O MESTRE HIRAM ABIFF E O SEU SIGNIFICADO NA MAÇONARIA


Como todos os maçons sabem, a Lenda de Hiram Abiff é a principal alegoria iniciática da Maçonaria. Os elaboradores desta alegoria tiveram uma excepcional inspiração ao introduzi-la nos rituais de passagem do companheiro a mestre, pois este personagem, aqui visto como sendo o arquiteto construtor do Templo de Salomão, é um arquétipo de grande apelo místico, cuja tradição é cultivada em praticamente todas as antigas culturas, na forma do herói sacrificado.

Simbolicamente, o seu sacrifício representa a transição do profano para o sagrado, do técnico para o cientifico, do reino grosseiro da matéria para o reino subtil do espírito. Neste rito de passagem, pelo fenômeno da simbiose, o companheiro rebelde, que vivia no domínio inferior da consciência, reconcilia-se com o substrato superior, e adquire agora da forma correta (e não pela violência), a sua passagem de grau.

A Loja Maçônica, observadas as devidas proporções, representa o Templo de Salomão como sede do respeito e veneração ao Supremo Arquiteto do Universo, que por sua vez pode ser comparada ao corpo do homem místico que se estende do Norte ao Sul e do Oriente ao Ocidente em correspondência aos quatro pontos cardeais, uma vez que o Ser Humano é a unidade indivisível do Universo.

O Venerável (no Oriente) representa cabeça que se expande aos mundos superiores, se converte em sabedoria Espiritual, é o Salomão (o Saber), que constrói um Templo para a Glória do Grande Arquiteto do Universo.

O baixo ventre (o Ocidente) o lado direito (o Sul) e o lado esquerdo (o Norte) são representados pelos Vigilantes os obreiros responsáveis pelo aprimoramento dos Aprendizes e Companheiros.

Quando olhamos os conceitos filosóficos da Maçonaria Operativa vemos que nossos antepassados tinham por objetivo principal espiritualizar o ser humano e fazer dele um super-homem, intelectual e espiritualmente, com completo domínio de si mesmo.

Na lenda de Hiram Habiff nos diz a dificuldade de penetrar na caverna,seja pela escuridão, seja porque coberta de espinhos, representa os riscos e o trabalho que temos todos nós de penetrar em nós mesmos, para descobrir os sentimentos negativos que devem ser extirpados, retirados do local, submetendo-os ao "julgamento", ou seja, esclarecer como devem desaparecer para que nos sintamos livres e purificados.

As terras más onde, lançadas, as sementes não podem vicejar, ficando sufocada se perecendo, como muito bem explanou Jesus na parábola do Semeador.

Qual era o dever de Stolkin? Procurar e vencer os assassinos de Hiram. Stolkin será cada um de nós, no momento em que nos dispomos à Grande Busca; a busca de uma finalidade gloriosa: encontrar e vencer os assassinos que estão em nós, aqueles que "matam" as Virtudes e nos faz homens inúteis e nocivos.

A Caverna representa a Consciência Humana, a parte que é invólucro; a
abóbada, sempre escura, representa o nosso íntimo, consciência ou inconsciência. Para vencer os assassinos devemos sobrepujar as dificuldades representadas pelos espinhos, e penetrar em nós mesmos. Do lado de fora nada podemos realizar.

Devemos vencer todo egoísmo, para podermos empregar a força onipotente do Amor. O Amor nunca pode conviver com o egoísmo, porque este trata sempre de matar em nós outros a Fé e a Esperança. Somente o Amor nos pode ressuscitar da morte para a verdadeira vida. Somente esta faculdade nos pode regenerar, quando nos encontramos livres do egoísmo. Então, a Palavra Sagrada é a essência da Fé, da Esperança e do Amor.

Por outro lado, devemos reconhecer que não foi só na Palestina que a Luz das Luzes trabalhou para conduzir os homens do Inferior ao Superior, mas que também em terras longínquas outros Profetas do Altíssimo, usando Ritos e costumes similares, os enobreceram e transformaram em um meio de expressar à humanidade, pela alegoria e pelo símbolo, profundas verdades espirituais e morais.

No curso da nossa obra, traçaremos a origem de aspectos tão peculiares como a Pata do Leão Garra, a Garra da Águia, as duas Colunas, o Rebento da Acácia, o ato de passar por cima de um túmulo aberto e também da luminosa Estrela da Manhã, a qual traz Paz e Salvação à multidão, embora, de modo inflexível e terrível, traga morte ao homem solitário. Em retrospecto, passarão diante de nós Ritos de Iniciação, de 12 Quem Foi Hiram Abiff? Morte e de Ressurreição, que existem em todas as partes do mundo e a partir deles muito aprenderemos que nos ajudará em nosso estudo.

Quando o homem render-se-á à Razão, deixando os preconceitos múltiplos, materiais e corriqueiros, para segui-la e alcançar o objetivo de sua vida?O homem teima em confiar em sua Inteligência, quando essa, apenas, cria os problemas; teima em não saber que é a Razão quem soluciona os problemas criados pela Inteligência!Todos os presentes continuam a Lenda, ofereceram-se para igual empenho, ou seja, para ir à busca dos assassinos.

Isso é muito comum; quando alguém se apresenta na condição de líder todos querem usurpar da mesma condição.

Todos seguimos, como primeiro impulso a liderança. O desconhecido ou nosso "EU" passa a adquirir instantaneamente, opositores,pois todos pretendem superá-lo e sonhar com o êxito do seu trabalho; são os nossos múltiplos sentimentos representados pelos noventa ou mais Mestres, que se põem campo para diminuir e desvalorizar o trabalho da Razão, ou do nosso "Eu".

Com a alegórica representação da Lenda, a Maçonaria dá uma lição aos Neófitos de como pode um verdadeiro Maçom, colher a oportunidade que lhe é apresentada de possuir a coragem de "matar" um assassino, mas não como ser humano, como semelhante; será um assassino encontrado na "Caverna" de nossa própria consciência; a supressão do defeito, do erro e da ignorância.

Os "golpes de punhal" que a Maçonaria pede aos seus adeptos, são endereçados a pequenas coisas triviais: uma pequena parte do tempo; a supressão de alguns prazeres;um óbulo para a causa geral. São essas pequenas perdas em benefício do todo.

