SIC TRANSIT GLORIA MUNDI?


Há algumas frases e mesmo simples palavras que aparecem nos rituais maçônicos e passam despercebidos por todos nós. Acreditamos que estão ali apenas para compor um contexto maior ou mais significativo.

Na verdade estas frases são as verdadeiras instruções e as simples palavras, “sementes de mostarda”.

É preciso à leitura crítica e o espírito especulativo para realmente entender o que é o Grau.

Alguém em sã consciência pode acreditar que podemos transmitir toda filosofia, toda ética, toda moral e todas as instruções do Grau de Aprendiz em um livro de menos de 100 páginas? O que recebemos de nossas Potências (rituais) é apenas um “Fio de Ariadne”.

Retornando ao tema, precisamos primeiro traduzir literalmente e corretamente a frase: “Sic transit gloria mundi” = “Assim passa a glória DO mundo”.

Destaquei o “DO” para que os Irmãos verifiquem no seu ritual se consta “DO” ou “NO”, se estiver impresso “NO”, por favor, sem constrangimento corrijam. Certamente foi um erro de digitação. É preciso a correção para não se perder toda a essência da instrução. Observem bem: 

Assim passa a glória no Mundo! Fica-se para trás (passa) a glória NO mundo profano, levamos ela (a glória) para o outro mundo? 

Assim passa a glória do Mundo! Podemos compreender que as glórias (títulos, medalhas, diplomas, honrarias), passam, ficam aqui! É preciso algo mais, do que ser simplesmente INICIADO (ter um início). 

Lembre-se em que momento é usado esta frase e trancem paralelos com outra muito interessante: “Se és apegado às distinções humanas, retira-te, pois nós aqui não as conhecemos.”

Eu particularmente creio que a frase mais correta seria: “O quam cito transito gloria mundi” (o quão rapidamente passa a glória do mundo). Esta frase consta no livro Imitação de Cristo, escrito por volta do ano de 1418 pelo Monge Tomás de Kempes. 

Então foi desse livro que a Maçonaria pegou a frase? Não! Por mais incrível que possa parecer, copiamos a frase e o momento, de uma das mais importantes liturgias da Igreja Católicas. Somente os Irmãos que nascem antes da década de 60 é que podem se lembrar de como eram as coroações papais até Paulo VI. 

O Papa recém escolhido, após uma missa, sentava em trono finamente trabalhado que tinham do lado rente aos pés dois travessões. Depois de acomodado, era erguido por 12 homens (seis de cada lado) e partia em promissão pela Praça de São Pedro.

Durante suas “viagens”, por três vezes, o Mestre de Cerimônias se punha a sua frente e segurando pedacinhos de panos em brasa (que soltavam fumaça) dizia em voz alta e enérgica: “- Sancte Pater, sic transit gloria mundi!” (Santo Padre, assim passa a glória do mundo!). 

E a cada parada o Mestre de Cerimônias dizia três vezes, ou seja, três vezes três. Este trono móvel tem o nome de Sedia Gestatória, hoje usam o tal do “Papamóvel” (blindado). Realmente não há como mantermos as tradições, afinal o mundo está em constante transformação.

Podemos e devemos adequar os nossos labores a realidade profana, mas jamais permitir o sacrilégio dos nossos princípios, da moral, da ética e das instruções maçônicas.

Mesmos nos mais escabrosos caminhos, a retidão de nossos passos devem deixar pegadas de homens justos e de bons costumes, afinal sabemos da transitoriedade da matéria e de tudo que a cerca. “Só levamos da vida, a vida que a gente leva.”


INICIAÇÃO COMO OBJETIVO DE VIDA


Muito se tem escutado e transmitido sobre este tema ao longo de várias eras, algumas confusões têm gerado é certo, mas, também, muitas verdades têm sido reveladas.

Umas transcritas a partir de personalidades que acabamos por assimilar e sobrescrever e outras, que, apesar de influenciadas pelas primeiras, são, deliberadamente, o resultado do nosso próprio trabalho interior.

Tal como Dante Alighieri, teremos que iniciar a descida ao interior de nós mesmos, ao Inferno das Paixões e dos Vícios, com a consequente luta contra os nossos próprios demônios, culminando na subida em direção a uma luz paradisíaca, que, apesar de inatingível, será, sempre, um objetivo para além mesmo deste ciclo temporal! VITRIOL - Visita Interiora Terrae Retificando Invenies Occultum Lapidem (Visita o interior da Terra e, retificando, encontrarás a Pedra Oculta).

No entanto, não estamos sós… Teremos, sempre, um Virgílio que, sabiamente, guia-nos, afastando-nos dos obstáculos difíceis e nos entrega nos braços da “Donna Angelicata” (da bela Beatriz).

A Iniciação é, de fato, um ponto de viragem em nossa existência, neste plano. Nos antigos, a Iniciação era tratada como um conjunto de provas, que determinavam a capacidade de um jovem atingir a maioridade e as responsabilidades inerentes.

As provas passavam pelo campo físico, intelectual, moral e, por vezes, espiritual, no caso de alguns eleitos. O armar de um cavaleiro era precedido de um conjunto de provas de bravura no campo de batalha, que não se resumiam, somente, ao número de vidas ceifadas ao inimigo, mas a sua postura entre os demais, que lhe garantiam o respeito e a admiração – a honra.

 Assim como no passado, todos nós temos que vencer os 12 Trabalhos de Hércules, se pretendermos aspirar à Imortalidade, que é, objetivamente, o resultado da Iniciação.

Para vos dar um exemplo prático deixo-vos as seguintes perguntas, que devemos permitir-nos sentir no silencio do nosso Ser: Quantas vezes, durante o dia, ousamos agir de forma correta, mesmo com aqueles que não o são conosco? Quantas vezes conseguimos resistir aos estímulos destrutivos da mente como a inveja, a cobiça, o ciúme, a raiva, a culpa ou o ressentimento? Quantas vezes sentimos felicidade na presença de coisas simples como um pôr-do-sol, uma obra de arte, um relacionamento estável?

