A ALEGORIA DA CAVERNA


 Compartilharei agora com os meus amados e queridos irmãos uma metáfora escrita e descrita por Platão em seu Sétimo livro de: A República.

Nesta alegoria Platão pretende exemplificar como o ser humano pode se libertar da condição de escuridão, que o aprisiona, por meio da luz da verdade, em que o filósofo discute sobre teoria do conhecimento, linguagem, educação e sobre um estado hipotético.

A alegoria é apresentada após a analogia do sol (508b a 509c),
Seguindo uma linha historiográfica, o filósofo inicia:

Pessoas acorrentadas, sem se poderem mover, forçados a olhar somente a parede do fundo da caverna, sem poder ver uns aos outros ou a si próprios.

Atrás dos prisioneiros há uma fogueira, separada deles por uma parede baixa, por detrás da qual passam pessoas carregando objetos que representam *homens e outras coisas viventes*.

As pessoas caminham por detrás da parede de modo que os seus corpos não projetam sombras, mas sim os objetos que carregam. Os prisioneiros não podem ver o que se passa atrás deles e veem apenas as sombras que são projetadas na parede em frente a eles.

Pelas paredes da caverna também ecoam os sons que vêm de fora, de modo que os prisioneiros, associando-os, com certa razão, às sombras, pensam ser eles as falam das mesmas. Desse modo, os prisioneiros julgam que essas sombras sejam a realidade.

Imagine que um dos prisioneiros seja libertado e forçado a olhar o fogo e os objetos que faziam as sombras (uma nova realidade, um conhecimento novo). A luz iria ferir os seus olhos e ele não poderia ver bem.

Se lhe disserem que o presente era real e que as imagens que anteriormente via não o eram, ele não acreditaria. Na sua confusão, o prisioneiro tentaria voltar para a caverna, para aquilo a que estava acostumado e podia ver.

Caso ele decida voltar à caverna para revelar aos seus antigos companheiros a situação extremamente enganosa em que se encontram, os seus olhos, agora acostumados à luz, ficariam cegos devido à escuridão, assim como tinham ficado cegos com a luz.

Os outros prisioneiros, ao ver isto, concluiriam que sair da caverna tinha causado graves danos ao companheiro e, por isso, não deveriam sair dali nunca. Se o pudessem fazer, matariam quem tentasse tirá-los da caverna.

Platão não buscava as verdadeiras essências na simples Phýsis, como buscavam Demócrito e seus seguidores. Sob a influência de Sócrates, ele buscava a essência das coisas para além do mundo sensível.

E o personagem da caverna, que por acaso se liberte, corre como Sócrates, o risco de ser morto por expressar seu pensamento e querer mostrar um mundo totalmente diferente. Transpondo para a nossa realidade, é como se você acreditasse, desde que nasceu, que o mundo é de determinado modo e, então. vem alguém e diz que quase tudo aquilo é falso, é parcial, e tenta lhe mostrar novos conceitos, totalmente diferentes.

Foi justamente por razões como essa que Sócrates foi morto pelos cidadãos de Atenas, inspirando Platão à escrita da Alegoria da Caverna pela qual Platão nos convida a imaginar que as coisas se passassem, na existência humana, comparavelmente à situação da caverna:

Ilusoriamente, com os homens acorrentados a falsas crenças, preconceitos, ideias enganosas e, por isso tudo, inertes em suas poucas possibilidades.

Em *A República* no livro 7, folhas 517c, Platão escreve:
"Quando vista, esta alegoria deve nos levar à conclusão de que esta é de fato a causa de todas as coisas, de tudo que tem de correto (orthós) e belo (kálos), dando à luz no mundo visível para a luz, e mestra da luz, a si mesma no mundo inteligível fonte autêntica da verdade (aletheia) e razão (nous), e qualquer um que agir sabiamente em particular ou público deve tomar vista disso".

A interpretação desta Alegoria:

O mito da caverna é uma metáfora da condição humana perante o mundo, no que diz respeito à importância do conhecimento filosófico e à educação como forma de superação da ignorância, isto é, a passagem gradativa do senso comum enquanto visão de mundo e explicação da realidade para o conhecimento filosófico, que é racional, sistemático e organizado, que busca as respostas não no acaso, mas na causalidade.

Segundo a metáfora de Platão, o processo para a obtenção da consciência, isto é, o conhecimento abrange dois domínios:
• O domínio das coisas sensíveis (eikasia e pístis) e...
• O domínio das ideias (diánoia e nóesis).