Os "manes" de Hiram significam a sua "alma"; a sua presença e memória. Infidelidade, a infração e a transgressão, não serão, propriamente à personalidade de Hiram Abiff, mas, ao que ele significa dentro da estrutura arquitetônica espiritual e social da Maçonaria, tendo como causa última a conclusão da construção do Grande Templo que somos nós mesmos.

A formação de um Maçom há de torná-lo um vencedor; quando conquistada pelo seu valor e capacidade uma posição de mando na Sociedade, ele deverá provar que é um caráter incorruptível; assim a Maçonaria terá nele concluído o seu trabalho; a honestidade, a justiça e a firmeza de decisões, a tolerância e o amor fraterno serão sementes que a Maçonaria lançou em terra fértil. Será o prêmio que os componentes da Loja de onde emergiu aquele bom Maçom receberão pelos longos trabalhos executados no decorrer de anos de sacrifício e destemor.

A Maçonaria estimula o pensamento e o talento de cada um. Daí resulta que os homens de valor nela estão, sempre, em evidência; daí resulta que, inevitavelmente, ela pode servir de instrumento à ambição, que não será legítima se for desonesta e que será útil se for modesta. Entretanto, não se pode negar que onde começa um simples impulso de ambição pessoal, aí começa, também, a desfalecer o Espírito Maçônico.

“A Maçonaria é uma Instituição perfeita, formada por homens imperfeitos"! Cabe a nós, os de visão mais profunda, influirmos nos demais para que valorizem aqueles que, realmente, são os mais capazes e que o conhecimento não seja, apenas, um item de um programa, mas uma realidade. "Toda vida útil é curta, dure embora, um século; mas a vida do homem laborioso é sempre longa”. 

O nome de Hiram está conectado com a ciência, com o conhecimento dos segredos da natureza, com a energia que transforma os metais. Ele conhece, domina o fogo, transmuta os elementos. É uma lenda que serve tanto ás tradições alquímicas, cuja obra consiste na obtenção da pedra filosofal, sintetizando o processo pelo qual a natureza produz os elementos químicos, como á Cabala, prática esotérica que busca o segredo do universo através da síntese do número, (que corresponde ao Verdadeiro Nome de Deus); serve também ás tradições iniciáticas antigas, que procuram a integração dessa energia numa união final com Deus, o Principio Criador do universo; por fim, atende igualmente aos próprios anseios dos filósofos iluministas, religiosos ou não, que acreditavam na construção de uma sociedade justa e perfeita através de uma educação orientada para a prática das virtudes éticas e morais, já que para isso, era preciso criar um espírito novo, livre de preconceitos, dogmas e vícios deformadores do caráter humano. (Um renascimento cultural)

Tudo isso equivalia a uma “depuração” da alma pelos mesmos processos utilizados pelas sociedades iniciáticas. Os “homens novos” que dai resultariam ergueriam “templos á virtude e cavariam masmorras ao vicio”, construindo uma sociedade ideal, semelhante ás utopias sonhadas pelos filósofos.

Hiram representa a inteligência que percebe a Verdade; a Liberdade sem a qual a inteligência é impotente, ou seja, a compreensão de Verdade através da Razão.

ORIENTE DO RIO DE JANEIRO, RJ.

A.·. R.·. L.·.M.·. FLAUTA MÁGICA DO RIO DE JANEIRO, Nº 170

M.·.M.·. SANDRO PINHEIRO 

https://www.recantodasletras.com.br/resenhasdelivros/2545366

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O GRANDE SEGREDO MAÇÔNICO


A história que vos vou contar aconteceu há muito tempo. Tinha-se acabado de criar a primeira Loja Maçônica. Era agora necessário encontrar um local seguro para esconder de forma duradoura o grande segredo da Maçonaria. Os oficiais, então, reuniram-se em loja para decidir sobre o local.

O primeiro a pedir a palavra foi o Secretário, que disse: “Eu sou a Lua, eu reflito o Sol, eu simbolizo o lado feminino, a memória, o escutar. Podem confiar-me o segredo; eu serei digno disso“

O segundo a pedir a palavra foi o Mestre de Cerimônias. Disse: “Eu sou Mercúrio, símbolo do movimento, da comunicação e do saber. Podem confiar-me o segredo; eu serei digno disso“

O terceiro a pedir a palavra foi o Experto. Afirmou: “Eu sou Saturno, símbolo do conhecimento, do trabalho e dos Antigos. Podem confiar-me o segredo; eu serei digno disso.“

O quarto a pedir a palavra foi o Segundo Vigilante, que disse: “Eu sou Vênus, símbolo da harmonia, do relacionamento e do equilíbrio. Podem confiar-me o segredo; eu serei digno disso.“

O quinto a pedir a palavra foi o Primeiro Vigilante. Disse: “Eu sou Marte, símbolo da força, mas também da ação e do compromisso. Podem confiar-me o segredo; eu serei digno disso.“

O sexto a pedir a palavra foi o Orador. Afirmou: “Eu sou o Sol, símbolo do espírito, do esplendor, da força vital e da energia. Podem confiar-me o segredo; eu serei digno disso.“

O sétimo e último a falar foi o Venerável Mestre. Cheio de sabedoria e humildade, disse “Embora eu esteja associado a Júpiter, o maior planeta do sistema solar, um símbolo de prosperidade, não estou certo de ser o melhor refúgio para o nosso segredo. Voltarei em Três dias, para vos dizer onde é o melhor esconderijo.“

Os trabalhos foram suspensos; o Venerável Mestre fechou-se três dias e três noites na Câmara de Reflexão que o viu nascer. Saiu iluminado e sereno. Os trabalhos puderam então ser retomados.

Todos os olhos dos oficiais da loja estavam fixos nos lábios do Venerável Mestre. Este, olhando com amor e benevolência para cada um dos seus Irmãos e Irmãs disse: “Usei a sabedoria do Grande Arquiteto do Universo para responder à nossa pergunta. Proponho esconder este segredo no fundo do coração de cada profano que bater à porta do nosso Templo. Este será, sem dúvida, o último lugar em que irão procurar” Esta proposta foi aceite por unanimidade.