Temos consciência que a Verdadeira Iniciação não é um processo fácil, nem igual para todos qualitativamente. Pode durar uma vida inteira para se ascender ao mesmo que outros, apenas, necessitam de um pequeno instante! Pode mesmo nunca chegar a manifestar-se.

Meus Irmãos, de fato, não somos todos iguais! Somo-lo, apenas, na condição de seres humanos que ao baterem à porta do Templo, trouxeram dentro do seu coração a pretensão de ascender a algo superior, à realidade da qual vivemos, apenas, na sombra.

O desenvolvimento espiritual que se traduz na capacidade de sentirmos a voz interior, com uma intensidade e frequência cada vez maiores… é e, sempre, foi o que diferenciou os homens! Já alguém disse: “não há boas nem más pessoas, o que existe são pessoas mais ou menos conscientes, mais ou menos elevadas, espiritualmente”.

Lembrem-se da alegoria da Caverna de Platão, e ousem olhar lá para fora! Recuando um pouco na trajetória individual, importa dizer que para iniciarmos o processo de Iniciação é preciso estar preparado, estar vigilante “não colocarás vinho novo em vasilhas velhas” diz na Bíblia, o que isso quer dizer é que não se consegue implementar novas ideias em mentes cristalizadas e fechadas.

Assim, a Iniciação tem que ser preparada com alguma antecedência “abrindo novos caminhos e veredas para o Messias que está para vir”. O batismo Iniciático ritual é, objetivamente, um formalismo, tal como o são muitas das cerimônias que atravessamos ao longo da nossa vida.

No entanto, de que valem as cerimônias formais se carecem, na sua essência, do poder de transformarem os seus participantes? O que importa a beleza da cerimônia do matrimônio se os nubentes, antecipadamente, não partilharem, verdadeiramente, do seu amor? Meus Irmãos, nós não estamos na confraria dos aventais!

Lembrem-se que de cada vez que entrarem num lugar sagrado estão a sofrer, por si só, uma Iniciação: “descalçai as sandálias, pois o chão que pisas é sagrado”.

Para isso, é vos exigido que venham preparados. Em suma, desde que o homem seja, realmente, livre e de bons costumes, já conseguiu fazer o seu caminho de preparação para ser Iniciado. Quando conseguir viver no dia a dia esses princípios, ouvindo e seguindo a voz interior, então sim, deixou de ser neófito!

Quer na forma quer no conteúdo, o batismo Iniciático tem, ainda, uma particularidade em relação, por exemplo, com o religioso. O primeiro carrega o pretendente de uma responsabilidade, acrescida dado que prevê a participação de todas as faculdades do indivíduo no sentido do seu trabalho interior e da sua consequente elevação a Deus. 

O segundo, pressupondo que o indivíduo ascenda à divindade, apenas, pela fé, pela sua humildade e obediência constante ao dogma corporativo, desresponsabilizar-se, parcialmente, da sua escolha (muitas vezes essa cerimônia é praticada por vontade única da família, pois acontece na idade em que o batizando não tem consciência do processo).

Em suma, nada há de completamente errado ou certo em nenhum deles, o que importa é que cada um sinta, verdadeiramente, qual é o seu verdadeiro caminho e o percorra em consonância, responsabilizando-se pelas escolhas feitas.

O verdadeiro Mestre é aquele que, depois de passadas as suas provas iniciáticas, e fazendo uso da sua sabedoria (conhecimento aplicado), constrói o seu próprio dogma e o utiliza na edificação do seu templo interior. Não esquecer que o dogma ou mesmo ideal é, apenas, uma visão da verdade, logo, dependente do seu criador – duas pessoas com o mesmo nível de elevação espiritual e cultural não terão, necessariamente, a mesma visão, quando muito serão convergentes!

Meus Irmãos, em todas as épocas existiram Homens mais conscientes espiritualmente do que outros, e quando lhes foi concedido o poder temporal, eles lideraram a humanidade com sabedoria, consequentemente, esta evoluiu saindo das trevas em que se encontrava.

No entanto, quando a liderança caiu nas mãos de inconscientes, obcecados pelos brilhos materiais, tudo regrediu e as instituições mergulharam na letargia ou foram completamente demolidas.

Vejamos como exemplo, o que aconteceu, historicamente, ao Templo de Salomão, à Ordem do Templo, bem como tantas outras mais: a responsabilidade pela queda da humanidade e suas instituições é de todos aqueles que, elevados espiritualmente, não souberam manter-se desse modo.

É muito fácil, em qualquer ponto da nossa evolução interior, voltar a cair em patamares inferiores. Se a subida da Escada de Jacob é difícil, mais difícil é, ainda, nos mantermos lá em cima, porque maiores são os estímulos e maiores são as responsabilidades nas escolhas! E mais violentas serão as consequências!

Essas são as fundações interiores que o Homem terá que consolidar, para que possam manifestar-se no exterior, no mundo material, com todo o sucesso que se pretende atingir neste plano de vida.

As Ordens sendo instituições, são edificadas no mundo material – pórticos de matéria para o espírito, por isso, necessitam de homens renovados, pois só desses se espera a sua manutenção e evoluções futuras!


 Eurico Reis

A MORAL É A PEDRA ANGULAR QUE SUSTENTA O TEMPLO MAÇÔNICO?


Os grandes filósofos da humanidade têm intentado definir a Moral. Platão se pergunta se a virtude moral é um dom divino. Encontra-se nos homens por natureza? Ou, é possível sua aprendizagem? Aristóteles responde a Platão que a virtude se pode aprender, que esta não depende da natureza e não é uma disposição inata senão pelo exercício da liberdade.

Aristóteles, por sua vez, define a virtude moral como uma “disposição voluntária adquirida” (hábito) dirigida pela razão e que consiste no meio termo entre dois vícios. Porque dois vícios? Porque os extremos sempre se tocam (Recordemos a víbora que morde o próprio rabo - Uroboros), ambos são negativos.

