CONVIVENDO COM O INIMIGO!



A Maçonaria já passou por anos e anos sendo perseguida por várias entidades, hoje em dia, ainda existem vários detratores, alguns, até, se rotulando de ex-maçons.

Assim como não existem ex-batizados, não existem ex-maçons!

Eles destilam seus venenos; falando asneiras; vendendo livros, e o pior é que tem muita gente que acredita e divulgam.

Porém ainda existem outros tipos de inimigos.

Então, quem são e onde estão esses tais outros inimigos? 

Respondo: Estão infiltrados dentro das Lojas!

Quem são eles?

Em primeiro lugar vêm os irmãos fazedores de intrigas, fofoqueiros de carteirinha, que ficam de leva e traz, fomentam a discórdia, denigrem a imagem de irmãos perante outros, comentam fatos ocorridos em sua loja com membros de outras lojas e, até, no mundo profano.

Em segundo vêm os formadores de grupinhos, esses são extremamente perigosos, constroem campo para gerir os destinos de uma Loja, estabelecendo um projeto de poder.

Esses irmãos, quando não conseguem realizar seus intentos, acabam se revoltando e deixando a sua Loja indo para outras e, até em casos extremos, fundando uma nova “potência”.

Nenhum desses “Maçons” está interessado no progresso de sua Loja ou da Ordem em particular, seu foco é o domínio e impor sua opinião doa a quem doer.

Criam um péssimo ambiente em sua Loja para depois aparecer como o salvador da pátria.

Vivem a fazer propostas e projetos, mas nunca se propõe a tocar os mesmos. Ou seja, arruma trabalho para outros Irmãos fazerem. Eles nunca têm tempo para executá-los.

Sempre prometem ajudar, mas na hora não cumprem o prometido.

E por ai vai....

Portanto, muito cuidado meus Irmãos! Eles existem e são simpáticos, se não ficarmos alertas as nossas Lojas correm sério perigo!

Paulo Edgar Melo

Membro da ARLS Cedros do Líbano, 1688 – Miguel Pereira/RJ – GOB-RJ

O SILÊNCIO DO COMPANHEIRO



O Companheiro continua ainda sujeito à regra do silêncio. Não intervém em Loja, salvo quando é dispensado do dever de silêncio para apresentar uma prancha.

Em relação aos Aprendizes, já no texto O silêncio do Aprendiz procurei explicar a razão de tal determinação e as vantagens que a mesma traz para o Aprendiz. As mesmas razões valem para o Companheiro. Embora num estádio mais avançado, o Companheiro encontra-se ainda num processo de evolução, de formação.

O silêncio permite-lhe a necessária concentração. A desnecessidade de intervir liberta-o para mais bem se focar no seu trabalho. E mais rapidamente estará pronto para a Elevação a Mestre.

Um Companheiro já não é um Aprendiz e por isso efetuar já um trabalho diferente. E percebe que não é já tão proximamente acompanhado. A sua autonomia na Arte Real vai-se criando, a sua evolução vai depender cada vez mais de si mesmo e cada vez menos do auxílio dos Mestres. Sente-se cada vez mais próximo destes, cada vez mais como estes. E assim deve ser. O objetivo é que cada maçom seja Mestre de si mesmo, por si mesmo, com as suas próprias forças e capacidades.

Mas um Companheiro não é ainda um Mestre. Ainda tem um caminho a percorrer. Cada vez se sente mais seguro nesse caminho, mas ainda tem de fazê-lo. Por isso, ainda não tem a prerrogativa, dos Mestres, do uso da palavra em sessão.

O silêncio do Companheiro vai-se-lhe tornando progressivamente mais penoso. 

Porque se vai sentindo mais capaz. Porque, em cada sessão vai cada vez mais sentindo que teria algo de útil a dizer, a contribuir. Mas a penosidade é um preço que normalmente se tem de pagar para atingir o que vale a pena!