Esta tradição parece ter-se perpetuado por séculos. Infelizmente, nem todos os Maçons foram informados e alguns continuam a procurar fora de si.

Franck Fouqueray

 

A IMPORTÂNCIA DA MAÇONARIA NOS DIAS ATUAIS


 

Meus Irmãos, ao sermos iniciados nos augustos mistérios nos deparamos com uma infinidade de símbolos e escritas, que rementem a muito o tempo de outrora, muitas coisas que aparentemente estão fora de uso a gerações, pois bem, em um momento de reflexão como vários outros que tenho, estava pensando no sentido disso tudo, assim como no objetivo crucial de vencer nossas paixões e os vícios, que se tornam uma coisa básica, desde que conheçamos nossas paixões e vícios, mas então pensei, e nas quais não conhecemos?

E daí começa uma coisa muito natural que muitos irmãos mais graduados nos dizem, o sentido da maçonaria além de amplo é muito pessoal, apesar de termos vários caminhos e sentidos para atingir o mesmo objetivo, o eterno aperfeiçoamento do ser humano.

Estava refletindo e hoje após algum tempo desfrutando de ensinamentos e conversações com muitos irmãos, percebi que os grandes rivais da maçonaria universal e que muito é mencionado em nossos estudos: a tirania, que é o abuso de poder que o criador nos deu a indiscrição e a meu ver a pior delas, a vaidade, a silenciosa vaidade que nos penetra mais sinceros e vis pensamentos e sentimentos do ser humano, que acredita veementemente estar agindo pela razão e bem maior, quando na realidade está dominado pelo seu próprio ego, satisfazendo os mais caprichosos desejos vis de sua vaidade.

Muito tempo atrás, nossos antigos irmãos que hoje já passaram para o oriente eterno, travaram muitas batalhas, não somente no campo espiritual como também no físico, verdadeiras batalhas pela luta, de não tão somente sua existência como também pelo direito de sua liberdade, principalmente da palavra!

Refletindo sobre todo esse passado sombrio, mas também glorioso, vejo que hoje a Maçonaria se torna verdadeiramente mais importante como nunca esteve antes!

Pois os maiores perigos que corremos podem acontecer quando estamos desprevenidos, mas e qual é esse maior perigo? A falta de policiamento próprio! A nossa ordem, quanto mais o tempo passa, se torna mais importante, e com a importância, aumentam nossas responsabilidades como irmãos, de carregar a risca essa tradição, assim como fazer a Maçonaria continuar atingindo seu princípio crucial, que é continuar levando luz onde existe completa escuridão, aliás, os grilhões da inquisição estão apenas Adormecidos, podendo um dia acordar, e nisso, nossa Grande e Augusta Ordem Universal, continua sempre a trabalhar na pedra principal da grande obra.

O Eclesiastes sabia bem quando registrava que tudo era vaidade, pois bem, somente refletindo muito sobre o assunto somos capazes de perceber o perigo da vaidade, pois ela atinge as pessoas mais graduadas e sábias, em qualquer deslize simples que cometamos não nos faltam exemplo disso em nossa vida, tanto Maçônica quanto profana, e de fato aprendemos que o aperfeiçoamento deve ser contínuo e incansável, aliás, nunca vi um bom maçom que mesmo após de décadas na ordem, não diz a cada dia estar aprendendo algo novo, então vejo que o caminho deve ser muito tranquilo, gradativo, sereno, porém impagável, pois não se tem uma linha de chegada, mas sim um objetivo.

O maçom vive todo dia uma batalha, a qual o Grande Arquiteto diariamente dá aspirações para que ele saia vencedor dessa batalha, e assim leve todo esse aprendizado para em comunhão para os irmãos e quem sabe assim cada um absorva um aprendizado distinto que lhe cabe sobre assunto? Essa a meu ver é a verdadeira Luz da Maçonaria, que é lhe dada no momento da iniciação, porém a cada dia nos é renovada e ampliada, para a glória de nosso criador.

Vagner Augusto Oliveira.

ARLS Fé, Amor e Liberdade 3447, Mendes, RJ, Brasil

GOB-RJ

 

ALERTA AOS QUE SONHAM EM ENTRAR PARA A MAÇONARIA


Se você quer saber mais sobre o que é a Maçonaria e o que fazem os Maçons, o primeiro passo é o interesse pessoal em pesquisar: talvez, conhecer um pouco mais, vai abrir a sua mente sobre o que é exatamente a fraternidade e vai até definir se é isso mesmo que você deseja para você.

O segundo passo é como e onde pesquisar. Já que existem em todo o mundo falsos maçons e golpistas de plantão, é viável buscar fontes conhecidas ou procurar Lojas Maçônicas reconhecidas: sugerimos, por exemplo, acessar o site do Grande Oriente do Brasil (www.gob.org.br).

Se você é uma pessoa que nada conhece da Maçonaria, admira ou sempre ficou curioso sobre o tema e tem interesse em saber mais ou até fazer parte um dia, observe estas informações importantes.

Não somos religião e não precisamos prometer salvação, prosperidade ou qualquer coisa parecida, por isso não temos a necessidade de divulgar convites online.

Para entrar na Maçonaria, o caminho adequado é que um maçom que te conheça, formule um convite formal (Pode ser um amigo, um parente ou até mesmo um colega de trabalho ou faculdade), mas, qualquer convite de desconhecido, por qualquer meio, não leve a sério, pois este não tem boas intenções.

A Maçonaria tem como objetivo o engrandecimento interior, a lapidação do caráter, a prática do bem, mas no fundo, tudo isso é uma busca individual de cada um (por isso a Ordem não promete prosperidade, possibilidade de bons negócios ou venda de qualquer coisa para ajudar a Maçonaria).

Existem maçons ricos e pobres. São condições que cada um chegou com seus esforços pessoais e não tem relação nenhuma com o fato de ser maçom.

Não precisamos de Coaching para anunciar o ingresso na Ordem, não temos interesse algum em convidar abertamente qualquer um, pois é um risco que correríamos de iniciar pessoas que tem um caráter incompatível com os preceitos da fraternidade.

Não se deixe enganar por golpistas que usam o nome da Maçonaria para enriquecimento próprio. Na dúvida, procure o Grande Oriente do Brasil. Maçonaria é coisa séria!

