoscível, o valor e a discrição inefável de nossa Ordem. Voltemo-nos interiormente, busquemos canalizarmos nossas energias para o bom êxito de nossos trabalhos, não só em loja, mas também no mundo profano, onde devemos espalhar essa centelha divina que trazemos de nossas meditações. 
Desejo a todos os IIr.’. de nossa Ordem, que continuem orbitando em torno da palavra divina, contribuindo assim para que seja farta a seara do G.’.A.’.D.’.U, sejamos operários e semeadores de luz.

Enviado pelo Ir.’. Sérgio Silva de Souza
Loja Gonçalves Lêdo N0 16 • Bonito/MS • GLEMS

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