Para o filósofo, a realidade está no mundo das ideias, um mundo real e verdadeiro e a maioria da humanidade vive na condição da ignorância, no mundo das coisas sensíveis, este mundo, no grau da apreensão de imagens (eikasia), as quais são mutáveis, não são perfeitas como as coisas no mundo das ideias e, por isso, não são objetos suficientemente bons para gerar conhecimento perfeitos.

Inclusive, em 2016, Neurocientistas chegaram a mesma conclusão de Platão relativo a percepção humana.

Quem aprende convosco é:
REINALDO DE FREITAS LOPES - MM
Obreiro da maçonaria universal e especulativa, zelador de meus direitos e senhor de minhas ideias e se reconhecido ou não por algum irmão, ainda assim não sou ele, sou eu e a ele estou sempre:
Em Pé e a Ordem.
Todos recebam o meu TFA.

AS LUZES, AS JOIAS E OUTROS SÍMBOLOS


 

Na organização maçônica são chamados de “luzes” aqueles que dirigem a Loja e nela exercem funções de relevo. São cinco as principais “luzes”: Venerável Mestre, 1° e 2° Vigilantes, Orador e Secretário. Como o próprio nome o indica, devem iluminar da Loja, concorrendo sempre com a sua sabedoria, espírito de tolerância e firmeza.

Destas cinco luzes, sobressaem-se o Venerável Mestre e os dois Vigilantes, que formam as três luzes vitais que iluminam a Loja, conjuntamente com as três luzes astrais, o Sol, a Lua e a Estrela Flamejante.

O Venerável Mestre que ocupa a cadeira do rei Salomão, encarna a Sabedoria. O 1° Vigilante é a Força para realizar, e o 2° Vigilante é a Beleza que adorna. Toda a grande obra reúne estas três qualidades.

O Venerável Mestre é também chamado “hierofante”, ou seja, o sacerdote que nos mistérios egípcios era encarregado de iniciar os neófitos e de interpretar os mistérios. Os Vigilantes por sua vez, são os “epíscopos”, isto é, aqueles que veem com segurança.

O Venerável Mestre e os Vigilantes empunham malhetes, emblema do poder e da autoridade. É o símbolo do comando. Assim como os reis e soberanos usam o cetro, o Venerável Mestre empunha o malhete.

Outro símbolo maçônico, de grande valor, é o Avental, interpretado como o emblema do trabalho e da inocência. De uso obrigatório, o Avental não pode ser dispensado sob pretexto algum. Constitui, na linguagem maçônica, o “vestido” do obreiro, sem o qual ele está nu.

“No princípio do século dezoito os aventais eram idênticos àqueles usados pelos pedreiros operativos. Eram grandes, chegando até o peito e descendo até os joelhos, de couro irregular, ficando a parte da cabeça do boi sobre o peito e o restante apenas com as pernas cortadas.

Contudo, já naquela época alguns irmãos costumavam decorar os seus aventais com desenhos de arcos, colunas etc. Não havia o cuidado de um modelo único, agindo cada um como melhor lhe parecia.

Com o tempo, alguns desenhos tornaram-se populares e foram copiados por outros maçons. Em fins do século dezoito pintavam-se cenas da legenda maçônica ou detalhes das cerimônias. Logo depois do Ato da União, em 1813, foi estabelecida a forma atual”.

O Avental deve ser feito de pele branca, com um friso de pano azul nas bordas, tendo uma abeta, também frisada de modo idêntico, que é usada abaixada nos graus de mestre e companheiro. Os aprendizes apresentam-se com a abeta levantada, sendo que o seu avental não possui friso algum. Dissemos friso azul, pois essa é a cor do simbolismo maçônico, sendo um erro generalizado o uso da cor vermelha.

Os Oficiais usam em volta do pescoço uma faixa ou colar de pano azul, caindo em ângulo sobre o peito. Na extremidade da faixa, deve pender a Joia do seu cargo. Algumas lojas costumam inscrever o seu título distintivo ou número, na faixa. Ao contrário do Avental, a faixa é de uso facultativo para os obreiros, excetuados, é claro, os que exercem cargos.

Do colar do Venerável Mestre pende um Esquadro aberto, apoiado sobre uma meia circunferência graduada, tendo ao centro o Sol. Isto no rito Escocês Antigo e Aceito. No rito de York, o Venerável Mestre usa simplesmente um Esquadro, símbolo da verdade. O Esquadro apoiado pelo Malhete significa a verdade apoiada pela autoridade.

As Joias do primeiro e segundo Vigilantes são respectivamente, o Nível, emblema da igualdade e o Prumo, emblema da equidade.