Na maçonaria sempre se fala de coisas abstratas, pois sempre o que se maneja é intangível, mas não por este fato a não se chegar a visualizar, este se chega a observar nas ações do homem no mundo real. Aí é onde se molda o mundo abstrato que vive no nosso cérebro, mediante a projeção das ações.

Quando Aristóteles cita o meio termo entre dois vícios, quer dizer, que se chega amar tanto a ordem maçônica que poderá existir o perigo iminente de sermos uns fanáticos, loucos ou desequilibrados, ou, ao contrário, só empregaria para fins não muito honestos e se for à bandeira de nosso objetivo protagônico, daí o termo médio ou ponto de equilíbrio em nossa Câmara do medo.

Quando existe este meio termo surge à virtude. De maneira que a virtude moral se realiza na pessoa a partir do que sua razão o ensina como bom.

Aristóteles: A Virtude é um hábito, ou seja, se cria em nós e geramos este hábito mediante a prática, a repetição contínua nos realimentando, diz Aristóteles que fazemos justos praticando a justiça.

Generosos praticando a generosidade, para que exista a virtude deve haver luta, mas luta interna em nosso laboratório químico, entre o bem que se deve fazer e o mal que devemos evitar etc.

Aristóteles afirma que nem toda ação, nem toda paixão admite o meio termo, porque existem coisas ruins em si mesmas: paixões perniciosas em si mesmas como são a malignidade, o despudor e a inveja, e ações repugnantes em si mesmas o adultério, o roubo e o homicídio.

Daí que se observa o primeiro. Quais são as intenções? De quem ingressa à Ordem. No entanto, como exemplos de virtude cabe assinalar o Valor (meio entre a temeridade e a covardia), a Temperança (meio entre a intemperança ou libertinagem e a insensibilidade). Sendo a virtude mais importante no ser humano a da Justiça. 

Ainda, que é muito difícil que exista justiça humana, que em termos simples “é dar a cada o que é justo o que na justiça o chegue a corresponder” (perdoando o pleonasmo para ser mais explícito) tacitamente não haverá justiça divina.

Existe uma grande diferença marcante entre Amoral e Imoral. Amoral é um adjetivo que pode se aplicar a uma pessoa. Podemos citar: um trabalho realizado por alguém. 

Quando o termo se refere a um indivíduo, se o apresenta a este como despojado de sentido moral.

É imoral quando vai contra as leis que limitam os atos dentro do correto e que faz determinadas coisas sabendo que são maléficas. É dizer, o que pensa ou que atua de forma diferente a que o grupo social a qual pertence considera inadequado.

Uma ação imoral é diretamente oposta à moral e aos bons costumes. Isto significa que se trata de um comportamento ruim e incorreto. Em certas ocasiões à moral se dá crédito como um sentido, ter sentido Moral…?

Como os demais sentidos dos quais está facultado a ser humano.

Diferença entre ética e moral Aética, segundo a definiu Aristóteles (embora seja um conceito mais antigo), está relacionada com o modo de ser e o caráter. Refere-se ao conjunto de costumes, caráter e a disposição do homem na vida. É dizer, que a forma em que a pessoa atua de acordo às normas que regem essa sociedade.

De tal forma que considero que a moral está sujeita aos usos e costumes dos povos, as que se convertem em regras, posteriormente em normas e finalmente em leis, que se aplicam à sociedade para a boa convivência. De maneira que as leis emanadas dos usos e costumes sejam regidas e governem as sociedades.

1. Na ordem maçônica qual é a virtude moral que deve caracterizar o bom maçom? Transparência. Justiça Honestidade. Ou é uma utopia ou sonho impossível.

2. Podem existir na Ordem, Maçons que se desempenham com dupla moral? Será uma verdade?

3. Se na ordem maçônica se diz que em nossas Sessões estudamos a filosofia moral, para conhecer e praticar as virtudes. Existe alguma razão para esta (a moral) não se leve a efeito pelos maçons que dizem que a praticamos?

As virtudes morais são as perfeições da alma e mais exatamente da vontade e do caráter.

As virtudes, sempre, na maçonaria são abstratas, valores intangíveis e invisíveis, mas se estas chegam a penetrar a nosso cérebro e germinam as ideias, são para sempre e se convertem no órgão diretor de nossa existência “se é nossa vontade” como maçons, para ele não existe prova ou exame que o acredite, cada um sabe se subiu os degraus ou somente gastou em vão suas forças e dinheiro. Ou seguimos como profanos?


 Por J. A. de Casso Tradução livre feita por Juarez de Oliveira Castro Fonte: Loja Alferes

MAÇONARIA: DO PASSADO RUMO AO FUTURO


Convencionou-se a data de 24 de junho de 1717 como o marco de partida da moderna Maçonaria Especulativa. Sabemos hoje que nesse dia ocorreu a formalização da Grande Loja de Londres, em sessão ocorrida na taberna Goose and Gridiron, sendo essa formalização decorrente de trabalhos e contactos preparatórios entre quatro das Lojas então existentes na região de Londres e Westminter. O marco faz sentido, pois a criação da Premier Grand Lodge marcou a assinalável expansão da Maçonaria, primeiro no Reino Unido e rapidamente em toda a Europa e no resto do mundo.

Esta moderna Maçonaria Especulativa evoluiu a partir da então decadente estrutura de oficinas operativas que enfrentavam o espetro da obsolescência, em face da evolução das técnicas de construção e da própria sociedade.

Do velho e caduco fez-se novo, pujante e diferente. A Maçonaria Especulativa deu corpo, estrutura de enquadramento e divulgação e meios à ideologia racionalista, iluminista, experimentalista, que se afirmava em substituição do conhecimento escolástico herdado da Idade Média e apenas abanado pelo Renascimento. Constituiu também o cadinho de desenvolvimento da harmonização entre a Ciência e a Crença, entre a Razão e o Espírito, entre a Dedução e a Intuição.

A Maçonaria Especulativa é um dos elementos de derrube do Antigo Regime ideológico vigente na Europa, resultante de séculos de prevalência do Poder Eclesiástico sobre o Poder político, de organização política e social estratificada em classes estanques que inviabilizavam ou dificultavam a mobilidade social, assente na prevalência dos ditames religiosos sobre tudo o resto.