Estão avisados!

SIMBOLISMO DA ESCADA


O simbolismo da escada está totalmente relacionado com a relação entre o céu e a terra. Por excelência, a escada é o símbolo da ascensão e da valorização, associada também ao simbolismo da verticalidade. No entanto, a escada simboliza uma via de comunicação nos dois sentidos, tanto ascendente quanto descendente.

Tudo que o que simboliza um progresso de valor está relacionado à subida e ao crescimento, e tudo que simboliza uma perda de valor associa-se à descida. Na arte, por exemplo, a escada frequentemente aparece como um suporte imaginativo da ascensão espiritual. A linha do qualificativo e da elevação é vertical, por isso associa-se à simbologia da escada.

Um símbolo ascensional desta natureza indica uma hierarquia, um movimento. No princípio, temos a condição terrena; à chegada, o estado angélico. Entre os dois, os andares, com as suas etapas provisórias, que assinalam a beleza vislumbrada, a paz que começa a tranquilizar o viajante e que o encoraja a prosseguir o caminho, a fazer face às lutas que ele tem de aceitar.

A escada é também o símbolo da progressão em direção ao saber. Quando se eleva em direção ao céu, trata-se do conhecimento do mundo material ou espiritual. Quando penetra no subsolo, trata-se do saber oculto e das profundezas do inconsciente. Símbolo ascensional clássico pode designar não só a subida no conhecimento, mas também uma elevação integrada de todo o ser.

O caminho de todos nós, aprendizes da vida, e principalmente dos adeptos das ciências ocultas, consiste no aprendizado. Devemos aprender como as coisas funcionam em nós e no universo e por meio da observação, aprender as causas e os efeitos de tudo em nossa vida. 

Entretanto, esse aprendizado na maioria das vezes é gradual, obtido com um passo de cada vez, ou ainda, degrau por degrau. É então que nos vemos diante da escada que nos levará ao topo, onde está nossa recompensa.

 

Infelizmente, muitos adeptos das ciências ocultas perdem-se no caminho porque ignoram a importância de ir degrau por degrau, em cada um aprendendo o que ele lhe reserva. Como o alquimista que precisa de pausas na realização da Grande Obra, todos nós precisamos absorver de cada etapa do desenvolvimento aquilo que nos proporciona, e no tempo necessário.

SIGNIFICADO ESPIRITUAL DA ESCADA

A escada comunica o céu e terra, possui vários degraus que representam os diferentes níveis de consciência. Por essa razão, é um símbolo ascensional. Enquanto o discípulo ou iniciado conseguir ir até o mais alto degrau, o profano cheio de apegos mundanos mal consegue subir alguns poucos degraus.

Apesar de representar uma “subida para o céu”, é interessante observar que este símbolo está associado a uma vida de comunicação que ocorre nos dois sentidos: ascendente e descendente. Nesse sentido, tudo aquilo que está associado a um progresso de valor está ligado à subida, enquanto perdas de valor estão associadas à descida.

A escada também está relacionada ao simbolismo da verticalidade. Costumo pensar que a escada é o caminho do adepto. Como ela pressupõe ascensão, cada degrau representa um nível, pontos de passagem. Partimos da terra em direção ao céu. 

A escada é um símbolo carregado de significados, tanto espirituais, como mentais. Com seus muitos degraus simboliza os planos da mente e os planos de existência.

A descida ao inconsciente e a ascensão sobre o consciente. Através dela é possível tanto subir, como descer. Assim como também é possível permanecer parado no mesmo degrau, sendo apedrejado pelos pilares do sedentarismo mental e/ou espiritual. A escada nos dá uma escolha, de subir ou não, de buscar ou não, de aprender ou não. O caminho do crescimento e pessoal

SIMBOLISMO DA ESCADA NA BÍBLIA

Na Bíblia, grande livro simbólico, a menção ao simbolismo da escada é feita em Gênesis:

“E Jacó seguiu o caminho desde Bersba e dirigiu-se a Harã, com o tempo atingiu certo lugar e se preparou para ali pernoitar, visto que o Sol já se tinha posto. Tomou, pois, uma das pedras do lugar e a pôs como apoio para a sua cabeça e deitou-se naquele lugar. E começou a sonhar, e eis que havia uma escada posta da terra e seu topo tocava nos céus; e eis que anjos de Deus subiam e desciam por ela. E ficou temeroso e acrescentou; “Quão aterrorizante é este lugar” Não é senão a casa de Deus e este é seu portão de entrada”

Como mencionado na passagem bíblica acima, a escada caracteriza-se como meio empregado pelos anjos para subir e descer dos céus. Essa escada com anjos subindo e descendo foi revelada em sonho por Jacó.

Tão marcante para o povo judeu e cristão já que também é interpretada pelos cristãos como a prefiguração de Jesus Cristo, pois ele dá acesso ao Pai em um Espírito (Efésios 2.18), que é o único “mediador entre Deus e os homens” a escada encontra analogia em todas as antigas iniciações. 

SIMBOLISMO DA ESCADA NA ICONOGRAFIA

Na alquimia a escada também representa ascensão, o caminho espiritual do alquimista. “A organização como que escalonada do macrocosmo correspondem, no homem, diversas faculdades do conhecimento ― percepção sensorial, imaginação, razão e análise. O último degrau é a compreensão direta da palavra divina pela meditação. A escada não vai mais além, porque o próprio Deus não podeser entendido.” (Alexander Roob – Alquimia e Misticismo)

“Na imagem, o intelecto encontra-se na base da escada da criação, que, partindo do reino mineral, e através de vários níveis das plantas, animais, homens e anjos, sobre até Deus, onde a Sophia, a sabedoria construiu a sua morada. A figura que simboliza o intelecto segura o instrumento que lhe permitirá subir e descer, um disco de arsgeneralis do filósofo catalão e místico cristão Rámon Llull (1235 – 1316).

“Llull concebeu este ‘conhecimento universal’ com o propósito de converter as duas religiões concorrentes do Cristianismo, o Judaísmo e o Islã, provando-lhe a superioridade das doutrinas Cristãs.” (Alexander Roob – Alquimia e Misticismo)

O Alquimista anda extraviado até que a lebre mercurial fugidia lhe indique a matéria original exata, por detrás de cujo aspecto rude, e atravessando os sete degraus do processo, um palácio será revelado. Aqui, os princípios do Sol e da Lua unem-se para formar o lápis, o mercúrio filosofal, que coroa a cúpula sob a forma de uma fênix. 