O Orador ou Capelão, ostenta o Livro da Lei Sagrada, sobreposto aos raios de um Sol cujo centro não se vê.

Os Cobridores carregam na faixa uma pequena Espada, emblema da luta franca, do combate leal.

Os Diáconos usam como joia uma Pomba, em lembrança da pomba mensageira que Noé soltou da Arca. Este símbolo, porém, é de uso mais recente, pois os maçons primitivos preferiam a figura de Mercúrio, com o caduceu, figura clássica da mitologia, onde Mercúrio era considerado o mensageiro dos deuses e o condutor dos mortos pelos mundos subterrâneos. Este símbolo persiste ainda em algumas lojas inglesas.

O Secretário, usa duas Penas cruzadas e o Tesoureiro, duas Chaves, também cruzadas.

O Hospitaleiro é simbolizado por uma Bolsa, e o Chanceler tem o timbre da Loja, dentro de um triângulo.

O Mestre de Banquetes traz como joia uma Cornucópia da qual se derramam frutos variados e outros alimentos e o Mestre de Harmonia, uma Lira.

O Mestre de Cerimônias usa um Laço de fita ou um Triângulo simples, devendo também trazer em uma das mãos, um bastão. O Arquiteto carrega uma pequena Trolha.

As joias do Venerável Mestre e dos Vigilantes são chamadas joias móveis porque são transmitidas aos seus sucessores na noite de posse da nova administração.

Assim como há três joias móveis, existem também três joias imóveis, que são a Tábua de Delinear, a Pedra Bruta e a Pedra Polida, já descritas por nós. São chamadas joias imóveis porque permanecem expostas e imóveis na Loja para os irmãos nelas estudarem a moral.

João Nery Guimarães

 

 

A LITURGIA É A FORÇA DA MAÇONARIA


 

Qual a Instituição, no mundo moderno, que conserva tão precioso tesouro da sabedoria antiga senão a Maçonaria? Reunindo tantos elementos esotéricos, dentro dos princípios e da tradição iniciática, a Ordem Maçônica é a instituição que os perpetua, sendo a ponte de ligação entre um passado que remonta à noite dos tempos, dona de uma sabedoria e conhecimentos que se perderam para o mundo profano, em ondas de sangue e de barbárie, que durante séculos, em crises periódicas, convulsionaram o mundo.

A liturgia maçônica, realizando e interpretando esses símbolos, que são verdadeiros mistérios, na acepção etimológica do vocábulo, isto é, “verdades guardadas”, ocultas, tem de ser imperativamente a sua hierogramata, ou seja, a sua intérprete.

Aos maçons incumbe decifrá-los e desvelá-los, enriquecendo o seu espírito e fortalecendo a sua alma, aperfeiçoando-se, “polindo-se” para poder se “ajustar” na obra imortal da construção do templo da virtude, como uma pedra exata e perfeita. Em conhecer esses símbolos, essas alegorias, reside a ciência e a arte maçónicas.

Para isso é preciso ter abertos, não só os olhos do rosto, mas os do espírito, pois senão vereis e não entendereis. A Maçonaria compete a missão de ser a vanguarda da Humanidade, sobre ela derramando a sua luz bem fazeja. “Vós sois a luz do mundo” — disse uma vez o Grande Iniciado. Não podemos fugir a esse destino glorioso.

A Maçonaria, na sua longa história, tem sido às vezes instrumento da política, tem sido vítima da política, tem atravessado períodos de perseguição e períodos de fastígio. Sempre, porém, manteve resguardado o seu inapreciável tesouro, contido na liturgia, que é o alimento da sua força espiritual.

Afastai a liturgia da Maçonaria e vê-la-eis minguar até se extinguir, como uma instituição profana qualquer, corroída pela luta fratricida, atirada ao pasto das competições pessoais.

Interpretemos os símbolos, cultuemos o legado da sabedoria antiga e estaremos robustecidos para enfrentar todas as adversidades.

João Nery Guimarães

 

PRATICANDO OS VALORES CENTRAIS DA MAÇONARIA


 

Da próxima vez que for à Loja e se sentar nas colunas, olhe para o irmão à sua direita. Tem o número dele no seu telefone? Olhe para o irmão à sua esquerda. Tem o número dele no seu telefone? Quão bem conhece os seus irmãos? Sentir-se-ia à vontade para pedir ajuda ou conselho ao seu irmão, se necessário? Ajudá-lo-ia ou dar-lhe-ia conselhos verdadeiros se ele pedisse?

