MAÇONARIA - MUDANÇA DO MODELO MENTAL



Perplexa, a sociedade moderna assiste simultaneamente a ruptura de antigas estruturas societárias e a emergência de uma nova ordem mundial. Acompanhar as mudanças em curso no mundo e estar afinado com seu diapasão e implicações são deveres de todo ser mortal que deseja administrar relativamente bem sua vida neste plano do Universo.

Refletir para reconstruir poderia ser o lema a ser adotado pela atual geração de maçons nesse limiar do Terceiro Milênio. Para pensar a Maçonaria do século XXI é preciso partir da base do modelo mental (ou modo de pensar, ou sistema de pensamento) por meio do qual construímos o nosso mundo.

Há poucas esperanças de mudar o mundo que elaboramos, ao longo de nossa interação com ele, se não modificarmos antes o modo de pensar que utilizamos Maçonaria do século XXI: pensar, sentir e viver para essa construção.

Assim, propomos que, do ponto de vista do Acolhimento Maçônico, o pensar (que inclui o sentir), e o viver sigam a seguinte dinâmica: mudar o modo de Sentir; mudar o modo de Pensar; mudar o modo de Falar; mudar o modo de Agir.

O diagrama exprime algumas das principais dimensões do ser humano: o sentir, o pensar, o falar e o agir. Todas estão entrelaçadas, de modo que modificações em qualquer uma repercutirão sobre as demais. Trata-se de uma abordagem integrada e integradora, na qual tudo acolhe tudo e por tudo é acolhido.

Isso significa que é preciso, antes de tudo, compreender que o privilégio dado por nossa cultura à tecnociência, em prejuízo das humanidades, é um dos principais obstáculos à colocação, em prática, das iniciativas ou objetivos da Maçonaria.

Portanto, desde o início convém ter em mente que aquilo que se deseja é introduzir ações de acolhimento numa cultura que é ou está basicamente não-acolhedora, uma cultura na qual a competição predatória, a devastação da natureza e a exclusão social não recebem o grau de atenção e questionamento que deveriam.

Estas palavras, porém, não devem ser tomadas como desestímulo ou pessimismo, mas sim como um convite à reflexão. Para pôr em prática os objetivos sociais da Maçonaria é preciso mudar de modelo mental. Trata-se de uma mudança ampla e profunda, que não pode ser feita por meio de iniciativas superficiais e de curto prazo.

Eis o nosso desafio. Sem compreendê-lo e buscar meios de superá-lo, nossas boas intenções cairão no vazio.

Lidar com esses obstáculos exige, antes de tudo, que pratiquemos o que propomos. O pensar inclui o sentir. Em geral, sentimos antes de pensar. Ou, de modo inverso, o que pensamos produz sentimentos. Pode-se dizer, então, que o sentir e o pensar se influenciam mutuamente, isto é, estão em relação circular.

Para trabalhar a interação entre o sentir, o pensar, o falar e o agir propõem começar examinando o que sentimos diante do sofrimento e da doença ou de outro infortúnio. 

Nossa proposta é iniciar pelo sentir e depois entrar em contato com o que pensamos segundo vários pontos de vista, ou seja, o dos que podem e deve resolver o problema, o do “paciente” ou queixoso, o de seus familiares e o da comunidade.

Examinemos alguns dos nossos sentimentos diante de tais situações e da necessidade de buscar atendimento, ou mesmo da necessidade de, fora dessas situações, procurações preventivas.

Em geral, os profissionais, como é a praxe em nossa cultura, foram preparados para sentir, pensar, falar e agir com base na lógica binária: o modelo mental de causa e efeito, a lógica do “ou/ou”. Trata-se de um padrão que exclui em vez de acolher, que separa em vez de juntar, que fala de ações, não de interações, de vivência e sobrevivência em vez de convivência.

Em especial, é um modelo que privilegia as partes isoladas, em prejuízo das relações. A esse respeito Václav Havel, ex-presidente de República Checa, tem uma frase que não deve ser esquecida: “Educação é a capacidade de perceber as conexões ocultas entre os fenômenos”.

Por sua vez, Elizabeth Rondon Amarante, neta do Marechal Rondon, em contato com os índios myky, descobriu que na língua deles não existe o verbo “viver”; em seu lugar está o verbo “conviver”, que significa morar, viver com, viver com o mundo, com os outros e consigo mesmo.

Relação, eis a palavra-chave, a argamassa do Maçom. Se soubermos tudo sobre uma espécie vegetal ou animal, uma técnica, um tratamento, etc., podemos dizer que somos especialistas, eruditos. Mas só quando compreendemos e vivemos as relações entre as pessoas, as coisas e os fenômenos é que somos realmente educados.