O Zodíaco indica que a obra começa em maio, no signo de Touro. Cada signo zodiacal corresponde a uma substância química. (Alexander Roob – Alquimia e Misticismo). Por enquanto, é o que temos sobre o simbolismo da escada. Obviamente não é nem o começo, dada às diversas tradições que carregam esse símbolo nos seus mistérios. Mas, esperamos que a leitura tenha sido útil e instrutiva.

 

SÃO JOÃO CLÍMACO E A ESCADA DO PARAÍSO

O que a vida e a obra de um monge eremita do século VI têm a ensinar ao homem do século XXI?

No último dia 30 de março, a Igreja no mundo inteiro recordava a memória de São João Clímaco. Do século VI, esse monge do Oriente é conhecido especialmente por sua obra “Escada do Paraíso”, na qual explica a vida monástica, desde o abandono do mundo até a perfeição na caridade.

João tornou-se monge no monte Sinai, onde foi discípulo do sábio abade Martírio. Aí, entregue à oração e aos cuidados deste mestre espiritual, pôde dedicar-se ao ofício de sábio, àquele que Santo Tomás identifica como “o mais perfeito, o mais sublime, o mais útil e o mais bem-aventurado” de todos os estudos humanos.

Entretanto, se é verdade que “é necessário passar por muitos sofrimentos para entrar no Reino de Deus” (At 14, 22), a “escada do Paraíso”, antes de ser subida pelos homens, foi descida pelo próprio Deus. Foi o Senhor quem se inclinou ao homem e inclinou a escada dos céus, para que ele a pudesse subir mais facilmente. Ele, que “humilhou-se, fazendo-se obediente até a morte, e morte de Cruz” (Fl 2, 8).

De fato, antes que o homem desse o primeiro passo em direção ao Altíssimo, Ele mesmo saiu dos altos céus e veio em seu auxílio, com a Sua graça. Por isso, a resposta do homem a essa misericórdia de Deus só pode ser o amor – o amor de quem sobe uma escada firmando os “braços cansados” e “os joelhos vacilantes” (Is 35, 3), com o coração ansioso em contemplar o Senhor e possui-Lo plenamente na eternidade.

A “escada do Paraíso” é o itinerário para todos os cristãos, chamados que são ao amor. Que São João Clímaco, do Céu, ajude o homem do século XXI a atingir o clímax da caridade, como ele alcançou.

SIMBOLOGIA DA ESCADA DE RÁ

A simbologia da escada de Ra está profundamente ligada à intermediação entre o Céu e a Terra, à ascensão e à evolução de natureza espiritual. Os seus degraus sãos as várias etapas a ultrapassar para se atingir o divino, associadas a metais diferentes ou a vários tipos de exercícios espirituais ou a provas de iniciação esotérica Sinônimo de verticalidade, reatando uma harmonia que foi quebrada pela separação na gênese do mundo, a escada é um meio ou instrumento de evolução pessoal e de ascensão espiritual. 

No Egito, a escada do deus Ra ligava o Céu à terra segundo o Livro dos Mortos. O exemplo da escada também pode ser encontrado sob a forma de método na Igreja cristã, e que consiste numa série de trabalhos espirituais que têm de ser ultrapassados como degraus de uma escada.

O mais sublime de todos os sentimentos

O motivo de nossa existência

O sentido da vida e da morte

Razão pela qual praticamos a temperança, a fortaleza, a prudência, a justiça, a fé e a esperança

O estágio mais elevado da evolução o amor

O último degrau da escada de Rá.

SIMBOLOGIA DA ESCADA NA MAÇONARIA

A Escada de Jacó foi extraída de Gênesis 28:10-19. Pelo relato bíblico, essa escada significava o caminho que conduzia à morada de Deus e, de forma análoga, a Escada de Jacó presente no Painel, representa o caminho sagrado, o caminho do aperfeiçoamento moral e espiritual, o caminho da perfeição, que leva ao Grande Arquiteto do Universo.

Na Maçonaria, assim como, na vida, nos encontramos em planos diferenciados de evolução, somos muitos em várias potências e obediências, mas não formamos um só corpo, não formamos uma escada, não formamos uma unidade.

Os caminhos para o aperfeiçoamento são vários, são constituídos por vários acessos: Instituições filosóficas, instituições filantrópicas, religiões, escolas, etc. Temos que ter consciência que não existe o certo e o errado, existem caminhos mais curtos e mais longos, não existe o “regular” e o “irregular”, todos levam a apenas um objetivo final o Aperfeiçoamento.

Variadas são as interpretações do sonho de Jacó, e, especialmente sobre o significado da Escada. A mais comum é que cada degrau simboliza o esforço que ao Maçom cumpre executar para ascender até a Perfeição. Etapas vencidas e iniciações ganhas. Os degraus simbolizam os diversos planos do Universo. No Rito Escocês Antigo e Aceito, a Escada teria 33 degraus, correspondendo cada degrau a um Grau Maçônico.

Ainda de acordo com aquele Ritual, as três principais virtudes são a Fé, a Esperança e a Caridade, representadas nos degraus da Escada de Jacó, respectivamente, pela Cruz, pela Âncora e pelo Cálice ou Taça com a mão em atitude de alcançá-la.

A Fé representa o primeiro degrau da escada de Jacó, pois ela é a sabedoria do espírito, sem a qual o Homem nada levará a termo.

A Esperança representa os degraus intermediários, pois ela ampara e anima o espírito nas dificuldades encontradas no caminho.

A Caridade representa o último degrau, que só será atingido praticando-a, pois ela é a própria imagem dos mais puros sentimentos humanos, onde no seu ápice uma estrela de sete pontas.

A subida dos degraus da Escada de Jacó é penosa e lenta, os degraus estão em níveis e espaços variados, mas, o importante é que eles estejam unidos por duas hastes laterais bem fortes, que possam lhes dar sustentação, a escada, por sua formação é um símbolo de união.

