OPOSIÇÃO À MAÇONARIA E LIVROS ANTIMAÇÔNICOS


 

Inúmeras obras antimaçônicas foram escritas no passado. Algumas com consequências mortais, instigando à perseguição de parte dos fundamentalistas políticos e religiosos. São exemplos: a perseguição na Alemanha, por Adolfo Hitler; na Espanha, Francisco Franco; diversos papas católicos e líderes de outras miríades de religiões fundamentalistas.

Milhares de maçons foram assassinados em consequência destas obras escritas apenas para público profano desejoso de conhecer os “terríveis segredos da Maçonaria”. Outros tinham por alvo disseminar mentira e instigar à discriminação racial, guerras ideológicas e sanguinárias, como no caso de “Os Protocolos dos Sábios de Sião”.

Houve obras antimaçônicas que causaram até bem para a ordem maçônica porque trouxeram mais informação útil que alguns livros maçônicos escritos com o objetivo de auxiliar, ou registrar fundamentos, filosofias e a sua história ou liturgia.

Existem obras de autores maçônicos causadores de danos graves; são os escritos por pessoas de pouco ou nenhum conhecimento técnico histórico. Inventaram histórias e dados inconsistentes que, de tanto serem replicadas, alcançaram até status de verdade, mas alimentam as baterias dos detratores.

Existem casos onde os fatos relatados têm mínima chance diante de uma pesquisa superficial; é pura ficção, de pouco ou nenhum suporte. Obras que não respeitam a inteligência dos antimaçons, e certamente, muito menos ainda, a dos maçons.

O observador arguto deduz prontamente que, os piores inimigos estão dentro da Maçonaria, constituído de “irmãos” oportunistas e astutos na preparação de ardis, que à luz da pesquisa desmoronam, revelando sórdidos objetivos comerciais. Estes sim expõem a Maçonaria Universal a ridículo e perigo; geram a munição que os detratores da instituição maçônica buscam para carregar as suas armas insidiosas.

Apenas um ano após a aparição da primeira constituição maçônica, quando, em 1724, foi escrito o Livro das Constituições de James Anderson, surgiu em Londres, de autor anônimo e edição de Willian Wilmont, um pequeno impresso com o título “Revelado o Grande Mistério dos Maçons”.

Tudo leva a crer que o autor foi um cobarde, cujo único objetivo foi vender informações maçônicas ao maior número de pessoas. Depois surgiu “Toda a Instituição Maçônica”, revelando até sinais e palavras.

Foram muitos os textos que surgiram na época, alguns até plágio dos primeiros, mas todos com o objetivo de fazer dinheiro à custa da curiosidade profana. A partir de 1730 surgiram obras antimaçônicas de vulto e impacto: “A Maçonaria Dissecada” de Samuel Prichard. Em 1744, o abade Perau publicou o livro: “A Ordem dos Franco-maçons Traída e Seus Segredos Revelados”.

Neste mesmo ano, Luiz Traveno publicou diversos livros versando sobre Maçonaria, sempre expondo assuntos internos, no claro objetivo de apenas vender livros e fazer dinheiro. Em 1760 foi editado um livro de autor desconhecido, “As Três Batidas Distintas”.

Em 1762 apareceu o livro “Jaquim e Boaz”. Depois surgiu “Memórias do Jacobinismo”, do padre Augustinho Barruel, o qual é considerado, de fato, o pai da antimaçonaria, pois a sua criatividade criou fábulas tão verossímeis que estas ainda hoje prejudicam os maçons.

De todos estes autores podemos aceitar até motivação por ódio e oportunismo comercial contra a Maçonaria, pois não eram maçons. Entretanto, o maior mestre do engodo, de todos os tempos, foi o aprendiz Maçom Leo Taxil, este causou estragos terríveis à ordem maçônica. Depois deste “irmão” surgiu frei Boaventura, com o seu livro “A Maçonaria no Brasil”, que também pretendia contar os “segredos” dos homens que se reuniam a portas fechadas em confrarias fraternas.

O supremo campeão é sem dúvidas “Os Protocolos dos Sábios de Sião”, obra ficcional na qual foram baseadas as invenções de alguns detratores e principalmente de parte do padre Barruel, dando conta de uma suposta “Conspiração Maçônica”, e onde foram dramatizadas situações sem fundamento que muitos males causaram aos maçons ao longo do tempo; nem as dramatizações de Leo Taxil e todos os anteriores ao padre Barruel causaram tanto mal. Mesmo escrevendo diversos livros dos dramas e problemas proporcionados, não se esgota o assunto da antimaçonaria.

Na Internet encontram-se inúmeros websites contendo informações desencontradas da organização e ação da Maçonaria que carecem até de algum discernimento para perceber o engodo nelas contido. Na sua maioria são produções que usam os livros já citados e até da bíblia judaico-cristã como plataforma da calúnia e raciocínio falso.

Todo extremismo, todo fundamentalismo religioso e político tem estas características; quando não consegue convencer pelo argumento lógico e claro, apela para a mentira e fantasia, torce o sentido das palavras dos seus livros sagrados para denegrir qualquer obstáculo que lhes embarace o caminho aos negócios bilionários ou caça ao poder efêmero.

Felizmente a instituição maçônica provê abertura para debate de amplo leque. Maçonaria não se faz com templos, livros, grandes lojas, grandes orientes, sinais, palavras de passe ou palavras sagradas! Estas são apenas ferramentas, utensílios que facilitam o raciocínio, abrem o entendimento.

A Maçonaria faz-se dentro da mente e no coração! Todo o resto é ilusão! Nem mágica ou misticismo colaboram, antes denigrem e municiam os inimigos com argumentação para quebrar e hegemonia da Maçonaria Universal. Não fossem a pequenez e fragilidade humana, as ferramentas, obediências, ritos e locais de reunião seriam até desnecessárias!