Os 300 anos desde então decorridos mostraram que a evolução em que se inseriu a Maçonaria especulativa, a ideologia que cultivou e divulgou e defende correspondeu à necessidade de evolução das sociedades. Da sociedade estratificada feudal ou pós-feudal então existente, evoluiu-se para novas formas de governo (Monarquias constitucionais e Repúblicas substituindo o Absolutismo, universalização dos princípios da separação de poderes e do exercício da soberania em representação do Povo, entendido como o conjunto englobando todos os cidadãos insertos numa dada unidade política), para novas e ainda em evolução formas de produção e distribuição econômicas (Liberalismo, Capitalismo, Está-Providência, Desregulamentação, Globalização, etc.),  para novas e cada vez mais avançadas e complexas formas de aquisição e divulgação do Saber, em todos os campos da Ciência.

A evolução da Ciência criou em muitas mentes, num primeiro (mas longo…) momento, o entendimento da existência de oposição entre a Ciência, o Conhecimento Científico, o Saber de experiência feito e a Religião, a Crença, o Espiritual. Para esse entendimento, o inevitável avanço da Ciência necessariamente constituiria o recuo, o declínio, a extinção da Religião.

Neste aspeto, a Maçonaria atravessou toda a recente evolução humana, social e científica com outra postura ideológica, a da Harmonização final da Ciência e da Religião, do Saber e da Crença. A dicotomia, a diferença, a aparente oposição entre Ciência e Religião resultam muito mais do que (ainda) o Homem não sabe do que daquilo que já aprendeu! Claro que o avanço da Ciência expõe os erros existentes em muitas crenças.

Evidentemente que a Ciência expõe, à medida que avança, os limites da Crença e obrigam a repensar ditames religiosos. Mas também existem limites à Ciência, à capacidade humana de tudo desvendar, de tudo revelar, de tudo aprender – e esses limites são expostos pela Religião, pela Crença!

Há trezentos anos, as sociedades européias laboriosamente percorriam o caminho de saída da concepção dogmático-religiosa do mundo. Hoje exploram as fronteiras do Conhecimento, buscando o horizonte para lá do horizonte, cada geração desvendando mistérios e aprofundando conhecimento como a geração dos seus pais não tomava por possível e a dos seus avós nem sequer imaginava.

A Ciência investiga o palpável, o concreto, o material. O espiritual, o intangível não é (ainda?) o seu campo. No entanto, cada vez mais cientistas vão adquirindo a noção de que esse intangível existe. Só que não (ainda?) acessível segundo os meios da Ciência.

Quanto às diversas crenças, vão evoluindo, também laboriosamente, muitas delas a contragosto, em função do que o Homem vai conhecendo.

A Maçonaria, que tem como um dos seus princípios ideológicos a compatibilização da Ciência e da Religião, deve, em cada momento, procurar efetuar essa harmonização. A Ciência avança, mas continua a ter limites que não consegue (ainda?) ultrapassar. As Crenças devem reconhecer e integrar o Conhecimento que os avanços da Ciência proporcionam, revendo as suas proposições em função disso.

No entanto, a Maçonaria, ao longo dos últimos trezentos anos, não se limitou à busca da preservação dos meios e caminhos e vontades de compatibilização entre a Ciência e a Religião. No domínio da organização das sociedades abraçou e divulgou os princípios da Liberdade e da Igualdade. Muitos dos seus obreiros lutaram para fazer vingar nas suas sociedades esses princípios.

Desde o parlamentarismo europeu ao presidencialismo americano, desde a implantação de sistemas políticos favorecendo o bipartidarismo ao favorecimento de regimes privilegiando o multipartidarismo. Desde a opção pelo Regime Monárquico Constitucional até a preferência pelo Regime Republicano, em todas as latitudes a Maçonaria e os seus obreiros expressaram-se em favor da Liberdade e da Igualdade e defenderam o princípio da Separação de Poderes como meio indispensável para concretizá-las.

Hoje, trezentos anos passados, temos a ilusão de que a Liberdade e a Igualdade, de que a Separação de Poderes, enfim, a Democracia estão implantadas e são irreversíveis. Continua a competir à Maçonaria alertar para o fato de que, em matéria de organização social nada é nunca definitivo e tudo tem, em cada momento, de ser defendido. A Liberdade, a Igualdade, a Separação de Poderes, a Democracia, estão hoje implantadas nos países desenvolvidos socialmente, mas cumpre alertar e providenciar para a sua defesa, para que não se perca o que a muitos custou muito sangue a obter.

Mas a Maçonaria não confunde, não pode nem deve confundir a defesa destes princípios essenciais com as formas de concretizá-los e aplicar. No respeito por estes princípios essenciais há uma variada panóplia de regimes, de opções, de formas de organização e gestão dos Estados e do Poder político que só aos respectivos povos e estruturas de decisão dizem respeito.

Aí, a Maçonaria não se deve imiscuir. É campo, não já dos princípios essenciais, mas da Política, que, sendo nobre, implica escolhas entre várias hipóteses admissíveis no plano dos Princípios essenciais. Deve a Maçonaria resguardar-se e não se imiscuir – até porque, legitimamente, o normal é que haja maçons defensores das várias hipóteses possíveis.
  
Sem se imiscuir no plano das escolhas políticas concretas, deve a Maçonaria sempre defender, divulgar, apoiar, praticar e exigir que se pratiquem os princípios essenciais da Liberdade, da Igualdade, da Separação de Poderes, em suma, da Democracia. Este foi um profícuo campo de atuação da Maçonaria nos últimos trezentos anos. Deverá continuar a sê-lo nos próximos trezentos.

A Maçonaria, ela própria, dentro de uma matriz essencial evoluiu com assinaláveis diferenças em diferentes áreas geográficas e em diferentes épocas. No Reino Unido, cedo se afirmou integrante das instituições sociais, integrando-se harmoniosamente no establishment. Em França veio a adquirir uma conotação mais social, política, revolucionária até.