Os valores centrais da Maçonaria são Amor Fraternal, Ajuda e Verdade. Estes valores estão interligados porque não se pode ter uns sem os outros. Não pode ser Irmão de alguém a menos que esteja disposto a ser-lhe fiel e a ajudá-lo. É assim que se expressa amor.

Em muitas jurisdições, é dada uma instrução quando uma Loja é fechada. Nessa instrução, somos desafiados a lembrar que nos comprometemos “solenemente” a “socorrer todo o irmão que precisar da nossa ajuda”.

Mas nós realmente fazemos isso? Usamos a desculpa de que o nosso cabo de reboque é muito curto com demasiada frequência? Sendo pai de dois filhos que ainda não estão na escola, sei que sou culpado disto.

Além de ajudar os nossos irmãos necessitados, precisamos de garantir que um Irmão não seja orgulhoso demais para pedir ajuda. Em muitos círculos judaicos, é-se encorajado a pedir ajuda quando precisar. Quando se pede ajuda, estamos a dar a alguém a oportunidade de cumprir a sua obrigação de cumprir uma mitzvah.

Uma mitzvah é frequentemente traduzida como uma boa ação, mas na verdade significa mandamento. Na fé judaica, existem 613 mitsvot ou mandamentos que precisam ser observados.

Vários deles estão relacionados com sermos verdadeiros ao ajudar os necessitados. A palavra mitzvah está relacionada com a palavra aramaica tzavta, que significa anexar ou juntar.

Ao cumprir a mitsvah e o princípio maçónico de Ajuda, está-se a criar um apego ao seu irmão, uma conexão para que o Amor Fraternal floresça.

O meu desafio para si é que, da próxima vez que precisar de ajuda, peça ao seu Irmão. Precisa de conselhos? Peça ao seu Irmão. Da próxima vez que ouvir a chamada para ajudar um Irmão necessitado, mostre o seu amor fraternal e atenda-o.

Adam Samuel Roth

Tradução de António Jorge, M M

Fonte

Blog Midnight Freemasons

 

OS CINCO ELEMENTOS E OS CINCO SENTIDOS



 

Maçonaria e simbolismo maçônico

Na Maçonaria, parece haver sempre um ritmo ou uma correlação com qualquer número de coisas. Parece que quase nunca falha o alinhamento da Maçonaria com todas as coisas herméticas, cabalísticas, místicas ou outras. Se a “moderna” Maçonaria Antiga veio ou não do conhecimento antigo encontrado antes da antiguidade é um assunto de debate. No entanto, tipicamente, ela encaixa-se perfeitamente nela e está inquestionavelmente relacionada.

À medida que passámos pelos graus da Maçonaria, fomos introduzidos nos estudos esotéricos e numéricos e foram-nos explicados alguns dos seus significados. Ao percorrermos os pilares (B) e (J), começamos a subir o lance de escadas sinuosas. Deparamo-nos primeiro com três degraus que têm uma quantidade infinita de explicações baseadas no número três. No entanto, foi-nos ensinado que eles representam principalmente os três principais oficiais da Loja: 2º Vigilante, 1º Vigilante e Venerável Mestre.

À medida que avançamos, deparamo-nos com um conjunto de cinco degraus. Juntamente com as cinco ordens de arquitetura, cada um representa um dos nossos cinco sentidos primários. São designados por ouvir, ver, sentir, cheirar e saborear. Num determinado grau, somos ensinados a concentrar-nos principalmente nos três primeiros sentidos, mas como buscadores de mais luz, há normalmente uma forma de correlacionar semelhanças com números na Maçonaria e não só. Estes cinco sentidos são o que utilizamos para estudar as sete artes liberais que nos são apresentadas mais tarde na lição.

Em alguns dos grupos maçônicos e não maçônicos mais esotéricos, somos apresentados aos quatro elementos primários das ciências herméticas e cabalísticas. São eles a terra, a água, o ar e o fogo. Embora muitos outros ensinamentos, como os das religiões orientais, utilizem os mesmos elementos e outros diferentes, vou cingir-me ao que os nossos grupos maçónicos ensinam.

Com base nas minhas experiências iniciáticas e com alguma pesquisa, descobri que existe um quinto elemento menos conhecido ou Quintessência. De acordo com o Dr. Israel Regardie, o quinto elemento do espírito coroa e liga os outros quatro [1]. Trata-se de um ponto culminante de todos os elementos. Uma das principais diferenças deste elemento é o fato de não se poder manter sozinho como os outros. É essencial que os outros quatro elementos estejam “presentes” e alinhados para que se compreenda o quinto elemento.