A Maçonaria seria dispensável! Tentar revelar os “segredos” da ordem maçônica é seguramente um vão esforço dos detratores de alcançarem o vento na corrida! Grandes pensadores já intuíram em tempos idos que, onde existirem pessoas que se tratam como irmãos e demonstram profundo amor entre si, com certeza ali estará o espírito do Grande Arquiteto do Universo e pratica-se a verdadeira Maçonaria; independente de se as pessoas forem ou não iniciadas. A iniciação verdadeira ocorre no coração. É dádiva divina! Resultado de sã racionalidade, lógica e espiritualidade, equilibrados.

Uma dos mais fantásticos insights proporcionados pela Maçonaria é o autoconhecimento; “o conhece-te a ti mesmo”, de Sócrates; a viagem interior que afasta da mente todo apego estrito à palavra escrita ou falada e revela a espiritualidade; o lugar onde está o Deus, onde cada um tem o Deus criado a partir de antropomorfismo que é característica do homem comum.

O Maçom sequer discute ou gera Deuses à sua imagem e semelhança, porque seres desta magnitude não cabe dentro da lógica e apenas gera separação e ranger de dentes, daí usar apenas do conceito de um Princípio Criador, ao qual denomina Grande Arquiteto do Universo. É a razão da paz encontrada entre as colunas das lojas dos maçons.

É o conhecimento da verdade relativa em todas as questões que conduz ao crescimento pessoal e espiritualidade avançada; o Maçom que possui o conhecimento da Maçonaria em si não é idólatra, materialista ou medíocre.

O fundamentalismo de qualquer espécie terá muito trabalho para manter a cegueira que subjuga por uns tempos, já que a evolução espiritual e do autoconhecimento do Maçom promovem o discernimento que conduz à sabedoria e liberdade.

O livre pensador torna-se independente de intermediários na busca da sua espiritualidade. O Deus que busca está perto para o iniciado e muito longe ao cego escravizado, num hipotético céu, em virtude de estar submetido a dogmas e fantasias dos inimigos da liberdade.

As religiões querem escravos do pensamento para manter o seu poder temporal efêmero, algo de que a Maçonaria liberta os seus homens e, devido a isto, as religiões odeiam a ordem maçônica criando mentiras. O mesmo faz o poder político absolutista, ditatorial.

Vencer os detratores da Maçonaria é a razão do Maçom cauterizar e envolver a sua mente com forte couraça de aço. Aprende a usar a espada numa mão, que é a sua língua manejada com maestria no derrubar das mentiras ou raciocínios ilógicos e, na outra mão, porta a trolha com a qual constrói e apazigua uma sociedade livre de obscurantismo.

O corpo do Maçom, que constitui o seu templo, o seu lugar de adoração sagrado, permanece puro, imaculado da perfídia imunda do obscurantismo gerados por religiões e ideologias políticas que conspurca a sociedade humana. Porque o Deus que reside no Maçom é tão verdadeiro como aquele que reside em qualquer outra criação do Universo.

A Maçonaria promove nos homens por ela treinados a mais ampla liberdade; a suprema liberdade do pensamento; é onde qualquer ser racional é absolutamente livre por característica de projeto devido ao Grande Arquiteto do Universo.

Charles Evaldo Boller

Bibliografia

BAYARD, Jean-Pierre, A Espiritualidade na Maçonaria, Da Ordem Iniciática Tradicional às Obediências, tradução: Julia Vidili, ISBN 85-7374-790-0, primeira edição, Madras Editora Ltda., 368 páginas, São Paulo, 2004;

BOUCHER, Jules, A Simbólica Maçônica, Editora Pensamento, 1979;

CARVALHO, Francisco de Assis, O Avental Maçônico e Outros Estudos, Nº 6, primeira edição, Editora Maçônica a Trolha Ltda., 160 páginas, Londrina, 1989;

FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio de Dicionário de Maçonaria, Seus Mistérios, seus Ritos, sua Filosofia, sua História, quarta edição, Editora Pensamento Cultrix Ltda., 550 páginas, São Paulo, 1989;

PROBER, Kurt, História do Supremo Conselho do Grau 33 do Brasil, Volume 1, 1832 a 1927, primeira edição, Kosmos, 405 páginas, Rio de Janeiro, 1981;

WESTCOTT, William Wynn, Maçonaria e Magia, título original: Tha Magical Mason, tradução: Joaquim Palácios, ISBN 85-315-0384-1, primeira edição, Editora Pensamento Cultrix Ltda., 240 páginas, São Paulo, 1983.

 

VIVA A MORTE DE CADA DIA


 

Um jovem aprendiz foi procurar o seu mestre com um grande temor: ele temia a morte. Chegando ao templo, o aprendiz ajoelhou-se e abriu seu coração:

Mestre sinto-me envergonhado de dizer, mas temo muito a morte. O que devo fazer? Como posso superar esse medo?

O mestre, pacientemente, ajoelhou-se ao lado do discípulo e disse:

Nós estamos acostumados a ligar a palavra morte apenas à ausência de vida, e isso é um erro. Existem outros tipos de morte, e nós precisamos morrer todo dia.

Todo dia, mestre? Eu já tenho medo de morrer uma vez, quem dirá todos os dias – interrompeu o aprendiz.

O mestre:

A morte nada mais é do que uma passagem, uma transformação. Não existe planta sem a morte da semente, não existe embrião sem a morte do óvulo e do esperma, não existe borboleta sem a morte da lagarta, não existe um maçom sem a morte de um profano, Isso é óbvio! A morte nada mais é do que o ponto de partida para o início de algo novo. É a fronteira entre o passado e o futuro.

Vendo que o semblante do aprendiz tinha dado os primeiros sinais de alegria, o mestre continuou sua explicação:

Se você quer ser um bom universitário, mate dentro de você o secundarista aéreo que acha que ainda tem muito tempo pela frente.

Quer ser um bom profissional? Então mate dentro de você o universitário descomprometido que acha que a vida se resume a estudar só o suficiente para fazer as provas.

Quer ter um bom relacionamento? Então mate dentro de você o jovem inseguro ou ciumento ou solteiro solto que pensa poder fazer planos sozinho, sem ter de dividir espaços, projetos e tempo com mais ninguém.

Enfim, todo processo de evolução exige que matemos o nosso “eu” passado, inferior.