Também para a Loja cada vez é mais penoso o silêncio do Companheiro. Dia a dia, todos vão sentindo a sua evolução. Dia a dia, todos vão notando que teriam algo a ganhar com a contribuição deste Irmão. Dia a dia vêem o maçom iluminar-se e o profano de antanho esmaecer. Dia a dia anseiam pelo dia em que finalmente ouvirão o maçom. em Loja. Mas esse é o preço que o grupo deve pagar para ter mais um elemento válido e que cooperará no aperfeiçoamento de todos e de cada um.

O Companheiro e a Loja vão sentindo que aquele cada vez soletra menos e lê e escreve melhor. Mas um e outra esperam pacientemente pelo momento em que a voz se erguerá lendo com a perfeição que humanamente seja possível atingir. Porque um e outra não desejam, não buscam menos do que isso!

O silêncio do Companheiro é uma ajuda no início desta fase, um desconforto a meio, um fardo no final. Todos o percebemos. E quando vemos esse fardo a pesar, sabemos que à hora está a chegar, que a crisálida vai muito brevemente metamorfosear-se. E a Elevação acontece naturalmente.

O silêncio do Companheiro é a sua preparação para a sua Elevação a Mestre. Para que, quando tiver direito a usar da palavra, já saiba quando se deve calar! Para que entenda perfeitamente o valor da Palavra e a valia do Silêncio. Então estará pronto!

In Blog “A Partir Pedra” – texto de Rui Bandeira


OS DEGRAUS NO REAA




Nos Templos onde as Lojas trabalham sob a égide do REAA existem DEZ degraus que expressam uma hierarquia e, nós Maçons devemos procurar entender o significado da sua escalada, pois eles nos conduzem a uma liderança e quando galgados por Irmãos não preparados, levam a Loja a desarmonia, quiçá, desfazer-se.

Por unanimidade dos autores da literatura maçônica os degraus dos Vigilantes não têm nomes, os demais, segundo a maioria dos autores, possuem nomes com seus respectivos significados.

No Ocidente
Temos UM degrau na mesa do Ir.'. Segundo Vigilante e DOIS na do Ir.'. Primeiro
Vigilante significando, portanto, apenas uma hierarquia existente.

Do Ocidente para o Oriente
Temos separando o Ocidente do Oriente QUATRO degraus. É no Oriente o lugar dos
Mestres Instalados que ali chegaram através de estudo, experiência e vivência maçônica.

O primeiro degrau é o da FORÇA corresponde a todo o Ocidente da Loja e representa o conjunto da força física e espiritual dos Irmãos, em torno do Venerável e, quanto mais unidos estiverem, mais forte será esse degrau. Seguem-se os três degraus subsenquentes, entre as duas grades, pelos quais subimos para o Oriente.

O segundo degrau é o do TRABALHO que corresponde simbolicamente o desbastar da pedra bruta, o desbastar das nossas imperfeições no nosso caminho em busca da evolução.

Significa também trabalho de saber conduzir uma Loja mantendo todos os obreiros em harmonia. Significa ainda o exercício do honesto trabalho das oito horas diárias, para garantia do sustento digno para a nossa família.

O terceiro degrau é o da CIÊNCIA, que se consegue através do estudo. O aprendizado constante que leva à Sapiência ou à Sabedoria. É o conhecimento das coisas e das causas, que libera o nosso espírito para entender a filosofia que cultivamos (combate incessante a Intolerância, a Ignorância e ao Fanatismo).

É através da ciência que Deus se manifesta onde o homem é seu instrumento.
O quarto degrau é o das VIRTUDES, que habita o Ocidente e os quatro cantos da Loja, cuja prática é indispensável para a subida da Escada de Jacó, essa noção emblemática da nossa escola de Regeneração.

No Oriente
Nesse momento atingimos o Oriente e para chegarmos ao Santo dos Santos, que está abaixo do dossel, necessitamos ascender mais três degraus, antes de sentarmos na Cadeira de Salomão.