Nos dias de hoje, ambos os ramos da Maçonaria assumem em França um papel mais interventivo na coisa pública do que na maior parte das outras zonas do globo. Nos Estados Unidos, a vertente filantrópica da Maçonaria assumiu uma importância notável, essencial e certamente diferenciadora em relação a outras paragens.

Após as I e II Guerras Mundiais, a Maçonaria viu crescer enormemente o número dos seus obreiros. Os soldados que sobreviveram aos conflitos, desmobilizados, encontraram na Maçonaria a camaradagem, o espírito de fraternidade que os ampararam nas trincheiras e nas duras batalhas na Europa, no Norte de África e no Pacífico. Toda uma geração se reviu na Maçonaria e nos seus princípios.

Atenuada a memória desses conflitos, as gerações seguintes não se reviram com a mesma intensidade na Fraternidade que unira os seus pais e avós e, nos mesmos espaços onde a Maçonaria vira duplicar, triplicar e quadruplicar os seus obreiros começou a definhar. Noutras paragens, porém, a Maçonaria expandia-se.
  
Qualquer observador minimamente informado repara nas diferenças de estilo e de atuação que existem dentro da realidade global e essencialmente semelhante que é a Maçonaria. Qualquer interessado anota a flutuação de número de obreiros da Maçonaria ao longo dos tempos e nas diferentes latitudes.

Estas variações e flutuações têm a ver com a natureza de instituição social que a Maçonaria adquiriu e com a importância que, enquanto instituição, as várias e sucessivas sociedades nela vão reconhecendo. Sempre existiram e sempre existirão e terão mais a ver com as mudanças e condições sociais do que com a Maçonaria ela própria.

A natureza essencial da Maçonaria é, no entanto, a mesma em todas as latitudes e em todas as épocas. Coloca em confronto o Homem consigo mesmo. O Homem com a Ética. O Homem com a noção da Perfeição, sua inatingibilidade, mas a compulsão humana para procurá-la.

O Homem com o Transcendente. Nesse confronto, o maçom procura, antes de mais, conhecer-se, como base indispensável para determinar o que e como tem de melhorar. Procura, sempre, aperfeiçoar-se. Em matéria de conhecimento, mas, sobretudo em termos éticos. Anseia superar-se. Como pessoa, como homem de família, como ser social, como profissional.

Em termos morais e espirituais. Mesmo sabendo que lhe é impossível atingir a Perfeição, busca aproximar-se dela tanto quanto lhe for possível. Porque assim a sua natureza o compele a proceder, na perspectiva do encontro e do diálogo com o Transcendente. Encontro e diálogo nos quais a valia da vida de cada um se apura em face da concretização de cada um do potencial que imanentemente lhe foi outorgado.

Este confronto essencial do Homem não é novo. Já o Oráculo de Delfos ordenava Conhece-te a ti mesmo. Inúmeras correntes místicas e escolas religiosas nasceram em torno dele. O que de diferente ele assume na Maçonaria é o particular método de concretizá-lo. Já não em retiro de eremita ou seguindo diretrizes de líder espiritual. Mas cada um, como entidade própria, digno, igual a todos os demais, livre, inserido no seio de iguais.

Cada um trilhando o seu caminho, sem julgar os trilhos dos demais. Cada um pondo em comum o que aprende o que conquista o que descobre, mas também aquilo em que falhou a dificuldade com que deparou o obstáculo que tem de transpor. Cada um beneficiando do que os demais em comum, como ele, põem. E, agora sim, ajuizando do confronto da sua experiência com as dos demais, o melhor trilho a seguir, o próximo passo a dar, a patamar a atingir. Cada um navegando o seu próprio caminho, mas todos bolinando à vista uns dos outros.

Este método de ser único no meio da comunidade, de partilhar a sua individualidade com os demais da comunidade e de recolher em seu benefício o que de útil para si encontra nas partilhas dos demais, esse, sim, é próprio e essencial da Maçonaria. Esta é a essência que, em todas as latitudes, com todas as diferenças, a Maçonaria e cada maçom deve preservar.

Esta a essência que vem de há trezentos anos e que informou os maçons em cada tempo e em cada lugar segundo as necessidades do maçom, do tempo e do lugar. Tempos houve em que o preciso foi adquirir e treinar o conhecimento científico e deixar para trás a escolástica dos tempos medievais. Tempos houve em que o indispensável foi garantir a Liberdade, a Igualdade, a Separação de Poderes, a Democracia. Tempos houve em que o necessário foi curar profundas feridas de sobreviventes de inimagináveis horrores, manter acesa a chama da Fraternidade e apaziguar consciências com a prática da Filantropia. Tempos houve em que foi possível estudar em conjunto, especular por si e em grupo, aprender, experimentar, tentear, buscar o melhor Ser que há em si, sem atenção ao Ter de cada um. Tempos houve para tudo isso. Tempo é de tudo isso. Tempos haverá para tudo isso.

Os tempos e as sociedades mudam. Os maçons não se reúnem já nas tabernas como há trezentos anos. Hoje comunicam entre si e com as sociedades em que se inserem utilizando as Tecnologias de Informação que o engenho humano concebeu e agora disponibiliza. Desengane-se quem pensar que essas circunstâncias exteriores obrigam à mudança da Maçonaria. Desiluda-se quem pretender que a Maçonaria mude o seu rumo em face de críticas, aceitações, reservas ou discordâncias. A identidade da Maçonaria não muda – ou transformar-se-ia em outra coisa diferente, apenas porventura usando o mesmo nome…
  
Desde há trezentos anos que a essência da Maçonaria é o nobre confronto do Homem consigo mesmo, buscando a maior aproximação possível à inatingível Perfeição, em face do Transcendente, confronto esse levado a cabo por cada um no seio de um grupo com que partilha avanços e recuos, vitórias e desaires, e beneficiando das partilhas dos demais.