Como receptores de luz frequentemente encontrados nas Lojas Azuis (mas mais frequentemente negligenciados) e para além dela, somos encorajados a aprender e a familiarizarmo-nos com a numerologia. Em algumas das primeiras lições ensinadas, somos informados dos muitos significados de diferentes números, mas especificamente aqui o número cinco.

Num dos nossos graus, como mencionado acima, o número cinco é aludido em relação aos cinco sentidos (e aos cinco pilares) e é-nos ensinado que quando estamos totalmente em sintonia conosco e com o que nos rodeia, podemos passar sem qualquer um dos nossos sentidos, espiritualmente falando.

Na Maçonaria, os cinco sentidos são muito necessários. O tato permite que um Maçom conheça outro tanto no escuro como à luz. A visão é utilizada para vermos certos sinais de reconhecimento que nos são dados ou também símbolos. A audição para ouvir a palavra de um Irmão Maçom, para ouvir também a música que faz parte do ritual de algumas lojas. Paladar para nos alegrarmos entre irmãos em comunhão com boa comida e bebida. Cheirar para quando temos o nosso incenso cerimonial a arder na loja para ajudar a centrar as nossas mentes e corpos.

Ar e audição

Em algumas tradições maçônicas, o elemento ar é também representado como inteligência e/ou crescimento espiritual. Durante os dias da criação, foi Deus que soprou nas narinas do homem e nos fez à sua semelhança. Com o ar viaja o som. Desde o nosso tempo no ventre materno até aos nossos últimos momentos na terra, ouvimos o som principalmente através do ar. Também através do ar é tocada uma arte liberal que é talvez a mais reconhecida e é a da música.

A audição na Maçonaria e noutras ordens ritualísticas é talvez o principal meio de comunicação. Quer se trate de um sussurro de bons conselhos ou de linhas cuidadosamente escritas e profundamente esotéricas de um ritual, o som que viaja no ar até aos nossos ouvidos para ser ouvido está em todo o lado. Sendo o ar representado pelo oriente, é do oriente que recebemos a maior parte das nossas lições maçónicas.

É a partir do oriente que recebemos as nossas obrigações e admoestações, bem como outras comunicações. O sentido da audição e o ar andam de mãos dadas com a aquisição de conhecimentos e o crescimento espiritual.

Não se trata apenas de dizer certas palavras, mas de as fazer vibrar com força, de modo a empurrar realmente as ondas sonoras através do ar. Tal como acontece com o nosso olfato, muitas vezes nunca vemos nada do que ouvimos no dia a dia. Desde buzinas de carros e ambulâncias a conversas de outras pessoas, o ar está cheio de sons constantes.

Talvez nenhum fenômeno da natureza seja tão comum e poderoso como o ar. É uma força motriz e um símbolo de determinação. Na natureza, as tempestades de vento, os tornados e os furacões não têm rivais à altura do seu poder destrutivo.

Estas forças do ar trazem consigo trovões, ventos uivantes e ruídos de destruição. O ar também pode ser suave, refrescante e trazer nuvens de chuva que sustentam a vida. Pode soprar ternamente um sino de vento ou ser empurrado através de uma trompa musical ou vento de madeira para produzir um som bonito.

Se for corretamente aproveitado e controlado, pode conduzir cuidadosamente um veleiro, gerar energia ou levantar um avião a jacto de 747 libras. O ar pode apagar fogos, secar a água e deslocar a terra. Como maçons ou estudantes das ciências herméticas, quando ouvimos os ventos que se aproximam, é necessário ser capaz de aproveitar e controlar estas oportunidades de aprender algo novo ou de crescer espiritualmente.

Fogo e cheiro

Na tradição maçônica, o elemento fogo é um símbolo de vida e destruição. Na Cerimónia do Solstício de Inverno da Maçonaria, simboliza a criação e a energia; um novo começo e a vida. No tarot e noutros estudos, o fogo é representado como paixão e mudança, seja ela boa ou má. Na alquimia, o fogo é frequentemente associado ao enxofre, um dos químicos mais potentes e de cheiro mais distinto do planeta Terra. O fogo é representado no Sul; o oposto do norte frio e escuro.

Na Maçonaria, como já foi referido anteriormente, um dos sentidos menos falados é o do olfato. O olfato é frequentemente um dos nossos primeiros sentidos a ser ativado em determinadas situações. É também um dos sentidos que pode ser considerado bastante subconsciente, mas se algo ativar suficientemente o olfato, pode ser um dos mais difíceis de ignorar.