O primeiro degrau é o da PUREZA de sentimentos e de conduta diante do próximo, sem subterfúgios, calúnias, agindo com sinceridade e transparência, em todos os momentos da nossa vida. É o agir sem preconceitos e evitar a prática do mal.

O segundo degrau é a LUZ, a nossa opção contra as trevas. O caminho do bem, sempre pronto a combater o mal. A compreensão da sua existência sobre a Terra. A abertura da Inteligência a um nível mais alto.

A iluminação do espírito e da consciência, o momento esperado quando vemos a Estrela Flamígera, apanágio de poucos. A Luz que nos invade o corpo e nos enche de alegria que nos conduz à presença do Criador.

O terceiro degrau é o da VERDADE, de onde julgaremos e onde seremos julgados por todos, e se passarmos sem mácula e através de um procedimento justo, exemplar e reto, faremos a Loja progredir e brilhar. Neste patamar da escalada evolutiva mereceremos então receber o título de Venerável, aquele que deve ser honrado por sua Loja.

Concluo refletindo que o Oriente DEVE ser constituído de destacados e virtuosos Obreiros. Se a qualidade moral, cultural e ética das pessoas que compõem a Loja é ruim, de que adianta o mais sábio dos homens em sua presidência? Quem faz uma Loja, quem dá luz ao espetáculo, quem brilha de fato, não é o Venerável, o Grão-Mestre, são todos os Obreiros Unidos na Oficina e abençoados pelo Incriado.

Na ordem maçônica, o mestre Maçom está empenhado num processo de melhoria 'interminável', onde não deve ser visto o poder pelo poder, mas pelo servir.

Para obter sucesso o não servir coloca em cheque o que os degraus nos orientam, e quanto mais nós subirmos na hierarquia da Loja, mais empenhados deveremos ser em servir e isto nos proporcionará um verdadeiro e natural poder e Capacidade de refletir a Sabedoria gerada nos demais Quadrantes do Templo.


SALVEMOS O VENERÁVEL MESTRE



É costume que nesta fase do ano se iniciem os procedimentos para a escolha da pessoa que irá dirigir o rumo das Lojas Maçônicas por um determinado tempo. Na nossa Obediência, esse tempo está estabelecido e é de um ano, ou dois.

Proposta, votação, instalação, etc. Os termos são muitos, os títulos, cargos e graus, também; mas estes são apenas elementos da ritualística – de fato, somos todos e seremos sempre Obreiros e Irmãos.

Trata-se somente de selecionar um Irmão que irá por um período efêmero, dirigir os trabalhos da Loja e o rumo que esta continuará a trilhar.

Cada Loja, tal como qualquer grupo (a loja é um grupo) tem a sua própria personalidade. No caso de uma Loja, essa personalidade a que chamaremos cultura, é complexa porque resulta da soma nem sempre equitativa de todas as partes que a constituem – os irmãos.

Em cada ano, há sempre uma destas partes que se destaca e que se pretende que se destaque – o Venerável Mestre.

Queira-se ou não, cada Venerável Mestre transforma a Loja. Não pretendo dizer que a muda para melhor ou para pior (isso se verá no fim), mas não tenhamos ilusões – no final de cada Veneralato, a Loja estará certamente diferente do que era no seu início.

O que se pretende é que da influência de cada Venerável Mestre não resulte uma alteração diametral da cultura da Loja – que mude, sim, mas dentro do que é expectável pelos restantes irmãos. Se a Loja é aberta, pretende-se que continue a sê-lo; se é mais ou menos fraternal, que se mantenha assim. No fundo, que mantenha as suas característica base – a chamada mudança na continuidade.

Após ser instalado, o novo Venerável Mestre irá escutar repetidas vezes a palavra “saudar”. Será saudado inúmeras vezes e através de si, a Loja será também saudada.