E qual o risco de não agirmos assim? – perguntou o jovem.

O mestre:

O risco é tentarmos ser duas pessoas ao mesmo tempo, perdendo o nosso foco, comprometendo nossa produtividade e, por fim, prejudicando nosso sucesso.

Muitas pessoas não evoluem porque ficam se agarrando ao que eram não se projetam para o que serão ou desejam ser. Elas querem a nova etapa, sem abrir mão da forma como pensavam ou agiam. Acabam se transformando em projetos inacabados, híbridos, adultos infantilizados.

Podemos até agir, às vezes, como meninos, de tal forma que não matemos virtudes de criança que também são necessárias a nós, adultos, como: brincadeira, sorriso fácil, vitalidade, criatividade etc. Mas, se quisermos ser adultos, devemos necessariamente matar pensamentos infantis, para passarmos a pensar como adultos.

Quer ser alguém (líder, profissional, pai ou mãe, cidadão ou cidadã, amigo ou amiga) melhor e mais evoluído? Então, o que você precisa matar em si, ainda hoje, para que nasça o ser que você tanto deseja ser?

Pense nisso e morra! Mas não se esqueça de nascer melhor ainda!

Do livro: “As mais belas parábolas de todos os tempos vol. II” – Alexandre Rangel (Adaptado Luciano José Antunes Urpia)

 

O TEMPO, A IDADE E A MAÇONARIA


 

Mais do que uma idade certa, há uma maturidade certa para se ser iniciado.

Muitos nunca atingem essa maturidade: nascem, vivem e morrem sem nunca perder um segundo com as “grandes questões”, tal a azáfama com que passam por esta existência.

Outros a atingem encontram as suas próprias respostas, e deixam, a partir de certo ponto, de fazer sentido procurarem outro método de aperfeiçoamento, pois já encontraram o seu próprio método, chegaram às suas próprias conclusões, traçaram o seu próprio caminho.

Cada Maçom tem a sua própria história, o seu próprio ritmo, o seu próprio percurso.

Uns chegam mais cedo, outros mais tarde.

Uns caminham mais depressa, outros mais devagar.

Outros ainda levam mais tempo numa fase, e noutra disparam a correr.

Ou ao contrário.

Temos entre nós quem tenha sido iniciado aos vinte e poucos anos, e quem o tenha sido já depois de ser avô.

Temos quem tenha sido aprendiz ou companheiro durante bastantes anos, e quem ao fim de menos de dois anos já fosse mestre.

Temos quem tenha ficado pouco tempo, quem tenha ficado alguns anos, e quem ainda cá esteja.

Por tudo isto, encontra-se numa loja uma grande diversidade de idades, maturidades e sensibilidades.

A todos une, porém, a vontade de se tornarem pessoas melhores, e de o fazerem juntos, e aprendendo uns com os outros.

Os aprendizes mais jovens podem aproximar-se mais facilmente de mestres mais próximos da sua idade, até estarem mais à vontade com os mais velhos.

Os aprendizes mais velhos terão porventura maior afinidade, pelo menos inicialmente, com os maçons mais maduros.

Com o passar do tempo, à medida que aquelas caras vão adquirindo nomes, aos nomes vão-se juntando feitios, e os feitios, as caras e os nomes tornam-se pessoas que vamos conhecendo e distinguindo das demais.

Os aprendizes vão-se percebendo com quem podem aprender melhor o quê, e acabam por aprender com todos – com uns mais do que com outros, mas isso também faz parte…

Chegado a companheiro, o Maçom conhecerá já razoavelmente a maioria dos irmãos da sua loja, e estes a ele.

Terá, para, além disso, passado pela experiência de ter “irmãos mais novos”, iniciados depois dele.

Estes irmãos mais novos podem ser até mais velhos em idade, o que torna tudo muito mais interessante.

E quando se chega a mestre, percebe-se por fim que todos têm alguma coisa a aprender com cada um dos demais.

Os mestres mais novos encontram nos mais velhos a experiência de quem já passou por muitas situações difíceis, tomou muitas decisões – algumas mais certas que outras – e tem, enfim, a sabedoria que só a idade, a experiência e as dificuldades proporcionam.

Por seu lado, os mestres mais velhos encontram nos mais novos a possibilidade de reviver e questionar o seu próprio percurso, de tornar de novo novas as suas velhas dúvidas e questões, e a possibilidade de passarem para outros aquilo que receberam dos que os antecederam.

Uns e outros partilham da alegria de estarem juntos, de serem diferentes, e de terem algo a aprender uns com os outros.

Sem sangue novo, uma loja está condenada, mais ano menos ano, a abater colunas: não há quem ensinar e, à medida que os mestres forem passando ao Oriente Eterno, a loja vai ficando menor, até deixar de se poder manter.

Por outro lado, sem o “sangue velho” – e muitas começaram assim – a loja pode até existir, mas é uma loja sem raízes nem memória, que só adquirirá com o decorrer dos anos.

Diz-se que em Maçonaria nada se ensina, e tudo se aprende.

É, por isso, um privilégio poder-se aprender com quem cá está há mais tempo.

Grupo Memórias e Reflexões Maçônicas


SER OU ESTAR MAÇOM


Muitos confundem o Pertencer à Instituição Maçônica, com fato de que a partir de seu ingresso, é como se abrisse um portal, um umbral cósmico, e toda problemática que envolve o viver em sociedade se resolve, como num passe de mágica.

Ledo Engano. O Estar Maçom, que é o mesmo que Pertencer à Instituição Maçônica, é bem diferente e Distante do Ser Maçom. Estar ou Pertencer, é fácil. Principalmente nos dias atuais.

Bastou preencher requisitos específicos, ter proeminência social e status, ter posses financeiras, enfim, estar dotado de efemérides que despertem o interesse de uma Instituição Maçônica, que certamente, sem muita dificuldade, você estará Maçom.

Agora Ser Maçom, ainda que estando. Ah, isso é muito difícil e quase impossível. Muitos se enfurecerão com esse escrito, mas tudo bem, em sendo Maçom, já me acostumei com a ira e a intolerância dos meus diletos irmãos.