Quando o fogo é criado, normalmente sentimos o seu cheiro muito antes de o vermos, ouvirmos ou sentirmos. Seja literal ou figurativamente, sentimos muitas vezes o cheiro do fumo, aquele cheiro demasiado reconhecível de enxofre ou, pior ainda, o “cheiro da morte”. Por outro lado, o fogo e o cheiro também podem ter significados positivos. Nas artes culinárias, é frequente sentirmos o cheiro do que vamos comer antes de o vermos ou provarmos. Tal como acontece com o fogo, o nosso olfato sente um sinal de novos começos, amor e paixão, atração física por outra pessoa (feromonas) ou o cheiro muito familiar de um bebé recém-nascido.

O nosso olfato permite-nos muitas vezes sentir o que está para além dos nossos outros sentidos, até mesmo da audição. Também pode estar mesmo à nossa frente, quando “paramos e cheiramos as flores” para viver o momento. Como já foi referido, podemos sentir o cheiro do fogo a quilómetros de distância e saber que é provável que haja perigo e destruição. Mas pode ter a certeza de que é também um novo começo que está a surgir.

Água e sabor

Na tradição maçônica, o elemento água é representado como emoção e intuição e, segundo Cícero [2], tem qualidades criativas, subconscientes ou misteriosas. Quanto ao gosto, ter “bom gosto” é talvez tudo isto. É a capacidade natural de fazer boas escolhas, de reagir em conformidade, sem pensar.

É também a capacidade de ver a beleza e todos os outros na sala provavelmente concordarão. É uma capacidade subconsciente de ter uma consciência positiva do que todos os outros provavelmente deveriam ver ou veem em algo. Ter estas qualidades da água significa que é fluido, não só porque tem uma boa capacidade de decisão, mas também porque consegue adaptar-se e ver a beleza escondida em quase tudo.

Como maçons, devemos ter a capacidade de ser fluidos na maioria dos cenários. Se exigimos ser livres e aceites por nós próprios, devemos também aceitar os outros. Como maçons, temos curiosidade pelos mistérios antigos, tanto esotéricos como exotéricos. Do ocidente vem a água, e é assim que deve ser, pois abranda os fogos da nossa mente para descansar.

O Oeste é onde o sol se põe todos os dias. A procura de mais luz vinda do oriente é então permitida para ser ponderada e meditada. Como a água é passiva e feminina, é mais bem utilizada como um momento para contemplar os desejos ardentes de conhecimento.

Uma tradição que há muito foi esquecida no nosso quotidiano de trânsito, trabalho e comida rápida é o consumo lento dos nossos alimentos. Como um todo, comemos mais do que nunca na história da humanidade, mas apreciamos menos a nossa comida do que nunca. Muitas vezes, perdemos o sabor de todas as nuances de um bom prato que estamos a comer e, por conseguinte, isso reflete-se, em grande parte, nas nossas vidas. Temos tendência a não deixar a nossa mente vaguear pelo seu subconsciente devido aos nossos horários ocupados. Se estivermos a perder esses momentos, é provável que seja devido ao mau gosto.

Terra e tacto

Na tradição maçônica, o elemento terra é representado como fundamento, estabilização ou material. Este é o elemento muitas vezes considerado como o elemento que realmente abriga todos os elementos acima mencionados.

O elemento terra é a base do conhecimento, das coisas aprendidas, que permitem o desenvolvimento das capacidades espontâneas/apaixonadas (fogo), lógicas (ar) ou emocionais (água) na nossa mente e no nosso espírito. É a nossa vida quotidiana. É o que podemos ver, cheirar, ouvir, saborear e, mais importante, tocar. Estar ligado à terra de uma forma filosófica é uma forma menos do que desejável de crescer espiritualmente.

No entanto, é o elemento terra e os nossos seres físicos que essencialmente nos constituem. Embora a água possa ser tocada e até segurada, é mais fluida e muda imediatamente. Quanto às qualidades da terra, ela é maleável, mas não tanto como o ar e a água e não é nem de longe tão inspirada como o fogo. A terra está debaixo dos nossos pés e é tudo o que podemos tocar.

A Terra é representada a partir do norte frio. É também representada pela cor preta e, por isso, representa a nossa falta de “luz”. Estamos demasiado preocupados com aparelhos, dinheiro e outros objetos que temos de possuir para estarmos em qualquer lugar que não seja na escuridão total.

Embora seja o elemento terra que abriga os outros e é a base para o nosso crescimento, é uma virtude ter a estabilidade por baixo de nós. É a base para que todos os maçons nasçam fisicamente na escuridão e tenham que deixar de lado as nossas posses que nos são muito queridas.