Eu gostaria de introduzir outro termo – Salvar. Salvemos o Venerável Mestre. Como?
Se a Loja dispõe de um Secretário, que seja ele a cuidar da parte administrativa da Loja.

Se a Loja dispõe de um Tesoureiro, que seja ele a cuidar da Tesouraria.

Se a Loja dispõe de um Hospitaleiro, que seja ele a assegurar que os Irmãos estão bem e que a Loja os apóia se necessário.

Se a Loja dispõe de Vigilantes, que sejam eles a assegurar o futuro, formando excelentes Aprendizes e Companheiros

É evidente que o Venerável coordena estes trabalhos, mas não tem (não deve ter) de fazê-los. Então o que é que fica para o Venerável Mestre? Aquilo para que foi selecionado – dirigir os destinos na Loja. Assegurar o seu futuro, o seu equilíbrio, que a sua cultura se mantém ou que evolui na direção esperada.

Não se trata de restringir a autonomia do Venerável. Trata-se isso sim de ajudá-lo e de lhe facilitar o seu trabalho.

Também não se trata de substituí-lo. O Venerável Mestre foi eleito para desempenhar uma determinada função e deve ser ele a desempenhá-la.

É ajudar o Venerável Mestre, apresentar sugestões, ideias, propostas, estar disponível (nós dizemos “estar à ordem”)? Sim.

É ajudar o Venerável Mestre pretender fazer o seu trabalho? Não.

Não é possível falar sobre este assunto sem falar também de um bicho – o bicho Mestre Instalado.

O bicho Mestre Instalado, também conhecido por Antigo Venerável pode ter um papel muito importante, já que tem uma experiência de Veneralato, já vivida, que pode e deve ser colocada à disposição do Novo Venerável.

Que bicho, Mestre Instalado, não se lembra da primeira vez que se sentou na cadeira de Salomão – algo que se imaginava tão fácil -, e de descobrir que até já nem ler sabia e dar consigo a gaguejar o ritual?

Mas o bicho Mestre Instalado, que como já vimos, também é conhecido por Antigo Venerável, por vezes esquece-se do “Antigo”… e fica só Venerável.

Ora, um bicho Antigo Venerável que se esquece do Antigo pode transformar-se numa praga, daquelas que alastram e que chegam a cobrir toda a Loja – “o dono da loja”.

A Loja não tem donos, ou melhor, tem, mas são todos os Irmãos que a constituem. É importante que os Antigos Veneráveis assumam que estão à Ordem, para que não corram o risco de estar “em desordem”.

Salvar o Venerável Mestre significa ajudá-lo, e não, fazer o seu trabalho ou substituí-lo nas suas funções.

António Jorge


DECIDIR EM LOJA



O processo de tomada de decisão em Loja não tem necessariamente os mesmos trâmites e parâmetros da vida de relação em sociedade.

Claro que, quando a decisão a tomar se prende com uma eleição, as regras são as mesmas de uma sociedade democrática: um homem, um voto, voto secreto e é eleito quem tem mais votos. Mas, por exemplo, a admissão de um novo membro, também objeto de uma votação por voto secreto, não está sujeita à regra da maioria, antes de uma tendencial unanimidade. E digo tendencial, porque, em algumas Lojas, a existência de um ou dois votos contrários deve ser justificada, para se atribuir validade impeditiva da admissão do elemento sob escrutínio.

Mas a grande maioria das decisões não se toma por voto secreto, antes na sequência de debates abertos, em que cada um manifesta livremente a sua opinião. Procura-se, se possível, atingir um consenso. Mas, se não for possível, não é propriamente uma decisão por maioria que indica o caminho a tomar. Isto causará porventura perplexidade, nos dias de hoje, habituados como estamos a que a maioria decida e ponto final.

No entanto, o fato de uma maioria se inclinar para uma determinada opção não quer dizer necessariamente que essa posição é a correta. Nada nos assegura que não ocorre simplesmente uma situação em que se formou uma maioria de errados! Uma coisa é a maioria, a legitimidade conferida pela maioria, outra é o acerto.