Nesse sentido, Maçonaria é educar. E a formação maçônica é, pois, um processo pedagógico. No contexto das ações de formação de profissionais, a maior preocupação de nossas escolas e faculdades, predominantemente voltadas para a tecnociência, é instruir, adestrar e treinar.

Mas poucas educam. Poucas ensinam aos que nelas estudam a compreender que a percepção das relações, das interações, pode diminuir a incerteza e, portanto, atenuar o medo. Uma sociedade regida por um sistema de pensamento que privilegia a divisão, o afastamento, o não-acolhimento é uma sociedade de desconhecidos, de estranhos. O desconhecimento produz a desconfiança, e esta alimenta o medo e é por ele realimentada.

Se tivermos medo de entrar em contato com nossos sentimentos, emoções e subjetividades acabamos adotando uma visão de mundo em que tudo nos parece externo objetivo. É como se não compartilhássemos o mesmo mundo com as pessoas com as quais lidamos no cotidiano. Como, então, colocar-nos no lugar delas?

Esse raciocínio faz lembrar um mito da Grécia clássica: a história do Curador Ferido. Conta a lenda que a arte de curar foi ensinada por Apolo ao centauro Quíron. Este, por sua vez, a transmitiu a Esculápio, o deus da medicina. Com Quíron, Esculápio aprendeu a praticar a cura pelas ervas. Entretanto, Quíron tinha uma ferida que, jamais, cicatrizava: ele vivia curando os outros, mas estava sempre doente, sempre sofrendo, e, por isso, era capaz de compreender os sofrimentos daqueles a quem tratava.

Esse mito pode ser interpretado como uma sugestão da necessidade que o maçom tem de reconhecer a sua própria vulnerabilidade, isto é, precisa tomar consciência de sua própria ferida, que representa a possibilidade de ele próprio “adoecer” e sofrer. 

Em outros termos, colocar-se no lugar do outro para poder avaliar o sofrimento dele e, então, exercer a solidariedade e a fraternidade.

No contexto das ações interpessoais, nossos modos básicos de sentir têm como apoio a divisão, a fragmentação, a pouca compreensão do que significa relacionar-se, ligar-se, acolher, comprometer-se, compartilhar.

Nossas ações são, em geral, vistas como relações de uso. Nos vemos como fornecedores de produtos e serviços que se destinam a “usuários”.

O uso pressupõe o descarte e a posterior exclusão, isto é, um segmento da população utiliza outro e depois o descarta. Em suma: nosso sentir atual é desagregador, separador, disjuntivo. Não compreendemos bem a extensão e a profundidade da ideia de relação, junção, participação.

Nosso sentir é o de quem não aprendeu a pôr-se no lugar do outro. É um sentir não-maçônico, não-acolhedor. Se, como no diagrama a pouco apresentado, a Maçonaria é identificada com um processo que requer a simultaneidade de várias iniciativas, é necessário começar pela modificação do nosso modo de sentir.

A primeira providência para tanto é educacional. Ela requer uma reaproximação com a cultura humanística, que vem há longo tempo sendo posta em plano secundário.

Luiz Carlos Silva


OS SEGREDOS DA MAÇONARIA, O SILÊNCIO E O SABER CALAR-SE



Por poucos que sejam, há, de fato, segredos na Maçonaria. Num tempo e numa sociedade em que a vida de cada um se encontra cada vez mais exposta, não é senão natural que a simples existência de segredos cause curiosidade e mesmo perplexidade. Contudo, a existência dos segredos tem mais do que uma justificação.

Em primeiro lugar, há as razões culturais, morais e éticas. Diz-se da Maçonaria ser “um sistema peculiar de moralidade, velado por alegorias e ilustrado por símbolos”.

Ora, se os sistemas de moralidade variam de sociedade para sociedade, as raízes anglo-saxônicas da Maçonaria são bem visíveis através daquilo que esta valoriza como a delicadeza de trato associada aos gentlemen, ou essa mistura de contenção e refreamento que constitui a tão conhecida fleuma britânica.

Pode, nesta perspectiva, dizer-se que o segredo, o silêncio e o “saber calar “são manifestação de três virtudes que a Maçonaria muito preza: a circunspeção, a discrição e o auto-controlo.