Isto é a Maçonaria – desde há trezentos anos. Isto será a Maçonaria – nos próximos trezentos anos, e mais!

Rui Bandeira


O SABER E O APRENDER


“Daria tudo que sei pela metade do que ignoro.”
(René Descartes)

À G.’.D.’.G.’.A.’.D.’.U.’.

           
A importância da aprendizagem na vida humana sempre foi tema de estudos dos mais aprofundados. O aprender é um processo de tal valor para o homem que foram pensados meios educacionais para tornarem a aprendizagem mais eficaz. Entretanto, não é apenas pela via escolar formal que aprendemos. Estamos constantemente aprendendo, sobretudo com a leitura de mundo que fazemos, através de nossas experiências sensoriais.
Estudos da Psicologia chegam a afirmar que o homem começa aprender mesmo no ventre de sua mãe, mantendo um vínculo com o mundo que o cerca através de sentimentos, toques, falas e outros elementos perceptíveis.
Para o pensador Bernard Charlot, aprender é adquirir um saber. Entretanto, para que este saber produza frutos, ou seja, adquira um sentido na vida humana, depende das relações que estabelecemos com o saber. É nessa perspectiva que direcionaremos este breve estudo.
Pelo chamado “senso comum”, desde tenra idade, nós mergulhamos num oceano de dados e ficamos como que extasiados por novas aquisições de conhecimento. Em casa, na rua, na escola, em todos os ambientes em que convivemos, é grande oferta de novas descobertas para compreensão das realidades.
Corrobora com esta proposição o pensamento de Freire:
 A curiosidade ingênua, de que resulta indiscutivelmente um certo saber, não importa que metodicamente desrigoroso, é a que caracteriza o senso comum. O saber de pura experiência feito. (FREIRE, 2011, p. 31)
 Somos seres sociais e vivemos num mundo que nos oferece uma gama extraordinária de informações. Quando nos apropriamos de certa informação e damos um sentido a este novo conhecimento, adquirimos um saber. Portanto, o saber assume um papel de pertencimento do sujeito.O saber contribui para a personalidade dos indivíduos e para o desenvolvimento de suas habilidades no mundo social. Entretanto a aquisição de saberes práticos como: ler, escrever, fazer contas, apreender elementos da cultura científica ou literária por si só não nos dá o verdadeiro sentido do saber.
 Assim, que é que, em um saber, possibilita considerá-lo “prático”? Não é o próprio saber que é prático, mas sim, o uso que é feito dele, em uma relação prática com o mundo. Essa distinção permite evitar falsos debates. (CHARLOT, 2000, p. 62)
 Na maioria dos casos, quando se pergunta a um jovem estudante por que ele estuda, a resposta mais comum é que o estudo lhe proporcionará um saber intelectual que o levará a ocupar um melhor posto no mercado de trabalho. O saber torna-se utilitário e mercantilizado. Sem dúvida nenhuma que a escola é um espaço para a ascensão social. O desejo de escolarização encerra um sentimento de melhoria das condições de vida. Por isso, a maior parte dos jovens não sente prazer em aprender algo que não lhe seja imediatamente útil.
Constantemente confunde-se educação com escolarização. Na verdade, a escolarização é apenas uma parte da educação. Grande parte da apreensão de mundo que o cidadão carrega em seu bojo intelectual é advinda da vivência em família ou em outros ambientes sociais fora da escola.
Nos tempos em não existia a escola formal, nas sociedades primitivas, era a família que desempenhava o papel que agora denominados “escola”. Também é bastante comum associarmos o conhecimento com a bagagem intelectual que absorvemos dos livros, dos estudos, dos eventos científicos... Porém, poderia ser definido o saber principalmente como a compreensão inteligível da realidade, que o sujeito humano adquire através de suas experiências.
A educação formal nos permite absorver conteúdos intelectuais, tais como: aprender gramática, matemática, desenvolver a reflexão filosófica, compreender os elementos históricos que compõem um determinado acontecimento na humanidade, situar-se na geografia do mundo, entre outros. Porém, a escolarização por si só não nos capacita a compreender o mundo ou construir referências para compreender o que é a vida. Necessário se faz que o aprender adquira um sentido mais significante do que o saber.
Compreender as realidades que nos cercam de forma mais ampla e significativa deve ser o objetivo central de toda prática educativa. É preciso se apropriar do conhecimento de forma que ele faça parte da nossa vida. Segundo a análise de Freire (2011), quanto mais criticamente se exerça a capacidade de aprender, tanto mais se constrói e desenvolve a curiosidade epistemológica. E nesse ponto de vista, o aprender adquire mais importância do que o saber.
Aprendemos, sobretudo, fazendo. A única maneira de aprender a nadar é praticar a natação. O que vale para as habilidades motoras, guardadas as devidas proporções, serve para as habilidades mentais. A única maneira de aprender a pensar é exercitar o pensamento.
Todo indivíduo aprende e, através da aprendizagem, desenvolve os comportamentos que o possibilitam viver. Todas as atividades e realizações humanas exibem os resultados da aprendizagem.
A partir desse entendimento, podemos afirmar que aprender é um ato de dentro para fora do indivíduo. Ninguém pode aprender pelo outro. Querer aprender, entretanto, embora seja o primeiro passo, não é o suficiente para se adquirir um saber. É necessário, pois, estar aberto para o novo e, sobretudo, identificar-se com aquilo que vai ser aprendido.
Encerro este ensaio com a verdade inquestionável do mestre das letras Guimarães Rosa: “Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende”.
 
Ir.’. WELLINGTON LOPES DE ALBUQUERQUE -M.’. M.’. 7°

A.’.R.’.L.’.S.’. PRINCESA DO SERTÃO - Nº 8
ORIENTE DE PALMEIRA DOS ÍNDIOS-AL

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

CHARLOT, Bernard. Da relação com o saber: elementos para uma teoria. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.


FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: paz e Terra, 2011.