Na sociedade, confiamos, em regra, que a maioria erre menos vezes que a minoria. 
Mas, ao menos, quando o erro acontece, aceitamos as consequências desse erro, procurando consolar-nos com o pensamento de que, se errou, ao menos foi a maioria que errou. Esquecemo-nos, ou fazemos por esquecer, que a tomada de decisão por maioria é vulnerável à demagogia, à ignorância, ao facilitismo.

Não querem estas palavras dizer que a Maçonaria recusa ou não defende os princípios democráticos. O passado da Maçonaria é bem demonstrativo de que esta preserva e luta por eles. Simplesmente, como um dia disse Winston Churchill, “a Democracia é o pior de todos os sistemas… exceto todos os outros!!!”. A Democracia não é perfeita, mas, para uma sociedade ou grandes grupos, não há melhor sistema de decisão.

A Maçonaria, porém, funciona normalmente em grupos de dimensão reduzida ou média, em que todos os elementos se conhecem uns aos outros. Consegue assim manter uma dimensão personalizada de contatos entre os seus membros, que permite combinar as regras democráticas com regras tradicionais, que eu me atrevo a classificar de regras de bom-senso. É através desta amálgama que se procura chegar às melhores decisões possíveis, sem deixar de ter consciência de que é completamente impossível excluir de todo a possibilidade de erro.

Para melhor se compreender como funciona o processo decisório em Maçonaria, deve ter-se presente que a Maçonaria Especulativa tem as suas raízes na Maçonaria Operativa dos construtores em pedra e respectivas Lojas de regulação do exercício da profissão e que a Maçonaria procura preservar, tanto quanto possível, a tradição que cada um recebeu dos seus antecessores.

Na Maçonaria Operativa, a Loja não era um espaço democrático. A Loja era dirigida pelo Mestre, que dirigia o trabalho, admitia e dirigia a aprendizagem dos Aprendizes e supervisionava o trabalho dos oficiais construtores (Companheiros). Em Loja, executava-se o que o Mestre dizia. Ponto final.

Este elemento de autoridade benigna, obviamente temperado pelas regras da democracia, permanece importante no processo de decisão em Loja.

Como se articulam então estes dois elementos aparentemente contraditórios? Conferindo-se legitimidade democrática a quem dirige a Loja!

Temos então que o processo de decisão em Loja resulta de se conferir poder autocrático a quem se elege democraticamente para tal, por um período determinado.

Traduzindo: o Venerável Mestre é democraticamente eleito, por voto secreto, para cumprir um mandato de duração determinada; durante esse período, a Loja e todos os seus elementos delegam o direito de decidir sobre quaisquer assuntos que respeitem à Loja no Venerável Mestre em funções.

Daqui resulta que o objetivo de um debate em Loja não é vencer a discussão ou arregimentar maioria. O objetivo que cada um prossegue num debate em Loja é contribuir com a sua informação, com a sua análise, com a sua opinião, para fornecer o máximo de elementos relevantes possível para permitir ao Venerável Mestre tomar a melhor decisão possível, decisão esta que é assumida como a decisão da Loja.

Assim, cada debate consiste em uma intervenção, no máximo duas, por cada Mestre que deseje intervir sobre o assunto. Cada um deve procurar dar a sua opinião tão fundamentadamente quanto possível. No final, um oficial da Loja, o Orador, extrai as conclusões do debate, isto é, resumem as posições expostas, os argumentos apresentados, podendo ou não opinar sobre se existiu consenso ou sobre a decisão que aconselha seja tomada. Finalmente, o Venerável Mestre decide e a sua decisão vincula a Loja.

Nenhum maçom é obrigado a executar a decisão, mas nenhum maçom. a pode violar. Isto é, pode omitir o seu cumprimento (primado da liberdade individual), mas não pode ir CONTRA o decidido.