Terá sido esta atitude, a par de um contexto histórico de guerras religiosas e de luta política de que a Maçonaria queria (e quer) manter-se afastada, que ditou o 6º Landmark, “A Maçonaria impõe a todos os seus membros o respeito das opiniões e crenças de cada um. Ela proíbe-lhes no seu seio toda a discussão ou controvérsia, política ou religiosa. Ela é ainda um centro permanente de união fraterna, onde reinam a tolerante e frutuosa harmonia entre os homens, que sem ela seriam estranhos uns aos outros.”

 Quantas vezes uma frágil harmonia se consegue, sabe-se lá com que custo, pela exaltação dos pontos de concórdia, e pela minimização da exposição dos pontos de dissensão… É por isso que, em Maçonaria, se respeita em absoluto a liberdade de expressão de cada um – ao mesmo tempo em que se espera que cada um tenha aprendido a, no seu exercício, não ameaçar a harmonia, o equilíbrio e a fraternidade.

Em segundo lugar há razões simbólicas e metodológicas. Diz-se que, nos tempos da Maçonaria Operativa, seria através de sinais secretos, próprios de cada uma das classes de operários, que os seus membros se identificariam perante os tesoureiros para assim receberem os seus salários diferenciados.

Do mesmo modo, cada grau – Aprendiz, Companheiro e Mestre – tem os seus próprios sinais de reconhecimento, os seus próprios segredos que não podem ser revelados aos de grau inferior.

A natureza do que se cala é menos importante do que a aprendizagem do guardar silêncio, do calar-se e do refrear-se. Sem calar não se pode ouvir; é por isso que nas sessões é imposto absoluto silêncio aos Aprendizes e aos Companheiros.

Como exercício, fora destas, são-lhes confiados os “segredos de grau”, que não passam, neste sentido, de um mero exercício de contenção. Por outro lado, a separação entre os graus evidencia e promove o progresso de cada maçom, e permite que, expostos aos mesmos conceitos na mesma ordem cronológica, todos percorram caminhos relativamente semelhantes.

Os símbolos marcam o caminho, e a sua interpretação ou o aprofundamento do seu estudo constituem segredos na medida em que antecipação do conhecimento dos mesmos poria em risco a sua frutuosa interiorização.

O silêncio não termina, porém, com a elevação a Mestre, antes se transfigura de silêncio imposto em silêncio voluntário. De fato, um Mestre deverá ter já interiorizado o que a sabedoria do povo nos repete: que, se a palavra é de prata, o silêncio é de ouro.

Por fim, e em terceiro lugar, encontra-se a reserva da identidade dos irmãos, o que não deixará de fazer sentido face à incompreensão, rejeição e mesmo perseguição de que os maçons foram – e, infelizmente, são ainda em muitos lugares – alvo, pelas mais diversas razões, das políticas às religiosas.

Não obstante ser cada um livre de assumir publicamente a sua condição de maçom está-lhe absolutamente vedado revelar a de quem o não fez.

Por poder causar danos reais na vida daqueles cuja identidade fosse indevidamente revelada considero ser este, de entre os vários que os maçons juram guardar, o único segredo verdadeiramente digno desse nome.

Blog “A Partir Pedra” – Texto de Paulo M.

VAIDADE DE VAIDADES, TUDO É VAIDADE!



Quando ainda era aluno do antigo 2° grau tive um professor de Geometria Descritiva, chamado Enio que me ensinou a seguinte frase:

“O importante não é o anel de grau e sim o grau do anel”, isso quer dizer que não adianta a ostentação de símbolos se eles não correspondem ao conhecimento adquirido.

E o que isso tem a haver com a maçonaria? Resposta tudo!

É comum encontrar Irmãos com o peito cravado por inúmeras medalhas, que comparecem as Sessões Magnas parecendo verdadeiras árvores de Natal.

Será que eles possuem o mérito dessas comendas?

Tenho observado que muitos Mestres, ao serem chamados para cumprirem alguma tarefa, não sabem nem pegar e conduzir uma espada.

As Lojas pecam e muito na transmissão do conhecimento, poucas se dedicam a exigir dos aprendizes e companheiros méritos para ascensão dos graus, quando fazem, cobram decoreba de questionários e trabalhos que hoje são encontrados, facilmente, na internet.

O sentido, o porquê das coisas e dos símbolos é negligenciado.

Mestres apresentando trabalhos? Nem pensar!

Tenho notado que Companheiros, que ao atingirem ao grau de Mestre, são imediatamente convidados para fazerem os graus, considerados filosóficos.

Como assim, pergunto alguém recém exaltado, que nada conhece do grau de Mestre, e ainda pior, nem dos graus de Companheiros e Aprendizes, podem fazer os graus superiores?