HUMILDADE E VAIDADE


O segredo da sabedoria, do poder e do conhecimento é a humildade.
Ernest Hemingway (1899-1961)
A falsa modéstia é o último requinte da vaidade.
Jean de La Bruyère (1645-1696

“SIC TRANSIT GLORIA MUNDI!” (Como são passageiras as glórias do mundo!).  Esta frase dita pelo Venerável Mestre é o ponto alto de uma Iniciação Maçônica.  Ela encerra uma das maiores verdades e que quase sempre é ignorada por todos nós.  Julgamo-nos eternos e pouco fazemos para vencer as nossas paixões. Os cargos, o poder e a vaidade nos impedem muitas vezes de aparar a pedra bruta que somos, e, esquecemos então um dos princípios mais importantes da Maçonaria que é a humildade.

Já, como neófito, lhe é dito que ele acabou de morrer para a vida profana (Era Vulgar) e renasceu para a Verdadeira Luz.  Isso quer dizer que tudo que o aviltava, quando profano, deverá ser desvestido, inclusive a VAIDADE.  E, tudo que lhe faltava como virtudes, deverá ser incorporado, inclusive a HUMILDADE. Uma vez Iniciado, o postulante torna-se Maçom, e, como tal, estará sob vigilância de sua própria consciência e dos demais Maçons. 

Comandado pelo Venerável Mestre a Loja dará guarida ao novo Irmão orientando e ensinando o caminho a ser trilhado, agora como Maçom, imbuído de humildade e destituído de ostentação.

A figura do Venerável Mestre, das Luzes ou de qualquer outra autoridade, em uma Loja Maçônica, reflete sempre a bondade e as suas ações que são comparadas as de um pai que aconselha o filho ou do irmão mais velho que o protege.  É por essa razão que a joia do Venerável Mestre (o esquadro) tem um significado tão profundo para todos nós, pois ela representa a retidão das suas atitudes além da confiança que todos os irmãos nele depositam.  

Em nosso meio não há lugar para jactância do mundo profano. Aquele Maçom que por ventura não se enquadre dentro dessas normas irá se sentir deslocado e, mais cedo ou mais tarde, perceberá que está no lugar errado.

Ser humilde significa seguir essa postura e quando perguntado: “Que vindes fazer aqui?”  responder com convicção e com orgulho: “Vencer minhas paixões, submeter minha vontade e fazer novos progressos na Maçonaria!”


Aquele Maçom que se deixa contaminar pelo sonho passageiro de poder, seja na vida profana ou até mesmo dentro da Ordem infelizmente não entendeu a beleza e a profundidade dos nossos ensinamentos.

Conta-se o caso que no México, há muitos anos, um Maçom foi condenado injustamente à morte. O caso teve grande repercussão dentro e fora da Maçonaria. O Presidente do México era Maçom e um dia estando em Loja, ocupando o humilde cargo de Guarda do Templo ouviu quando os Maçons indignados discutiam a condenação do Irmão. Foi então que um dos presentes sugeriu que o Presidente do México poderia comutar a pena do referido Irmão.

Arguido pelo Venerável Mestre a resposta foi a seguinte:

“Venerável Mestre este guarda do Templo que vos fala nada pode fazer, mas se o Venerável permitir a minha saída, quem sabe o Presidente do México possa fazê-lo!”

O Irmão condenado foi salvo. Esta pequena narrativa mostra primeiro, aquilo que dizíamos anteriormente que a Maçonaria nivela a todos sem distinções de cargos e de títulos; e, em segundo lugar, a humildade do Presidente do México que sem dúvida entendeu muito bem a frase “sic transit gloria mundi”.

Ser humilde é desbastar esta pedra bruta que somos e com tolerância, bondade e amor tratar não só os seus irmãos, mas também aqueles com os quais convive na vida profana. 

Não somos perfeitos e assim sendo, dentro da Maçonaria, encontraremos exemplos de irmãos que por sua postura e pelas suas atitudes são exemplos a serem seguidos, todavia outros existirão que mesmo tendo chegado aos graus mais elevados da Ordem parece que nada entenderam e continuam pedras brutas a serem lapidadas.

Devemos ter sempre em mente que a Maçonaria é perfeita nos seus ensinamentos e naquilo que tenta modificar dentro de cada um de nós, porém nem todos os Maçons entendem desta forma e alguns permitem que o falso brilho das coisas possa ofuscar estas verdades.

Pior que a falta de humildade é a vaidade. 

O Maçom tem o dever de constantemente policiar os seus procedimentos para evitar que a vaidade possa fazê-lo esquecer dos ensinamentos recebidos, que somos todos iguais e que na Maçonaria não existem distinções de títulos e de cargos.

A vaidade, literalmente falando, é a qualidade do que é vão, vanglória, ostentação, presunção malformada de si.  Nos dicionários, soberba, orgulho, arrogância são palavras muito próximas de vaidade.  Homens tomados por esses sentimentos são os que olham para si como dignos de admiração pelos outros.  Imaginam que estão acima das demais pessoas.

Infelizmente, muitos Maçons não conseguem se desvencilhar desse vício, pavoneando sua condição de algum cargo recebido, por menor que seja exigindo tapete vermelho e deixando ao largo a modéstia.

Ainda bem que esses tipos são poucos...

E. Figueiredo & Caio R. Reis são Maçons Eméritos e obreiros da ARLS Verdadeiros Irmãos, 669.


FRATERNIDADE MAÇÔNICA


Quando se fala de “Fraternidade Maçônica”, para mim, tem um significado muito mais para “além” de considerarmos os maçons de: Todos os Irmãos!

Consideramos como são “Irmãos”, porque foram “escolhidos” para tal, onde, alem do sentimento fraterno de irmão para irmão, como se tem com um irmão de família, neste caso são escolhidos, não por razões familiares, mas sim por poderem ter “potencialidades” de atuar, fazer, ou dar, não só “Amizade”, não só “Conforto”, não só ”Caridade”, não só “Amparo”, mas antes e ainda mais, que algo que está inerente a qualquer pessoa bem formada vivendo em comum! Devemo-nos lembrar dum lema, também utilizado num movimento de solidariedade e, emprestado aqui, que é: “Dar de si, antes de pensar em si”!