Com este método de decisão, procura-se limitar o erro com apelo ao bom-senso, sem esquecer a democracia.

Esta está presente na escolha democrática daquele a quem é delegado o poder de decidir. Aquele decorre de o Venerável Mestre ouvir antes de decidir, ser aconselhado sobre a decisão a tomar antes de fazê-lo e, finalmente, saber que, se pode exigir que ninguém a desrespeite, só a valia e o acerto desta lhe garantem a execução dela (porque voluntária).

De tudo isto resulta, obviamente, por um lado que a margem de decisão do Venerável Mestre é mais reduzida do que aparenta. Não vale a pena o Venerável Mestre decidir branco se a generalidade dos obreiros opinou preto: ninguém executará o que não concorda.

Havendo divisão de opiniões, ou é possível retirar das posições expostas o denominador comum exequível e então deverá ser esse o caminho por que se opta (pois é aquele que mais elementos executarão, senão total, ao menos parcialmente), ou não é, e então o Venerável Mestre optará segundo o seu prudente arbítrio. E considera-se que é a melhor forma, porque não há vencedores nem vencidos.

Há a decisão tomada, o melhor possível, por alguém a quem se confiou a missão de tomar decisões, sempre que necessário. E, por essa legitimidade, será executada, porventura até por aqueles que dela discordem…

Não será um método de decisão perfeito. Mas seguramente procura evitar o erro e promover a harmonia e não nos temos dado mal com ele…

In Blog “A Partir Pedra” – texto de Rui Bandeira 


OS SEGREDOS MAÇÔNICOS OU O DEVER DE RESERVA DOS MAÇONS


Antes de mais, importa distinguir entre segredo, numa conotação negativa da palavra e assuntos internos de qualquer organização, seja de que natureza for.

Nenhuma organização é totalmente transparente existindo sempre assuntos, processos, decisões, formas de estar e de atuar que são para consumo interno.

Quando no mundo profano se fala de Segredos Maçônicos, faz-se normalmente uma tripla associação: o assunto interno passa a ser segredo e o segredo é normalmente uma coisa má; logo, os Maçons são maus.

Não é assim: nem todos os segredos são maus e nem todos os assuntos internos são segredos. Parece existir perante a Maçonaria uma exigência de total e absoluta transparência que não é feita para mais nenhuma organização.

Dos Maçons, queremos saber tudo… dos outros, nem por isso. Poucos assuntos atraem mais as atenções do que “aqueles segredos dos maçons” que naturalmente só existem porque eles (os maçons) querem dominar tudo e todos.

Por vezes fica-se com a sensação de que, quando qualquer jornalista não tem mais matérias sobre o qual se debruçar ou pretende incendiar os leitores, tem sempre a saída de meter os maçons ao barulho.

Pensa-se imediatamente em conspiração, até porque se os maçons estão metidos, não pode ser coisa boa. Os segredos parecem atrair as pessoas. Creio que já terá ocorrido a muitos Irmãos ao revelarem ser Maçons, serem metralhados com perguntas discretas ou abertas, insinuações e até provocações visando sempre saber mais; tentar descobrir o que ninguém mais descobriu ou até gerar desconfiança pela nossa Ordem.

Mas também creio que são os segredos uma das principais razões que levam profanos a tentar saber mais sobre nós: “quem são estes gajos que até têm segredos???”; “isto deve ser giro”.

Rapidamente se apercebem de que somos mais do que um “Clube do Bolinha” em que mulher não entra e que tem uns segredos formidáveis. E desse processo de tentativa de descoberta dos segredos, nasce por vezes um genuíno interesse pela Ordem e eventualmente um desejo de identificação e pertença que poderá levar a uma Iniciação. Que desilusão seria se soubessem que não há segredos, que a Maçonaria não é secreta, sendo unicamente discreta na sua atuação.