Somente quando pudermos entender isso, e pudermos viver em paz, harmonia e união, poderemos nos considerar como uma unidade estaremos, assim, cavando masmorras aos vícios e levantando templos às virtudes, só então, tudo estará Justo e Perfeito.

INTERPRETAÇÃO ROSA- CRUZ DA ESCADA DE JACÓ

A Rosa-Cruz nos apresentam os degraus da escada como se cada um deles estivesse relacionado com uma montanha que aparece em sete episódios históricos vividos pelo povo judeu. Melhor dizendo, a história judaica, desde o episódio de Noé até a chegada de Jesus, teria requerido dos povos judeus sete grandes esforços evolutivos, que todo homem tem que passar em sua existência.

Os degraus corresponderiam aos montes Ararat, Moriá, Sinai, Tabor, Gólgota e Oliveiras.    No primeiro degrau, depois de um dilúvio devastador, Noé, reuniu todos os seus bens e chegou ao monte Ararat, onde encontra refúgio. Dali soltou depois uma pomba que voltou com um ramo de oliveira no bico. Isto lhe revelava: As terras não estavam mais cobertas pelas águas, estavam lhe esperando para fazer um novo plantio.

Também nós quando, por erros nossos passamos por problemas devastadores, recebemos de Deus uma nova oportunidade de recomeçarmos levando conosco os bens espirituais que já tenhamos conquistado.  Depois, Abraão dirigiu-se ao monte Moriá. Neste episódio lhe era requerido por Jeová um sacrifício. Sacrificar num holocausto seu único filho Isaac. Ele o pôs então sobre o altar do sacrifício, mas, por sua grande Fé, Deus o poupou.

Este é o degrau da fé em Deus, da certeza de que os nossos sacrifícios serão compensados.   O terceiro degrau da escada evolutiva refere-se ao episódio de Moisés subindo o monte Sinai. Ali ele receberia o Decálogo, um código de leis. Ninguém se adianta se não tiver disciplina, da obediência.  Geralmente quando, falamos em obediência não sabemos o que é sermos obedientes aos princípios divinos. Como exemplo, poderíamos citar o que fazemos com um animal que tem demasiada energia, tem capacidade para correr em grande espaço.

 Então, desobedecendo as leis de seu corpo, o pontos numa jaula minúscula onde ficará cerceado de sua verdadeira natureza.  No quarto degrau encontramos os judeus, após atravessarem o deserto, vindos de uma escravidão no Egito, chegando ao monte Carmelo. Ali encontraram verdadeiros e falsos profetas. Como distinguir os falsos?

É o degrau dos conflitos íntimos entre as nossas duas vozes internas Ele são nossos verdadeiros e falsos profetas. É o degrau do discernimento. Como exemplo podemos citar a dificuldade que os estudantes esotéricos encontram em distinguir entre psiquismo e espiritualidade.    Só após passar o degrau do discernimento poderemos subir o monte Tabor.

Ele é o monte da Transfiguração de Jesus. È o degrau do nascimento espiritual. Neste monte Jesus leva consegue representa a obediência aos princípios divinos, Tiago representa a valentia e João é o amor.    Depois desta transfiguração, onde transcendeu todas as diferenças religiosas e culturais, o homem terá que subir o monte do Gólgota. É o calvário da sua solidão, da incompreensão por parte de todos que o cercam. Mesmo estando em meio a um grande grupo, se sentirá só. Terá que persistir em seu ideal sem ajuda.

È o teste de sua persistência e a renúncia a reconhecimentos. Como exemplo, temos o caso de Jesus seus discípulos Pedro, Tiago e João. Para transportá-lo somos ajudados por 3 forças superiores simbolizadas nas características dos discípulos. 

Pedro subindo sozinho o Calvário, incompreendido e abandonado.    

Porém, o último degrau refere-se aos momentos de maior paz e felicidade que um homem pode atingir. É o momento da entrega total. É Jesus no Monte das Oliveiras, onde ele se abastecia na unidade com Deus.

ORIENTE DO RIO DE JANEIRO, RJ.

A.·. R.·. L.·.M.·. FLAUTA MÁGICA DO RIO DE JANEIRO, Nº 170

M.·.M.·. SANDRO PINHEIRO

 

BIBLIOGRAFIA

http://www.maconaria.net/portal/index.php

https://lidianefranqui.com.br/qual-o-simbolismo-da-escada/

https://www.dicionariodesimbolos.com.br/escada/

https://misericordia.org.br/formacoes/sao-joao-climaco-e-a-escada-do-paraiso/

http://ocultafilosofia.blogspot.com/2014/02/o-simbolismo-das-escadas.html

http://ordemrosacruzjequie.blogspot.com/2014/07/a-escada-de-ra-os-sete-degraus.html

http://sendadomestre.blogspot.com/2017/08/a-escada-de-jaco-interpretacao-rosa.html

 

 


A IMPORTÂNCIA DO RITUAL


 

Meus Irmãos saúdo-vos fraternalmente, em todos os vossos graus e qualidades.

A suspensão dos trabalhos presenciais por virtude da pandemia em curso revelou-nos a falta que o Ritual, a execução do Ritual, nos faz. É essa a natureza humana: muitas vezes só nos damos conta do que é importante quando o não temos. Mas não é sob esta perspectiva que escolhi expor a Importância do Ritual. Vou procurar incidir a nossa atenção sobre a razão por que o Ritual é importante, porque só tendo-se essa noção é que nos apercebemos completamente da importância do mesmo.

Começo por fazer uma afirmação que aparentemente não tem nada a ver com o tema e que é – como todas! – discutível, mas cujo mérito vos peço que julgueis apenas no final desta nossa conversa: a Maçonaria não se ensina, aprende-se!

Não quero com esta afirmação dizer que os mais experientes não devem partilhar com os mais novos o que aprenderam o que sabem. Com esta frase, enfatizo que, em Maçonaria, o que é importante, não é o que se transmite, mas antes o que se apreende. Porque a experiência, a vivência, a personalidade, do que transmite são diferentes das do que recebe.