Como combater a vaidade se ela é tão exposta para que todos a vejam.

Nem eu e ninguém somos donos da verdade e do conhecimento, devemos estudar sempre, não adianta ter chegado ao grau 33 sem nada saber, a Maçonaria é linda, e cabe aos seus membros se tornarem dignos de a ela pertencer.

Vamos estudar meus Irmãos, vamos deixar as comendas na gaveta, sejamos humildes e lutar pela divulgação do que ela nos ensina.

Paulo Edgar Melo
Membro da ARLS Cedros do Líbano, 1688 - GOB-RJ
Miguel Pereira - RJ
   

 
   



O MESTRE E A LUTA CONTRA A VAIDADE



“O segredo da sabedoria, do poder e do conhecimento é a humildade” Ernest Hemingway

Tomo a liberdade de partir do pensamento do Grande Ernest Hemingway para suscitar as reflexões que se seguem:

Muitas vezes esquecemo-nos que as nossas diferenças de graus são “simbólicas” e cometemos o grave equívoco de não discernirmos o que se trata de simbologia do grau com outros conhecimentos e temas que deveriam ser fraternalmente debatidos entre quaisquer Maçons, independente do seu grau simbólico ou filosófico.

Certamente que a nossa Ordem é uma Escola para a Vida e, numa instituição voltada para o aperfeiçoamento moral do homem (e, consequentemente, da humanidade) faz-se necessária uma estrutura onde o mais experiente orienta o caminho do mais novo na Ordem. Isto é ponto pacífico.

Sem dúvida alguma a estrutura hierárquica de cargos e graus “simbólicos” merecem o nosso mais profundo respeito e reverência, pois, em tese, trazem consigo a vivência e, em muitos casos, um vasto conhecimento desenvolvido com a prática na Arte Real e, aos amantes da leitura, com muito estudo e pesquisa.

Mas, meus queridos Irmãos, volume de conhecimento está longe de se traduzir automaticamente em sabedoria, verdadeira “Pedra Filosofal” que torna o caminho humano mais suave. Insira milhões de dados num supercomputador e depois coloque-o frente a situações que exijam compaixão, resiliência, intuição, tolerância ou interpretações das nossas normas que exijam algo diverso da meramente literal (sem entrar no mérito das imperfeições existentes na nossa legislação). Certamente que nos decepcionaríamos com o resultado.

Alguns vão contra-argumentar acenando com a Inteligência Artificial e a Aprendizagem da Máquina, e tantas outras áreas correlatas do conhecimento que emergem com força colossal nos nossos dias. Não duvidamos que este dia possa chegar. Mas penso não ter tempo de vida suficiente para ver a ciência substituindo a sensibilidade humana por algoritmos inteligentes.

Estamos falando de seres humanos, da relação entre um Mestre Experiente e um Aprendiz, via de regra, atordoado com o oceano de informações disponíveis à sua frente.

A nossa Ordem é muito sabia ao testar a nossa vaidade com títulos, cargos, jóias, paramentos e graus. Sábio também é aquele Irmão que resiste a estas tentações e se vigia para nunca se esquecer da imaculada brancura e  beleza do nosso primeiro avental.

Na formação do Aprendiz, futuro Companheiro, futuro Mestre, futuro Venerável e assim por diante, precisamos ter a humildade de compreendermos que a edificação do conhecimento se faz de forma horizontal, lado a lado, olho no olho e não com o olhar superior de quem se dirige a um Irmão de grau “simbolicamente” inferior como se olhasse um súbdito ou um subalterno dentro de um quartel.

Infelizmente Irmãos falam de hierarquia (fator extremamente necessário na nossa ordem), mas sem compreenderem o momento correto em que ela se faz necessária. São nestes momentos onde a sabedoria verdadeira se faz presente e mostra os seus doces frutos.

O Modelo vertical e unidirecional de “transmissão” Professor-Aluno já deu provas da sua obsolescência. O verdadeiro educador cresce junto com o seu educando, pois o processo de qualquer aprendizagem é uma troca de saberes. Uma verdadeira “construção” onde o Mestre cerra fileiras com o seu Aprendiz, demonstrando a humildade necessária aos grandes homens.

Excetuando, obviamente, os temas resguardados pelo sigilo dos graus simbólicos, a generosidade no compartilhar das informações deve ser uma constante. Como Mestre sinto a necessidade gritante de compartilhar o pouco conhecimento que julgar útil ao meu Irmão.