Ser Maçom, de verdade, é a tarefa mais árdua da maçonaria. É realmente estar inserido nesta sociedade, e permitir que ela se insira e aja no seu coração e atitudes.

É mais se doar como pessoa, saber ouvir, respeitar as posições e contra pontos adversos de seus irmãos. É reconhecer a todos, absolutamente todos, de forma indistinta, primando somente pelos Old Charges, os Velhos Costumes.

Sem Estar aprisionado, às convencionalidades mundanas e humanas, que se interpuseram institucionalmente entre os que estão e são, como meio de mediação separatista, dicotomizadora, segregacionista.

Como critério classificatório de quem legitimamente é ou está. Na somatória única, todos, hora estamos e hora somos, movidos nessa maré babelistica, que como canto de sereia, nos entorpece a consciência e os ouvidos e perdemos o senso real.

Ser ou estar, é optativo, cabe a cada um de nós esta opção.mas vale muito a reflexão, de que sendo ou estando Maçom, assim o sou, porque somente eu adentrei ao umbral, e não permiti ser adentrado pela instituição?

O princípio da falência ordinal, foi deixar a vaidade adentrar. A resignificação é possível, se voltarmos ao empirismo, onde todos éramos e não estávamos.

Texto Reflexivo De Um Eterno Aprendiz

Alfonso Rameta Dos S. Neto

 

 

 

 

SER RECONHECIDO MAÇOM…


 

Para alguém ser considerado maçom, primeiramente terá de ser reconhecido por outro como tal. Depois terá de passar por um conjunto de processos após os quais será aceite (ou não) por uma Respeitável Loja e a sua consequente Iniciação.

Mas não é tão fácil como o parágrafo anterior se apresenta, mas também não será tão difícil como se poderá supor.

Nas Maçonarias tipicamente anglo-saxônicas é usual a célebre afirmação “2B1ASK1”, ou seja, “To Be One, ask One” (Para ser Um, Pergunte a Um; numa tradução literal), o que permitirá mais facilmente atrair mais gente a esta Augusta Ordem.

Mas por norma, qualquer Obediência (Potência Maçônica) tem um domicílio físico, isto é, uma porta onde se poderá bater no caso de que algum potencial candidato que se interesse ou identifique com os princípios e causas maçônicas se puderam dirigir caso não tenha nenhum conhecido que seja maçom na sua lista de contatos ou esfera de influência. Ou também, o que sucede bastantes vezes, não tenha sido reconhecido ainda por algum outro maçom.

Mas que “reconhecimento” é esse que acabei de falar?!

Nada mais nada menos que tal como os maçons afirmam, que se reconheça em alguém que seja uma pessoa “livre e de bons costumes”, com um comportamento probo e honesto; que seja alguém considerado com bom “pai de família” e um bom colega de trabalho pelos seus pares; que esteja inserido na sociedade onde viva e que tenha vontade em aprender e partilhar o que sabe com outrem; bem como ter também à vontade em auxiliar o seu semelhante.

Todavia, e aqui algo que poderá criar confusão na mente de algumas pessoas, o candidato terá de ser alguém com defeitos, ou seja, alguém que identifique e reconheça os seus defeitos pessoais e tenha a vontade e ambição de mudar o seu comportamento para melhor – “vencer os seus vícios e paixões”… – evoluindo como pessoa e ser humano que é através de uma via espiritual e iniciática que neste caso preciso é a Maçonaria.

Em geral, em minha opinião, não é a simples pertença na Maçonaria que tornará “homens bons” em “homens melhores”, antes pelo contrário, serão os homens que poderão tornar a instituição maçônica em algo melhor; pois as suas atitudes estarão sob o escrutínio da Sociedade. Os maçons são os seus próprios “juízes e carrascos”, o resto é conversa…

A Maçonaria através das suas “ferramentas filosóficas e espirituais” é que pode auxiliar na evolução pessoal de cada um em direção a um aperfeiçoamento moral e comportamental. Por isso é que é hábito em maçonaria se afirmar que “a Ordem não procura homens perfeitos”, pois esses já trilharam o seu caminho…

À Maçonaria interessa sim, quem deseja mudar, mas mudar para melhor…

Somente atuando assim, é que alguém pode um dia esperar ser reconhecido como maçom. Mas não lhe bastará apenas ter sido reconhecido, há que continuar nesta senda de perfeição, caso contrário, as palavras, as atitudes, os comportamentos serão vãos e apenas tudo culminará numa perda de tempo para ambas as partes, tanto para a Respeitável Loja e Obediência que o acolha, quanto para o próprio, que será passível de perder um reconhecimento que por regra não é atribuído a qualquer um!

Tanto que por isso, sempre após uma possível “identificação maçônica” num profano ou após a submissão de um pedido de candidatura de adesão a uma Respeitável Loja, é desencadeado um conjunto de diligências, nomeadamente um processo de inquirição, para que se possa averiguar qual a conduta do suposto candidato a iniciar. Seja através de conversas com o próprio ou com seus familiares e/ou amigos, para que se possam aferir quais as reais intenções de quem deseja que “a porta lhe seja aberta”…

É que fortuitamente e como em qualquer instituição ou associação onde entre o bicho-homem, também por vezes a Maçonaria tem alguns erros de casting que acabam por manchar a reputação dos demais maçons e influenciar negativamente a opinião profana sobre a Maçonaria e os seus membros. E geralmente são estes casos que vêm a público, pois o bem que a Maçonaria faz, apenas fica resguardado para ela…

E, mesmo depois de ter terminado o processo de inquirição respeitante a um candidato, o mesmo ainda terá de ser sufragado pela Respeitável Loja que o irá cooptar no futuro. E somente após essa decisão da loja, será ou não iniciado.

Por isto tudo, é que afirmei no início que não seria difícil entrar na Maçonaria, mas que por sua vez também, não será tão fácil assim como se poderia supor.