Assim, o que verdadeiramente interessa não é o que se ensina, se partilha se transmite. O que importa é o que se aprende e, mais do que isso, o que se apreende, o que se interioriza. E aquelas e estas não são necessariamente – atrevo-me mesmo a dizer que raramente são – a mesma coisa. E, bem vistas às coisas, é inevitável que assim seja, pois, como já há pouco referi o que transmite e o que recebe têm personalidades, vivências, capacidades, características diferentes.

Assim, o que transmite tem necessariamente uma noção diversa do que aquele que recebe. Este daquilo que é transmitido receberá o que, na ocasião, estiver apto e pronto a receber, será tocado pelo que, no momento, o sensibilize. Em suma, o que ficará é o que ele aprende e apreende, não o que o que transmitiu julga que ensinou…

Não tenho, portanto, a pretensão de ensinar nada! Tenho apenas a esperança de que, da maçada a que agora vos submeto, cada um de vós retenha algo de útil.

Em meu entender, para uma correta abordagem da importância do ritual impõe-se que previamente distingamos entre Conhecimento e Sabedoria.

O Conhecimento é tudo aquilo que aprendemos e estamos aptos a utilizar, quando necessitemos. A Sabedoria é algo mais profundo. Baseia-se, é um fato, nos conhecimentos que adquirimos. Mas reside na intuição, na capacidade adquirida de, relacionando tudo o que conhecemos daí selecionar o que efetivamente importa o que é adequado para um momento específico, uma situação concreta.

Nem sempre aquele que tem mais conhecimentos é o que tem a sabedoria necessária para escolher a via justa, a palavra indicada, o gesto preciso, a atitude certa perante uma dada situação concreta. Numa muito grosseira aproximação, poderíamos dizer que a sabedoria resulta do conhecimento sublimado pela experiência.

É através dos êxitos e fracassos na nossa escolha na utilização dos nossos conhecimentos que sublimamos o nosso Conhecimento em Sabedoria, que passamos do Conhecer ao Saber.

Memoriza-se e utiliza-se o que se conhece; desenvolve-se e internaliza-se o que se sabe.

O meio privilegiado para rápida aquisição de Conhecimento é o Estudo. Para se chegar à Sabedoria é preciso tempo e vivência. Mas há um meio para acelerar esse percurso, para induzir a Sabedoria: a utilização, execução e prática do Ritual. Se o Estudo é um meio de aquisição de Conhecimento, o Ritual é indutor de Sabedoria.

Com efeito, o Estudo estimula, faz funcionar, desenvolve a Inteligência Racional. Mas o Ritual, a sua prática, esse, estimula e desenvolve a Inteligência Emocional. E esta é bem mais profunda do que aquela, pois combina o conhecimento, o raciocínio, com a Intuição.

O que estudamos pode não nos tocar e dar-nos apenas, pela memorização, a ferramenta necessária para agir. Mas só o que nos toca, nos emociona, efetivamente guardamos para saber como utilizar a ferramenta. A ferramenta é útil, mas saber utilizá-la pela melhor forma é indispensável…

Para entendermos porque e como o Ritual e o seu exercício estimulam a nossa Inteligência Emocional e, logo, induzem a obtenção de Sabedoria, devemos ter presente que, nos primórdios da Humanidade, quando ainda não tinha sido inventada a escrita – e muitas e muitas gerações de humanos viveram sem que houvesse escrita… -, a aquisição de conhecimentos e o acesso à Sabedoria processavam-se através da Tradição Oral. Era exclusivamente por essa via que os mais velhos e os mais experientes transmitiam o que sabiam aos mais novos e sem experiência.

Não havia então propriamente aulas, nem escolas. Os mais velhos e experientes diziam o que tinham aprendido, executavam perante os mais novos os gestos que era necessário fazer, repetiam, uma e outra vez, e faziam repetir muitas e muitas vezes, as palavras, os gestos, os atos de que dependiam, tantas vezes, a alimentação, a segurança e a sobrevivência, não só individuais como do grupo.

Ora, repetir uma e outra vez as mesmas palavras, para transmitir as mesmas noções, executar muitas e muitas vezes os gestos e as ações adequados para a obtenção dos resultados pretendidos mais não é do que… executar um ritual! Um Ritual é um conjunto de palavras, gestos e atos proferidas e executados sempre da forma similar.

Então, nos primórdios da Humanidade, aprendia-se e vinha-se, a saber, através da repetida execução de rituais. Era pelo que se via pelo que se ouvia pelo que se executava pelo que exaustivamente se repetia que se entranhava em cada o que fazer e como fazer para obter alimento, para garantir segurança, para melhorar e curar maleitas, para adquirir o conforto possível.

Os rituais aprendidos e executados propiciavam, assim, a sabedoria necessária para sobreviver e viver o melhor possível.

O cérebro humano foi, portanto, desde muito cedo, formatado em primeiro lugar para reagir aos estímulos visuais e auditivos.

Só mais tarde, muito mais tarde, o cérebro humano adquiriu a capacidade e habilidade de decifrar o código da escrita. A criação da escrita foi um avanço civilizacional imenso. Permitiu registrar o que se tinha por importante, aquilo que anteriormente tinha de ser adquirido e mantido à custa de repetições.

A escrita e a habilidade de utilizá-la permitiram à Humanidade um meio mais fácil de registrar e dar acesso ao Conhecimento. O cérebro humano naturalmente adquiriu, assim, também a capacidade de adquirir Conhecimento através da escrita, da leitura, do estudo.

Mas tenhamos presente que a camada mais profunda do nosso cérebro é desde sempre estimulada auditiva e visualmente e por execuções ritualizadas do que se pretende transmitir. A aquisição de Conhecimento através da escrita, da leitura, do estudo é uma habilidade mais recentemente adquirida, logo, mais superficial no nosso cérebro.

Não nos enganemos: o estudo, a aquisição de Conhecimento pelo estudo, dá trabalho. Esse trabalho é recompensado pelo desenvolvimento da nossa Inteligência Racional, pela habilidade de memorizar, de relacionar, de aplicar. Mas é apenas a Razão que é aplicada e fortalecida.

Para se desenvolver, para se utilizar a Inteligência Emocional, a que nos permite quantas vezes sem sabermos como, intuitivamente dizer a palavra certa, executar o gesto adequado, efetuar a ação necessária sem termos de longamente pesar os prós e os contras, sem necessitarmos de fazer exaustivas análises e cálculos, para isso temos de recorrer às camadas mais profundas do nosso cérebro – e essas desde o início dos tempos foram estimuladas pelo que se via e ouvia pelo que se repetia uma e outra e muitas vezes, pelo que se ritualizava.