Não importa se este conhecimento foi obtido à custa de muitas e muitas horas de pesquisa, estudo, leituras e buscas. Se não pudermos compartilhar conhecimento útil com os nossos Irmãos, se não pudermos tornar a vida deles um pouco melhor, de que terão me servido tantas leituras?

Os nossos neófitos, meus Irmãos, felizmente, tem sido recebidos nas nossas fileiras cada vez mais preparados. Iniciados com vivência e formação profana muitas vezes superior às do seu Iniciador! Mentes que não se conformam mais com respostas dogmáticas ou do tipo “Você vai saber quando chegar à hora!”, muitas vezes usadas como subterfúgio para a ignorância de quem é questionado.

É muito melhor e mais digno dizer: “Meu Irmão, eu não sei, mas vou pesquisar e esforçar-me para encontrar a resposta”.

Sejamos mais humildes de verdade, meus Irmãos! Aprendamos a usar o Nível sobre as nossas cabeças! Lembremo-nos do que somos feitos! Ossos! Quebradiços e destinados ao pó da igualdade!

Assim contribuiremos verdadeiramente para que os nossos Aprendizes tenham exemplos de virtudes calcadas na maior delas: a Humildade Verdadeira! Alicerce sólido para se erigir a Grande Obra.

Finalizando e agradecendo a fraternal atenção dos Irmãos, deixo uma frase atribuída ao Mestre Nazareno, que, com o devido respeito e deferência a todas as orientações religiosas, traz, para os nossos corações e mentes, o calor de uma serena reflexão.

“Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus”
(Jesus, o Cristo)

Mario Vasconcelos
A
R L de Pesquisa Maçônica Quatuor Coronati São Paulo – nº 333


LIVRE ARBÍTRIO NA MAÇONARIA



O ser humano é livre para agir e o faz aplicando o livre-arbítrio, o que implica dirigir seu comportamento de um extremo a outro ou de bem a mal, de acordo com as informações armazenadas a priori em nosso subconsciente.

Maçonicamente falando, nosso comportamento deve buscar o equilíbrio entre esses dois extremos, para manter um equilíbrio mental.

O livre arbítrio seria definido como o poder de qualquer ser humano de tomar qualquer decisão, sem qualquer impedimento. Em outras palavras, o ser humano não tem um destino específico, indeterminado ou livre arbítrio, há um problema entre o determinismo e o livre arbítrio.

O futuro pode ser moldado pelo comportamento de hoje, se não, não faria sentido, manter nosso comportamento dentro dos parâmetros ético-morais e buscar o auto-aperfeiçoamento, enquanto nós deixaríamos a vida passar diante de nós como animais, sem ser capaz de prever o futuro.

Este tema está no campo da responsabilidade do homem e da utilidade do esforço diário.

É dever de o maçom superar o homem comum que encontramos em todos nós, renascer e buscar em nós mesmos aquele Ser Humano que é a sua própria superação, sendo esse caminho totalmente pessoal e marcado por influências externas, mas levando aqueles que servem, descartando aqueles que não servem no caminho traçado na viagem que empreendemos. (Sarmiento. 2005: 01).

Aldo Lavagnini, com base no livre arbítrio, argumenta que, como consequência, o livre-arbítrio e a liberdade individual existem para o homem em proporção ao desenvolvimento de sua Inteligência e seu julgamento.

Para o homem inteiramente dominado por suas paixões, instintos, vícios e erros, não há livre-arbítrio, como existe para o homem iluminado e virtuoso.

Os instintos e as paixões determinam constantemente suas ações, bem como as do animal, e o ligam ao jugo de uma fatalidade que é a consequência lógica ou a concatenação de causas e efeitos, isto é, a reação dupla interna e externa de toda ação.

Mas para aqueles que constantemente se esforçam para dominar suas paixões, constantemente escolhendo o mais justo, justo e elevado, o livre arbítrio, no sentido mais amplo da palavra, é uma realidade, porque através desse esforço ele se liberta dos elos que ligam o homem instintivo aos seus erros e paixões: ele sabe que a verdade e a verdade o libertam. (Lavagnini. P: 42)

É um mito falar de livre-arbítrio no mundo de hoje, porque nossos comportamentos estão condicionados a controles sociais, exercidos pelo Estado, religião, mídia, propaganda, etc.

Esses controles sociais sugerem indivíduos e a massa, afetando nosso livre-arbítrio, porque afetaram nossa capacidade livre de escolha. O pesquisador Mark Hallett diz que “o livre-arbítrio não existe, mas é uma percepção, e não um poder ou uma força motriz”.