Finalizando e em jeito de conclusão, tenho para mim que antes de se entrar na Maçonaria e se obter qualquer tipo de reconhecimento, já a Maçonaria “entrou dentro de nós”…

Nuno Raimundo

Publicado no Blog “A partir pedra”

 

OS ANTIGOS LANDMARKS DA ORDEM, COMENTADOS


 

Este trabalho Maçônico não visa discutir de quem ou quais Landmarks estão certos ou errados para a Ordem Maçônica.

Alguns autores maçônicos dizem que, para que uma norma maçônica seja considerada um verdadeiro limite, ela deve ser imemorial, espontânea e universalmente aceita.

Para nós o que importa é a obediência às Leis da Potencia Maçônica a qual nós pertencemos.

O intuito é adquirirmos um pouco de informação sobre o que é, e como surgiram os Antigos Landmarks da Ordem.

Antigos Landmarks da Ordem

Numa tradução livre temos: marco de limite, ou seja, o ponto máximo que não se deve ou não se pode ultrapassar. (Livro Cultura Geral Maçônica do Ir. Hailton Meira da Silva pág. 175); ou,

Segundo o Livro “O Delta Luminoso” de Rizzardo da Camino na pág. 75: “Landmark, constitui o marco escrito que fixa o ponto de partida para que a Maçonaria seja considerada Regular e aceite em todo o mundo”.

Como surgiram os Landmarks?

Com efeito, a expressão “Landmarks”, tem significado, ao pé da letra, na língua inglesa, de ”marcação de terra” (land = terra e mark = marca para limites entre duas ou mais áreas de terra).

Esta nomenclatura foi inspirada no Velho Testamento – Provérbios, 22,28 e 23,10:

“Não removas os antigos limites que teus pais fizeram” e “não removas os antigos limites nem entre nos campos dos órfãos”. Deuteronômios, 19,14: “não tomarás nem mudarás os limites do teu próximo que os antigos estabeleceram na tua propriedade”

Esta palavra surgiu pela primeira vez na compilação dos Regulamentos Gerais de 1721, incluídos na Constituição de James Anderson.

1° – Os processos de reconhecimento são os mais legítimos e inquestionáveis de todos os Landmarks. Não admitem mudança de qualquer espécie.

Comentários: Desde o primeiro Landmark notamos que a obediência deve ser uniforme e global. Todos os 25 Landmarks devem ser respeitados e obedecidos, a violação de um só Landmark equivale à desobediência de todos eles.

2° – A Maçonaria Simbólica é dividida em três graus imutáveis que são os de Aprendiz, Companheiro e Mestre.

Comentários: Este Landmark define uma Maçonaria com três graus: Aprendiz, Companheiro e Mestre, inspirando-se na construção do Templo de Salomão. Podemos afirmar também que o sistema de três graus parte do ano de 1723 com o Livro das Constituições, pois na Idade Média a Maçonaria classificava os seus membros em Aprendizes e Companheiros e o grau de Mestre era dado ao dirigente.

Com as sucessivas eleições passou assim a constituir um grau à parte e hoje é dado o nome de “Mestre Instalado”, ou “Past Master” aqueles que exerceram a Venerança.

3° – A lenda do terceiro grau deve ter a sua integridade respeitada. Qualquer Ritual que a excluísse ou que a alterasse cessaria por isso mesmo de ser um Ritual Maçônico.

Comentários: A lenda do 3° Grau só foi introduzida depois da criação da Primeira Grande Loja, a partir de 1724, é universalmente aceita e origina-se de uma lenda cujos fundamentos são encontrados na História Sagrada quando da construção do Templo de Salomão.

4° – O governo da fraternidade é presidido por um Oficial denominado Grão-Mestre, eleito pelo povo Maçônico. Se o atual sistema de governo legislativo por Grandes Lojas fosse abolido, sempre seria mister a existência de um Grão-Mestre.

Comentários: Com a fundação da Primeira Grande Loja em 1717, foi eleito o primeiro Grão-Mestre Anthony Sayer. Antes da Primeira Grande Loja, as Lojas eram livres, trabalhando independentemente umas das outras e eram dirigidas cada uma delas por um Máster.

Agora vamos a uma citação do Livro “O Delta Luminoso” de Rizzardo da Camino pág. 89:

…Desde o início verifica-se que a atuação do Grão-Mestre não depende de outra autoridade.

Enganam-se os que julgam que a Maçonaria foi ou deva ser um governo democrático, assim como são os governos civis na sua grande maioria.

Sem ser despótico, o governo maçônico apresenta-se como uma autoridade hierárquica. …Nenhuma Loja e nenhum Maçom poderá ser considerado regular se não se submeter às determinações do seu Grão-Mestre.

…A obediência passa por escalões hierárquicos, sendo assim, um membro de uma Loja, que não ocupe qualquer cargo, receberá as determinações de um superior hierárquico que por sua vez já as cumpriu e tem a experiência necessária para esclarecer o modo do cumprimento para que qualquer dúvida já esteja dirimida e para que não haja dificuldade para o Aprendiz em obedecer.

5° – É prerrogativa do Grão-Mestre presidir todas as reuniões maçônicas ocupando o trono quando se ache presente.

Comentários: Vamos a mais uma citação do Livro “O Delta Luminoso” de Rizzardo da Camino pág. 90:

…Trata-se de um direito decorrente da posição hierárquica. Sendo o Grão-Mestre a mais alta autoridade maçônica, é obvio que quando presente, a ele deva ser entregue a direção da Loja e dos trabalhos, que, contudo, poderá agradecer e devolver.

Seria impraticável uma reunião não presidida pelo dirigente máximo, estando ele presente; haveria uma diminuição de autoridade e uma subversão da ordem hierárquica, como também, um desrespeito à autoridade constituída.

Quando um Grão-Mestre entrar, no início ou durante os trabalhos, nem sequer aguardará o convite para assumir o “malhete”, pois sua prerrogativa autoriza tomar o lugar do Venerável, espontânea e automaticamente.

Nas cerimônias de Iniciação, Regularização, Exaltação ou Elevação, bem como da formação de uma Cadeia de União, ou qualquer ato festivo ou litúrgico, quando presente o Grão-Mestre e, assim o desejando ele, os trabalhos, pelo mesmo serão dirigidos.