A certa altura, é-nos mesmos pedidos que depositemos nas nossas Lojas um objeto físico, de metal, por razões de arquivo. Isto ajuda-nos a sermos capazes de desistir de algo de natureza física.

Estar ligado à terra por uma falha pode ser um problema. Tal como podemos sentir os tremores de terra debaixo dos nossos pés se a Terra abaixo de nós estiver a trabalhar, também deveríamos sentir os tremores de terra dentro de nós se estivermos a trabalhar por dentro.

Esta labuta é muitas vezes o que nos empurra para qualquer número de sistemas de crenças ou mesmo para começar a nossa viagem na Maçonaria. É importante compreender os aspectos positivos e negativos do elemento terra, pois ele pode impedir-nos de crescer, mas permite sempre que a nossa acácia cresça.

Espírito e visão

Na tradição maçônica, o elemento do espírito é um símbolo de pureza e é, mais ou menos, o culminar de todos os outros quatro elementos. É tipicamente menos falado ou mesmo reconhecido por muitos estudantes dos antigos mistérios. É tão invisível; é menos visível do que o próprio ar, mas como maçons estamos constantemente à sua procura. Não está em lado nenhum, mas está em todo o lado. É composto pelos quatro elementos, mas nenhum deles é especificamente ele. O Espírito também pode ser chamado de Quintessência ou éter.

A sua semelhança com o ar é relevante, uma vez que o ar está representado no oriente, o lugar para onde estamos constantemente a viajar. Como buscadores da luz, é a visão que usamos mais literalmente, mas também figurativamente. Desde os primórdios da humanidade até aos dias de hoje, olhámos para os céus, ponderando sobre as questões da nossa existência. Desde a adoração do sol e da lua até ao olhar para os céus em busca das respostas de Deus, estamos constantemente à procura da luz ou do espírito.

Como seres humanos com visão, muitas vezes temos de “ver para crer”. Como buscadores, sabemos que não o veremos com os nossos olhos físicos, mas com a nossa sabedoria e estudos. Alguns acreditam no conceito do “terceiro olho”, que permite uma meditação mais profunda e a compreensão das coisas à nossa volta. Quando inclinamos a cabeça e rezamos, normalmente fechamos os olhos.

Isto deve-se, muito provavelmente, ao fato de fecharmos a nossa capacidade de ver, mas utilizarmos mais a nossa visão interior. Nas lojas maçônicas, é-nos dada cerimoniosamente luz, mais luz e mais luz, ao removermos os nossos capuzes. Tendo como requisito a crença em um poder superior, um GAOTU, este ritual alude à grande luz. Para os nossos antepassados pode ter sido simplesmente o sol. Para nós, pode ser uma multiplicidade de sistemas de crenças.

Se todas as coisas são do elemento éter, então, a nível terrestre, vemos e detectamos sinais do universo, como a numerologia e coisas que muitas vezes chamamos de coincidências. Usamos a nossa visão para adquirir mais conhecimentos que podem ser transferidos para a lógica e a sabedoria.

Os meus estudos levaram-me a acreditar que, na Loja, o espírito é representado no meio da sala. Os outros elementos são representados de forma direcional, mas não o espírito. Como indicado em graus específicos de pelo menos um corpo pendente da maçonaria, os nossos “espíritos” estão posicionados num lugar sem direção, mas com todas as direções, virados para o leste à procura de luz. O espírito está dentro de todos estes elementos e compõe o espaço que falta a cada um deles.

É muitas vezes representado com um círculo, o que simboliza a infinidade do espírito e como ele é todas as coisas. É também representado no pentagrama como o vértice da estrela. Na maçonaria, somos levados a ajoelhar-nos num altar e a fazer uma oração.

O VSL está também no meio da loja como regra e guia para nós, maçons. Isto é apropriado, pois representa o lugar onde está o nosso espírito. A nossa visão é-nos retirada até um certo ponto e depois, como mencionado anteriormente, o engano é removido para que possamos ver a luz.

O elemento da Quintessência tem todas as características dos outros elementos. É muito lógico e inteligente como o ar, mas tão simples e fundamentado como o elemento terra. É muito emocional e suave como a água, mas poderoso e ardente como o fogo. Está muito representado na Maçonaria, mas raramente, ou nunca, é falado. É a “luz” que estamos constantemente a procurar.

Maçonaria prática

O estudo do acima mencionado e do nosso ofício não é exclusivo da Loja Azul e pode ser explorado através de muitas vias. Muita literatura tem sido escrita sobre estes assuntos e pode ser interpretada de inúmeras formas.