Que desilusão seria se soubessem que tudo o que há para saber sobre os maçons, já se sabe e que pouco ou nada resta por divulgar. Talvez esperem que nós separemos o trigo do joio e que sejamos nós a identificar entre tudo o que está publicado, o que é verdadeiro ou não.

Talvez um dos segredos que devamos tentar manter seja precisamente o não haver segredos. Por que o segredo? Deixem-me dar a minha interpretação para a reserva que devemos manter sobre alguns aspectos da nossa Ordem e vou centrar-me, sobretudo nas três cerimônias que considero marcarem o percurso de um Maçom: Iniciação, Exaltação e Instalação.

Creio poder afirmar que por mais recheada que seja a nossa vida maçônica e tendo todos nós provavelmente interpretações pessoais da nossa vivência durante essas cerimônias, todos as recordamos com especial ênfase e carinho. Destas três, destaco naturalmente a Iniciação.

É o fim de um percurso e o inicio de um novo. Mas então, se é tão marcante, porque motivo não as divulgamos e damos assim a toda à gente a possibilidade de vivê-las? Talvez pudéssemos até vender uns DVDs interativo ou até mesmo um jogo de computador em que o jogador poderia ir fazendo a sua própria cerimônia de Iniciação, talvez acompanhado pelos amigos e bebericando umas cervejotas.

Tentemos estabelecer um paralelismo com a visualização de um filme, sendo que existem basicamente três atitudes: Na primeira, alguém fez o favor de nos contar o filme do princípio até ao fim… e até já sabemos quem é o “bandido”.

Até podemos ir ver o filme, mas será tudo previsível, saberemos de antemão o que vai acontecer a seguir e até podemos ir buscar pipocas, pois saberemos sempre onde estamos. Todo ao fator surpresa, a descoberta e o inesperado não estão lá. 

Noutra, já lemos o livro, conhecemos a história toda, lemos as críticas e ate já o discutimos com os amigos.

Não há aqui muito por descobrir, sendo que o filme acaba por ser um espaço para comparações: se o filme corresponde ao livro, ou se fica aquém ou além deste; se a opinião do amigo A faz sentido ou até se os quadros descritos na história original estão bem retratados em filme.

Mais uma vez, o filme em si pouco importa… já sabíamos… Na terceira, pouco sabemos. Conhecemos o título, temos uma breve ideia sobre a história e conhecemos alguns dos atores, noutros filmes. Nesta, estamos atentos do princípio ao fim e acompanhamos cada cena tentando absorver o mais e o melhor possível. Este filme vai certamente deixar-nos algo.

Qual vos parece ser a melhor situação quando se trata de uma cerimônia maçônica? Uma iniciação ou um aumento de salário, por exemplo? Numa Iniciação Maçônica pretende-se criar um momento marcante para o Profano, algo que o acompanhe para o resto da vida e que constitua realmente um Nascer para a Luz. Ora isto só é possível se o Profano ainda não tiver lido o livro, nem ninguém lho tiver contado.

Se já o tiver lido ou já conhecer o enredo, então teremos uma cerimônia e um profano pouco focado na cerimônia. Estará ocupado a fazer comparações (“esta parte esteve bem representada…”,) ou a gerir o enredo: “a seguir vai acontecer isto…”, “este que está a falar é o VM.'. ou até, “falta muito (ou pouco) para isto acabar”. No final dirá… “comparando com o que já sabia, esperava mais (ou menos)”.

Em face de isto, diria que os tais segredos, que como sabemos não o são, são importantes e preservá-los não é um direito nosso, mas uma obrigação e uma dívida que temos e sempre teremos perante todos os profanos que vierem a ser iniciados.

Devemos-lhes o direito a terem cerimônias marcantes, inesquecíveis e com momentos que possam recordar para o resto da sua vida.

Resistamos à tentação de contar o que é para ser vivido.

Antônio Jorge R:. L:. Mestre Affonso Domingues, nº5 – GLLP/GLRP– Portugal Editor da página maçônica Freemason.pt (www.freemason.pt)

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