Caso outras autoridades maçônicas acompanhem o Grão-Mestre, estas ocuparão imediatamente os lugares que lhes pertencerão por força das suas posições hierárquicas.

6° – É prerrogativa do Grão-Mestre conceder licença para conferir graus em tempos anormais, os estatutos maçônicos exigem um mês ou mais para o tempo que deve transcorrer entre a proposta e a recepção do candidato. O Grão-Mestre, porém, tem o direito de pôr de lado ou dispensar essa exigência e permitir a iniciação imediata.

Comentários: Este Landmark desrespeito ao interstício que são regulamentados e dependem das próprias disposições das Lojas quanto em avaliar a preparação do Maçom para o aumento de salário, contudo em casos especiais, e em face de necessidade que possa surgir, o Grão-Mestre, a pedido, poderá por meio de “placet”, dispensar o prazo intersticial.

7° – É prerrogativa do Grão-Mestre dar autorização para fundar e manter Lojas. Em virtude dela, pode conceder a um numero suficiente de Mestres Maçons o privilégio de se reunir e conferir graus. As Lojas assim constituídas são chamadas “Lojas Licenciadas” e, qualquer que seja o prazo da sua existência, podem ser dissolvidas por ato seu.

Comentários: As denominadas “Lojas Licenciadas”, são fundadas no período desejado pelo Grão-Mestre, que autoriza um grupo de Irmãos a trabalharem, conferirem graus e administrarem instruções. Muito raro é ver uma “Loja Licenciada”, mas isso poderá ocorrer em tempos de calamidade pública, guerras ou perseguições.

8° – É prerrogativa do Grão-Mestre criar Mestres Maçons por sua deliberação. Para tanto, o Grão-Mestre convoca em seu auxílio seis outros MM MM pelo menos, forma uma Loja e, sem nenhuma prova prévia, confere os graus aos candidatos. Feito isto, dissolve a Loja e despede os Irmãos. As Lojas convocadas por esse meio são chamadas “Lojas Ocasionais ou de Emergência”.

Comentários: Este Landmark também é conhecido como a prerrogativa do Grão-Mestre em Iniciar Maçons “à vista” e também em conceder-lhes graus com a dispensa de cerimoniais, a exemplo disso podemos dizer que um profano que sempre teve intenso desejo de ser Maçom, vendo chegar à morte, chama o Grão-Mestre e lhe suplica receber o juramento porque, o seu último desejo será morrer investido na qualidade de Maçom. Na prática temos um caso bastante conhecido na Maçonaria que é a Iniciação de D. Pedro I.

9° – Os Mestres Maçons devem-se congregar em Lojas com o fim de se entregarem as tarefas operativas. Antigamente, estas reuniões eram ocasionais e esporádicas, sem lugar certo para a reunião. Convocadas para assuntos especiais eram dissolvidas, separando-se os Irmãos para de novo se reunirem em outros pontos e em outras épocas. O sistema de Lojas com Cartas Constitutivas e regulamentos internos é de um período mais recente.

Comentários: O homem sente necessidade de viver em comunidade. O pior dos males que possa ocorrer a alguém é a solidão. A finalidade da criatura humana é constituir família para garantir a subsistência da espécie e viver agrupado. O termo Loja deve ser entendido nos seus dois sentidos: o Templo material e o Templo espiritual. O Corpo Místico da Loja, evidentemente, é a congregação dos seus membros. O princípio do 9° Landmark, diz respeito a esta dupla definição.

Loja será a reunião de maçons investidos nos seus cargos, desenvolvendo um ritual, obedecendo às normas constitucionais e regulamentares, dentro de um Templo consagrado, o que conduz, outrossim, ao entendimento de que o Maçom filiado a uma Loja tem a obrigação de frequentar, sempre que possível, as suas reuniões. As tarefas operativas, talvez não exigissem uma presença constante, mas nos dias atuais, as tarefas especulativas conduzem a uma presença constante, porque o homem no mundo moderno se desgasta rapidamente e as suas forças espirituais devem encontrar renovação urgente.

10° – O governo da Fraternidade congregada em Loja só é válido e legal quando exercido por um Venerável e dois Vigilantes. Qualquer outra denominação desses três dirigentes não confere à reunião o reconhecimento de Loja.

Comentários: A forma de governo de uma Loja por um venerável e dois Vigilantes é tradicional. Desde os tempos dos colégios romanos é conhecido que três ou mais formam um colégio. É por isso que o mínimo de três elementos constitui uma das bases de uma Loja e o 10° Landmark evidencia a necessidade de uma Loja possuir um Governo e obviamente este Governo deverá estar presente às reuniões, bem como, se pressupõe que o mesmo seja regularmente eleito.

11° – A Loja, quando reunida deve estar a coberto. O Guarda do Templo deve velar para que o local das reuniões esteja absolutamente vedado à intromissão de profanos. É seu dever guardar a porta do Templo, evitando que se ouça o que dentro dele se passa.

Comentários: O 11° Landmark não deve ser compreendido, apenas, no sentido material, mas sim, conjugado ao mais alto sentido espiritual, que surge misticamente, através de um som musical, de uma luminosidade adequada e de odor de um incenso apropriado.

12° – Cada Irmão tem o direito representativo nas reuniões gerais da Fraternidade. Antigamente, cada Irmão representava-se por si mesmo. Hoje, porém, nas Grandes Lojas, só tem direito assistência os Veneráveis, sendo os Irmãos representados pelos seus oficiais. Apesar dessa concessão, feita em 1717, nem por isso deixa de existir o direito de representação.

Comentários: Nas reuniões gerias outrora chamadas de Assembleias Gerais, todos os Irmãos, inclusive Companheiros e Aprendizes, tinham o direito de presenciar as Assembleias e votar, foi quando, ainda inexistindo um Constituição, o primeiro Grão- Mestre Anthony Sayer estabeleceu a forma de representação que as Lojas deviam ter nas Assembleias trimestrais, a fim de evitar a presença de todos os maçons, limitando essa representação ao venerável e Vigilantes de cada Loja, portanto trata-se de um Landmark moderno, mais um principio fundamental estabelecido para a boa marcha administrativa. De qualquer forma, cada Maçom encontra-se representado nas reuniões pelos seus Veneráveis, 1° e 2° Vigilantes e ou Mestre Maçom da sua Loja.