As pessoas experimentam o livre arbítrio. Tem a sensação de estar livre. Quanto mais você examina, mais você percebe que não tem, ”ele disse. Essa ideia já havia sido levantada desde que o filósofo alemão Arthur Schopenhauer disse como Einstein, que “um ser humano pode fazer o que quer, mas não quer o que quer.

A Maçonaria nos ensina a sermos nós mesmos e não somos perfeitos, para sermos nosso próprio templo interior.

Temos o potencial de criar seres humanos livres ou oprimidos, tendo que nos alimentar de pensamentos que nos ajudam a fortalecer nosso templo interior, descartando o negativo, em busca da verdade.

Temos livre arbítrio para escolher entre virtudes e vícios, entre o bem e o mal. O estudo da simbologia maçônica transmite sabedoria e segurança em nosso comportamento e ajuda a agredir as bordas negativas de nossa pedra bruta, facilitando a prática das virtudes, em nossa vida cotidiana.

A Maçonaria exige dos seus membros evolução, ética, moralidade e colocá-la em prática, para andar em linha reta. Finalmente, o livre-arbítrio deve ser usado sem afetar outro ser humano, que também tem a mesma liberdade de tomar decisões, porque, do contrário, estaríamos colocando nossa sobrevivência em risco, devido ao fato de que a parte lesada poderia tomar decisões prejudiciais algum de nós.

Por Roberto Macedo Mayo
BIBLIOGRAFIA Sarmiento Carlos. Verdade e Livre Arbítrio na busca por Maçom. Lavagnini Aldo. Maçonaria aliviada. Manual complementar. Terceira edição Fonte: Diário Maçônico

COMO VENCER NA MAÇONARIA… SEM FAZER FORÇA




Depois de muitos anos na Maçonaria, vendo carreiras meteóricas e ascensões fulminantes de homens medíocres, sem cultura geral e maçônica, sem vivência dentro da Instituição e sem trabalhos de vulto, em benefício dela, creio que posso dar, aos novos maçons, que queiram enquadrar-se nessa situação, a receita de como possuir altos graus e cargos elevados, sem o tempo necessário e legal e sem fazer força.

É claro que esta receita é apenas para as mediocridades, que não possuem capacidade suficiente para subir pelos seus próprios méritos. Eis as regras, bem simples:

Faça muitos exercícios de contorcionismo, para que a sua coluna vertebral se torne bastante flexível, permitindo desta maneira, grandes curvaturas aos que lhe são hierarquicamente superiores dentro da Ordem.

Exercite também os seus joelhos, para que eles aguentem as genuflexões aos detentores do poder.

Acostume a sua cabeça a balançar, apenas no sentido vertical e nunca no horizontal, para que possa concordar com tudo o que os seus superiores hierárquicos, na Loja, ou na Obediência, desejarem.

Bater palmas aos que estão acima, ajuda sempre: exercite as mãos.

Seja sempre o primeiro no cortejo da bajulação, no cordão dos “engraxadores” dos detentores dos poderes simbólicos e dos altos graus, desde que, é óbvio, eles gostem de bajulações.

Nunca diga “não”. Seja como a boa prostituta e concorde com tudo, pois negócio é negócio.

Seja sempre bonzinho com todos, fale mansa e suavemente, sem nunca alterar a voz: não dê palpites, não emita opiniões, não queira dar demonstrações de cultura e todos acharão que você é o máximo.

Procure conseguir alguns titulozinhos “profanos”; mesmo sabendo que a mediocridade não merece títulos, rastejando e implorando é possível consegui-los. O trabalho compensa, pois os títulos, mesmo imerecidos, impressionam os basbaques.

Acima de tudo, e esta é a regra principal, esteja sempre com quem está por cima. Se, todavia, aquele que estiver por cima vier a cair, não hesite em ser volúvel; mude de amo, pois a sua vaidade terá que ser maior que a sua dignidade.

Não seja independente, pois Maçom independente só sobe pelos seus próprios méritos e com esforço; além de tudo, independência é apanágio de quem tem dignidade, brio e não é medíocre, não precisando, portanto, de todas estas regras.

Seguindo estas dez simples regras, é possível, em pouco tempo, chegar aos mais altos graus (neste caso, uma boa conta bancária também ajuda), em detrimento de Irmãos mais antigos e mais capazes, e subir aos altos cargos simbólicos, com exceção do Grão-Mestrado, pois os títeres só servem para sustentar os Grão-Mestres e nunca para lhes tomar o lugar.

Quem fizer tudo isto, será logo um figurão dentro da Instituição e mesmo que não possua suficiente cultura, será um bom enganador, pois todos acharão que a possui.