Além disso, muito do que aprendemos é obtido a partir de dentro, através da meditação e do autoestudo. Existem muitos corpos maçônicos apêndices ou concordantes que subscrevem estas escolas de pensamento, bem como corpos não maçônicos que são considerados mais “maçonaria marginal”, mas que têm tanto valor como os institutos maçónicos reais. A incorporação dos elementos, dos sentidos e das ciências na nossa vida quotidiana pode moldar ainda mais os nossos ashlars na pedra perfeita que nos esforçamos por ter.

J. Clint Lewey

Tradução de António Jorge, M M

Fonte

Blog Midnight Freemasons  

A ABERTURA DO LIVRO DA LEI NOS GRAUS SIMBÓLICOS


 

Do livro *O que um Mestre Maçom deve saber do Irm.’. Almir Sant’Anna Cruz.

Em razão da grande maioria dos Maçons brasileiros praticarem o Rito Escocês Antigo e Aceito, muitos imaginam que todos os Ritos usam os mesmos textos bíblicos. Enganam-se!

Em alguns Ritos não há abertura nem leitura de trechos do Livro da Lei: Ritos Moderno e Schröder, além do próprio REAA praticado no Brasil desde a sua introdução no país pelo Grande Oriente do Brasil, que assim procedeu até o final da década de 1950.

Em outros, abre-se aleatoriamente, sem leitura: Ritos de York e de Emulação (York-GOB).

*GRAU DE APRENDIZ*
A abertura mais conhecida é a do Salmo 133, usada pelo REAA e introduzida pelas Grandes Lojas estaduais, que importou tal prática de algumas Grandes Lojas americanas. Atualmente, com algumas exceções, é utilizada pela maioria das Potências Nacionais e também pelo Rito Brasileiro.

Dois outros Ritos fazem a abertura no Evangelho de João 1:6-9: O Rito Adonhiramita e o Escocês Retificado, além do próprio REAA de algumas Potências, como assim o é em alguns países, como na Espanha e Portugal, por exemplo.

*GRAU DE COMPANHEIRO*
No Grau de Companheiro, temos pelo menos três diferentes aberturas do Livro da Lei:
- Amós 7:7-8 para o Rito Escocês Antigo e Aceito.
- Atos dos Apóstolos 20:34 para o Rito Brasileiro;
- III Reis 3:7-12 (na tradução católica, correspondente a I Reis na protestante) para o Rito Adonhiramita.

*GRAU DE MESTRE*
Segundo o Ritual do R.’.E.’.A.’.A.’. adotado pelo Grande Oriente do Brasil, “O Grau de Mestre, terceiro Grau do Simbolismo, em sua significação superior, consagra o princípio de que a vida nasce da morte”.

No Grau 3, o Livro da Lei é aberto em Eclesiastes, recitando-se os versículos 1, 7 e 8 do capítulo 12 (Eclesiastes 12:1,7,8).
*Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento;*
*E o pó volte a terra, como o era, e o espírito volte a Deus que o deu*.
*Vaidade de vaidade, diz o pregador, tudo é vaidade*.

Na tradição judaica este livro é conhecido como Qohélet, a quem se atribui a autoria. Qohélet significa pregador.

Esse livro foi alvo de polêmica entre os rabinos durante muito tempo, havendo quem o considerasse indigno de pertencer às Sagradas Escrituras, em razão de certas passagens contradizerem a crença teológica predominante, especialmente aquelas em que o autor expressa um caráter pessimista: a nossa existência é consagrada à morte e ninguém pode liberar-se dela, desde o melhor até o pior dos homens; consequentemente a vida é “vaidade” e inclusive a sabedoria vale de pouco. E isso escrito pelo rei Salomão, que obteve de Deus sua afamada sabedoria.

O autor não apresenta um otimismo cego: existem muitos problemas sérios da vida para justificar otimismo; tampouco um otimismo cínico, pois o autor crê num Deus justo. Temos, em verdade, um profundo realismo, identificado inclusive com o tema central que se repete seguidamente: vaidade de vaidade, tudo é vaidade.

Todavia, paradoxalmente, a vida toda do homem deve ser direcionada em reverenciar e obedecer à Deus, a quem finalmente prestaremos contas.

Nos versículos recitados em Loja, é destacada a necessidade de se refletir quanto a transitoriedade da vida, lembrando-nos também que após o transporte para o Oriente Eterno, o ser material se decompõe e incorpora-se à terra, mais tarde reflorindo e, enquanto isso, o outro ser, o Espírito, retorna à eterna fonte da vida.

Almir Sant’Anna Cruz

 

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