13° – O direito de recurso de cada Maçom, das decisões dos seus Irmãos em Loja para a Grande Loja ou Assembleia Geral dos Irmãos, é um Landmark essencial para a preservação da justiça e para prevenir as opressão.

Comentários: Mesmo que se possa considerar este Landmark como instituído após 1717, faz parte de um todo admitido como regra áurea por todos os maçons e hoje os recursos abrangem, não só, direitos individuais, mas posições administrativas, decisões que digam respeito a ornamentações, festividades e outras que não envolvem punições ou expulsões. As constituições e Regulamentos, obviamente, contem dispositivos próprios neste sentido.

14° – Todo Maçom tem o direito de visitar e tomar assento em qualquer Loja. o consagrado “direito de visitar” sempre foi reconhecido como direito inerente a todo Irmão em viagem pelo Universo. Desta Forma, as Lojas são encaradas como meras divisões por conveniência da família maçônica universal.

Comentários: O conceito de “visitar” deve ser interpretado como o direito de todo Maçom ser recebido numa Loja. Este princípio decorre de que cada Maçom é um elo de uma corrente e que tem o seu lugar não só assegurado como necessário em qualquer Loja. Hoje apesar da grande tolerância existente, numa Loja regular, somente são admitidos visitantes que se originem de outra Loja regular e que sejam, ou portadores de documentos ou possuam a palavra semestral atualizada (15° Landmark).

Esotericamente uma Maçom pode estar presente numa reunião sem lá conduzir o seu corpo material, pois, para o espírito, não poderá haver “porta” de entrada e nem proibições.

15° – Nenhum visitante desconhecido dos Irmãos de uma Loja pode ser admitido como visitante sem que seja primeiramente examinado conforme os antigos costumes. Este exame só pode ser dispensado se o Maçom for conhecido de algum Irmão do Quadro que por ele se responsabilize.

Comentários: É o chamado “Telhamento”, mais conhecido como “Trolhamento”.

16° – Nenhuma Loja se pode intrometer em assuntos que digam respeito a outras, nem conferir graus a Irmãos de outros Quadros.

Comentários: A obediência aos Landmarks e Preceitos Antigos não traduzem dependência, mas sim princípios básicos. A obediência às Constituições (cada Grande Loja possui a sua própria constituição) decorre que cada Loja aprovou a sua Constituição. Este Landmark vem apenas lembrar-nos que as decisões das loja são soberanas, apenas tendo os seus membros o direito de apelo a uma Autoridade Superior, em casos previstos e aceito por todos. (13° Landmark).

17° – Todo o Maçom está sujeito às leis e regulamentos da jurisdição maçônica em que residir, mesmo não sendo membro de qualquer Loja. a não filiação é já por si uma falta maçônica.

Comentários: No princípio cada Maçom era julgado pelos seus próprios pares dentro da sua Loja. Com o surgimento das Grandes Lojas, além das decisões privadas de cada Loja, passou o Maçom a contar com o recurso de um julgamento em segunda instancia pela sua Grande Loja e este Landmark além de nos lembrar do 13° Landmark, também evidencia a necessidade de todo Maçom está reforçando as colunas da Maçonaria Universal, filiando-se em alguma Loja, seja como e onde estiver.

18° – Os candidatos a iniciação devem ser isentos de defeitos físicos ou mutilações, livres de nascimento e maiores. Uma mulher, um aleijado ou um escravo não podem ingressar na Fraternidade.

Comentários: É óbvio que este Landmark tinha foco para uma determinada época e é sabido também que se tem admitido candidatos portadores de defeitos físicos que não prejudiquem a ritualística e que esses mesmos resultam em maçons impecáveis, mesmo assim nós não estamos aqui para questionar este Landmark, seja porque não existem mais escravos ou porque a mulher tem conseguido bastante equiparação social junto ao homem, nada disso nos importa e sim o cumprimento deste Landmark conforme veremos mais adiante com 25° Landmark.

19° – A negação da crença no GADU é impedimento absoluto e insuperável para a iniciação.

20° – Subsidiariamente a esta crença é exigida a crença numa vida futura.

Comentários: O candidato para ser admitido Maçom, presta juramento em obediência aos rituais. Os juramentos são dirigidos a “algo” Superior, pois, sempre, o ser humano, desde os nossos indígenas até as sociedades primitivas, colocava os seus destinos e interesses aos cuidados de uma divindade.

A Maçonaria designa Deus como o Grande Arquiteto do Universo, abrangendo assim, toda gama das “personalidades” de Deus, como Ser criador e atuante, não só no mundo, como no Universo todo e em todos os sentidos, portanto a adoção do 19° Landmark, não diz respeito à aceitação do que não pode ser explicado, mas sim, como princípio de “obediência” ao conjunto dos 25 Landmarks.

O candidato, sempre é posto a par, isto antes de ser aceito e durante o cerimonial de iniciação, da obrigatoriedade de obediência às Leis da Maçonaria. Nenhum candidato é obrigado a entrar na Maçonaria, mas se assim deseja, deverá ou aceitar a crença em Deus por convicção, ou em obediência às Leis da Maçonaria. Conjuntamente a este sentido de que a Maçonaria não quer discutir a existência de Deus ou não, também ela no 20° Landmark não quer discutir a reencarnação ou a ressurreição numa vida após a morte e sim que o candidato encerrado na Câmara de Reflexão possa encontrar os elementos da morte e penetrando nos seus mistérios analise a retrospectiva do que fez e como usou a sua vida, para que morrendo simbolicamente, possa renascer e retornar a vida como um verdadeiro Maçom.

21° – É indispensável à existência no altar de um “Livro da Lei”. Não cuidando a Maçonaria de intervir nas peculiaridades da fé religiosa dos seus membros, esse livro pode variar conforme os credos.