Não é fácil! É mais fácil dizê-lo, do que fazê-lo!

Por isso é que em Maçonaria, vai-se interiorizando, passo a passo, os conceitos de “fraternidade”, não só os discutindo, mas “estudando-os” sobre os mesmos, como ainda, desvendando os símbolos que são apresentados aos poucos na “loja” que é a sala em que se reúnem de “Grau” em “Grau”, de modo a podermos melhor absorver, discutir e progredir!

É um “Caminho” longo, persistente, mas necessário! Motivo porque alguns dos “Irmãos” desistem a meio ao se aperceberem que nas ditas Reuniões em Loja, as discussões que surgem, os passos com que se avança, são mais longos e complexos do que fossem simples reuniões de amigos que têm alguma coisa em comum como: pertencer ao mesmo clube desportivo, pertencer à mesma religião, ou pertencer à mesma política! Não, é muito mais do que essas intenções associativas! Como tal, só alguns são escolhidos e só alguns é que permanecem nessa busca “mais elevada”, “mais profunda” e mais “responsável”!

A “Fraternidade” ensina-se, educa-se, responsabiliza-se e dá o fruto de se ser “Bom”, “Saudável de Espírito”, “Útil para a Sociedade” onde se vive e que nos rodeia e, ao mesmo tempo, dá o consolo de se ter sido escolhido como irmão “válido” durante o breve tempo que permanecemos neste Mundo que nos rodeia!

A auto-análise que se procura, auxiliada pelos ditos “Irmãos” mais antigos e experientes, vai ajudar nesta progressão de autoconhecimento, auto-formação benéfica não só para o próprio mas, também, será compartilhada com todos os outros “Irmãos” e com a Sociedade onde se vive, incute uma “Sabedoria” progressiva, válida para o próprio e para quem se convive!

Lisboa, 24 de Julho de 2017

Luís Rosa Dias (Mestre Maçom)     


O RITUAL É DISCIPLINA E ORDEM


Consola-me é saber que maçom não morre; vai para o oriente eterno.


A sessão maçônica é sempre uma ocasião especial, e deve ser regida pelo cumprimento inflexível do ritual, que é simplesmente a maneira como as coisas devem ser feitas. O ritual é um procedimento padrão para impor a ordem, disciplina e respeito aos trabalhos.  Até nas atividades diárias existe uma ritualística que precisa ser obedecida por todos para que haja ordem.

Numa reunião empresarial deve haver uma norma ritualizada que discipline a sequência dos trabalhos, para discussão de cada item agendado, sem isso haveria falta de ordem na condução dos assuntos, gerando uma preciosa perda de tempo. Assim haveria um mal resultado, e o que se discutiu, seria até questionável.

E o Ritual, na Loja, como tem sido tratado? Muito mal às vezes. Fico desconsolado, quando vejo um Venerável, sem que o irmão tenha direito, o autorize a baixar o sinal de ordem ao falar.   Aliás, esta “gentileza” às vezes, é só aos irmãos postados no Oriente, nem sempre aos do Ocidente, criando assim duas classes de irmãos no templo, os que obedecem ao ritual, e os que pela “bondade” do venerável não obedecem). 

Desinformados e maçonicamente incultos, ou por desconhecerem a ritualística, alguns Mestres, não sabem o significado esotérico que é “Estar de Pé e à Ordem”, esquecendo-se que isso é uma exigência do ritual. Poucos são os casos em que se tolera dispensar o maçom do Sinal de Ordem, entre eles; para altas dignidades maçônicas, para irmãos em idade provecta e para irmãos que estejam com algum problema de saúde. Pasmem irmãos, até aos aprendizes tem sido dispensado à obrigatoriedade de falar de pé e a ordem.

Não vêem esses Veneráveis, que nessa posição (de pé e à ordem), em relação aos demais que estão sentados, o irmão pode mais facilmente ser visto e ouvido, e pelo sinal que faz, mostra o grau em que a Loja está trabalhando.  Mais ainda, assim postado, a palavra mal pronunciada, a idéia mal explicada soam mais altas e claras, sendo necessário todo o cuidado ao enunciá-las. E não é só isso, estar de pé e à ordem, nos faz lembrar que o sinal gutural é o compromisso de honra de guardar segredo, que juramos no dia de nossa iniciação.

O ritual serve para organizar, e ordenar os trabalhos em Loja, garantindo a todos igualmente a participação, à seu tempo. Outro ponto importante, é que o irmão não pode fazer apartes, caso a palavra já tenha passado ritualisticamente pela sua coluna, e somente na sessão seguinte, ele poderá tratar do assunto. 

As normas contidas no ritual são sábias, pois passada uma semana, ambas as partes terão meditado e a solução surgirá de maneira conciliadora e racional. A Maçonaria usa o ritual de forma a expor seus ensinamentos filosóficos, seguindo passo a passo, esse conjunto de normas que é muito rico e antigo, remontando aos primórdios da secular criação da Ordem.

Não pode nossa geração, deturpar esse conjunto de regras, criado por Elias Ashmole, há quase quatro séculos, que nos tem guiado por todo esse tempo.

Se a Bíblia é o Livro da Lei, nosso código de moral, ética e religiosidade, O Ritual, é o manual que nos ensina a maneira correta de falar, caminhar, se portar, ouvir e falar em Loja.  É um conjunto perfeito que deve ser obedecido “ipsis literis”, como está.

A Ordem Maçônica se mantém justa e perfeita no caminho reto e plano, pavimentado com pedras ritualisticamente desbastadas e polidas, como exige o ritual. Se executado corretamente, nem notamos seu desenvolvimento na sessão, pois o ritual é vida, é o coração que pulsa enviando sangue para todo o corpo maçônico, reunidos em Loja na mais perfeita e harmoniosa Egrégora.


Laurindo Roberto Gutierrez


Loja de Pesquisas Maçônicas Brasil- Londrina-PR
Loja de Pesquisas Maçônicas Chico da Botica- Porto Alegre-RS





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