A existência destes figurões fabricados é, todavia, motivo de grande desgaste, para a Maçonaria, pois ela repete, no caso, um dos grandes erros da sociedade “profana”, que  é a inversão de valores; além disso, ocupando altos cargos na Ordem e sendo reconhecidos como medíocres lá fora, eles depõem contra a própria Instituição.

Há alguns anos, um amigo e Irmão “adormecido”, portador de vasta cultura e reconhecidamente capaz, perguntou-me, a respeito de um conhecido comum nosso: – “Qual é o cargo que Fulano ocupa no Grande Oriente?” Quando eu lhe respondi, ele, atônito, exclamou: – “Puxa! Esse indivíduo, multiplicado por dois, não forma meio burro! Como vai mal a nossa Maçonaria!” – Era tolice eu tentar explicar como o “indivíduo” conquistou o cargo. Ficaram apenas a vergonha e o desencanto, próprios de quem é Maçom de brio e não gosta de ver deturpada a imagem da Maçonaria Nacional.

Em 1974, como responsável pelo Boletim da Loja “Lealdade à Ordem”, da qual fui idealizador e fundador, fiz uma crítica, abordando a mediocridade da assessoria do Grande Oriente de São Paulo ligado ao GOB, já que é notório que os cargos de confiança nem sempre levam em conta a capacidade, mas servem, mais, para premiar “os amigos do rei”.

A crítica tinha destinatário certo: era dirigida a dois “Grandes” Secretários; todavia, todos enterraram a carapuça até os joelhos. O Grão-Mestre estadual da época disse-me, então, que eu tinha ofendido a toda a cúpula. Ora, se toda a tal cúpula se sentiu “ofendida” é porque eu, realmente, me enganara: a mediocridade era total e não de apenas dois Secretários, pois quem não era realmente medíocre, não poderia se sentir atingido. Certamente todos seguiam o conselho da sabedoria antiga “Nosce te ipsum” (tradução latina da inscrição grega encontrada no frontispício do templo de Apolo, em Delfos), que significa: “Conhece-te a ti mesmo”.

Com o conhecimento deste fato, muitos poderão perguntar-me se a atual crítica também tem endereço certo. E eu responderei, imitando um antigo político brasileiro: “Nem sim, nem não, muito pelo contrário; deixemos aos pavões o benefício da dúvida”. Os homens brilhantes, que estão nos altos escalões da Maçonaria Nacional e que representam a maioria, não se sentirão atingidos. O resto? Bem, o resto… é o “resto”!

Cabe, aqui, entretanto, uma advertência final: não confundir subserviência com fidelidade, pois qualquer Maçom pode ser fiel a um dirigente maçônico,  sem ser servil, sem se desfazer da vontade própria, sem prostituir a sua consciência e sem ter a docilidade de um fantoche.

A fidelidade consiste em dar apoio, mas não aplaudir e avalizar os erros, pois o verdadeiro amigo, o amigo fiel, chama a atenção para os erros e suas consequências, impedindo que eles sejam cometidos.

Um Grão-Mestre democrático ouve os que o cercam e toma as suas resoluções de acordo com a maioria, formando uma liderança coletiva, base e sustentação da moderna democracia.

Uma assessoria que, por mera adulação, se comporta como um rebanho de carneiros, é altamente perniciosa, é a negação da liberdade de consciência, é o primeiro passo para uma nefasta ditadura, incompatível com o espírito maçônico de LIBERDADE.

José Castellani


CAPTAÇÃO MAÇÔNICA


Além de questões da ritualística e até mesmo questionamentos menores sobre normas e procedimentos, um tema, em especial, vem provocando a atenção, estudos e debates institucionais dentro da Maçonaria.

Há, na maioria dos países, um visível decréscimo do número de Maçons.

Esta é uma realidade incontestável. Alguns indicadores causam preocupação. Na década de 1960, por exemplo, estima-se que a Maçonaria nos Estados Unidos contava com cerca de quatro milhões de obreiros. Hoje, as estatísticas nos informam que são apenas um milhão e meio.

Mas, esse “apenas” significa que são 1.500.000 homens Justos e de Bons Costumes. A diminuição do número de membros não é exclusividade da Maçonaria.

Passadas seis décadas, muitas organizações mundiais também sofreram processo de evasão, como instituições religiosas, clubes de serviço e entidades filantrópicas.

Algumas, quase extinguiram. Diante desta realidade, não nos cabe, como OBREIROS, a simples e passiva observação da situação. Lembremos que ela não ocorre nas Potências ou Obediência.