Comentários: Este Landmark fala-nos do Livro da Lei, porém na verdade é o Livro Sagrado ou Livro da Lei Moral, Bíblia, Alcorão, Torá, Talmud, etc.…, pois mais adiante no mesmo Landmark fala-se em fé religiosa e credos, portanto não caberia colocarmos como Livro da Lei, por exemplo, a Constituição Federal do nosso país ou mesmo a Constituição e Regulamento Geral da Grande Loja.

Cada povo terá a presença do Livro Sagrado que representar a sua fé, pois a presença do Livro Sagrado (Livro da Lei Moral) constitui a prova da liberdade de culto, porque em cada país a Maçonaria terá o Livro da fé da maioria dos seus membros.

A leitura do Livro sagrado e ou Livro da Lei, dentro dos nossos Templos, sempre constituiu parte importante e altamente cerimoniosa, porque a “palavra” foi dada para ser obedecida, e a renovação da sua leitura, sendo já conhecida por todos, no dia a dia, assume novos aspectos despertando assim, o homem por um caminho tranquilo e traçado em seu beneficio pelo Grande Arquiteto do Universo.

22° – Todos os MM MM São absolutamente iguais dentro da Loja, sem distinção de prerrogativas profanas, de privilégios que a sociedade confere. A Maçonaria a todos nivela nas reuniões maçônicas.

Comentários: Não podemos confundir a hierarquia Maçônica com as prerrogativas profanas e nem com os privilégios que a sociedade confere, posto que a existência desta hierarquia Maçônica constitui a garantia da sua continuidade, todavia, realmente há, em caso de proteção, de conjunto, de nomenclatura, igualdade entre os maçons, sem distinção de graus, porém como poderiam existir Aprendizes sem os Mestres e estes como se poderiam classificar sem um órgão superior a orientá-los?

Os Aprendizes têm o direito de voto igual a todos; o direito de frequência e de participar em todos os atos litúrgicos concernentes ao seu Grau, contudo, não se poderá admitir que um Aprendiz recém advindo possa conhecer todos os aspectos administrativos da Loja e possa tomar parte nas decisões relevantes.

A Aprendizagem deve ser longa, isto em qualquer sector intelectual e prático e somente o conhecimento é que fará do indivíduo um profissional competente, portanto, a diferença ou discriminação diz respeito, apenas ao “tempo”, eis que, todo Aprendiz consciente da sua responsabilidade, em tempo breve, atingirá os graus necessários para a sua plenitude maçônica.

23° – Todos os conhecimentos recebidos pela iniciação, tanto os métodos de trabalho como as lendas e tradições devem ser conservados secretos e só podem ser comunicados a outros Irmãos.

Comentários: A Maçonaria não é uma sociedade secreta. O segredo maçônico deve ser entendido em duas formas: o segredo da Instituição e o segredo dos Rituais. Hoje, a Instituição não necessita mais manter-se no ostracismo, em secreto, hoje, maçons desfilam paramentados, por ocasião de festividades pátrias e maçônicas, porém, mantém-se o segredo, sobre as palavras de ordem, de passe, semestral, os sinais, as saudações e as decisões que devam ser mantidas em reserva. O segredo ritualístico deve ser mantido em obediência aos juramentos e esta atitude, demonstra o fiel cumprimento deste Landmark.

24° – A Maçonaria fundou-se em ciência especulativa segundo métodos operativos e o uso simbólico, explicando estes métodos e os termos nele empregados com o propósito de ensinamento moral. É indispensável à preservação da lenda do Templo do Rei Salomão.

Comentários: A Maçonaria atual é a que chegou até nós, após a sua reestruturação em 1717. Este Landmark diz respeito a esta maçonaria relativamente moderna, por isto, coloca a “moral” e a “religião” como resultado do trabalho operativo e especulativo.

O ensinamento moral e religioso não deverá ser confundido com a moral comum ou com uma determinada religião, pois a Maçonaria aceita nos seus ensinamentos um princípio religioso, mas no sentido de religação, entre a mente humana e o Poder Supremo, portanto diz-se com muita propriedade que os símbolos possuem a sua própria linguagem, e que os símbolos falam, é preciso então desenvolver os sentidos de audição espiritual, para ouvir a voz dos símbolos, e estes estudos, esta dedicação, nada mais é que um acato e obediência ao 24° Landmark, onde a lenda da construção do Templo de Salomão é rica simbolismo e ensinamentos filosóficos.

25° – O último Landmark é o que afirma a inalterabilidade dos anteriores, nada lhes podendo ser acrescido ou retirado, nenhuma modificação lhes podendo ser introduzida, dentro da seguinte regra: “Assim como dos nossos antecessores os recebemos, assim os devemos transmitir aos nossos sucessores.”

Comentários: Este Landmark induz-nos para uma questão burocrática, querendo mostrar que não podemos alterar acrescentar ou retirar qualquer coisa nos Landmarks anteriores, mas se observamos bem resume todo ensinamento Maçônico, tanto operativo como especulativo, pois a última frase indica verdadeiramente como devemos receber e transmitir a boa herança da nossa Ordem seja na parte de liturgia, esotérica ou administrativa.

Conclusão

Como a nossa Ordem tem como fundamento básico a tradição, até hoje, esses “Landmarks” de Mackey são rigorosamente observados e ninguém pensa em alterá-los. É verdade que, de vez em quando, alguém revestido de vaidade e presunção apresenta teses para “atualizar” os Landmarks, mas são pregadores do deserto que não conseguem ser levados a sério.

Os 25 Landmarks trazem-nos uma Ordem Maçônica completa, tanto sob o ponto de vista administrativo, como litúrgico e místico.

Alberto Mendes, M M

Bibliografia

Cultura Geral e Maçônica no Brasil e no Mundo, Hailton Meira da Silva – Ed. Menthor Textual

O Livro Secreto da Maçonaria, Lourivaldo Perez Baçan – Ed. Universo dos Livros.

O Delta Luminoso, Rizzardo da Camino – Ed. Aurora.

 

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