Por isso afirmo que o Ritual é o indutor de mais rápida passagem do Conhecimento à Sabedoria, acelerando o que só a Experiência, a Vida vivida, os erros cometidos e as vitórias alcançadas nos permitiria atingir, não fora ele.

Meus Irmãos: até agora tenho sempre falado de Ritual, sem adjetivar e, sobretudo, sem utilizar o adjetivo maçônico.

Porque o ritual, penso tê-lo demonstrado, existe desde sempre e desde sempre aumenta a capacidade humana de discernir, em suma, de saber. E não há “o” ritual, há muitos rituais, respeitando a muitos momentos, ocasiões e atividades. Existem, bem o sabemos, rituais religiosos. Mas também de outra natureza, uns mais solenes e utilizados em ambiente de Poder ou de significado social, outros mais simples, íntimos até.

Atrevo-me a dizer, por exemplo, que todos os casais com algum tempo de ligação criam os seus rituais próprios, indutores de segurança, conforto e manutenção da relação afetiva.

Uma categoria de rituais que merece referência é o ritual que podemos denominar de grupal, o que marca, define e corporiza a integração de alguém num determinado grupo. Aí não está em causa à aquisição ou consolidação de conhecimentos ou o acesso a sabedoria, mas simplesmente o estabelecimento de uma união grupal, a que o neófito passa a aceder.

Todo o ritual é importante, precisamente porque correspondendo a mais antiga e natural forma de a Humanidade processar a aquisição de conhecimentos, ganhar e manter confiança, obter conforto e segurança. Não é assim porque queremos que seja assim é porque a nossa evolução como espécie o determinou. Talvez algo grandiloquentemente, pode-se afirmar que a Civilização se alicerça em rituais.

Mas os Rituais Maçónicos, esses, partilhando com os demais a mesma natureza de meios indutores de aquisição de Sabedoria, têm ainda uma valência própria, quiçá não exclusiva, mas seguramente que identificaria.

Os rituais maçónicos têm uma tríade de características, duas delas já referidas e uma terceira que podemos considerar própria. Os rituais maçónicos assumem a natureza de indutores de Sabedoria, são também, particularmente nos rituais de Iniciação e de Aumento de Salário rituais grupais, mas também assumem a natureza de explanação e aprofundamento de Princípios e Valores.

Esta uma especificidade não negligenciável. Os vários rituais dos diferentes ritos maçónicos apresentam-nos e definem-nos Valores e Princípios a que os maçons devem corresponder. Não estão aqui em causa conhecimentos a interiorizar. Estão, diretamente, aspectos e referências morais a seguir, a cumprir, a divulgar.

Os rituais maçónicos ao promoverem Princípios e Valores apelam diretamente às características básicas do cérebro humano. Os princípios e Valores expostos, facultados, não se destinam a ser meramente apreendidos pela Inteligência Racional, através do estudo e da aquisição de conhecimentos. Procura-se atingir a Inteligência emocional, o âmago da personalidade de cada um e aí efetuar as modificações inerentes a esses Princípios e Valores.

Busca-se a aceleração do processo. Em vez da mera aquisição pela Inteligência Racional e posterior enraizamento através da experiência, busca-se a inserção direta e eficaz na mente do maçom, atingindo o que o Ritual, desde os primórdios da Humanidade toca: a Inteligência Emocional, logo as profundezas do ser que cada um de nós é. Não se semeia, para que porventura nasça e cresça. Planta-se para que, no mais curto espaço de tempo, haja frutos.

Os rituais maçónicos destinam-se assim, para além da integração de indivíduos em grupos, a propiciar a modificação de cada um, através da interiorização de Princípios e Valores morais, que devem nortear a conduta de cada um,

Expostos de forma ritualizada, muitas vezes repetida, encenada e praticada, tais Princípios e Valores entranham-se diretamente no âmago essencial de cada um, assim propiciando o seu aperfeiçoamento.

Este processo de aperfeiçoamento não é imediato. É demorado, é evolutivo, depende de patamares.

É por isso que é um erro pensar-se que, sabido o ritual, aprendido a executar o mesmo com perfeição, o nosso trabalho está terminado.

Posso garantir-vos, com base na minha experiência de mais de 30 anos de maçom, que não é assim que funciona.

Decorar o ritual executá-lo na perfeição, são ainda tarefas do Intelecto, da Inteligência Racional. O que importa é senti-lo, vivenciá-lo, apreender aqui e ali algo de novo, algo que nos chama agora a atenção e em que não reparáramos antes. Porque esse é o processo de entranhamento das noções transmitidas pelo ritual, esse é o processo de passagem do Conhecimento à Sabedoria.

Se há algo que verdadeiramente aprendi com os nossos rituais é que se está sempre a aprender algo de novo com os mesmos. Em mais de trinta anos de Maçonaria, já repeti, já executei, já vi serem repetidos, já vi serem executados, os nossos rituais centenas de vezes. Nunca me incomodei com a repetição. Nunca deixei de me concentrar na sua execução. E, trinta anos passado, ainda me sucede que subitamente encontro algo de novo, apesar de ser o mesmo ritual que pratico e a que assisto ao longo deste tempo.

Tal sucede por uma simples razão: encontro numa ocasião aquilo que então estou preparado para encontrar. As palavras, os gestos, os atos, são os mesmos desde o princípio. Mas antes eu não compreendera aquele particular significado, porque ainda não estava preparado para tal. Porque tive de seguir uma evolução, compreendendo aqui algo que mais tarde me permitiu perceber aquilo, que me modificou e levou a entrever aquel outro pormenor, num processo evolutivo permanente.

É para isso que serve o nosso ritual. Porque o ritual maçônico não é um simples ritual igual a todos os outros que a Humanidade segue. O ritual maçônico é um meio de Construção e Aperfeiçoamento de Nós.

É esta a sua importância!

Rui Bandeira

Comunicação por meios virtuais no âmbito da Academia Maçônica em 18/2/2021

Fonte

Blog a Partir Pedra

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