A evasão se concentra nas Lojas vinculadas a estas formas administrativas e representativas.

Se há culpados por esta realidade, somos nós mesmos, os Mestres Maçons!

Quantos de nós MESTRES apresentamos trabalhos?

Quantos de nós MESTRES ensinamos os Aprendizes e Companheiros pelo exemplo da presença constante e devidamente trajado?

Quantos de nós MESTRES submetemos nossa vontade e paixão, não fazendo das reuniões campos de batalha ou auditórios para intermináveis discursos de ego?

Enfim, somos, realmente, a Pedra Bruta que faz trincar a obra. E o fazemos em duas situações: Primeiro não sabendo conservar os elementos que temos e, segundo, errando na captação de novos elementos.

A principio, os Irmãos devem compreender a captação maçônica como obtenção e conquista de novos membros, mas não é só isto. Na ação de ampliar o número de membros das Oficinas, cometemos alguns equívocos: De inicio, convidamos o profano para ser iniciado em “nossa Loja”. Mas, as ARLS apenas promovem o cerimonial.

O candidato deve ser iniciado é na Maçonaria. Adotamos uma abordagem equivocada junto ao profano.

Ele adentra ao Templo não só inteiramente ignorante quanto à ritualística, como também, ele desconhece completamente o que seja a Maçonaria como um todo.

Passamos a ele a ideia de que somos um grupo de leais amigos. Será?

Que nos reunimos apenas uma vez por semana. Será? Que nosso conhecimento é supremo e único no mundo. Será?

E até mesmo, que as despesas financeiras não são apenas as taxas e per captas. Com tanta propaganda equivocada, para não dizer enganosa, o novo membro não se torna um Irmão, não participa e acaba saindo por desilusão.

Para fazer frente à evasão maçônica no presente, a solução correta é melhorar a qualidade das sessões maçônicas, uma obrigação dos Aprendizes, Companheiros e Mestres, indiferente de graus e cargos.

Maior dedicação durante a captação maçônica é a ação preventiva mais eficaz contra a evasão no futuro. O roteiro básico passa pela instrução do Padrinho.

 Antes de fazer o convite ao candidato, ele deve, primeiramente, contar a ele a história da Maçonaria, os valores que nos são preciosos, nossas grandes obrigações morais e éticas e, principalmente, informá-lo que a Irmandade na Maçonaria não é dada, é conquistada.

Ele deverá ter consciência de que estará vinculado a uma Loja, mas, será membro de uma grande Instituição, que tem outras organizações em seu entorno, chamadas Paramaçônicas e que ele precisará conhecer.

A convivência semanal apenas com os mesmos Irmãos não é salutar. O neófito deve ser conscientizado de que, frequentemente, deverá comparecer a outras Oficinas para aprender e ensinar.

A mãozinha esquerda no Tronco de Solidariedade é mais um ato ritualístico do que o cumprimento real do dever de socorrer os menos afortunados, seja por metais, seja pelo afeto demonstrado nas ações filantrópicas da Loja.

Esta abordagem é essencial para o Candidato ter acesso ao entendimento e à compreensão do que seja nele assumir um compromisso com a Maçonaria.

Ao mesmo tempo, o Mestre Maçom proponente, pela observação atenta, deverá ter a oportunidade de captar se este candidato terá, realmente, algo a agregar a nossa Sublime Ordem e, principalmente, se há sintonia entre o que o profano aspira e o que a Loja pode lhe oferecer.

O FUTURO É UMA CONSTRUÇÃO DIÁRIA. É PRECISO SABER QUEM CAPTAR!

DEDICO este artigo aos Irmãos da ARLS Obreiros da Serra 238 do oriente de Nova Serrana onde estivemos participando de Sessão Magna de Iniciação e aos Irmãos da ARLS Antigo Ofício 323 do oriente de Belo Horizonte, onde estivemos presidindo a Sessão Magna de Exaltação. Sinto muito.

Perdoe-me. Sou grato. Amo-te. Vamos em Frente! Neste décimo terceiro ano de compartilhamento de instruções maçônicas, continuaremos incentivando os Irmãos a enriquecerem o Quarto de Hora de Estudo. Indiferente de graus ou cargos somos todos responsáveis pela qualidade dos trabalhos em nossa Oficina.

Imprima este trabalho e deixe entre seus materiais maçônicos, havendo oportunidade solicite ao Venerável Mestre sua leitura e promova o intercambio de ideias. Fraternalmente,

Ir.’. Sérgio Quirino
GLMMG – Belo Horizonte-MG

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